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O objetivo deste artigo é traçar uma linha através de alguns textos de Blanchot, recolhendo num todo coerente os variados temas relacionando literatura e revolução. Deparamo-nos em seus textos com passagens nas quais faz menção ao Terror, auge da Revolução Francesa, referindo-se a ela, em concordância com a interpretação hegeliana, como um obrar da morte, custo da liberdade absoluta. A relação entre literatura e revolução pode ser dividida em três momentos: em relação ao imaginário e a negatividade; em relação ao valor e a palavra inútil; em relação ao caráter fragmentário da literatura. O imaginário é a passagem, sem as mediações do tempo, do nada ao tudo, assim como a revolução inverte o regime político vigente. Para Blanchot, a literatura é um valor que não se avalia, o que exige uma forma de afirmação que supere a noção de valor, indo ao encontro do surrealismo como estética revolucionária.
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Há 60 anos, aos 60 anos, em 3 de novembro de 1957, parou de bater o coração de um homem que amei profundamente, embora eu tenha nascido 6 anos após a sua morte...
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O objetivo deste artigo é a análise da dinâmica retórica e dos conteúdos propostos num sermão proferido por Padre Antônio Vieira aos escravos de um engenho da região da Plataforma do Recôncavo Baiano pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, em 1633, sendo o primeiro sermão pregado pelo jesuíta. Para isso, a História dos Saberes Psicológicos é utilizada como referencial teórico para interpretação após o processo de escolha das imagens a serem analisadas. O sermão discute a questão do bem-comum para os escravos, utilizando-se de elementos clássicos da retórica como a composição de imagens, visando a construção de argumentos persuasivos. A análise aprofunda o uso das imagens no que diz respeito ao seu efeito mobilizador do dinamismo psíquico dos ouvintes e a decorrente força persuasiva no que diz respeito aos argumentos propostos.
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Ao modo de ensaio científico-mito-poético, que deve ser lido literalmente, narra-se a emergência, em um tempo não cronológico, da visão de um filósofo, por meio de uma bio-bibliografia de seu próprio aprendizado, utilizando-se de fragmentos de uma memória intensiva, sub-representativa, ígnea. Para tanto, inspira-se no próprio estilo dos autores citados, que se tornam, por sua vez, personagens conceituais e figuras estéticas que escrevem uma constelação de ideias que prima por diferentes maneiras de se orientar no pensamento. Ao final, tais direções e linhas diferenciais convergem na própria intuição filosófica do vidente-narrador, ao modo de uma memória e profecia impessoal e singular.
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Como podemos pensar a relação entre noções do domínio da subjetividade, que se apresentam como irrefutavelmente constituídas cientificamente, e suas versões em um outro campo, de constituição diversa, que chamamos de “literário”? Tendo este questionamento como princípio norteador dos meus trabalhos nos últimos anos, este texto procura desenvolver a noção de “estranhamento emocional circunstancial”, criada por mim para matizar as limitadoras classificações nosológicas e cientificistas. Para tal, utilizo a correspondência entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa procurando evidenciar como estas narrativas expressam esta noção evidenciando a forma pela qual o campo literário se apresenta como cenário de lutas íntimas, travadas em torno das emoções, fundamentais para a Psicologia, e que ganham forma e estatuto diverso no campo da ciência, em particular no da Psiquiatria. A correspondência trocada entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa ganha sentido ao desvelar esta dupla relação, pois evidencia o paradoxo das emoções numa época em que expor-se, mesmo intimamente, não era parte das pretensões destes autores, mas que tornou-se uma tendência na atualidade. Este campo tem profundo interesse para a Psicologia, especialmente àquele vinculado ao Existencialismo de Jean-Paul Sartre, pensamento com o qual tenho grandes afinidades em minhas reflexões. O texto também coloca em cena as noções de saudade e melancolia, pois nelas encontramos também indícios que auxiliam a compor o que chamei de estranhamento emocional circunstancial.
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O artigo se propõe a analisar as interpretações da obra de Georges Bataille promovidas por Michel Foucault e Jacques Derrida, as quais proporcionam um entendimento da linguagem como experiência transgressiva. A partir delas torna-se possível a apreensão de um modelo de linguagem que, ao não se restringir às categorias de estrutura e representação, permite que se incluam nele experiências subjetivas que excedem e transgridem o modo de subjetivação dominante nas sociedades moderna e contemporânea.
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Procuraremos neste artigo desenvolver uma análise dos paradoxos lógicos formais que apareceram na construção da matemática e na lógica, no início do século XX e, através destes, analisarmos algumas das bases conceituais da psicanálise. A decisão que se impõe, como veremos, é aquela entre incompletude, por um lado, e inconsistência, por outro. Tal decisão implica na possibilidade de ler a psicanálise como uma teoria para a qual a elaboração do conceito de contradição seria fundamental, colocando-a em relação direta com a dialética hegeliana. Em nosso percurso, buscaremos também analisar algumas das proposições de Badiou acerca da totalidade ou do Um, de forma à relacioná-las à psicanálise.
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Tradução de Ruptures subjectives et investissements politiques: juin 2013 au Brésil et questions de continuité, de Maurizio Lazzarato e Tatiana Roque. Tradutora : Heliana de Barros Conde Rodrigues
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Não se constitui tarefa das mais simples a aproximação temática em questão entre duas dimensões de natureza tão díspares como a arte e a psicologia, em sua dimensão clínica. Enquanto a primeira consagra a eminência do fluir e de uma pertença dialogicamente miscível no aqui e agora, a segunda, pautada por uma pragmática do fazer técnico de proveniência da metafísica do controle e da previsão, tem como pathos fundamental o sucesso e a certeza, artífices do pensamento da tradição. Neste sentido, o texto procura elucidar a íntima relação entre a arte e o pensamento fenomenológico, filosofia esta explicitamente crítica a uma tradição metafísica que se hegemoniza no pensar moderno e contemporâneo, tendo no filósofo alemão Martin Heidegger seu principal interlocutor.
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O objetivo é apresentar a história e os elementos de uma experiência de formação em psicologia social do trabalho que tem sido desenvolvida em uma universidade pública com estudantes de graduação em psicologia que cursam disciplinas que incluem atividades práticas e estágios voltados às questões do mundo do trabalho e das organizações. Essas atividades são oferecidas pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho em articulação com projetos de pesquisa e de extensão. Parte-se de reflexões da psicologia social e de outras áreas das ciências humanas para a compreensão e interpretação dos diversos temas abordados e das perspectivas teórico-metodológicas adotadas no campo. Desemprego, “mercado informal”, políticas públicas de trabalho, geração de renda, saúde do trabalhador, organização do trabalho, reestruturação produtiva, autogestão, economia solidária, cooperativismo, inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho, histórias de trabalho, memória e trabalho, cotidiano e trabalho são alguns dos temas interrogados por alunos e supervisores.
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As substâncias psicoativas se tornaram elemento importante na sociabilidade contemporânea. Uma grande partilha social constituiu nos últimos 100 anos uma distinção entre as experiências de psicotropia legais e ilegais. Aos sujeitos no segundo polo são dados o tratamento policialesco e a violência. No presente artigo, debatem-se os efeitos dessa constituição histórica nas dimensões emocional, ética e técnica em torno do uso de drogas na contemporaneidade. Há uma aposta clara no desmonte das imagens cristalizadas que naturalizam as sustâncias psicoativas ilegais como um mal em si. Para tal intento, o texto se constitui por dois movimentos. Inicialmente, é uma produção alegorista, uma vez que esse método se apresenta como potente instrumento de entrada nas urdiduras afetivas formadas em torno da “questão das drogas”; na segunda parte, compõe com pesquisas de cunho genealógico sobre a temática, trazendo densidade ético-política para a discussão.
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Tradução de: Michel Foucault stoïcien? Magazine Littéraire, nr. 461, fev/2007, pp.54-56. Tradutora: Heliana de Barros Conde Rodrigues.
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Este estudo teórico tem como objetivo problematizar a comercialização das células-tronco do cordão umbilical por bancos públicos brasileiros que ofertam os serviços de coleta, criopreservação e armazenamento do sangue umbilical. Entendemos que os bancos públicos impulsionam a capitalização a vida por meio da valoração econômica e afetiva do sangue umbilical. Centrar-nos-emos em discutir como os bancos públicos, na medida em que arregimentam tal capitalização, propulsionam uma segregação dos recursos disponíveis, já que o acesso público aos tratamentos disponíveis pelas células umbilicais ainda é restrito a poucos, assinalando uma resignação diante de desigualdades em que não se questiona uma possível distribuição equitativa do material biológico em questão, tampouco a possibilidade de sua não capitalização.
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Diversos autores apontam similaridades entre a psicoterapia cognitiva fundada por Albert Ellis, denominada Terapia Racional Emotiva Comportamental, e a filosofia estoica. Tal semelhança se daria particularmente em relação à interdependência entre razão e emoção e ao conflito entre crenças racionais e irracionais. Este estudo buscou compreender as possíveis relações entre Estoicismo e Terapia Racional Emotiva Comportamental por meio da análise de como o pensamento de Sêneca tem sido reapropriado e ressignificado no desenvolvimento das principais teorias e fundamentos da terapia fundada por Ellis. Recorreu-se aos conhecimentos de História Antiga e Psicologia, com o objetivo de efetuar uma melhor análise do fenômeno abordado.
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Este artigo se propõe a abordar o tema da métis (inteligência astuciosa) a partir da psicodinâmica do trabalho e de estudos de psicologia histórica. Ele nos ajuda a compreender como os trabalhadores conseguem fazer face aos imprevistos no trabalho, criando novos macetes e táticas. A métis é parte constituinte do pensamento grego antigo. Conhecê-la nos provoca questões fundamentais sobre o tema da atividade, que atravessa a vida de todos os viventes e é responsável por toda produção humana. A mobilização da inteligência astuciosa dos trabalhadores permite gerir a variabilidade que é intrínseca a qualquer meio de trabalho, na busca tanto da qualidade do trabalho como de sua saúde.
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A partir da publicação do DSM III (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) pela Associação Americana de Psiquiatria nos anos de 1980, consolida-se no cenário internacional uma vertente da psiquiatria norte-americana denominada Psiquiatria Biológica. Neste trabalho, pretendemos analisar o modo como esta vertente psiquiátrica se desenvolve no Programa de Ansiedade e Depressão do Instituto de Psiquiatria da UFRJ (IPUB/UFRJ). Este Programa surge em 1984 e continua a existir até os dias de hoje. Ele se mostra relevante para nosso estudo por possuir, desde sua fundação, a orientação da vertente biológica em suas pesquisas e por reunir importantes representantes desta vertente do cenário psiquiátrico do Rio de Janeiro, bem como por se situar no IPUB, uma instituição de grande representatividade junto ao referido meio psiquiátrico e, em certa medida, do Brasil. Para tanto, analisamos uma série denominada Série Psicofarmacologia, publicada pelo Programa de Ansiedade e Depressão com o intuito de apresentar suas pesquisas. Desse modo, nosso estudo visa contribuir para a compreensão das bases sobre as quais os discursos da Psiquiatria Biológica se sustentam e se inserem neste contexto institucional específico.
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Busca-se problematizar como a constituição de uma cidade ordenada e higienizada reverbera nas práticas cotidianas de feirantes, usuários e frequentadores da “Feira do Produtor Rural”, em Boa Vista, capital do estado de Roraima. Recorrendo a aspectos metodológicos da etnografia e da cartografia, entre março de 2015 e março de 2016, foram realizadas observações participantes, acompanhando o cotidiano dos feirantes. A elas juntam-se conversas formais e informais com comerciantes e frequentadores, além de participação em atividades ou iniciativas públicas dentro da feira. Os resultados apontam para o intricado jogo de forças entre dispositivos que não cessam de ordenar os espaços e definir os lugares de cada coisa, e as micropolíticas que transpõem, anulam e/ou resistem a esse projeto de normalização da feira.
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Tradução de DELEUZE, G. Le cuestión de la filosofia em Grecia. Gobierno de sí y subjetivación. 6 de mayo de 1986. Em: La subjetivación. Curso sobre Foucault, tomo III. Buenos Aires: Cactus, 2015. Tradutor: Danichi Hausen Mizoguchi.
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Última entrevista de Fernand Deligny, concedida em abril de 1996 a Jean-Paul Monferran, jornalista do L’Humanité. Publicada em 12 julho de 1996, cerca de dois meses antes da sua morte (ocorrida em 18 de setembro, em Graniers, quando Deligny contava 83 anos). Texto original (francês) disponível em: <http://www.humanite.fr/node/135364>. Tradução: Thalita Carla de Lima Melo. Revisão: Eder Amaral.
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