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O presente artigo se ocupa de trazer para discussão a construção de masculinidades de corpos-homens-loucos, egressos de longos períodos de internação e moradia em hospital psiquiátrico e que vêm habitar o espaço da cidade, em Serviços Residenciais Terapêuticos (SRTs), sendo cuidados por mulheres. Buscamos não separar processo e sujeitos nele inseridos, e dedicamos comentários tanto ao tema do cuidado institucional quanto às trajetórias de homens e mulheres nesse processo de desinstitucionalização. Apostamos nas novas configurações dos serviços residenciais, plenas de interpelações que oxigenam a vida, mas que exigem de todos os envolvidos a humildade de um realocar-se, no que entram também em xeque os tradicionais desempenhos de gênero.
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O presente artigo consiste em uma crítica à historiografia tradicional sobre a tortura a partir da perspectiva genealógica de Michel Foucault. Baseados neste autor, consideramos que para traçar a história das práticas de tortura é preciso traçar a história política das transformações dos métodos punitivos em correlação com uma tecnologia política do corpo. Por esse caminho, entendemos que a emergência da tortura está sempre vinculada às relações de poder/modos de governo (de si e dos outros), que se apresentam de diferentes formas ao longo da história. Para alcançar essas diferenças efetuamos um mapeamento das descontinuidades em torno da prática da tortura no período que vai do século XII ao XXI. O campo de problematização engendrado por esse olhar genealógico facultou pensar a tortura de três modos principais e nem sempre mutuamente exclusivos: a tortura legitimada pelo poder real; a tortura supostamente abolida e efetivamente redistribuída nas sociedades disciplinares; a tortura utilizada como tecnologia biopolítica de governo das condutas - dos regimes ditatoriais aos democráticos -, em que fazer viver e deixar morrer são duas faces de uma mesma moeda.
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Este trabalho procura contextualizar, a partir de uma revisão de literatura, a formação psi em nosso momento histórico, buscando um (re)posicionamento frente a um processo de formação que parece, por vezes, estar iluminado por discursos e práticas ainda atrelados a um tipo de especialismo advindo da filiação dos saberes “psi” às formações disciplinares. Ao longo do enredo, procura apresentar o modo como a Psicologia parece ainda, em alguns aspectos, formar profissionais como meros reprodutores de conceitos e técnicas destituídos de uma reflexão ética, de uma contextualização histórica e de uma atenção aos processos de singularização e subjetivação. Este estudo pretende, assim, contribuir para a busca de uma reflexão sobre a formação do psicólogo que, na atualidade, precisa estar comprometida socialmente com os sujeitos em seus modos singulares de ser, de pensar e de existir.
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O objetivo deste trabalho é examinar as tecnologias de si produzidas por práticas psi, mais especificamente pela introspecção experimental e seus modos de treinamento nos laboratórios do final do século XIX. Para tal objetivo, tomaremos como base o conceito de tecnologias de si desenvolvido por Michel Foucault nos últimos anos de sua vida, na década de 1980. Estas tecnologias são analisáveis em categorias tais como substância, akesis (ou exercícios), práticas de si e telelología, assim como demandam a distinção entre filosofia e espiritualidade. Estas ferramentas conceituais serão utilizadas a fim de detectar técnicas de si nas práticas de laboratório do final do século XIX, especialmente em autores como Helmholtz, Wundt e Titchener. Rumo à conclusão, utilizaremos a Epistemologia Política de Vinciane Despret, para quem essas obras não só apontam para técnicas de si especiais, como servem para problematizar nossos modos de pesquisa atuais.
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Neste artigo colocamos em análise o que denominamos um modo de gestão manicomial da vida. Procedimentos psicológicos e psiquiátricos alongados no social, que vêm operando um pesado e minucioso maquinismo conectando a mídia, o ensino, o lazer, o corpo humano, a indústria da saúde, o Estado. Tidos como naturais e evidentes, tais maquinismos se expandem cada vez mais através de novas instituições e na vida mais comum. O que temos feito com a diferença, o que temos feito com aqueles comportamentos que não se enquadram em contornos normalizantes? Trata-se aqui de abrir alguns destes maquinismos, tidos como tão naturais e evidentes que se expandem cada vez mais em novas instituições e na vida mais comum, problematizando a produção proliferante de seleções, triagens, especialismos e instituições de cuidados.
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Este artigo tem como objetivo conhecer as concepções desenvolvidas sobre o poder na obra do filósofo Gilles Deleuze, para discutir suas perspectivas, com quais enunciados opera e se cria um modelo sobre o poder. Realizamos uma revisão bibliográfica em toda a sua obra, que denominamos cartografia bibliográfica. Constatamos que, para Deleuze, há uma “trindade do poder” em Nietzsche, Espinosa e Foucault. Nietzsche traz um modelo dinâmico entre forças ativas e reativas. Espinosa fornece a discussão da potência articulada aos afetos. Foucault traz uma concepção original sobre o poder como prática, relação e estratégia, e propõe um terceiro vetor, chamado de poder de resistir. Concluímos que é possível extrair um dualismo sobre o poder na obra de Deleuze, numa divisão entre poder e potência.
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Pesquisas empíricas que abordam os videogames utilizam-se, em maior parte, de questionários que estabelecem uma relação direta entre as respostas fornecidas e as condutas gerais do pesquisado. Acreditamos que este tipo de metodologia apresenta um déficit importante no que se refere ao acompanhamento da operatividade dos jogos, por causa de sua especificidade interativa. Neste artigo, propomos que a pesquisa-intervenção com a realização de encontros no formato de oficinas constitui uma metodologia interessante para estudar videogames por permitir observar aspectos processuais. A partir de uma pesquisa que buscou estudar a aprendizagem de sistemas complexos envolvendo os videogames, procuramos acompanhar duas formas de coordenações de ações processuais necessárias à manipulação da tecnologia que ocorriam durante a experiência de jogo e que traduzimos aqui como aprendizagens envolvendo a noção de corpo.
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De acordo com Nietzsche, a música seria um caminho privilegiado para a unificação dos impulsos dionisíacos e apolíneos, pois habita a troca incessante das aparências. Ela nasceu do coro ditirâmbico dionisíaco, tal é a faculdade de unificar os contrários mantendo seus paradoxos. Sendo assim, o presente artigo discute a possibilidade de a música ser um dispositivo a inaugurar novos espaços que harmonizem as relações entre o dentro e o fora, o eu e o mundo, produzindo devires que escapam às capturas dominantes.
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A saudade é um sentimento complexo e de grande interesse para a Psicologia, já que delineia modelos de subjetividade muito particulares. A saudadeimplica um modo de experimentar a vida associado a uma série de padrões de conduta, de maneiras de perceber a realidade e de interpretar os acontecimentos vitais que pode ser analisado a partir de perspectivas muito diversas. Este trabalho parte de uma análise da poesia luso-brasileira comprendida entre 1825 e 1925, com o objetivo de delimitar una redefinição da saudade entendida como categoria psicológica. Para tanto, se abordará a saudadea partir de diversos enfoques.Uma aproximação etimológica, outra de caráter fenomenológico e uma visada histórico-cultural serão alguns dos sulcos abertos através da exploração histórica do próprio conceito de saudade. Deste modo, delineia-se uma observação do sentimento saudosoa partir de uma dimensão ontogenética e filogenética do fenômeno em questão, aprofundando-se nas causas, na origen e nos mecanismos que põem em funcionamento o sentimento saudoso. Paralelamente, serão expostos os traços idiossincráticos e particulares da saudadeem contraste com outros sentimentos afins. Com este estudo pretende-se desmentir algumas teorias que, a partir da Psicologia, sublinham a universalidade, o inatismo ou o determinismo dos sentimentos humanos e, ao mesmo tempo, alcança-se uma explicação da saudade de tipo integrador e coerente con as linhas clássicas da Estética Psicológica de fins do século XIX e começos do XX. O trabalho compõe, além disso, uma forma alternativa de refletir sobre a natureza epistemológica da investigação sobre a História de nossa disciplina.
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Tradução de CHEVALLIER, P. Que veut dire faire une hisoire des problématisations? In: BLOQUET, D.; DUFAL, B. & LABEY, P. (Dir.). Une histoire au présent. Les historiens et Michel Foucault. Paris: CNRS, 2013, p. 121-135. Tradutor: Alessandro Francisco.
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Este artigo percorre a experiência de uma residente na aventura do cuidado pelas práticas da chamada Saúde Mental. Relatos de suas passadas pelo Centro de Atenção Psicossocial na cidade do Rio de Janeiro são chamados para que possamos produzir uma problematização sobre o cuidado no vasto campo da Reforma Psiquiátrica Brasileira. A partir de conversas com Franco Basaglia, fomos tecendo certos apontamentos sobre o que podemos apresentar como um cuidado que se preocupe mais em inventar a existência do que em adaptá-la.
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A partir da análise de práticas da psicologia no Brasil, o presente artigo busca problematizar os modos de subjetivar e experienciar o território na cidade. Com o procedimento de acontecimentalização proposto por Michel Foucault, mapeamos algumas linhas que incidem na produção da experiência com o território no percurso de constituir-se a cidade moderna, o que inclui a análise dos modos de subjetivar e das políticas de Estado, de governo, públicas. A partir deste estudo problematizamos a noção de intenCidade como um conceito intercessor para analisar as políticas e as intervenções em psicologia que potencializem as composições de uma experiência citadina coletiva e pública.
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Tradução de GROS, F. Problématisation. In: BERT, J.-F. & LAMY, J. Michel Foucault: un héritage critique. Paris: CNRS, 2014, p. 124-126. Tradutor: Alessandro Francisco.
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Este trabalho tem como objetivo apresentar como se configuraram, a partir do campo da medicina, os comportamentos indicadores de risco no diagnóstico de usuários do álcool. Para isso, analisamos os textos que abordam a questão do alcoolismo presentes nos Archivos rio-grandenses de medicina, revista publicada pela Sociedade de Medicina do RS no período de 1920 a 1943. Nossa discussão consiste em identificar como o saber médico contribuiu para a constituição de um discurso sobre o consumo de bebidas alcoólicas relacionado a comportamentos de risco na conduta dos indivíduos. Interrogamos os regimes de verdade sustentados por esses saberes, que, a partir de certo número de discursos, se tornam produtores de modos de ser sujeito dito potencialmente perigoso, apontando para uma possível articulação entre o uso de álcool, o crime e a doença mental.
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Festas e brincadeiras são fenômenos culturais presentes em Plataforma, região do Recôncavo da Bahia. Os objetivos do estudo são recuperar a memória histórica relacionada às festas e brincadeiras de origem colonial na referida região e compreender a função formativa dessas práticas através de sua influência sobre o dinamismo psíquico dos participantes. O estudo se pauta na perspectiva dos saberes vigentes no tempo histórico em que tais práticas foram elaboradas e transmitidas. Através de fontes primárias do período colonial, como cartas jesuíticas, bem como de fontes secundárias, o resgate histórico feito proporcionou a obtenção de dados sobre festas e brincadeiras de Plataforma, como a Festa de São João e a corrida de Argolinha. Fica claro que a proposta destas práticas culturais era de comunicação e persuasão e, para tanto, visava atingir as potências psíquicas (sensações, sentidos e entendimentos) dos participantes através de uma construção que articulava retórica, saberes psicológicos e pedagogia.
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O artigo visa acompanhar alguns desafios presentes em uma escola pública regular no processo de inclusão escolar de alunos surdos. Apresentamos, de um lado, posicionamento ético, político e epistemológico contra as tentativas de classificação da vida e, de outro lado, a afirmação da potência dos encontros entre surdos e ouvintes. Observamos que ainda hoje há um projeto político de inclusão baseado em referenciais normativos, no qual as diferenças são desqualificadas. Enfatizamos a importância da Libras e do intérprete nos contextos educativos, a relevância da comunicação entre surdos e ouvintes num ambiente onde circulam duas línguas completamente distintas: a Libras e o Português.
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Neste artigo analisamos a militância e o apoio de jovens a um candidato a prefeito na cidade do Rio de Janeiro, nas eleições de 2012. Partindo da noção de subjetivação política, examinamos inicialmente as experiências resultantes das relações entre juventude e política no contemporâneo. Em seguida, dialogamos o enquadramento teórico exposto com o material colhido em entrevistas semi-estruturadas com três jovens militantes da campanha eleitoral. Tal articulação visa discutir os sentidos que os jovens militantes dessa campanha atribuíram às suas ações, uma vez que este coletivo os afetou como estratégia mobilizatória e atrativa para apostarem no desejo de mudança da realidade. Concluímos que esse processo eleitoral representou uma possibilidade de renovação do quadro político vigente e que os jovens movidos pelo desejo de transformação da sociedade se engajaram nesse projeto político coletivo.
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- Artigo de periódico (1.830)
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- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)