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O presente texto tem como objetivo expor os caminhos metodológicos abertos a partir de questões éticas que surgem das operações de escrita amparada com imagens. Desenvolve um entendimento da imagem como sendo algo que se insere em um texto de forma anômala e em desvio com a linearidade do seu caráter discursivo. Tal problematização contou com um diálogo com os trabalhos desenvolvidos por Aby Warburg e André Malraux. sendo que a compreensão espacial que esses autores dão tanto à escrita quanto à produção de imagens serviu como inspiração para o delineamento de uma proposta metodológica. Foi pensado como proceder para realizar uma exibição ou uma apresentação através da textualidade, tentando produzir um museu em escrita, uma maneira que possibilitasse a exploração formal da tensão entre dois meios.
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Este artigo objetiva apresentar o percurso metodológico de uma pesquisa em clínica do trabalho que destaca a interlocução da pesquisadora com sua própria atividade de trabalho, ou seja, a trabalhadora é a pesquisadora de sua atividade de trabalho. A partir de seu repertório profissional, coloca-se como questão de pesquisa o manejo metodológico para uma análise do trabalho no viés do transformar para conhecer, tomando a trabalhadora como protagonista no processo de análise da atividade e a pesquisa como ferramenta para este processo. Neste percurso, destacam-se inflexões nos métodos propostos pela clínica da atividade, tendo como eixo o dialogismo e a cartografia como um intercessor no processo investigativo.
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Este texto, traduzido do espanhol por Leonardo Pinto de Almeida, foi originalmente publicado no livro Esbozos III – Barthes, Lo neutro (2019) de Juan Carlos Gorlier, sob o título Hacía lo neutro.
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Pensar a formação no âmbito da universidade pressupõe enfrentar caminhos controversos e ampliar a disponibilidade para a invenção, de modo a criar desvios para a força acachapante das formatações institucionais acadêmicas vigentes. Apresentam-se aqui experiências engendradas na graduação em terapia ocupacional que se dão na tangência com as artes e reivindicam a processualidade como via principal para encontrar formas em estabilidade temporária, que articulem palavras, corpos e imagens e que sejam suficientes para potencializar os estudantes para seguirem em formatividade, na graduação, na clínica, na vida. Tais dispositivos de formação agenciam encontros entre estudantes, terapeutas ocupacionais, artistas e outros profissionais, pessoas com experiências diversas de sofrimento e/ou em situação de vulnerabilidade, projetos, instituições, textos, ideias, trajetos, danças, cantos, gestos, silêncios... engajando a experiência na fabricação de uma subjetividade mais porosa e sensível aos contatos com o mundo, e ao mesmo tempo inscrevendo-a num plano comum, na dimensão política da vida.
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A escrita diarista é feita diariamente, ou quase, para registrar algo de importância para quem escreve e também para possíveis leitores. No evento “O devir escrita da vida nos serviços de saúde”, em setembro de 2017 na Faculdade de Saúde Pública/USP, foi discutida a escrita do diário institucional que traz dimensões relativas ao funcionamento das instituições. Trata-se de um meio do pesquisador/a-analista institucional analisar suas implicações. A implicação, nesta oficina, foi analisada a partir das relações estabelecida pelos profissionais com suas práticas cotidianas, tendo em vista o atual contexto político do país, de fortes ataques às políticas sociais, especialmente ao SUS. A proposta deste texto é evidenciar a relevância do diário institucional nas práticas dos profissionais no SUS, a partir dos diários de seis participantes que se dispuseram compartilhar fragmentos de seus diários que serão apresentados, acompanhados das ressonâncias produzidas em sua leitura com aportes teórico-metodológicos da Análise Institucional.
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Processos de ensino-aprendizagem trazem inúmeros desafios, exigindo dos educadores reflexão constante sobre os modelos que os orientam. Além dos desafios técnicos, encontramos na formação em saúde a necessidade de desenvolver reflexão sobre conceitos e contextos, trabalho em equipe, escuta, sensibilidade, entre outros. Neste artigo, apresentamos os Cadernos Colaborativos enquanto dispositivo de produção e acompanhamento do processo formativo-criativo de alunos de graduação de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Paulo. Tal experiência consistiu na produção dos Cadernos e na realização de narrativas pelos estudantes, no diário e ensaio fotográfico da pesquisadora. Possibilitou uma interferência neste grupo envolvendo diferentes linguagens: escrita, desenho, colagem, pintura etc., e nos levou a diferentes problematizações, entre elas: a potência deste dispositivo enquanto registro, elaboração e produção de pensamento, além dos embates provocados pela proposta colaborativa e em co-criação e questões que emergiram em relação à formação do profissional de saúde com seus desafios, potências e contradições.
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Este artigo tem como objetivo analisar o uso da escrita de cartas como intercessor em experiências de formação profissional. O trabalho desenvolvido no âmbito do Plantão Institucional – atendimento oferecido pelo Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP a profissionais que atuam em diferentes instituições do campo da saúde, da educação e da assistência social –, que visa a agir no enfraquecimento e na estagnação dos quais os integrantes dos grupos se queixam com frequência, e a reflexão acerca da função da escrita como constitutiva de realidade junto a graduandos e pós-graduandos em Psicologia inspiraram o desenvolvimento de uma estratégia que faz uso da escrita endereçada. Entendemos que a escrita de cartas pode ser considerada uma forma de enfrentamento dos efeitos de assujeitamento e da sensação de impotência relatada pelos grupos. Com o intuito de discorrermos sobre a estratégia e seus efeitos, traremos excertos de cartas produzidas em uma oficina da qual participaram profissionais que atuam no campo da saúde pública e que estavam dispostos a se debruçar sobre impasses vividos no cotidiano institucional.
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O presente trabalho busca contextualizar o campo conceitual acerca das políticas cognitivas, apostando na construção narrativa como parte intrínseca tanto dos processos de pesquisa quanto da expressão dos resultados encontrados. Aqui, a produção de uma experiência narrativa se apresenta e se produz ao longo do trabalho em si. Assim, ao partir da análise da trajetória de formação em psicologia e do acompanhamento de um Grupo de Gestão Autônoma da Medicação (GAM), nos colocamos a pensar o que são as políticas cognitivas dentro da História da Psicologia e de sua afirmação enquanto Ciência. Com o objetivo de repensar o tema da formação, propomos a discussão acerca da metodologia de pesquisa-intervenção de perspectiva cartográfica, apontando a potência da narrativa da experiência para os estudos da subjetividade. Nesse percurso, apresentamos o conceito de enação e o modo como as definições dos modelos cognitivos impactam nos modelos de formação, especificamente na formação em saúde mental.
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Frente aos problemas de saúde apresentados na universidade pública nos dias atuais, somos forçadas a repensar a formação dos alunos de psicologia. Visando propor uma formação mais baseada na experiência compartilhada do que na transmissão de informação, criamos dois dispositivos: uma oficina de experimentação corporal e estética e um caderno coletivo. Os dispositivos foram propostos numa disciplina eletiva sobre Arte e Psicologia oferecida no curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nosso objetivo neste texto é apresentar o processo de criação destes dispositivos, analisando e acompanhando alguns de seus efeitos. Para isso realizamos uma pesquisa-intervenção baseada no método da cartografia. Concluímos que a exposição do corpo e a escrita coletiva abriram espaço para a exposição da vulnerabilidade e do sofrimento dos estudantes. Acontecimentos e temas partilhados produziram participação e a experiência do cuidado no processo de formação, fazendo surgir novos modos de habitar a universidade.
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O presente artigo se destina a apresentar um breve exame dos levantes brasileiros de junho de 2013, ocorridos no contexto de revoltas que eclodiram em diversos países, a partir de 2011, especialmente os árabes e nos Estados Unidos, todos atravessados direta ou indiretamente pela grave crise econômica mundial causada pela falência do banco Lheman Brother’s, em 2008. Procura, especificamente, colocar em análise a relação entre os processos de subjetivação conduzidos pelo conteúdo do jornal O Globo em suas reportagens, fotos, artigos e editoriais sobre os levantes e o modo como são capturados os sentidos das manifestações populares que ocorreram nas chamadas Jornadas de Junho.
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O artigo é parte de uma tese de doutoramento, cujas reflexões têm origem na história oral de vida de 16 pacientes transplantados cardíacos do Ambulatório de Transplante Cardíaco da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. As narrativas foram obtida por meio da História Oral de Vida e analisadas conforme a perspectiva de Lev. S. Vigotski, que dá um destaque especial para a questão dos afetos. Essas histórias de vida estão armazenadas no Banco de Memórias e Histórias de Vida (BMHV). A história oral propicia o aparecimento de narrativas muitas vezes guardadas só com os pacientes; aqui elas foram resgatadas e os relatos daqueles que foram submetidos ao transplante cardíaco foram de certa forma valorizados. O transplante cardíaco, ainda que seja uma realidade para algumas poucas pessoas, é um evento coletivo que gera um código comunicativo de efeito comunitário que envolve todos os afetados. Os seres humanos são muito semelhantes entre si e o que os faz diferentes são suas histórias.
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O objetivo desse artigo é evidenciar modos de existência que se apresentem como alternativas aos tempos de medo instalados no Brasil. A partir de David Lapoujade e José Celso Martinez Corrêa, busca-se dar consistência ao ato de re-existir, uma existência processual que possui seu modo de ser intrínseco e incomparável através de sua inserção em um ecossistema, sobrevivendo e fazendo sobreviver. Com isso, expressamos pontos de uma arte da existência, na qual o testemunho de existências pouco manifestas se desdobra em uma possibilidade de criação de outros mundos possíveis de se habitar.
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Muito tem sido falado no último ano acerca de uma suposta crise global de refugiados. Ao longo deste artigo, pretende-se questionar a existência de tal “crise” e seus múltiplos efeitos. É possível analisar e discutir o fenômeno global migratório a partir de diversos recortes acadêmicos: juridicamente, economicamente e no âmbito da saúde. Partindo de uma noção construída por Michel Foucault de Saúde – biopolítica, de controle e disciplina, normatizadora – se buscou pensar nas maneiras pelas quais os sistemas de Saúde Pública vêm se estruturando para atender – ou não – migrantes e refugiados. É preciso que conceitos engessados de Saúde e Refúgio sejam reelaborados, que, diante do novo, não se caia em discursos estereotipados e preconceituosos, mas se construa um devir saúde, mais coletivo e múltiplo.
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O atual contexto sociopolítico brasileiro conduzido pelo Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) institui sobre a infância e adolescência um olhar de cidadania. Este artigo busca problematizar as práticas de conselheirxs tutelares que, pautadas por uma lei específica, capturam crianças e adolescentes enquanto sujeitxs de direitos, e ao mesmo tempo reafirmam seu assujeitamento pela tutelação. Narramos os estranhamentos encontrados durante uma pesquisa realizada em um Conselho Tutelar (CT) a qual buscou conhecer as relações que perpassam o trabalho dxs conselheirxs, e compreender suas experiências relativas ao acolhimento e ao encaminhamento de casos. Percebemos no decorrer da pesquisa que as práticas dxs conselheirxs indicam quais são os melhores trajetos para crianças, adolescentes e famílias caminharem, ratificando o paradoxo entre autonomia e modelação, e entre igualdade e proteção. Defendemos que é necessário romper com as naturalizações cotidianas para criar outras lógicas e direções nos modos de atuar com a infância e adolescência.
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O presente trabalho analisa o discurso da loucura na obra autobiográfica Hospício é Deus, de Maura Lopes Cançado. Analisar um discurso implica em articular texto e contexto. Para tal, a autora é colocada em foco, a partir de sua experiência como mulher subalternizada, em um determinado contexto histórico, articulado ao contexto da história das instituições psiquiátricas. Seu livro-denúncia prenuncia a reforma psiquiátrica brasileira. Em seu diário, Maura se vê às voltas com questões relacionadas a ser louca. Descreve o hospício, as mulheres internadas, as relações com médicos, enfermeiras e funcionárias, os tratamentos e os maus-tratos. A loucura desafia sua compreensão e a visão inicial do hospício como um lugar fora do mundo não encontra ressonância em um cotidiano institucional opressivo, que ela passa a denunciar.
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Introduzido como esporte e apreciado por setores privilegiados da sociedade, o futebol popularizou-se no primeiro quartel do século XX entre as camadas mais populares do Brasil. Apesar da ação repressiva governamental, é provável que a nascente burguesia industrial brasileira tenha observado na prática um elemento também capaz de promover suas marcas, além de disciplinar operários e ocupar o tempo de lazer dos trabalhadores ao impulsionar o gasto de energia dos mesmos com atividades desvinculadas da produção fabril, em plena fase de explosão do movimento operário brasileiro. A partir da década de 1930, o Estado brasileiro, sob o comando de Getúlio Vargas, conteve as mobilizações promovidas pelos trabalhadores ao enquadrar tanto a classe operária quanto a burguesia industrial sob seu controle; para tanto, um dos elementos utilizados foi o futebol que, além de instrumento de desmobilização política, serviu à edificação de certa identidade nacional, em pleno período do Estado Novo (1937-1945). O sucesso do Brasil na Copa de 1938, realizada na França, teria dado consistência às intenções varguistas.
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Saúde Coletiva, uma invenção brasileira, constitui uma nova forma de articular saberes e práticas originadas de instituições da área da Saúde Pública e da Medicina Preventiva e Social. Instituída no Brasil durante as décadas de 1960/70, teve, sem dúvida, um caráter inovador em relação ao que existia à época no setor saúde. Seu desenvolvimento até os dias atuais vem ocorrendo através de cursos de graduação e pós-graduação promovidos por universidades públicas, criados a partir, sobretudo, da atuação da Associação Brasileira de Saúde Coletiva/Abrasco, fundada em 1979. Além disso, a Associação tem promovido congressos nacionais e internacionais, bem como publicado revistas, livros e boletins. Colaborando com outras entidades da sociedade civil, a Abrasco vem se manifestando de forma crítica e ética diante de fatos relacionados às políticas de saúde e de educação e a outros acontecimentos de ordem política, econômica, social e ideológica que ocorrem no país.
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As dimensões políticas e educativas da Saúde Coletiva no Brasil
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Neste artigo problematizamos como o discurso científico, em sua face mais dura, na busca pela verdade absoluta trata a adolescência como universal. Em geral, as teorias desenvolvimentistas atribuem às etapas da vida uma linha de continuidade evolutiva, como se cada fase tivesse seu tempo e fosse ultrapassada a fim de se chegar à próxima. Baseadas em um paradigma racionalista, elevam a adolescência a um ideal, a uma fase delimitada do desenvolvimento humano, com características bem definidas. Produz-se, assim, um processo de normalização que cristaliza uma forma de ser e estar no mundo, e que nega a heterogênese dos modos de existência. Destacaremos algumas discussões com relação aos aspectos notadamente culturais e históricos da adolescência, que colocam “em xeque” essa noção de universalidade.
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- Artigo de periódico (1.830)
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- Seção de livro (1.249)
- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)