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Neste texto tomamos alguns fatos da politização brasileira dos últimos anos como sintomas analisadores para pensarmos os efeitos que retroagem sobre seus contextos de produção e aparecimento, forçando-nos a pensar sobre suas causas e suas consequências. Diante desse cenário, avançaremos nossa análise para pensar não apenas a produção subjetiva atual, mas principalmente para entender o porquê dessa divisão política na contemporaneidade, que chamamos aqui de esquizofrenização. Primeiramente vamos analisar a dualidade do conceito de povo em Agamben, para, em seguida, pensarmos a polaridade da subjetivação, sempre social e histórica, em Deleuze e Guattari, e por fim nos perguntaremos como a Psicologia como ciência e profissão tem sofrido e agido diante dessa transformação política e subjetiva contemporânea, esboçando uma resposta possível para a seguinte questão: a psicologia tem algo a dizer diante dessa divisão subjetiva do povo brasileiro?
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Este artigo apresenta narrativas de um trabalho realizado durante a formação em psicologia em duas Residências Terapêuticas no município de Cariacica, ES. As Residências Terapêuticas são um dispositivo da Reforma Psiquiátrica propostas com o objetivo de contribuir para o processo de desinstitucionalização da loucura. Discutem-se neste artigo as vicissitudes cotidianas enfrentadas no trabalho realizado, narram-se algumas experiências a partir das quais acompanhamos processos de produção de autonomia em gestação e apresentam-se alguns conceitos operativos da Análise Institucional que funcionam como ferramentas para orientar as análises dos acontecimentos que perpassam o cotidiano. A direção do trabalho é a de habitar a tênue linha do cuidado que não resvala em tutela e cerceamento dos processos de autonomia. Conclui-se que a saída dos usuários de saúde mental dos hospitais psiquiátricos para as Residências Terapêuticas não garante a produção de práticas de liberdade e cuidado, exigindo-se que haja constantes enfrentamentos das instituições produtoras de exclusão ainda incrustadas nas subjetividades contemporâneas.
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Neste artigo propomos uma aproximação entre a luta antimanicomial e o movimento antiproibicionista no Brasil, a partir de uma leitura contracultural. Para isso, vamos estabelecer relações entre o pensamento de Deleuze e Guattari presente no livro O Anti-Édipo, influenciado pela experiência de maio de 68 na França, e as práticas estéticas e políticas do movimento da Tropicália e do cinema marginal. Destacamos os filmes “Meteorango Kid, o herói intergaláctico” (1969) e “Louco por Cinema” (1994) de André Luiz Oliveira, que apresentam algumas questões sobre o cuidado e a violência. Essa aproximação nos permite abrir novas possibilidades para as experimentações clínico-políticas que articulem as dimensões críticas, estéticas e existenciais presentes nessas lutas sociais.
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Para pensar a relação entre clínica e política na psicologia brasileira, consideramos importante retomar alguns aspectos da história da psicanálise e de sua chegada no Brasil. Reconhecendo as oscilações clínico-políticas que ocorreram ao longo desse processo histórico, ora produzindo ácidas problematizações, ora recrudescendo em sólidos conservadorismos, recortamos quatro momentos dessa história. Partindo dos textos de Freud sobre a situação social e política de seu tempo, bem como de sua condição de exilado político no final da vida, passando por Lacan que se autodenominou excomungado após sua expulsão da IPA e fundou uma nova experiência político-institucional em sua escola, sem deixar de mencionar Deleuze e Guattari em suas contundentes críticas à psicanálise, chegaremos ao Brasil e veremos que, através de grupos heterogêneos, a psicanálise se mostra eminentemente política – seja através do caráter conservador sustentado por determinados grupos, seja através de seu caráter problematizador sustentado por outros grupos.
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O presente artigo promove uma reflexão acerca da tríplice estrutura de dominação, o capitalismo patriarcal colonial, que sustenta a opressão, as desigualdades, a violência, a subalternização, a marginalização, a exploração, a vulnerabilidade e a exclusão social, e que coloca em um extremo o homem branco rico e no outro a mulher negra pobre. A mulher negra é alocada como sendo o outro do outro nos campos político, econômico, cultural e social, em virtude de ser o outro do homem e o outro do branco, uma antítese da masculinidade e da branquitude, estando, portanto, hierarquicamente na posição mais vulnerável na supremacia patriarcal e colonial do capitalismo. Para a superação dessa realidade, é necessária a transformação da lógica capitalista, que só é possível através de um processo de retirada de máscaras brancas das peles negras, rompendo-se o silêncio, fazendo-se usos da raiva, para, enfim, viver de um amor ético, estético e político.
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A partir da relação entre os movimentos da Reforma Sanitária e da Reforma Psiquiátrica brasileiras propomos uma relação entre clínica e política. Dessa relação fazemos o resgate histórico da aproximação entre os movimentos, apontando para o necessário enfrentamento aos modelos medicocêntrico e hospitalocêntrico, proposto pelas Reformas e que se faz presente hoje enquanto força pelo modo como o sistema de saúde se organiza. Pensar o problema da gestão em saúde pública se coloca como uma via de enfrentamento possível para a garantia de direitos quando, através dele, podemos problematizar modos de privatizar serviços públicos. Trazemos, por fim, a privatização não como bloco, mas como linhas que atravessam modos de cuidar/gerir.
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O autocuidado em matéria de saúde faz parte de uma conduta racional da gestão de si, legitimada por um ideal de bem-viver, que pressupõe a autodisciplina corporal e emocional para maximização da vitalidade ou do capital humano. Se partimos do que foi possível observar em todas as aulas do curso de capacitação em Lian Gong entre servidores públicos municipais será possível nos restringir a uma avaliação da dimensão subjetiva do cuidado do tipo reducionista-biomédica-mecânica. Como se todas as “peças” da engrenagem do corpo pudessem ser modificadas, retificadas, substituídas em caso de defeito, trocadas por outras com melhor desempenho. Cartografias do esgotamento no trabalho em saúde mostraram uma metafísica da carne que nos convida a desenvolver novas perspectivas neste campo. O plano experiencial tensiona os canais operacionais que não transmutam as formas e, por conseguinte, nos faz enfraquecer o niilismo gestual a fim de afirmar o presente e sua finitude.
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Este trabalho retoma experiências dos autores em um núcleo de apoio a empreendimentos de economia solidária, para então pensar os processos autogestionários no interior deste e nos empreendimentos assessorados por ele. Também passamos pela temática das relações estabelecidas da extensão com o ensino e a pesquisa. Realizamos a discussão a partir da teoria da enação, especialmente do conceito de produção de sentido participativa, que faz parte dos desdobramentos recentes da abordagem enativa que se debruçam sobre a cognição social. Discutimos tanto memórias relacionadas aos processos de incubação quanto a tentativa de autogestionar o TECSOL, de modo que propomos, nesta intersecção, a autogestão como modo de fazer extensão e de produzir sentidos participativamente na universidade e junto à comunidade.
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O presente trabalho busca apresentar algumas linhas constitutivas da atuação do psicólogo no hospital geral e seu compromisso ético-político no acompanhamento de pacientes terminais. Partindo do entendimento de Michel Foucault acerca do hospital como dispositivo disciplinar e de seu processo de transformação em instituição médica, busca-se problematizar as práticas de cuidado possíveis em experiências-limite. Tais experiências são entendidas a partir da noção do “fora”, introduzida por Maurice Blanchot e retomada posteriormente por Foucault e Gilles Deleuze. Neste registro da experiência, a linguagem falada já não é mais soberana no cenário clínico, exigindo um reposicionamento daquele que acompanha. Através da noção deleuziana de impessoal, busca-se apresentar ferramentas teóricas para a problematização da clínica da terminalidade.
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O presente artigo propõe uma clínica política enquanto abordagem ética que articula o cuidado através da arte, da clínica e da política, com o reposicionamento psicossocial e a criação de vida. Partindo da noção de política de Rancière enquanto partilha do sensível, tece uma crítica da neutralidade disciplinar e normalizadora da psicologia, que aparta o sujeito do campo coletivo de forças políticas, para articular a clínica política à atenção psicossocial enquanto atitude experimental voltada para os verbos que produzem vida ao invés dos predicados que a naturalizam em estados de coisas. Com isso, atrela os processos de subjetivação à ação política de modificação da partilha do sensível, na medida em que redistribui as partes que definem as posições na sociedade e o próprio jogo político-social.
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Atravessando a história da regulamentação da Psicologia no Brasil e da abertura dos seus primeiros cursos, acompanhamos a busca dos psicólogos por formação complementar nas décadas de 70 e 80. Encontramos a intensa difusão da psicanálise nos centros urbanos do Rio de Janeiro na década de 70, apontando que os psicólogos recém-formados, que demandavam uma formação clínica complementar, se deparavam com barreiras de controle por parte do campo psiquiátrico, que repelia os não-médicos dessa formação. Abordamos a nova abertura aos psicólogos, proporcionada pela chegada dos argentinos no país, que traziam na bagagem a militância da inseparabilidade entre clínica e política. Articulamos que as interferências esquizo, de forma geral, se referem às interferências que quebram ou cindem as linhas hegemônicas de continuidade de um psicólogo que não pensa sua realidade e, especificamente, se referem às interferências grupalistas, socioanalíticas e esquizoanalíticas na formação clínica desses psicólogos nas décadas de 70 e 80.
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Este artigo apresenta uma discussão sobre saúde e cuidado junto a pessoas em situação de rua no município de Parnaíba - PI. A discussão foi construída em torno das estratégias de cuidado e do desenvolvimento de práticas que efetivamente dialoguem com as questões concretas de tal segmento populacional, levando em consideração a multiplicidade de fatores que atravessa o viver em situação de rua e sobrepondo uma “ética da vida” a valores e perspectivas de cunho moral. Como ponto de partida, nos encontramos com as pessoas em situação de rua para além da teoria, com territórios existenciais como espaços possíveis para dialogar sobre a vida em situação de rua e construir estratégias de promoção de vida, saúde e cuidado capazes de efetivamente atender tais pessoas. Além da habitação não-convencional, estar em situação de rua posiciona as pessoas em experiências outras como pobreza, invisibilidade e exclusão social, desrespeito aos direitos humanos, estigmas e relações de tutela. Para compreender a rua como território de vida e de cuidado, buscamos: situar a vida em situação de rua como um outro que se apresenta aos padrões de vida moderna territorializada, previsível e controlável; encontrar com as políticas e teorias, a fim de conhecer quem fala e o que se fala sobre a situação de rua; e produzir deslocamentos nos lugares e nos discursos estabelecidos acerca dessa realidade, a fim de afirmá-la como alteridade e, a partir disso, inventar estratégias de cuidado que potencializem as existências em situação de rua.
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O artigo discute a formação de professores como produção de subjetividade, uma vez que esse conceito abarca a possibilidade de desvios e reapropriações, superando uma visão fatalista da escola. Apresenta conversas e experimentações da pesquisadora/psicóloga com os professores do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus São Mateus, nas quais expõe as pistas dos modos de trabalho docente que emergem nessa escola e também de como fortalecer os processos formativos que valorizem as problematizações e superem os modos hegemônicos de ser professor. Defende uma política cognitiva de invenção como uma possibilidade na qual a formação como transmissão de informação e desenvolvimento de habilidades não é suficiente para pensar os modos de trabalho docente que escapam às tradições da escola. Assinala como pista a atenção aos detalhes, as problematizações e experimentações. Valoriza os modos de trabalho docente que superem a recognição em prol de outros modos de pensar, criar, sentir, agir e viver.
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Este artigo apresenta conceitualmente ferramentas metodológicas erigidas e operadas em uma dissertação agenciando ficção e Psicologia Social na pesquisa da autoajuda como estratégia de governamentalidade. Delimita operações do método da narrativa ficcional para explorar um campo próprio da Psicologia Social: visibilizar e problematizar as tecnologias de subjetivação que dão corpo aos sujeitos contemporâneos. Para investigar as operações da autoajuda como constituintes das dobras de nosso tempo, necessitamos de uma escrita sensível e inteligível que nos permita visibilizar as tecnologias de si em ação na experiência cotidiana de governo e constituição do sujeito. Para tanto, foram criados um “personagem conceitual” e uma “figura estética” a fim de problematizar as Tecnologias de Si da autoajuda. Este ensaio pretende discutir modos experimentais de se pesquisar a partir da invenção de outros regimes de visibilidade, performatibilidade e dizibilidade, onde o texto se transforma em um espaço de respiro heterotópico de Escrita de Si.
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Mais do que uma singela mostra da vida e obra de Giordano Bruno - tomada de empréstimo a autores que se debruçaram sobre o pensamento deste grande filósofo da Renascença -, este texto visa apresentar Bruno como parresiasta, ou seja, aquele que, em consequência de sua palavra livre e corajosa foi expulso das Igrejas Católica, Calvinista e Luterana e, finalmente, queimado vivo em uma fogueira no Campo De’ Fiori, no dia 17 de fevereiro de 1600, após ter sido julgado “herético impenitente pertinaz e obstinado” pelo Tribunal da Santa Inquisição Romana. Não há, assim, de nossa parte, pretensão alguma em adentrarmos por uma análise de tipo epistemológica visando decidir se as contribuições de Bruno podem ou não serem consideradas científicas. Nosso caminho é outro: o das formas “aletúrgicas”, seguindo os apontamentos de Michel Foucault nos dois últimos cursos no Collège de France: O governo de si e dos outros (1983) e A coragem da verdade (1984). Foi neste marco das “formas aletúgicas” que Foucault estudou a noção e a prática do falar-a-verdade da parresia, distinguindo-a de outras modalidades como a retórica, a profecia, a sabedoria.
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Este artigo parte de escutas e vivências de uma psicóloga junto à rede da assistência social de um munícipio do interior do Rio Grande do Sul – RS. Parte-se do desejo de tecer histórias com mulheres que vivenciam os serviços desta rede, pensando suas escritas com contornos éticos-estéticos-políticos que uma vida pede. Fazendo uso de Michel Foucault, toma-se a vida destas mulheres a partir do conceito de infame. Trata-se de vidas silenciosas ou gritantes, de mulheres que ocupam o território da invisibilidade, tornando-se por vezes aquelas de quem se fala mal, criando-se uma espécie de fama chamuscada ou di/famação, por pequenas faltas desenhadas no cotidiano dos serviços e da rua. A noção de biografema é aqui sustentada como superfície possível para que tais vidas e afetos possam se fazer presentes, no encontro entre a trabalhadora psi e as vozes/corpos destas mulheres.
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Entrevista com Cecília Maria Bouças Coimbra
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Gilles Deleuze e Félix Guattari apresentam as multiplicidades intensivas e o corpo sem órgãos como conceitos relevantes da esquizoanálise. Esse conjunto abstrato, constantemente afetado por forças em contínua variação, gera uma zona de indeterminação capaz de favorecer a invenção de sentidos e a expansão da vida. Tal entendimento aproxima produção desejante e criação – noções preciosas quando se trata de pensar a intervenção clínica em psicologia.
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- Artigo de periódico (1.830)
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- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)