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O presente artigo tem como objetivo retomar a concepção de Luria sobre fenômenos perceptivos. Para este autor, alguns processos perceptivos teriam uma base fisiológica, já outros se alterariam com o desenvolvimento cultural. A aprendizagem da linguagem e o desenvolvimento do pensamento conceitual modificariam substancialmente essa função. A percepção da realidade seria acompanhada pelo significado e pelo sentido. Desse modo, ela é entendida como sendo a expressão das relações dinâmicas entre os sistemas psicológicos. Para discutirmos tais questões, utilizamos como ponto de partida a controvérsia entre os resultados dos experimentos realizados por Luria e Koffka nas expedições à Ásia Central. O primeiro tinha como objetivo constatar os efeitos das mudanças culturais nos processos psicológicos, dentre eles a percepção, e o segundo teve como finalidade investigar suas formas universais. Apresentamos uma hipótese para a divergência nas formas de interpretação. Por fim, mencionamos outros métodos de investigação que corroboram essa explicação do fenômeno perceptivo.
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Com o crescente número de produções científicas, alguns temas e autores acabam sendo pouco conhecidos devido não receberem atenção (e citações) suficientes. Um exemplo deste fenômeno é a obra de Norman Maier (1900-1977), psicólogo experimental norte americano com publicações que antecipam temas atuais em tópicos como criatividade, recombinação de repertórios, controle aversivo e psicologia organizacional. O presente artigo faz um resgate da obra de Maier, apresentando um resumo de suas principais contribuições experimentais e conceituais, além de suas relações com pesquisas atuais. Ao final, é feita da Lei de Maier, que, entre outras coisas, descreve duas práticas que, segundo o autor, são comuns no fazer científico da Psicologia: dar novos nomes a fenômenos já relatados na literatura, e omitir citações controversas. Conclui-se que o legado, e o tratamento dado ao trabalho de Maier, atualmente, exemplificam sua própria Lei.
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O propósito dessa pesquisa foi conhecer a implantação do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, no período da Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). A fundação desse curso, em 1979, pode ser situada no bojo de um conjunto de transformações que foram implementadas no ensino superior no Brasil pelos governos civis-militares e se traduziu, sobretudo, por um aumento do número de vagas. Diversas pesquisas apontaram o crescimento da oferta de vagas e os impasses decorrentes dessa política educacional estabelecida de forma súbita e sem a necessária infraestrutura material e humana. A Psicologia, à época, uma profissão de regulamentação recente, foi uma das formações mais afetadas pelo expansionismo. A fundação desse curso foi pesquisada a partir dos depoimentos dos primeiros professores. O uso da história oral permitiu o conhecimento de dados importantes sobre o cotidiano institucional, que se mostraram muito coerentes com outras informações de caráter quantitativo elencadas por pesquisas amplas, abrangendo período semelhante.
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A nova configuração do mundo da Idade Moderna levou os intelectuais europeus a deslocamentos mentais, indicados por diversas expressões, tais como viagem espiritual, viagem mental, viagem imaginária. Neste artigo, propomos três exemplos desse processo, através da análise de escritos autobiográficos, anotações e ensaios de três autores italianos: Federico Borromeo (1564-1631); Ludovico Antonio Muratori (1672-1750); Gian Rinaldo Carli (1720-1795). Os três autores, de modos diferentes, se referem à viagem entendida como deslocamento mental e realizada pelo emprego de alguns processos psicológicos, especialmente a imaginação. Nosso objetivo é analisar o significado que a viagem entendida como deslocamento mental assume no contexto biográfico e no universo histórico cultural de cada autor; e a significação psicológica das expressões viagem espiritual, viagem intelectual, viagem mental, por eles empregadas, à luz dos saberes psicológicos da época em que elas foram formuladas.
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A finalidade deste artigo é assinalar a trajetória intelectual de Paul Ricoeur nas duas décadas iniciais de seu percurso filosófico, período em que ele busca estabelecer uma filosofia da vontade e perfaz um itinerário desde a fenomenologia eidética de Husserl a um enxerto hermenêutico nesta, a partir de sua simbólica do mal e o encontro com a filosofia existencialista e a psicanálise. A partir disso, busca-se apontar as implicações destas ao seu pensamento e como suas reflexões, detidamente sobre o mito adâmico, são pertinentes não somente ao campo da filosofia, mas da mesma forma, ao campo da psicologia, particularmente no contexto clínico e psicoterápico, onde a vontade, o desejo e a culpa costumam se fazer tão presentes.
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Muitas vezes, Santo Agostinho (354-430) é louvado na literatura por ter antecipado uma concepção de espírito que encontra em Descartes (1596-1650) seu ponto culminante. Nem sempre, entretanto, a concepção agostiniana de espírito é detalhada. Neste trabalho, pretendemos detalhar a concepção agostiniana de espírito como realidade íntima, caracterizado pelo acesso privilegiado aos seus próprios conteúdos. Inicialmente, mostramos os pontos de ruptura da concepção agostiniana de espírito com referência a alguns filósofos da tradição grega. Em seguida, evidenciamos o desenvolvimento da noção de espírito em Agostinho, comparando algumas de suas primeiras obras com uma de suas obras de maturidade, a Trindade.
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O presente artigo tem por objetivo apresentar as perspectivas de Feuerbach e Jung sobre o fenômeno religioso. Tal análise torna-se importante pelo fato de que ambas as teorias contribuem significativamente para entendimento desse fenômeno, tanto pelo campo da Filosofia quanto da Psicologia. Deste modo, o artigo se desenvolverá em três partes: primeiramente, as concepções de Feuerbach sobre o fenômeno religioso, posteriormente as reflexões de Jung e, por fim, a identificação de aproximações e distanciamentos entre eles referentes ao fenômeno religioso.
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A presente pesquisa investiga o imaginário coletivo de idosos sobre adolescentes, inserindo-se entre estudos qualitativos que vêm detectando formas sutis de preconceitos contra grupos pouco reconhecidos como alvos, tais como adolescentes e pessoas adotadas. Alinha-se segundo referencial psicanalítico intersubjetivo, que compreende que o método psicanalítico se funda sobre a adoção de uma atitude fenomenológica e demanda a consideração dos contextos vinculares e socioculturais nos quais os fenômenos estudados têm lugar. A realização de entrevistas individuais de seis idosos, residentes em zona urbana de uma cidade de interior, organizadas ao redor do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema, permitiu a produção interpretativa de dois campos de sentido afetivo-emocional: ”Seres Problemáticos” e “Seres Negados”. O quadro geral indica que prevalecem imaginários preconceituosos, apontando para uma questão social e culturalmente relevante que requer transformações tendo em vista a criação de relações mais solidárias e construtivas entre as gerações.
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O presente artigo apresenta anotações históricas sobre as principais condições e elementos envolvidos no processo de instalação, desenvolvimento e consolidação da pós-graduação stricto sensu da Psicologia brasileira. O recorte temporal corresponde ao período entre 1966, ano de criação do primeiro curso de mestrado na área, e 2015, compilando um período de 50 anos. Foi realizada análise documental de material disponível nas páginas eletrônicas de instituições responsáveis pelo setor (CAPES, CNPq, MEC, ANPEPP) e compilados dados estatísticos a partir do Portal GeoCapes, complementados com mapeamento bibliográfico a respeito da temática. A análise deste material resultou na sistematização de quatro momentos distintos: (a) as pré-condições relacionadas à atividade de pesquisa na área e os acontecimentos que orientaram a constituição dos primeiros programas; (b) o desenvolvimento do campo ao longo de 50 anos (1966-2015), com análise dos principais vetores que contribuíram para sua consolidação; (c) o retrato do quadro atual dos programas da área, destacando suas características e lacunas; e (d) reflexões em torno dos principais desafios que o circundam.
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O objetivo do artigo é revisitar um tema que inadequadamente é considerado secundário nos estudos piagetianos, a saber: a memória. Nosso foco será revitalizar textos sobre esta temática produzidos por Jean Piaget e colaboradores, principalmente Barbel Inhelder, como os livros Intelligence et Mémoire e L’image mentale chez l’enfant. Para além de sua importância histórica, estes textos são intelectualmente instigantes de diversas maneiras. Primeiro, eles propõem uma teoria geral da memória, que está coordenada com outros conceitos da epistemologia genética, tais quais: imagem mental e esquemas operativos. Ademais, em nossa hipótese, esses textos são contribuições importantes para os estudos da memória. Assim, este artigo considera que as teses de Piaget são ainda atuais e podem contribuir para o entendimento da memória humana.
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Este artigo estabelece um diálogo entre as ideias de Simondon e de Latour tomando como foco o modo de existência das técnicas. Através do rastreamento de material disponível na rede mundial de computadores por chaves de acesso, foram reunidas publicações dos dois autores e de alguns de seus comentadores a fim de buscar analogias e tensões entre os dois conjuntos de ideias em torno da temática da técnica. O artigo descreve as categorias que emergiram dessa organização. Apresentamos argumentos que justificam retomar hoje as ideias de Simondon, problematizamos os modos de existência e a lógica das preposições segundo os autores convocados por Latour e levantamos alguns conceitos chave na obra de Simondon. Identificamos a herança de Simondon no pensamento de Latour ao longo de todo este estudo e, na última parte, em especial, dedicamo-nos a tecer esse diálogo possível ainda que ficcional entre os autores no que concerne à maneira de conceber não apenas as técnicas como um dos modos de existência, mas na perspectiva de uma pluralidade ontológica preconizada por ambos.
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Este estudo teórico aborda o tema “Hábito” na ciência psicológica nas primeiras décadas do século XX, destacando a apropriação desse tema pela teoria do psicólogo russo Lev S. Vigotski. Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica em textos de Vigotski e em literatura especializada da época, sobre o tema em foco, e se compõe de dois momentos inter-relacionados: primeiramente, identifica em manuais de psicologia e em teorias psicológicas do período, definição, natureza e papel do hábito no comportamento humano. Num segundo momento, analisa o tema na teoria de Vigotski e como esse tema se distingue em sua psicologia. Os dados indicaram que o tema “hábito” é um tópico significativo na teoria histórico-cultural e têm um lugar importante no projeto de psicologia de Vigotski, especialmente em sua explicação sobre educação e desenvolvimento das funções psíquicas superiores.
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Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa qualitativa de inspiração fenomenológica que buscou compreender a experiência de profissionais da saúde no cuidado a pacientes oncológicos. Foram realizados encontros individuais de natureza dialógica com nove profissionais das áreas de Medicina, Psicologia, Farmácia, Enfermagem, Terapia Ocupacional e Serviço Social que atuam no ambulatório de quimioterapia de um hospital universitário. Após cada encontro a pesquisadora redigiu uma narrativa na qual incluiu elementos significativos da experiência de cada participante, acrescidos de suas próprias impressões. A análise do conjunto de narrativas permitiu concluir que, para além do sofrimento e do desgaste vivenciado pelos profissionais, a experiência de cuidado em Oncologia é também gratificante, contribui para o crescimento pessoal e profissional e implica no reconhecimento da importância de seu papel profissional. Tais elementos fazem com que a atuação nesta área, vista por muitos como desafiadora, seja significada por estes profissionais como uma escolha.
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A Psicologia Social no Brasil passou por transformações relacionadas à reflexão crítica de sua produção, à assunção de nova postura acerca do lugar do conhecimento e ao questionamento do papel dos intelectuais frente à realidade latino-americana. A partir do método fenomenológico, resgatou-se a memória dos atores sociais diante da busca pela identidade da Psicologia Social em São Paulo, sobretudo nas décadas de 1960 e 1970. Por meio de entrevistas, recuperaram-se os principais autores e as teorias que influenciaram tais reflexões, ao mesmo tempo em que a narrativa pessoal, introduz-nos ao universo das dificuldades e conquistas experimentadas. Mostrou-se recorrente nos relatos a importância de se reavivar o papel daqueles que assumiram o lugar de bandeirantes desse sentir, pensar e agir que se inaugurava. Ademais, como consequência dos movimentos da memória, apresentou-se uma releitura das práticas do psicólogo social, a partir da contemporaneidade, e dos desafios que se impõe ao fazer acadêmico, hoje.
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O objetivo desse trabalho é descrever a intersubjetividade em Gabriel Marcel (1889-1973) como nota característica do ser humano. A reflexão filosófica de Gabriel Marcel se caracteriza por uma “metafísica concreta”. Desde um contexto de crítica ao cientificismo e racionalismo modernos, Gabriel Marcel, a partir do existencialismo e da fenomenologia, afirma que toda reflexão possui uma arché: a existência, ponto de partida e de referência de todo pensar. A partir da questão Quem eu sou? chega-se à percepção da existência como Encarnação: Eu sou meu corpo. Tal expressão é a marca mais genuína de uma experiência indubitável pela qual entro em relação e participação com o mundo e com os outros. A Encarnação é o dado central da metafísica, pois é a consciência de mim no meu corpo, é a mediação entre o eu e o mundo e os outros, e, por isso, perpassada de uma intensa comunhão ontológica - o que, em outras palavras, pode ser dito: intersubjetividade. Como uma espécie de “exigência”, as relações intersubjetivas nos levam à afirmação e ao encontro de um Tu Absoluto.
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Objetiva-se evidenciar e discutir os fundamentos que tornam possível problematizar a questão da corporeidade [Leiblichkeit] a partir dos escritos de Marx. A questão da corporeidade não fora objeto de sistematização nos postulados marxianos. Os “críticos pós-modernos” imputam aos escritos pautados nos postulados marxianos a dificuldade de se confrontar com o estudo do corpo. Nas próprias pesquisas de base marxiana há tendência a rechaçar a questão da corporeidade, classificando-a como desvio relativo à centralidade das questões estruturais de ordem político-econômica. Em Marx, contudo, fundamentações acerca da problemática da corporeidade jazem em íntima relação com as categorias constituintes do ser social. Problematizar a corporeidade com base nos postulados marxianos é concebê-la em relação orgânico-processual com a produtividade humana, com a configuração histórica da sensibilidade e da ação humanas. Intenta-se evidenciar fundamentos para uma abordagem que recoloque a corporeidade no campo das problemáticas referentes ao ser social.
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O futebol chegou ao Brasil como esporte das elites e começou a se popularizar durante o governo de Getúlio Vargas, que o utilizou, juntamente com o samba, para a afirmação da identidade nacional. Neste processo, profissionalizou-se e conferiu novo status ao jogador: o de trabalhador. Esta transformação possibilitou que a Psicologia começasse a atuar junto ao esporte, com técnicas de recrutamento e seleção profissional, bem como realizando psicodiagnóstico. Um importante personagem nesta trajetória foi Athayde Ribeiro da Silva, indicado para trabalhar com a seleção brasileira de futebol em 1962 e 1966. Embora com uma vasta atuação acadêmica e profissional, Ribeiro da Silva permanece incógnito para a história da Psicologia do Esporte. O intuito deste artigo é, portanto, apresentar sua trajetória, demonstrar sua relevância para o campo e contribuir, assim, com novos dados para os profissionais da área.
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No presente artigo, descrevemos as vias pelas quais ocorreu a chegada das ideias freudianas em Minas Gerais. Destacamos que os primeiros leitores de Freud se situaram,ao longo dos anos 1920, nos campos da psiquiatria e das artes, sobretudo na literaturamodernista. Apontamos o quanto essas leituras foram desenvolvidas sem maiores preocupações metodológicas, sendo a psicanálise concebida mais como um acessório para os psiquiatras e modernistas do que como um campo com coordenadas próprias. Ao longo do trabalho, sustentamos o quanto pensadores católicos se constituíram como uma fonte de resistências à chegada da psicanálise, tanto em relação à concepção psicanalítica da sexualidade infantil quanto aos textos freudianos que envolviam a religião. Por fim, identificamos que a tensão entre os leitores da psicanálise e representantes do catolicismo pode ter se constituído como a condição de emergência de um enunciado especificamente mineiro, no qual noções freudianas e bíblicas na acepção católica puderam conviver harmonicamente, aos modos de uma formação de compromisso entre duas forças antagônicas.
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- Artigo de periódico (1.670)
- Conferência (1)
- Livro (423)
- Seção de livro (1.091)
- Tese (494)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (342)
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Entre 2000 e 2025
(3.333)
- Entre 2000 e 2009 (982)
- Entre 2010 e 2019 (1.578)
- Entre 2020 e 2025 (773)
- Desconhecido (4)