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O artigo problematiza o conceito de instituição a partir da proposição deleuziana de que os conceitos com alto grau de ‘porosidade’ viabilizam múltiplas formas de com eles operar. Persegue as variações compreensivas que este conceito vai assumindo nas diferentes correntes do movimento institucionalista francês. Percorre, para isso, brevemente, as condições históricas que resultaram nas elaborações teóricas de cada uma das principais correntes do movimento para delinear os efeitos metodológicos por elas produzidos. O artigo se encerra com a apresentação, em quadros comparativos, de conceitos-chave que sintetizam as nuances diferenciais entre cada uma das cinco correntes abordadas: a psicossociologia, a pedagogia institucional, a psicoterapia institucional, a análise institucional e a esquizoanálise.
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O presente trabalho tem como objetivo problematizar a relação entre a Psicologia Social e a Educação. Discute-se a produção da exclusão nas instituições escolares e os processos de normatização que vêm gerando a medicalização exacerbada das crianças e a judicialização da vida cotidiana.
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Este artigo pretende abordar alguns sentidos para a experiência da loucura que, em diferentes tempos históricos e em campo fértil e poroso, se embaralham e se confundem em um entrelaçamento com a vida e a cultura, produzindo subjetividades. A loucura como alteridade, diferença e estranhamento nos é tão longínqua e, ao mesmo tempo, tão próxima. Atravessada por ambigüidades, dicotomias e polissemias, ela nos perturba, marcando discursos e práticas que evidenciam a tensão entre lógicas que divergem e convergem entre si, e devem ser colocadas em análise. Para tal, busca-se aliança com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Pelbart, dentre outros que nos convocam a entendê-la enquanto instituição, como experiência complexa, disruptiva, múltipla, cuja processualidade, movimento incessante e potência instituinte podem ser capturados e estagnados, assumindo o caráter de “doença/sofrimento”. Tal captura não é um fim em si mesmo, engendrando outras possibilidades, inventividades e sentidos para a loucura diferir.
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O artigo parte da situação da cidade de Porto Alegre e seu Hospital Psiquiátrico São Pedro na metade do século XX, constituídos a partir de uma geometria disciplinar centralizante,a qual buscava subjetivar corpos e gestos adequados para o trabalho industrial e aos padrões de convivência da civilidade urbana. Partindo desta configuração das forças, passamos a uma genealogia dos primeiros espasmos de dispersão que tomaram tais espaços, possibilitando sua transformação pelas práticas atuais: por um lado, no espaço urbano contemporâneo com suas segmentações privadas dispersivas; por outro, na atual reforma psiquiátrica, com a descentralização da assistência. Passando pelo momento de superlotação do Hospital e do Centro da cidade, para chegar às primeiras práticas de esvaziamento do centro urbano e da centralidade do espaço asilar, acompanhamos os movimentos que vão até o início dos anos 1980, criando as condições para a possibilidade da reforma no RS da década de 1990.
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A maioria das discussões acerca das deficiências toma uma de duas direções. A primeira se refere às políticas de inclusão, enfatizando a igualdade entre deficientes e não deficientes. A segunda destaca a diferença – a deficiência é vista como um déficit, desconsiderando sua potência para recriar subjetividade, aprender, se relacionar e habitar na cidade. Uma terceira direção, mais interessante, vê o deficiente como portador de necessidades especiais.Concernindo à deficiência visual, estudos cognitivos apontam para as particularidades do cego atentando também para suas potencialidades. De acordo com Hatwell (2003), a diferença cognitiva entre cegos e videntes diz respeito à locomoção e percepção espacial. As dificuldades do deficiente visual não provêm de uma falta de competência cognitiva, mas decorrem da ausência de dados perceptivos do ambiente. Segundo Rieser et al (1990), o que permite aos videntes se locomover organizadamente é a relação entre movimentos realizados e as mudanças de distância e direção entre os objetos e si mesmos. Para os deficientes visuais não há um fluxo visual contínuo; assim, numa cidade feita para videntes, surgem diversas dificuldades para os cegos. O trabalho visa a investigar três situações: pegar ônibus, atravessar ruas e desviar de orelhões. Tenciona observar essas situações, que dificuldades podem surgir e quais os dispositivos e estratégias criadas. As observações ocorreram nos arredores do Instituto Benjamin Constant. Realizaram-se também entrevistas com vistas a obter depoimentos dos deficientes visuais. Conclui que para alcançar a igualdade é preciso criar condições que atendam às particularidades do deficiente.
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Neste artigo pretendemos abordar o surgimento da esquerda nas entidades profissionais dos psicólogos no início da década de 1980, com base em pesquisa realizada por meio de análise documental e de entrevistas com ex-participantes. Consideramos que o movimento atualizou o imaginário da transformação social que acompanhava o processo de abertura política e de redemocratização do país, cuja maior expressão foi a mobilização dos trabalhadores no movimento sindical liderado por Lula. O surgimento da esquerda nas entidades gerou um choque para a gestão da década de 1970, pois esta se preocupava mais com o desenvolvimento e a fiscalização do exercício profissional, enquanto a esquerda focalizou, além do exercício da profissão, as questões políticas e sociais.
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Atualmente, a morte não é mais motivo para sobressaltos. Espetáculo ao qual se arrisca assistir qualquer um que saia às ruas das grandes cidades, o contato com o corpo morto do outro foi se banalizando e deixando de abalar percepções e construir subjetividades. Resta uma dúvida: a morte não choca por ter se tornado banal e corriqueira, ou porque já não vemos esse ‘outro’ que cessa de existir como um semelhante? O que mudou, quando mudou, como mudou, para que o ‘sujeito hipermoderno’ tenha se tornado impermeável a essa descoberta? O que é essa ‘pós-humanidade’ que parece não reconhecer mais o outro como semelhante? Tentamos aqui estabelecer um panorama de como acontecem, nas cidades contemporâneas, as representações a respeito do sentido do humano, do valor conferido a esta humanidade e do impacto que acontece quando esta cessa de existir, seja através da morte, seja através da pura e simples indiferença.
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Nilce Azevedo Cardoso foi uma militante que viveu a clandestinidade, a prisão e a tortura durante a ditadura militar. Narra os horrores de sua experiência e afirma que “valeu a pena” lutar pra derrubar o regime de exceção vivido no país. Passados mais de trinta anos, diz que o que a manteve em combate, mesmo após a destruição de seu corpo-testemunha, foi a amizade. “O que faz com que nessas guerras absurdas, grotescas, nesses massacres infernais, que as pessoas, apesar de tudo, tenham se sustentado? Sem dúvida, um tecido afetivo” – afirma Michel Foucault referindo-se à amizade. Amizade que, para Hannah Arendt, está ligada à noção de “cuidado com o mundo”, entendido como compromisso com o mundo. Amizade e “cuidado com o mundo” que foram fundamentais na trajetória de Nilce Cardoso e Delsy Gonçalves de Paula. Delsy, também militante na época, foi uma das dirigentes da greve de Contagem em Minas Gerais, igualmente perseguida pela repressão e submetida aos horrores das salas de tortura.
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Fruto do projeto de qualificação de doutoramento no Departamento de Psicologia Social/UERJ, este artigo apresenta um percurso teórico que busca questionar a herança platônica na construção dos saberes, em particular no campo das psicologias. Partindo dos estudos desenvolvidos por Gregory Bateson, outros contrastes são apresentados em torno desta discussão epistemológica, na busca por uma articulação de autores que trazem críticas ao modelo platônico e, portanto, à Ciência. Nesse sentido, serão analisadas as contribuições de William James e de Vinciane Despret, bem como o pensamento libertário de Piotr Kropotkin e de Paul Feyerabend
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O artigo busca refletir sobre alguns embasamentos acerca das diferentes configurações do psicólogo que atua na área da saúde, em especial no hospital geral, com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o que constitui este ajustamento profissional. Como resultado, indicamos quatro coletivos de pensamento que julgamos serem os mais comuns: Psicologia Hospitalar, Psicologia Médica, Saúde Mental e Psicologia da Saúde. Apontamos algumas das especificidades desses coletivos, destacando a necessidade da realização de pesquisas em que os psicólogos atuantes em instituições hospitalares possam narrar suas histórias de inserção e delimitação da práxis profissional.
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O artigo apresenta uma análise comparativa e crítica de duas abordagens comunicacionais do fenômeno self: a teoria dialógica e a teoria semiótica. Argumenta-se que as diferenças de ênfase na dimensão espaçotemporal do self em cada teoria implicam duas epistemologias e ontologias distintas. As duas perspectivas trabalham com o signo, que é a percepção de sentido conversacional (ou dialógica) e a funcionalidade (ou pragmática) da expressão. A perspectiva semiótica volta-se para a funcionalidade do fenômeno e recorta um contexto de pesquisa inserido na psicologia dos processos básicos, apoiando-se em uma ontologia evolucionária do self como gerador de signos. A perspectiva dialógica volta-se para a aplicabilidade do conceito e recorta um contexto de pesquisa aplicada direcionada para a psicologia clínica e para as relações interpessoais, apoiando-se em uma ontologia metafórica e romântica e mais preocupada com o diálogo entre as posições do self.
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Pesquisadores interessados no método genealógico são convidados a buscar pelas descontinuidades e rupturas na história. Logo, este artigo enfoca o método genealógico, usado por Michel Foucault, na análise do poder psiquiátrico no século XIX. Há alguns métodos de Foucault avaliados neste artigo: (a) Análise das práticas psiquiátricas e (b) Análise das formações discursivas – respectivamente os métodos genealógico (a) e arqueológico (b) descritos por Foucault. O saber psiquiátrico da época era baseado em tratamento moral da loucura, punição e outras táticas descritas por Foucault. No termo "genealogia", há a sugestão das origens complexas e mundanas das práticas psiquiátricas no século XIX. O asilo funcionava como um espaço médico demarcado pelo poder. As questões da direção administrativa, as técnicas de questionamento e punição os símbolos do conhecimento psiquiátrico tornaram-se temas principais no estudo de Foucault.
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As relações entre estudos em história da psicologia e estudos de representações sociais são analisadas, visando evidenciar as convergências entre objetivos e metodologias utilizados. Argumenta-se que, no caso dos estudos em história da psicologia de orientação externalista é importante demonstrar as conexões entre o contexto sócio-cultural e a elaboração das teorias em psicologia, seja no período pré-científico, seja no período de desenvolvimento da psicologia científica. Também os estudos das representações pretendem demonstrar as conexões entre o contexto sócio-cultural e a elaboração e difusão de redes de significados compartilhados que constituem o saber do senso comum, muitas vezes observando as relações entre conhecimento científico e senso comum. As metodologias de análise das representações sociais são semelhantes às metodologias de estudo da história de conceitos científicos.
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Este trabalho trata-se de um relato de experiência profissional e é fruto de uma visita do Prof. Dr. Irmão Henrique Justo a Fortaleza, integrando a mesa redonda intitulada Histórias da História da Psicologia Humanista no Brasil promovida pelo Laboratório RELUS do Mestrado em Psicologia da Universidade de Fortaleza. Da sua comunicação traçamos seu percurso como o pioneiro da Psicologia Humanista no Brasil: desde informações sobre sua formação profissional até um pouco de sua trajetória na Psicologia, principalmente no tocante ao seu encontro com Carl Rogers e com a Abordagem Centrada na Pessoa. Para tanto, valemo-nos de sua própria perspectiva, mantendo a fidedignidade de seus relatos e o seu tom experiencial. O contato com o Ir. Henrique Justo foi de muito aprendizado para os autores deste texto, o que nos motivou a continuar escrevendo as histórias da história da Psicologia Humanista no Brasil.
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As discussões na filosofia socrático-platônico e em Aristóteles sobre a ética geraram uma psicologia intelectualista. Tal psicologia resultou da procura pelo especificamente humano (areté), compreendido enquanto a racionalidade como princípio organizador da conduta. O objetivo de nosso artigo é expor esta psicologia intelectualista, considerando-a como um paradigma antropológico que demarcou grandes temas acerca da compreensão do humano. A presença da herança intelectualista sobre a psicologia científica do século XX é identificada na psicologia moral de Piaget e em Daniel Dennett. Epistemológica e historiograficamente nosso artigo mostra que a compreensão da psicologia construída no século XX é beneficiada quando consideramos sua relação com grandes paradigmas antropológicos que estabeleceram as principais bases acerca da discussão sobre o homem. O exame desta relação exige considerar um passado que vai além da construção da psicologia na modernidade.
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Este trabalho apresenta uma modalidade de abordagem do fenômeno da violência pela via do horizonte propiciado na dimensão da ética. O propósito deste artigo consiste em examinar as relações entre ética e violência no que diz respeito a suas possíveis conseqüências psíquicas. A partir do modo como violência é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca sua articulação com vários temas como força, poder, política, terror e burocracia. Será apontada e discutida a dimensão ética a partir de uma situação paradigmática para a reflexão posterior sobre a situação de violência e vulnerabilidade. Apresentamos uma posição quanto às relações entre ética e violência: estas não deveriam ser pensadas apenas a partir da concepção imediata da vítima mas deve-se ressaltar uma espécie de transmissão intergeracional e intercultural da vulnerabilidade. Isso é compatível com a repetição que se verifica em numerosas formas de violência em vários contextos culturais.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.874)
- Conferência (1)
- Livro (471)
- Seção de livro (1.151)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.645)
- Entre 2020 e 2024 (872)
- Desconhecido (4)