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Este artigo reflete a respeito do lugar dos direitos humanos na sociedade brasileira, com toda a desigualdade que a caracteriza. Aborda o percurso internacional que os direitos humanos seguiram para serem reconhecidos pelas diferentes nações e a atualização permanente que sofreram nos diferentes momentos históricos até sua realidade hoje, no contexto de hegemonia neoliberal. Este trabalho recupera o período histórico da regulamentação da profissão, com a criação do Conselho Federal de Psicologia (CFP) em 1973 e o encontro oficial dela com os direitos humanos em 1998, a partir da criação de sua Comissão de Direitos Humanos. Afirma-se que os direitos humanos são indissociáveis do compromisso ético-político da profissão, e se discute seus significados atuais e as novas formas de luta social que vêm sendo construídas a partir deles. Por fim, o estudo aponta para a função estratégica da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Federal de Psicologia na efetivação dos direitos humanos e lista as diferentes campanhas e inspeções realizadas por ela ao longo de sua história.
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O texto aborda a história do processo aqui denominado de democratização dos Conselhos de Psicologia e que, de certa maneira, atingiu toda a psicologia. O histórico apresentado faz referência ao movimento empreendido pela categoria profissional das psicólogas que, a partir de 1989, passaram a debater e construir novas referências para as entidades de psicologia, em especial os Conselhos Profissionais, liderados pela direção do CFP. O processo de democratização também está apresentado na sua interrelação com o desenvolvimento do projeto de compromisso social, que originou novas regras e dinâmicas para os Conselhos, assim como novas possibilidades de compreensão do papel social da psicologia. Estão relatadas ações desenvolvidas no período abordado pelos Conselhos Regionais e Federal de Psicologia, destacados alguns eixos: direitos humanos, políticas públicas, esforços para a superação do pensamento colonizado, organização da psicologia e a I Mostra de Práticas em Psicologia: psicologia e compromisso social, aqui tratada como o símbolo maior da democratização.
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O Conselho Federal de Psicologia (CFP) celebra 50 anos de existência com uma trajetória marcada por movimentos importantes que efetivaram, por meio da inserção em políticas públicas, a contribuição da psicologia ao projeto de uma sociedade mais justa e socialmente inclusiva. Nesse percurso, o investimento do CFP no reposicionamento da formação acadêmica e da atuação profissional a partir de uma leitura contextualizada dos cenários nacionais de desigualdades e iniquidades sociais foi capacitando a psicologia para dar respostas mais críticas e comprometidas com a diversidade cultural, social e subjetiva da população brasileira, além de fortalecer os princípios gerais de equidade e justiça social, alinhados com a garantia de direitos. A Saúde Pública, a Assistência Social e a Educação são políticas públicas e campos de atuação em que esses movimentos de reconfiguração ético-política da categoria foram se desenhando ao longo do período e tiveram intensa visibilidade no país. Este artigo objetiva relatar um pouco dessa história, ressaltando a luta política do CFP ao longo dos seus 50 anos, em defesa da psicologia e do seu trabalho na garantia dos direitos humanos e sociais para a população brasileira.
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Caminhar com a ética no presente, em termos de regulamentação da profissão de psicólogo, é um exercício que tem feito parte de um conjunto heterogêneo de reflexões e práticas, pois requer uma ontologia da atualidade: o que se torna problema ético nesse momento, e como se movimentar com ele? Para abordar essas questões, este artigo examina um pouco a história dos marcos regulatórios deontológicos, em diálogo com questões epistemológicas que os constituem e seus desdobramentos em termos de questionamentos sobre contradições, dilemas, bem como a necessidade de princípios éticos que orientam e interrogam no presente, a partir do fazer profissional da psicologia. Entende-se a ética como forma de relação com a alteridade, afirmando que as regras deontológicas da profissão serão sempre dinâmicas, insuficientes e controversas, resultando em dilemas datados. Ainda assim, são necessários princípios claros que impliquem a não pactuação com as omissões – que são também formas de violações e violências –, heranças de epistemologias e práticas coloniais que, historicamente, a psicologia, como ciência e profissão, produziu e com as quais se aliançou. Refletiu-se sobre situações e desafios contemporâneos para a psicologia, concluindo que a acusação de politização, que recai sobre debates éticos necessários a esse exercício profissional, revela um medo apreensivo de lidar com os segredos coloniais dessa ciência e profissão.
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O texto faz uma síntese da trajetória da psicologia desenvolvida na Europa e nos Estados ao longo da modernidade e apropriada pelos médicos brasileiros no século XIX e pelos educadores já no começo do século XX. Procura-se apontar os interesses pela disciplina oriundos de diferentes campos e instituições que se desenvolveram ao longo dos anos, como as utilizações em organizações, na assistência a menores, nas Forças Armadas, na Educação física etc., bem como a crescente formação de profissionais, a institucionalização científica e acadêmica, a regulamentação da profissão e do sistema Conselho. Destaca-se, nesse processo, a existência de um modelo de indivíduo autônomo, sem amarras sociais. Aponta-se para as mudanças mais recentes que têm sido trazidas e que constituem novos sujeitos e novas propostas de compreensão do humano. Utiliza-se para isso diferentes pesquisas e trabalhos já publicados pela autora.
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O objetivo deste artigo é apresentar os movimentos do Conselho Federal de Psicologia (CFP) frente às consideradas práticas alternativas, emergentes e de saberes tradicionais – oriundas de novas epistemologias que caracterizam algumas fronteiras da psicologia. Sendo questão de extrema amplitude, faremos um recorte por meio de três dispositivos do sistema, a saber: os eventos realizados pelo CF P que abordaram a temática, caracterizando-se como dispositivos de diálogos e comunicação com a sociedade como um todo, mas de modo especial com a categoria psi; os Cadernos Deliberativos dos Congressos Nacionais de Psicologia (CNPs), considerados espaços deliberativos maiores do sistema conselhos de psicologia; e por fim, os chamados Atos Oficiais (resoluções, instruções normativas e portarias), dispositivos normativos do sistema. Além disso, lançaremos mão das notas técnicas produzidas e de dados oriundos do Censo da Psicologia Brasileira, lançado em 2022. No entrecruzamento entre esses três dispositivos – deliberativo, comunicativo e normativo –, tentaremos apresentar os movimentos pendulares do sistema conselhos sobre as relações entre psicologia e práticas fronteiriças, que pendem para posicionamentos liberais, ora para posicionamentos normativos. Em muitos momentos, tais movimentos coexistem simultaneamente. Destacam-se nesses o surgimento dos diálogos sobre psicologia e direitos humanos e a construção de políticas oriundas do campo da saúde (Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares [PNPICs], Política Nacional de Humanização [PNH] e Política Nacional de Educação Popular em Saúde [PNEPS]), todas oriundas do Sistema Único de Saúde (SUS). A partir de uma ética dialógica, de encontro com o diferente e com a nossa própria alteridade, o sistema conselhos construiu um dispositivo para avançar nos diálogos entre a psicologia e suas fronteiras, principalmente com práticas e saberes tradicionais, que é o Sistema de Avaliação de Práticas Psicológicas Aluízio Lopes de Brito (SAPP).
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Desenvolvida na biologia para entender a evolução das espécies, a teoria da história de vida passou a ser aplicada na psicologia para compreender as diferenças individuais no desenvolvimento em resposta a condições ambientais específicas. Devido ao seu potencial heurístico para compreensão do comportamento humano, o objetivo deste trabalho foi descrever a incorporação da THV pela psicologia, apresentando seus fundamentos teóricos e conceituais nesse novo campo, tais como contínuo rápido-lento, covariação entre traços psicológicos e estratégias de história de vida. Discutimos com base em trabalhos empíricos as previsões da teoria sobre a influência da imprevisibilidade e severidade ambientais nos traços psicológicos. São revisados trabalhos nas áreas do desenvolvimento, comportamento sexual e antissocial, personalidade e psicopatologia. São apresentadas críticas e contracríticas do seu uso na psicologia. Finalmente, abordamos limitações dos estudos de THV na psicologia. Argumentamos que estudos nessa área podem contribuir para o desenvolvimento de soluções aos problemas sociais atuais.
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Neste trabalho, examinamos os passos que conduzem Husserl, na obra Ideias I, a tratar do modo de doação dos objetos espaciais para a consciência, especialmente no intervalo que compreende os parágrafos §41 e §44. Interessa-nos acompanhar e examinar a formulação do que chamamos de “perspectivismo” perceptivo, consistindo na teorização de que o aparecer dos objetos perceptivos é marcado pela apresentação por perfis (Abschattungen). O perspectivismo da percepção aparece sob diversas facetas no percurso da obra. Nossa investigação se dedica a dois momentos importantes de alusão ao perspectivismo perceptivo: na caracterização do índice existencial da realidade como estando “simplesmente aí” na atitude natural e na descrição da unilateralidade do objeto em oposição ao ser absoluto da consciência.
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No Brasil dos séculos XIX e XX, o discurso das ciências psi referente a gênero e sexualidade introduziram na sociedade a ideia de que as expressões, identidades de gênero e orientações sexuais divergentes da cis-heteronormatividade seriam passíveis de transformação e cura. Na atualidade, é possível observar este discurso no fenômeno da “cura gay” e das “terapias de conversão religiosa” em crescente visibilidade no país. O objetivo deste artigo é descrever os itinerários realizados pelo discurso patologizante das ciências psi em uma incursão analítica histórica, assim como a apropriação e uso de parte deste por políticos e religiosos cristãos. Através das contribuições da Análise do Discurso Foucaultiana, buscamos tornar visíveis a materialidade e as relações saber-poder circunscritas em torno do fenômeno da “cura gay” e “terapias de conversão religiosa”, demarcando que interessa à Psicologia a compreensão das consequências contemporâneas de um discurso patologizante produzido historicamente pelas ciências psi.
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Pierre Janet (1859-1947) foi bastante debatido no início do século XX. A historiografia valoriza suas contribuições para a psicopatologia e, em menor grau, seu debate com Freud, com pouco espaço à sua Psicologia da Conduta, mencionada e discutida por personagens importantes. O presente trabalho recupera fontes primárias e secundárias, apresentando características do seu projeto psicológico. O pensamento psicológico janetiano tem caráter genético e funcionalista, apresentando as partes do funcionamento da mente como recapitulação da história evolutiva da espécie humana. O centro de sua teoria são as condutas, ações que incorporam elementos da vida mental, divididas em animais, intelectuais, médias e superiores. Outro conceito são as tendências, disposição do organismo vivo a efetuar uma ação determinada. Apesar da influência de suas ideias em teorias psicológicas, sua falta de interesse em fundar uma escola e atrair discípulos, junto de seu debate com Freud, levara as ideias de Janet a perpetuarem principalmente por via indireta.
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Félix Guattari viajou diversas vezes ao Brasil. Em 1985, saiu do circuito mainstream acadêmico brasileiro e esteve em Belém do Pará, na Região Norte do país. O objetivo deste artigo é discutir a vinda de Félix Guattari à Belém do Pará, no ano de 1985. Como método utilizamos a História Oral e Cultural para descrever e analisar as ressonâncias desta vinda. Analisamos fontes orais e registros de jornais que puderam apresentar passagens do acontecimento Guattari, em Belém. Constatamos que o convite à Guattari foi feito por professores relacionados à Psicanálise que tinham leituras políticas e críticas. Félix ministrou duas conferências: “Movimentos Sociais e Partidos Políticos” e “Desejo e Política”, em um auditório de hotel da cidade. Após esta passagem, inúmeras inflexões foram produzidas e ressonâncias geradas na formação em Psicanálise, em Psicologia, nas Artes, na Cultura e nas resistências políticas, na Cidade das Mangueiras.
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Nos últimos 40 anos, a atuação do psicólogo vem sendo orientada pela aproximação a diversas políticas públicas. A despeito dos avanços empreendidos quanto à capacitação das profissionais para o trabalho com beneficiários de tais políticas, os cursos de graduação ainda parecem carecer de um foco maior no estudo de tais políticas e de uma consolidação de referenciais teórico-metodológicos e epistemológicos de atuação psicológica. O presente ensaio busca discutir criticamente o papel dos fundamentos históricos e epistemológicos da psicologia na formação para a atuação em políticas sociais, compreendendo um estudo teórico, de base bibliográfica e documental, acerca das discussões histórico-epistemológicas no campo psicológico. Destaca-se que tais discussões tanto oferecem a base para o desenvolvimento do senso crítico acerca da psicologia enquanto área dispersa e fragmentada como também possibilitam o desvelamento da condição escamoteada da psicologia enquanto saber auxiliar ao controle subjetivo e ideológico dos indivíduos pelo Estado.
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Este artigo busca analisar o conhecimento de alunos do ensino médio sobre a história do esporte. Elaborou-se um questionário sobre a temática, respondido por 148 discentes de escolas públicas do noroeste do Paraná, cujos dados foram analisados à luz da teoria crítica da sociedade. Os alunos participantes indicaram rupturas entre as diferentes manifestações corporais, de períodos históricos distintos, acerca das regras, técnicas corporais, níveis de violência física e sentidos e significados dessas práticas, com predomínio da associação do esporte à Antiguidade, sem o reconhecimento deste como um fenômeno contemporâneo. Esse entendimento, influenciado pela indústria cultural, dificulta a reflexão sobre as manifestações corporais violentas como reprodução da própria dominação social.
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O tema deste estudo é o pensamento político de Theodor Adorno, referente às suas contribuições sobre o radicalismo de direita e a personalidade autoritária. Na conferência que pronunciou, em 6 de abril de 1967, intitulada Aspectos do novo radicalismo de direita, Adorno partiu do pressuposto de que o novo radicalismo em nada diferia do antigo, isto é, não havia rupturas nas posições políticas autoritárias que se estabeleceram no Pré-Guerra e no Pós-Guerra, de 1945. Essa constatação o levou a considerar o fascismo-nacionalismo um fenômeno social e político vinculado à sociedade burguesa e à personalidade autoritária, que ele investigou nos Ensaios sobre psicologia social e psicanálise. Para o estudo do tema, a compreensão dos acontecimentos e ideias aludidas por Adorno se faz relacionada à história, em sua dinâmica de mudança e permanência, e à Teoria Crítica, capaz de pôr em discussão esse movimento. A permanência de ideias e políticas autoritárias, mesmo na atualidade, suscita interesses de investigadores desejosos em entender as motivações e fundamentos. Isso justifica um retorno ao pensamento de Adorno. Por isso, o objetivo proposto é o de compreender, em Adorno, a permanência (ou retorno) de posições políticas autoritárias, num momento no qual elas foram vencidas, com o fim da Segunda Guerra Mundial.
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A obra “Práticas de pesquisa em Psicologia: Experiências e pluralidade na graduação” reúne autores/as, entre docentes e discentes, disponíveis e engajados/as na produção acadêmica e desenvolvimento de pesquisas que contribuam com um debate multifacetado sobre as diversas questões que atravessam a Psicologia contemporânea. Os textos perpassam campos de conhecimento diferentes sem se afastar de um foco comum: a produção de conhecimento em Psicologia. O grupo envolvido com a presente escrita desenvolve temas a partir de bases teóricas distintas, problemas de pesquisa relevantes e resultados de impacto para o campo "psi", mas não somente, também amplifica a pluralidade do conjunto de docentes e discentes da Universidade do Estado de Minas Gerais. As discussões apresentadas auxiliam e privilegiam o espaço do pensar reflexivo e aspira a construção das psicologias, no amadurecimento de ideias que amplifiquem o olhar sobre os indivíduos, suas relações sociais e a complexidade de fatores que atravessam a vida contemporânea. Esperamos que as/os leitoras/es apreciem as pesquisas apresentadas, suas diversas abrangências de um saber psicológico plural e diariamente em construção. Que estes textos produzam interlocuções aos que aqui anseiam encontrar novos caminhos.
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Partindo da premissa de que, nos primeiros anos de difusão da psicanálise no Brasil, a participação feminina teve importante destaque tanto na introdução quanto na expansão das ideias freudianas no país, este estudo se propõe a delinear o papel de protagonismo assumido pelas mulheres junto ao movimento psicanalítico brasileiro. Para dar visibilidade a esse pioneirismo, o estudo foi organizado em três momentos. Inicialmente, serão apresentadas considerações gerais sobre o contexto da participação da mulher na sociedade brasileira durante a primeira metade do século XX e os primeiros movimentos de emancipação feminina. Na sequência, será abordado o modo como a psicanálise, entendida neste período histórico como movimento inovador e disruptivo, proporcionou espaço fecundo de interlocução para se pensar a expansão das conquistas das mulheres na esfera pública e social. Por fim, essas hipóteses serão articuladas por meio do esboço biográfico de duas destacadas pioneiras da psicanálise no Brasil: Virgínia Leone Bicudo e Marialzira Perestrello.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.874)
- Conferência (1)
- Livro (471)
- Seção de livro (1.151)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.645)
- Entre 2020 e 2024 (872)
- Desconhecido (4)