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Apesar de a relação entre a psicologia empírica e a antropologia pragmática ser amplamente reconhecida na literatura especializada, não há consenso entre os pesquisadores a respeito da natureza exata dessa relação. O presente trabalho tem o objetivo de investigar este tema no pensamento crítico de Kant durante a década de 1780, de forma a contribuir para um maior esclarecimento sobre este ponto. Especificamente, buscamos compreender a afirmação de Kant, feita na Crítica da Razão Pura (1781), a respeito da inserção da psicologia empírica em uma antropologia pormenorizada. Nossa análise sugere que na década de 1780 é mantida a ligação entre a psicologia empírica e o ponto de vista teórico do conhecimento do homem. Essa ligação explica a afirmação de Kant. Ela significa que a psicologia empírica deve ser considerada antropologia escolástica (teórica) e deve ser mais bem desenvolvida de modo a constituir um campo de investigação autônomo. Além disso, mostramos que há também uma forte ligação entre os conhecimentos teóricos da psicologia empírica e a antropologia do ponto de vista pragmático.
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O artigo de Alfredo Pereira Jr. é um texto realmente instigante, no sentido de obrigar o leitor a refletir sobre a noção mesma de sentimento e do seu estatuto na ciência contemporânea. De fato, o tópico do sentimento, incluindo seu papel na determinação das ações humanas, é fundamental para qualquer teoria sobre a natureza humana. Dada a impossibilidade, porém, de fazer um comentário detalhado de cada parágrafo do texto, vou me ater aqui a alguns aspectos que me parecem cruciais para a proposta do autor. Meu objetivo principal é apontar alguns problemas de natureza teórico-conceitual que representam desafios e podem se constituir como obstáculos à realização de tal proposta.
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Contexto: As visões dos psiquiatras sobre a relação mente-cérebro (RMC) têm marcantes implicações para a clínica e a pesquisa, mas há carência de estudos sobre esse tema. Objetivos: Avaliar as opiniões dos psiquiatras sobre a RMC e se elas são suscetíveis ou não a mudanças. Métodos: Realizamos um levanta- mento sobre as visões que os psiquiatras possuem sobre a RMC imediatamente antes e após um debate sobre a RMC no Congresso Brasileiro de Psiquiatria de 2014. Resultados: Inicialmente, entre mais de 600 participantes, 53% endossaram a visão de que “a mente (o ‘Eu’) é um produto da atividade cerebral”, enquanto 47% discordaram. Além disso, 72% contestaram a visão de que “o universo é composto apenas de matéria”. Após o debate, 30% mudaram de uma visão materialista da mente para uma perspectiva não materialista, enquanto 17% mudaram na direção oposta. Conclusão: Os psiquiatras se interessam por debates sobre a RMC, não possuem uma visão monolítica sobre o tema e suas opiniões estão abertas a reflexões e mudanças, sugerindo a necessidade de mais estudos em profundidade e de debates rigorosos, mas não dogmáticos sobre o tema.
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O impacto da obra de J. B. Watson tem sido explorado na historiografia da psicologia. Neste âmbito, destacam-se estudos que utilizam como método a análise bibliométrica. Tais pesquisas, no entanto, não utilizam parâmetros comparativos que possam indicar de forma mais precisa o grau de impacto daquela obra. O presente estudo busca preencher tal lacuna por meio de uma análise bibliométrica comparativa das referências às obras de Watson e outros três relevantes psicólogos do período: Edward B. Titchener, Edward L. Thorndike e William James. A pesquisa foi realizada em cinco importantes periódicos norte-americanos da área, entre os anos 1903 e 1923 – uma década antes e uma década após a publicação do Manifesto Behaviorista. Os resultados permitem concluir que, embora não possa ser tomada propriamente como um marco revolucionário, a obra de Watson teve, na década posterior à publicação do Manifesto Behaviorista (1914-1923), um impacto próximo ao de Titchener e maior do que o de Thorndike, ainda que distante da influência exercida por James.
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The mind-brain problem (MBP) is a persistent challenge in philosophy and science, having marked implications for psychiatry. In this paper, we claim that physicalism, a kind of theoretical monism, is usually taken by many psychiatrists as the only possible solution to the MBP, and argue that this may have negative consequences for the field. Not only does it restrict the psychiatric training, thereby preventing professionals from considering and reflecting upon different perspectives on the MBP, but it also leads clinical psychiatrists to ignore alternatives in their research agendas and clinical care. We suggest, therefore, that, as long as the MBP remains open and disputed by divergent views, theoretical monism should give place to theoretical pluralism in psychiatry.
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Apesar de pouco enfatizado na historiografia da psicologia, o século XVIII apresenta uma imensa riqueza de discussões fundamentais para a psicologia. Esse é o caso da obra principal de Tetens, Philosophische versuche über die menschliche natur und ihre entwickelung (1777). O objetivo do presente artigo é descrever as principais características do objeto e do método de investigação psicológica nessa obra. Em nossa análise, verificamos que, embora seja uma disciplina filosófica, a psicologia é um campo específico de conhecimento que se baseia no auto-sentimento. Além disso, apontamos algumas evidências textuais para sustentar a tese de que a psicologia empírica é, segundo Tetens, propedêutica à metafísica.
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Johann Friedrich Schreiber – Elementorum medicinae physico-mathematicorum, Tomus I. In R. Theis, W. Schneiders, J.-P. Paccioni, & S. Carboncini (Eds.), Christian Wolff’s Gesammelte Werke, III. Abteilung, Band 162. Hildesheim: Georg Olms, 2021.
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William James, Carl Stumpf - Correspondence (1882-1910), edited by Riccardo Martinelli. Berlin: de Gruyter, 2020
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We imagine the future of cognitive science by first considering its past, which shows remarkable transformation from a field that, although interdisciplinary, was initially marked by a narrow set of assumptions concerning its subject matter. In the last decades, multiple alternative frameworks with radically different ontological and epistemic commitments (e.g., situated cognition, embodied cognition, extended mind) found broad support. We address the question of how to understand these changes, noting as logical alternatives that (1) newer approaches are not properly cognitive; (2) that newer approaches are cognitive but not science; and (3) that cognitive science has become pluralistic. We endorse the third position and venture to guess that the future of cognitive science is also pluralistic. We are left, however, with the question of what this means. After noting the polysemous nature of the term “pluralism”, we attempt to add clarity by distinguishing three forms: ontological, epistemic, and ethical. We then consider what each form might imply for the future of cognitive science.Keywords: Cognitive Science; Pluralism; Relativism; History of Science; Philosophy of Science Il futuro della scienza cognitiva è pluralista, ma che vuol dire?Riassunto: Pensiamo al futuro della scienza cognitiva in primo luogo considerando il suo passato, il quale è notevolmente cambiato rispetto al presente. Per quanto si proponesse come un campo di studi interdisciplinari, la scienza cognitiva delle origini era caratterizzata da un insieme ristretto di assunzioni riguardanti il proprio oggetto. Negli ultimi decenni hanno trovato supporto diverse cornici teoriche in reciproca competizione e con impegni ontologici ed epistemologici radicalmente differenti (si pensi, per esempio, alla cognizione situata, alla cognizione incarnata, alla mente estesa). Proveremo a dare risposta alla domanda su come intendere questi cambiamenti, prendendo atto che ci troviamo di fronte a una serie di posizioni che sono logicamente alternative fra loro: (1) gli approcci più recenti non sono propriamente cognitivi; (2) oppure che gli approcci più recenti sono cognitivi, ma non scientifici; (3) la scienza cognitiva è diventata pluralista. Noi crediamo che la terza posizione sia corretta e scommettiamo su un futuro della scienza cognitiva che sia anche pluralista. Resta aperto, tuttavia, il problema di cosa questo significhi. Dopo aver preso atto della natura polisemica del termine “pluralismo”, cercheremo di far chiarezza distinguendo tre forme di pluralismo: ontologico, epistemico, ed etico. Considereremo quindi ciò che ciascuna può comportare per il futuro della scienza cognitiva.Parole chiave: Scienza cognitiva; Pluralismo; Relativismo; Storia della scienza; Filosofia della scienza
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A ausência de reflexão acerca das condições que envolvem o ato de conhecer e narrar a história da psicologia acaba gerando uma profusão de histórias mal contadas, distorcidas, enviesadas e simplificadas, que reforçam um certo tipo de automatismo na produção historiográfica. Partindo das noções de pluralismo e intertextualidade, tal como apresentadas em dois textos do Prof. Abib, o objetivo do presente artigo é discutir algumas dessas condições do trabalho historiográfico em psicologia. Às duas noções já aludidas, acrescentamos o caráter inexorável da seletividade do historiador e suas implicações. Argumentamos que tal reflexão pode despertar a autoconsciência do historiador da psicologia e, portanto, contribuir para a diminuição daquele automatismo. Assim, estaremos em condições de defender uma perspectiva mais crítica para a historiografia da psicologia.
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Este artigo aborda o processo de simbolização da experienciação, tal como proposto por Eugene Gendlin, filósofo, autor da Teoria Experiencial, que tendo trabalhado com Carl Rogers por onze anos, desenvolveu a Focalização como técnica capaz de auxiliar a simbolização congruente do fluxo de experiências. Trata-se, aqui, de uma pesquisa teórica, que se deu através de revisão bibliográfica, partindo de três das principais obras do autor referência. Apresentaremos a Focalização como recurso terapêutico, em seguida, definiremos o que Gendlin entende por experienciação e sua relação com o processo de simbolização, para enfim, concebermos como a simbolização da experienciação se dá na psicoterapia, em dois principais modos: a conceituação, através de símbolos verbais; e a referência direta, através da atenção dirigida a uma sensação. Em conclusão, apontamos a referência direta como possibilidade utilizada por abordagens que trabalham a simbolização da experienciação por outras vias, que não a fala.
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A tragédia, como gênero literário, é enraizada na realidade social, mas não reflete essa realidade, ela a questiona e a contesta em seus valores fundamentais, suscitando a compaixão e o terror que tem por objetivo a catarse das emoções. Freud extraiu desse corpus mítico as bases para a fundamentação da psicanálise, que tem por estrutura um complexo inconsciente cujo conteúdo é semelhante àquele do enredo da tragédia grega Édipo-Rei, de Sófocles. Nessa perspectiva, o artigo se desenvolve em quatro direções que estão interligadas: busca na História a designação de mitologia e mito; vislumbra a tragédia como expressão do pathos e do logos; resgata a falta trágica que precede a história do herói vista como fatalidade - que representa a essência da tragédia e, ainda, apresenta elaborações de Freud e Lacan, que tomam a tragédia para falar daquilo que é a-histórico, presente na subjetividade.
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O artigo tem como objetivo descrever a experiência da depressividade num atendimento de psicoterapia, articulando a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian. A depressão é uma patologia que sempre existiu, mas nunca foi tão frequente quanto nos dias atuais, registrando-se o aumento de seu diagnóstico nos últimos 50 anos. Neste estudo de caso, utilizamos o termo “depressividade”, ao invés de depressão, tomando como lente a perspectiva humanista fenomenológica para descrever a experiência vivida de Alice. O diálogo entre a gestalt-terapia e a psicopatologia fenomenológica de Arthur Tatossian parte de uma interrelação entre as noções de sujeito da gestalt-terapia e da psicopatologia fenomenológica. Consideramos que, na clínica humanista fenomenológica, buscamos criar condições de possibilidade de produção e de expressão da intersubjetividade com o intuito de nos aproximarmos do mundo vivido do sujeito.
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O principal objetivo deste trabalho foi apresentar a forma como os jornais capixabas A Gazeta e A Tribuna noticiavam os acontecimentos, comportamentos e modos de vida no cotidiano da cidade de Vitória (ES) no período de 1945 a 1955. Neste estudo, os jornais, enquanto meios de comunicação mediada, foram considerados em sua importância e capacidade de influência nos processos de transformações sociais. Naquele momento histórico, a cidade de Vitória experimentava uma série de mudanças de ordem econômica e social. É nesse contexto do cotidiano da capital capixaba que os jornais, através dos temas abordados em notícias e artigos, funcionavam como uma espécie de instrumentos normatizadores, visando o controle de práticas, comportamentos e modos de vida considerados inadequados ao conjunto de costumes e valores morais vigentes naquela época na sociedade capixaba. E, para isso, eram também evocadas, nas páginas jornalísticas, campanhas de saneamento urbano (da cidade) e moral (de seus habitantes).
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O presente trabalho tem como objetivo iniciar um diálogo entre as ideias de B. F. Skinner e M. Merleau-Ponty a partir do comportamento reflexo. Do ponto de vista metodológico, optou-se pelo estudo da primeira fase do pensamento merleau-pontyano, especificamente com o livro La structure du comportament, e a segunda fase do pensamento skinneriano, especificamente com o livro Science and human behavior. Os demais textos de Skinner, Merleau-Ponty e comentadores foram usados como referência de apoio. Três momentos serão considerados. No primeiro, apresentar-se-á uma revisão do panorama geral do diálogo entre fenomenologia e behaviorismo. No segundo, tratar-se-á questões sobre o método e sua justificativa. No terceiro, discutir-se-á a superação da explicação comportamental pelo reflexo e como ela nos indica o movimento de convergência entre as filosofias de Skinner e de Merleau-Ponty.
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A desospitalização aparece como um importante movimento paradigmático em saúde mental no Brasil que ainda vivencia um processo de Reforma Psiquiátrica. Nesse sentido, a presente pesquisa tem como objetivo central realizar um levantamento documental sobre o Hospital Psiquiátrico Espírita Cairbar Schutel, na Biblioteca Municipal e Arquivo Municipal de Araraquara. Buscou-se identificar, com isso, quais discursos foram produzidos sobre a instituição em uma perspectiva Construcionista Social. A partir da epistemologia da análise crítica do discurso foi possível construir dois temas centrais para análise temática: Cairbar e a marca religiosa na loucura e Cairbar na historicidade política. A identificação desses dois temas possibilitou analisar os documentos encontrados e relacioná-los às transformações de assistência à saúde mental, mediadas pela Reforma Psiquiátrica Brasileira, compreendendo a historicidade e a visão de loucura ligada ao discurso religioso.
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Propõe-se a análise de aspectos da teoria de Hermann von Helmholtz sobre a percepção espacial a fim de destacar algumas tensões básicas que constituem o cenário de seu projeto científico. Sugere-se que a sua teoria da percepção encerra a problemática da coexistência de duas estratégias metodológicas distintas para a investigação da percepção espacial e para a elaboração de sua epistemologia empírica. Para solucionar a aparente dicotomia metodológica de dois tipos de estudos e avançar a sua própria teoria da percepção e a sua epistemologia, Helmholtz parece ter adotado a estratégia de naturalizar muitos dos problemas transcendentais provenientes da filosofia kantiana. Apresenta-se, então, em um primeiro momento, os fundamentos metodológicos das pesquisas psicofísicas de Helmholtz. Na sequência, são apresentados e discutidos alguns temas exemplares de seu método de análise e de sua teoria da percepção espacial. Por fim, são fornecidos alguns comentários sobre a sua epistemologia empirista.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.830)
- Conferência (1)
- Livro (520)
- Seção de livro (1.249)
- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)