Pesquisar
Bibliografia completa 4.303 recursos
-
Nos últimos 40 anos, a atuação do psicólogo vem sendo orientada pela aproximação a diversas políticas públicas. A despeito dos avanços empreendidos quanto à capacitação das profissionais para o trabalho com beneficiários de tais políticas, os cursos de graduação ainda parecem carecer de um foco maior no estudo de tais políticas e de uma consolidação de referenciais teórico-metodológicos e epistemológicos de atuação psicológica. O presente ensaio busca discutir criticamente o papel dos fundamentos históricos e epistemológicos da psicologia na formação para a atuação em políticas sociais, compreendendo um estudo teórico, de base bibliográfica e documental, acerca das discussões histórico-epistemológicas no campo psicológico. Destaca-se que tais discussões tanto oferecem a base para o desenvolvimento do senso crítico acerca da psicologia enquanto área dispersa e fragmentada como também possibilitam o desvelamento da condição escamoteada da psicologia enquanto saber auxiliar ao controle subjetivo e ideológico dos indivíduos pelo Estado.
-
Este artigo objetiva identificar, contextualizar e analisar evidências e impacto do evolucionismo darwiniano na obra de Sigmund Freud, na literatura especializada nacional nas últimas duas décadas. Uma revisão sistemática da literatura foi empreendida, em conformidade com as orientações metodológicas PRISMA, valendo-se, para tanto, de palavras-chave selecionadas, posteriormente empregadas na pesquisa conduzida em sete bases de dados distintas. Após seleção, chegou-se a uma amostra final composta por dezesseis artigos de relevância. De acordo com os resultados, evidencia-se: evolucionismo darwiniano como um recurso na escrita da obra freudiana; utilização da história evolutiva ou história filogenética como justificativa das elaborações de Freud; teoria darwiniana como meio para compreensão da origem de sintomas e estados psíquicos; uso da figura representativa de Darwin.
-
Neste estudo, objetivou-se compreender o ser jovem na contemporaneidade a partir da visão de estudantes do Ensino Médio. Foram utilizados dados de uma pesquisa maior, que contou com dez grupos focais com estudantes brasileiros. Utilizou-se Análise Textual Discursiva para avaliação dos achados. Participaram 80 estudantes oriundos de colégios e unidades sociais de uma rede de ensino privada, habitantes de distintas regiões do país. Os resultados demonstraram que, para a amostra pesquisada, ser jovem era vivenciar pressão por desempenho, por desenvolvimento de um futuro profissional e pela mudança da sociedade. Além disso, envolvia desenvolver autoconhecimento, ser crítico e socialmente responsável, enfrentar riscos e desafios e conquistar autonomia. Os resultados foram discutidos a partir de uma fundamentação gestáltica e fenomenológica. As conclusões apontam para a diversidade e potência das experiências juvenis na contemporaneidade e levantam questionamentos sobre os impactos na clínica psicológica.
-
Este artigo apresenta uma proposta epistêmica e metodológica de investigação e práxis etnopsicológicas com pessoas indígenas, apontando para suas contribuições na pesquisa e na assistência psicológica a essas pessoas. Inicialmente, busca contextualizar a etnopsicologia, delimitando seu campo e respectivas possibilidades de investigação e intervenção. Na sequência, explora os conceitos fenomenológicos husserlianos de epoché (o abandono de suposições ou crenças) e intencionalidade da consciência, e sua respectiva retomada no modelo metodológico de Amedeo Giorgi. Em seguida, traz a noção de pessoa dada pela antropologia filosófica de Max Scheler, diferenciando-a de outras noções hegemônicas predominantes no Ocidente e buscando apreciar sua aplicabilidade na pesquisa e no atendimento às pessoas indígenas. Discute, então, o potencial dessas duas abordagens na etnopsicologia, na medida em que ambas assumem que o conhecimento se constitui em relação, tendo como fundamento axiológico o mundo da vida das pessoas, repleto de valores, sentidos e significados existenciais.
-
Na Psicologia, a centralidade da escuta se apresenta como uma questão epistemológica e prática, sendo discutida no âmbito da psicologia fenomenológica e, enquanto escuta suspensiva, como dispositivo que dispara e desenvolve a entrevista como sua chave operativa. Trata-se de uma articulação teórica na perspectiva da fenomenologia clássica de Edmund Husserl, que exige considerar a esfera transcendental e a antropologia resultante das reduções intersubjetivas realizadas pelo fundador da fenomenologia. Para a Psicologia, explicita a relação inerente entre pessoa e cultura, tema que coloca em questão os objetos e o modo de fazer pesquisa empírico-fenomenológica, bem como consequências para a clínica. Os resultados equivalem a uma sequência de análises fenomenológicas, partindo das análises preliminares da entrevista e da escuta, em seus momentos hiléticos e noéticos. A escuta suspensiva é operada como encontro de horizontes de expectativa, indicando sua complexidade e especificidades de sua execução.
-
O objetivo deste artigo é propor uma relação teórica entre o conceito da exotopia bakhtinana e a posições de Eu. A Teoria do self dialógico concebe a mente como uma multiplicidade dinâmica de posições de Eu relativamente autônomas fundamentada, especialmente, na filosofia dialógica de Michael Bakhtin e na teoria do self de William James. Cada posição de Eu, na minissociedade da mente, tem a capacidade de “ver além” do que qualquer outra poderia, pois, no tempo-espaço, cada posição de Eu pode ocupar um lugar que é único. A exotopia pressupõe a extralocalização dessas posições de Eu, umas diante das outras, o que estabelece a viabilidade das interações dialógicas. É essa exotopia que conduz à nossa possibilidade de responder a uma outra voz interna ou externa. Essa condição espacial caracteriza toda relação intra ou heterodialógica, assim como a possibilidade de aparecimento de novidade de significados no self. Um caso empírico de um adolescente é apresentado para ilustrar o nascimento de nova posição de Eu no processo de escolarização a partir do aumento da exotopia no self.
-
O artigo aborda, na perspectiva da história dos saberes psicológicos, as narrativas acerca do emprego dos recursos imagéticos junto as populações nativas elaboradas por autores jesuítas protagonistas da epopeia missionária nas Reduções dos territórios guaraníticos, entres o século XVII e XVIII. Os autores são: Diego de Torres Bollo; Pedro de Oñate; Antônio de Ruiz Montoya; Antônio Sepp. Os documentos são: cartas, uma crônica histórica e um diário. A interpretação é fornecida na perspectiva dos saberes psicológicos disponíveis no universo cultural dos autores. A imagem é tomada como elemento capaz de estimular o dinamismo psíquico em sua complexidade, envolvendo sensibilidade, memória, imaginação, atenção, cognição e vontade. O efeito logrado, segundo os autores, seria a construção de uma relação imediata dos índios com as imagens evocadoras de presenças sagradas símbolos do universo cristão e persuasivas quanto aos conteúdos doutrinários e a mudança de comportamentos e hábitos.
-
A psiquiatria democrática, como ficou conhecida, trabalho expresso na vida e na obra de Franco Basaglia e Franca Ongaro Basaglia, será revisitada neste artigo em seu caráter epistêmico. Defende-se, portanto, neste trabalho, que o moto A Liberdade é Terapêutica tem, além de um sentido terapêutico, também um sentido epistêmico. A fim de se defender essa tese, serão analisadas as críticas de Franco e Franca Basaglia à psiquiatria institucional, sob o contexto revisitado da literatura mais atualizada em Estudos de Ciências. O conceito de duplo, em geral, e o conceito de gênero, em particular, serão as ferramentas conceituais dessa análise. As perspectivas dos Estudos de Ciências, da Epistemologia Feminista e da historiografia mais recente e atualizada das ciências e da psicologia serão utilizadas para analisarmos os trabalhos de Franco e Franca Basaglia sob este novo ponto de vista.
-
Este artigo apresenta uma análise das primeiras experiências de escolarização de crianças com deficiência nos séculos XVIII, XIX e início do século XX, por meio dos trabalhos de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), Edouard Séguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952), identificando pressupostos metodológicos que contribuíram para a constituição da área da Educação Especial e da Psicologia. Trata-se de uma pesquisa histórica que considera a produção teórica na área da educação especial e da psicologia, contemplando a leitura e a análise de livros, artigos, teses, dissertações e, principalmente, textos e obras completas de autoria dos educadores pesquisados. As análises apontaram que, ao proporcionarem condições de aprendizagem e desenvolvimento para crianças com deficiência, os trabalhos desses educadores contribuíram para a constituição histórica da educação especial, bem como apresentam as raízes do processo hoje denominado de inclusão social.
-
A pesquisa apresenta a história da construção e consolidação do campo de estudo e atuação da Psicologia Escolar no Piauí. Utilizou-se abordagem qualitativa, historiográfica, com história oral. Foram definidas como participantes as/os pioneiras/os a contribuir para um determinado campo de atuação. Os seis depoentes foram escolhidos por terem: I) atuação na área; II) sido docentes; e/ou III) participado de órgãos/instituições da área. As análises foram construídas a partir de indicadores e núcleos de significados dos registros orais, a partir dos quais foram organizados em cinco eixos temáticos: a) Atuação em psicologia educacional e psicologia escolar; b) Primeiras incursões da Psicologia no campo da Educação do Piauí; c) Estrutura e recursos disponíveis para atuação profissional; d) Transformação no campo e protagonismo dos estagiários de psicologia escolar; e) Movimentos de descentralização da psicologia escolar no estado.
-
A partir da obra de Charles Taylor, tratamos das repercussões do naturalismo na obra de William James. Primeiro apresentamos a noção tayloriana de naturalismo (ético-moral), ao que ele contrapõe sua teoria hermenêutica. A seguir, tratamos do conceito jamesiano de experiência religiosa e discorremos sobre suas principais características apontadas por Taylor. Em seguida, apresentamos as críticas de Taylor a esse conceito e discutimos em que sentido James teria esposado algumas das teses do naturalismo ético-moral.
-
O estudo aponta e analisa as inovações clínicas e científicas de Carl Rogers introduzidas à psicoterapia. O foco está no papel da intersubjetividade, aqui entendida como perspectiva de segunda pessoa, mas sem desconsiderar as contribuições advindas das perspectivas de terceira (evidência experimental) e de primeira pessoa (vivência experiencial). O estudo argumenta que a relevância dada a intersubjetividade, a não-diretividade e a abertura à experiência testifica a confluência entre Rogers e o movimento fenomenológico. Tal confluência é realçada pela atenção ao exame dos fatos e fenômenos em múltiplas perspectivas, orientadas pela ética fenomenológica. Neste sentido, o grande equívoco das comparações entre a teoria de Rogers e a fenomenologia está em tomar como ponto de partida uma dada definição de fenomenologia, e não a vivência e a descrição de eventos fenomenais. Por fim, mostra-se como os estudos científicos de Rogers encontram ressonâncias em pesquisas fenomenológicas contemporâneas aplicadas à psicologia.
-
O presente artigo, no campo da história da psicologia, analisa a criação do conceito de pedofilia na teoria sexual de Richard von Krafft-Ebing, psiquiatra e figura pioneira da abordagem médico-patológica da sexualidade no século XIX. Apresentado pela primeira vez como uma perversão sexual, em 1896, o termo pedofilia foi adicionado a Psychopathia Sexualis, obra magna do autor, passando por várias reformulações ao longo dos anos. O presente estudo irá retomar a história do conceito para analisar a criação dele, analisar suas reformulações teóricas mais relevantes ao longo das diversas edições dos textos do autor e abordar as primeiras reações dos contemporâneos do autor em relação à criação do termo. Por fim, nas conclusões, o estudo discute de que maneira as bases teóricas e metodológicas usadas por Krafft-Ebing para a criação do conceito continuam influenciando na abordagem dos estudos em teoria da sexualidade nos séculos seguintes.
-
Quando um novo fato científico aparece nas discussões públicas e nas controvérsias políticas, as pessoas são socialmente convocadas a interpretar uma realidade em constante mutação. Este artigo analisou as representações sociais que circularam na Folha de São Paulo sobre o embrião in vitro até o ano de 1978, quando nasceu o primeiro “bebê de proveta”. Foram encontradas 67 reportagens publicadas entre janeiro de 1961 e dezembro de 1978, que foram analisadas com ajuda do software Alceste. Os resultados mostram cinco classes de palavras organizadas em dois eixos de sentidos: Desenvolvimento e alcances da manipulação de materiais germinativos e Impactos da fertilização in vitro na família. No contexto emergente das novas tecnologias reprodutivas, o embrião in vitro suscitou questões axiológicas ligadas à filiação, ao parentesco e ao humano na esfera pública brasileira.
-
Este artigo tem por objetivo caracterizar a produção acadêmica publicada na revista Dimensão ao longo da década de 1970, no Centro Pedagógico de Corumbá. Pioneira na produção do conhecimento na região, tal caracterização poderá contribuir com a memória do ensino superior no oeste brasileiro. Utilizando o procedimento histórico genealógico de análise, percorremos a leitura dos textos que compõem cada número identificando os seguintes pontos de análise: 1) Contribuição e envolvimento com a comunidade; 2) Perspectiva de avaliação do trabalho realizado no Centro Pedagógico de Corumbá. Inscreve-se no primeiro ponto a presença da Clínica-Escola de Psicologia e sua atuação junto à comunidade. Como resultado, notamos a pujança das publicações com o aumento e diversidade de temas ao longo dos anos. Por fim, discutimos que a federalização é vista como razão determinante do encerramento das atividades de todas as revistas dos Centros integrados, inclusive a revista Dimensão, em 1977.
-
Este artigo tem como objetivo estudar a relação entre a antropologia e a ética no pensamento de Karol Wojtyla. A antropologia personalista de K. Wojtyla evidencia a relação ontológica entre o momento do ser e do agir, que, por sua vez, corresponde ao significado moral da relação entre a pessoa e a ação. Partindo da experiência humana, conforme indicação husserliana, será o estudo do ato a revelar a pessoa e o significado moral do agir humano. O caráter qualitativo desta pesquisa bibliográfica, baseado em obras e artigos publicados por K. Wojtyla e nos escritos de alguns de seus principais comentadores, permitirá, à luz das contribuições da fenomenologia e da tradição filosófica, contribuir também para o hodierno debate antropológico, tão necessário para fundamentar os estudos das ciências humanas e, ainda, para a superação da atual crise do homem, normalmente marcada por uma visão reducionista ou utilitarista sobre a pessoa humana, como será demonstrado.
-
Este artigo objetivou analisar as articulações teóricas entre memória histórica e representações sociais. Tomando a perspectiva sociocultural da memória, três aspectos foram problematizados: quais temáticas em memória histórica poderiam ser objetos de representações sociais; o papel da memória histórica nos processos de ancoragem e objetivação; e a relação entre disputas memoriais e representações sociais. A partir da abordagem sociogenética das representações sociais, apontou-se que temáticas em memória histórica que tangem às zonas de tensão podem ser articuladoras entre os campos memoriais e representacionais. Utilizando o Devoir de Memoíre na França, os processos de ancoragem e objetivação podem ser analisados a partir de discussões voltadas à legitimação de narrativas e embates acerca da nomeação de eventos históricos. As disputas memoriais revelam dinâmicas representacionais em relação ao passado social. Por fim, a memória histórica e as representações sociais vinculam-se a diferenças grupais, bem como a conflitos simbólicos.
-
Desde o século XIII, a obra de Tomás de Aquino tem suscitado muitos debates entre filósofos e teólogos. São poucos os psicólogos, contudo, que veem aí alguma relevância para a psicologia contemporânea, embora o pensamento do Aquinate contenha profundas reflexões sobre aspectos da natureza humana que ainda desafiam nossa compreensão. Partindo do pressuposto de que o pensamento medieval pode lançar luz sobre alguns debates psicológicos contemporâneos, o objetivo do presente artigo é duplo: primeiro, queremos mostrar que há uma psicologia genuína em Tomás de Aquino, entendida como scientia de anima; segundo, vamos ilustrar nossa tese por meio da análise de um de seus conceitos centrais, a saber, a vontade. Nossa análise ficará restrita ao âmbito da Suma de Teologia, embora apareçam também algumas menções a outros escritos em que o tópico aparece. Ao final, vamos discutir as implicações desse conceito para a psicologia de Aquino, algumas limitações da presente investigação e possíveis caminhos futuros.
-
O objetivo deste artigo é expor uma síntese das principais contribuições de Georges Devereux para o campo da metodologia de pesquisa em ciências humanas: a epistemologia complementarista e a análise da contratransferência do pesquisador. O complementarismo, em Devereux, fundamenta-se na ideia de que a compreensão dos fenômenos humanos necessita de pelo menos uma dupla análise, nunca simultânea: do exterior (da cultura), pela antropologia, e do interior (psiquismo), pela psicanálise. Essa proposta respeita a especificidade de cada disciplina e também pode articular outras disciplinas e saberes na compreensão dos fenômenos humanos. A análise da contratransferência, por sua vez, é entendida como o caminho para a obtenção da objetividade na pesquisa e principal fonte de dados na pesquisa em ciências humanas, embora geralmente negligenciada. Como Devereux é um autor ainda pouco conhecido no Brasil, acreditamos que suas contribuições no campo da metodologia merecem ser estudadas e divulgadas.
Explorar
Autor
Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.830)
- Conferência (1)
- Livro (520)
- Seção de livro (1.249)
- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
-
Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)