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O filósofo Charles Taylor destaca a perspectiva moral por meio de uma história da formação da subjetividade moderna. Segundo ele, tal perspectiva pode iluminar alguns dos seus mal-estares: o individualismo moral e a crise dos significados da secularização, além da persistência ambígua da religião na organização da vida pública contemporânea. Ao sentido desse movimento profundo da moral ocidental, Taylor dá o nome de ética da autenticidade, cujo valor positivo é contraposto a essa degradação através desses três sinais de decadência e sintomas de mal-estar. O objetivo do artigo é explorar a ambiguidade presente na modernidade conforme descrita por Taylor. Guiando-nos pelas relações entre autenticidade e religião, exploramos os temas do individualismo moderno, dos significados da secularização e do impacto da religião na formação política do Ocidente.
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Nos estudos da história da psicologia brasileira, um campo que costuma ser pouco investigado é o da história de suas entidades políticas. Este artigo visa realizar um histórico do movimento estudantil de psicologia para discutir suas práticas políticas. Realizamos uma revisão bibliográfica e a observação participante de Encontros Nacionais de Estudantes de Psicologia. Diferenciamos quatro formas de organizações estudantis a partir do conceito de movimento social de A. Melucci: a organização tradicional que tem fins políticos, a associação esportiva, a empresa júnior e os coletivos sociais autônomos. Concluímos que o movimento estudantil de psicologia modulou sua atuação a partir dos principais acontecimentos políticos do país, como a opressão do regime militar, a redemocratização do país, a ascensão do Partido dos Trabalhadores ao Governo Federal e o atual momento de crise política e radicalização das lutas sociais. Sua atuação também focou a formação em psicologia, com muitos debates sobre o currículo dos cursos de psicologia desde a década de 1960.
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Trata sobre a importância de Abdias Neves (1876-1928) para história da psicologia no Piauí, com o polêmico Psychologia do Christianismo. Neste livro, o autor toma a Psicologia como argumento central para pensar a relação dos homens com os mitos, suas transformações e relações com a religião. Objetiva-se, portanto, apresentar em linhas gerais de que modo a Psicologia comparece no conjunto da obra do autor, para em seguida situar a estrutura do livro, o conjunto de autores e ideias que Abdias Neves fez uso para sustentar a linha argumentativa do seu Psychologia do Christianismo, além da síntese do livro. Trata-se de um estudo bibliográfico. Para o autor, a Igreja Católica, consolidou sua hegemonia e poder também por meio do investimento de experiências e sentimento religioso, constituindo uma espécie de “eu psicológico”. Apesar de esquecido, é um livro de estimado valor para memória da psicologia piauiense e, quem sabe, brasileira.
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A partir da teoria da sedução generalizada, propomos um resgate histórico-epistemológico da noção de “falo passivo”, elaborada por Loewenstein e Bonaparte. Criticamos as teorias dos autores para mostrar que a castração e as narrativas de gênero como códigos tradutivos permitem compreender o falo passivo como uma possível resposta às seduções precoces. Concluímos demonstrando que a noção poderia apontar para a diversidade do pulsional, mas tal como apresentada por ambos autores, reproduz a operação de recalcamento na medida em que é conceituada em termos de diferença.
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O resgate histórico pode ser uma forma eficaz de unir uma comunidade, despertar nela o sentimento de pertencimento ao local que vive, e possibilitar ações futuras. Assim, o estudo teve o objetivo de recuperar a memória histórica acerca da Ermida de Nossa Senhora da Escada, a partir da perspectiva da história dos saberes psicológicos, com foco nos impactos psicossociais para a comunidade do bairro. A Ermida se localiza no bairro da Escada, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, e foi fundada no século XVI. O método histórico utilizado na pesquisa consistiu na coleta, organização, interpretação e análise de fontes primárias e secundárias, tendo em vista: a Ermida nas fontes primárias; a Escada nas tradições populares; e o Significado simbólico da Escada. A partir da análise dos dados, tem-se a hipótese que a Ermida carrega significações culturais e proporciona vivências psíquicas ligadas às experiências religiosas, que contribuem para a afirmação da identidade.
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René Descartes é nome bem conhecido em qualquer manual de história da ciência e, mais especificamente, da psicologia. Seu nome, contudo, costuma ser associado ao malogro enfrentado por algumas ciências a partir do advento da modernidade, no que tange ao seu bem conhecido dualismo mente-corpo. Mediante o emprego de alguns conceitos historiográficos, adotados pelo pesquisador estadunidense E. G. Boring, este trabalho busca compreender certos aspectos que podem ter conduzido a uma imagem depreciativa de seu legado. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica dos principais trabalhos de Boring e de Descartes, auxiliada por outras fontes e autores que versam direta ou indiretamente sobre o tema. A tradição historiográfica representada por Boring permite vislumbrar o pensamento cartesiano à luz de um clima intelectual que marca uma transição de épocas. Sob esta perspectiva, a imagem que se obtém do filósofo seiscentista vai além daquela que parece ter-se cristalizado sob a forma de um “epônimo”.
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O artigo analisa os registros disciplinares em relação aos povos indígenas, conforme descritos no Relatório Figueiredo, considerando o controle étnico-social exercido durante o período da ditadura militar no Brasil. Nesse sentido, sua possibilidade decorre do trabalho do eixo indígena da Comissão Nacional da Verdade que identificou um conjunto de documentos, dados como desaparecidos desde a década de sessenta. Tais documentos, denominados Relatório Figueiredo, tratam da apuração realizada por uma Comissão de Inquérito sobre as denúncias dos crimes praticados pelo próprio Serviço de Proteção aos Índios contra a população indígena. A opção teórico-metodológica tem como base a genealogia de Foucault, assim como seus postulados acerca de práticas disciplinares. Utilizando-se do Relatório como fonte documental, o artigo identifica as práticas disciplinares utilizadas contra os índios no período da ditadura de 1964 a 1985, evidenciando como o corpo do índio foi atingido pelo poder, enquanto estratégia de controle.
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Tendo como palco de análises um conselho tutelar do estado do Rio de Janeiro, problematizamos neste artigo alguns efeitos e produções de escuta de atores que habitam esse estabelecimento. Tomamos como referencial teórico as contribuições de Foucault, Deleuze, Guattari e Derrida no que se refere, prioritariamente, às práticas discursivas e às relações de poder. O corpus da pesquisa foram diários de campo de estagiárias de psicologia escolhidos e disponibilizados pelas autoras. A partir do encontro com o material cedido, o grupo de pesquisa foi se afetando com as narrativas ali relatadas e construindo histórias aqui apresentadas como situações analisadoras. Histórias e discursos que, norteados pela escuta surda ou pela escuta experimentação, produzem acolhimento, exclusão, normatização, sujeitos essencializados ou não.
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Tradução de BROSSAT, A. Boîte à outils ou supermarché d’idées ?. In: BERT, J.-F. & LAMY, J. Michel Foucault: un héritage critique. Paris: CNRS, 2014, p. 263-267. Tradutor: Alessandro Francisco.
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Trata-se de um ensaio crítico que, forma geral, propõe reflexões acerca das relações entre ideologia, marketing, desejo e subjetivação em contextos de reestruturação produtiva do capital. Defende-se a relevância acadêmica e social do debate permanente sobre mudanças nas formas de organização da economia e gestão do trabalho e de como essas transformações geram sofrimento psíquico para os trabalhadores e impacto nas formas de embate entre capital e trabalho. Argumenta-se da premência de se pôr em pauta, no cerne dos debates em psicologia crítica, as relações entre as categorias trabalho e subjetividade. Evidencia-se a dialética do processo de alienação e analisa-se o processo de produção de consciência alienada que se dá por intermédio dos meios de comunicação. Expõe-se, além de operações de subjetivação explícitas na propaganda de produtos e serviços, algumas armadilhas semânticas exploradas pelo marketing que se embute e se dissimula no jornalismo, sobretudo o televisivo, em tempos de impeachment.
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Este texto é um biografema – biografia inventada e fragmentária –, sem compromisso com dados e fatos comprováveis pelos grandes arquivos. É inspirado na vida de Ângelo, apenado do Presídio Central de Porto Alegre, que escreve cartas a amigos e familiares. “O açougueiro” cria uma insólita realidade em que a escrita é performatizada como ato de testemunhar, dando luz a um passado que não está nos arquivos, mas no ato de retirar de sua poeira esquecida o que insiste.
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O artigo aborda a discussão ocorrida em instituições educacionais da Companhia de Jesus sobre a função da psicologia no currículo de estudos, nas primeiras décadas do século XX na Europa. O estudo baseia-se num levantamento histórico de fontes inéditas no arquivo geral da Companhia de Jesus em Roma. A análise dos dados levantados evidencia que um dos temas mais debatidos é aquele das relações entre psicologia experimental e psicologia racional. Os resultados apontam que esta discussão é perpassada pela tensão entre tradição e inovação, que caracteriza a posição intelectual da Companhia como um todo; e pelo critério jesuíta da acomodação (acomodatio), ou seja, a necessidade da adequação ao contexto espaço-temporal de atuação. Mostram também que foi grande o interesse pela psicologia experimental no âmbito da Companhia naquele período histórico.
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Este ensaio problematiza as políticas de enclausuramento e docilização que orientam as comunidades terapêuticas voltadas ao pretenso tratamento de pessoas que usam substâncias psicoativas consideradas drogas pelo Estado. Adota como analisador o modelo terapêutico utilizado pela maior rede de comunidades terapêuticas do Brasil, a Fazenda da Esperança. As reflexões são tecidas em uma conversa com aportes teóricos antimanicomiais e da análise institucional. Argumenta-se pela importância de terapêuticas que potencializam, em contraposição às práticas de confinamento e docilização, as quais cada vez mais se fortalecem como modelos norteadores das políticas sobre drogas, no Brasil.
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Este artigo é fruto de uma investigação empírica acerca das modulações biopolíticas da amizade. A partir do estudo de alguns conceitos, como o de enunciado, sociedade de controle, biopoder, vida como obra de arte, episteme moderna e capitalismo como produtor de subjetividade, Michel Foucault, Gilles Deleuze e outros autores conduziram a uma busca metodológica pelo socius atenta a discursos pretensamente verdadeiros, que estabelecem vínculos específicos entre amizade, saúde e capital. “O que as amizades fazem do presente e o que o presente faz das amizades?” foi a pergunta que norteou o processo de escrita. Buscou-se problematizar os enunciados dirigidos à mesma, engendrados na sutileza do capitalismo contemporâneo que, reprodutores de certas relações entre saber e poder, concretizam e espraiam determinados modos de existência, em detrimento de outros possíveis. O artigo caminha, pois, na direção de uma aposta ética no posicionamento inventivo pela criação de amizades e de mundos.
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O presente artigo tem por objetivo contribuir com discussões contemporâneas sobre os assombros cotidianos ligados, sobretudo, às práticas golpistas em curso no cenário brasileiro, culminando, até o momento, fevereiro de 2018, na criação de um Decreto federal que trata da intervenção militar na segurança pública no RJ e que comporta muitos perigos. Para tanto, servindo-se de conceitos nietzschianos como niilismo, genealogia, meio dia, dentre outros, buscará aproximar esses conceitos do modo de subjetivação em curso e da herança, em nós e na sociedade, de práticas silenciadoras da potência de diferir, bem como percorrerá os movimentos que apontam para a possibilidade de sua reversão.
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Este artigo apresenta um estudo das relações de poder que, historicamente, têm destituído a vida na rua de sua força de existir, produzindo-a como algo da ordem do indigno. Atentamos assim para transformações radicais de práticas políticas e econômicas que se instalaram nas sociedades ocidentais por volta do século XV, favorecendo a emergência de uma população forjada sob o signo do pauperismo e que passará, de forma majoritária, a fazer das ruas espaço de moradia e de sustento. Na caracterização desta passagem, partimos de Marx e das práticas de acumulação primitiva a fim de pensar a noção de pauperismo que irá se generalizar pela Europa Ocidental até o século XVIII, fazendo aparecer as ruas como atreladas a uma população miserável que se deve administrar. Neste ponto, veremos com Foucault como conjuntos de técnicas e procedimentos destinados a governar essa população começam a assumir contornos e a despontar no horizonte.
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Tradução de RATCLIFF, Marc J. Raccourci analogique et reconstruction microhistorique. Les origines du laboratoire de psychologie expérimentale de Genève en 1892. Em: CHAMBOST, Anne-Sophie. Revue d’histoire des sciences humaines, n.29, 2016. Tradutor: André Elias Morelli Ribeiro, Universidade Federal do Amapá.
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Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
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- Entre 2000 e 2009 (1.082)
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- Desconhecido (4)