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A gênese da Análise Institucional é indissociável das condições histórico-sociais que a produziram, sendo a articulação entre teoria e prática sua marca fundamental. Para melhor explicitar aspectos dessa origem, o texto apresenta, de forma breve, algumas contribuições de René Lourau, Georges Lapassade e Félix Guattari para a constituição dessa disciplina. São apresentados e discutidos também os significados da palavra intervenção, no sentido de demonstrar a especificidade da Socioanálise, que é a Análise Institucional em situação. Ressalte-se que qualquer intervenção se realiza no âmbito de um contexto mais amplo, daí a necessidade de distinguir e, ao mesmo tempo, articular campo de análise e campo de intervenção. Para tanto, os conceitos de implicação e transdução devem estar associados. A apresentação de algumas inserções da Análise Institucional na Saúde Coletiva busca apontar as possibilidades de aplicação dessa abordagem e, ao mesmo tempo, identificar algumas transformações da intervenção socioanalítica em anos recentes.
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Pretende-se, neste artigo, descrever e analisar sucintamente como o Fundo das Nações Unidas para a Infância vem governando, por meio de estratégias da economia política, os corpos de crianças e adolescentes como investimento, pela noção de desenvolvimento, de maneira a acionar tecnologias de biopoder. Uma das metas desse organismo, ligado à Organização das Nações Unidas (ONU), é objetivar desenvolvimento como ciclo de vida e progresso de uma nação, simultaneamente. Forjar um sujeito empresário de si garantiria supostamente segurança e crescimento econômico e social ao Estado e ao mundo globalizado. Através de estudos que atuam com as ferramentas de Michel Foucault, podemos interrogar tais práticas e desnaturalizá-las, em uma perspectiva histórica e inquietante, frente ao tempo presente.
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O artigo traz a estratégia autoral kierkegaardiana, relacionando-a à noção de cuidado de si nos antigos. Inicia-se com Ponto de Vista Explicativo da Minha Obra de Escritor, na qual o filósofo dinamarquês expõe seu método de comunicação indireta com o leitor através das obras estéticas, pseudonímicas, publicadas simultaneamente aos discursos edificantes, comunicação direta assinada pelo próprio Kierkegaard. A meta era levar o leitor à reflexão e ao autoreconhecimento, ao mesmo tempo em que o autor cumpria a tarefa que lhe fora designada em sua existência. Pretendia aproximar-se de modo sutil daquele que se encontrava sob a ilusão e começar por aí a desfazê-la. A leitura deveria, portanto, provocar um efeito sobre o leitor, algo muito próximo dos exercícios espirituais da Antiguidade, onde filosofia era filosofar, uma ação que interferiria concretamente na vida do sujeito. Outras obras de Kierkegaard são trazidas para apresentar essa vinculação entre a escrita, a leitura e o cuidado de si, indissociáveis tanto na Antiguidade quanto no projeto autoral kierkegaardiano. Tal vinculação será apresentada à luz das ideias de Michel Foucault, em cujas obras ganham relevância a noção antiga do cuidado de si e seus desdobramentos.
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O presente ensaio pretende ser um convite para pensarmos em novas possibilidades de construção de narrativas acerca da memória. Os protagonistas desse convite serão Fernando Pessoa e Friedrich Nietzsche. Eles nos conduzirão num passeio no universo das sensações e da potência de variação que podem ser extraídas delas, em suas obras e fora delas, pois têm a capacidade ímpar de nos atingir e desviar nosso olhar do modo tradicional de pensarmos a relação entre história e memória. A flecha que sai de seus escritos se chama diferença. Veremos que esses autores podem trazer valiosas contribuições para pesquisas relacionadas aos modos de construção e de escrita da História, estando, talvez, mais próximos de alguns trabalhos desenvolvidos na história oral.
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Em vista da multiplicação acelerada dos novos cursos de graduação em psicologia, a partir de 1995, e da conseqüente desvalorização da profissão no mercado de trabalho, o presente estudo crítico visou 1) contextualizar brevemente a reforma universitária no âmbito da reforma do Estado, que presidiu essa multiplicação; 2) analisar o texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para as graduações em Psicologia para mostrar que enquanto projeta um perfil profissional flexível e polivalente, aberto ao mercado, pretende contornar o risco de dispersão da profissão reforçando as bases epistemológicas e a investigação científica “naturalística” em psicologia – admitindo-se assim uma via que, além de não especificar a psicologia diante de outras profissões, talvez também iniba, nos estudantes, aquilo que nela o senso-comum mais valoriza: a psicologia como uma ciência humana e enquanto prática principalmente clínica.
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O presente artigo tem por objetivo apontar algumas reflexões acerca do recente dispositivo de segurança pública que tem sido implantado em algumas comunidades da cidade do Rio de Janeiro – as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Mais especificamente, busca-se observar este modo de intervenção policial a partir do conceito de policiamento comunitário, noção sugerida nos EUA, nos anos 60, como forma de aproximação entre a polícia e a comunidade. Tal investigação tem como base dois importantes conceitos cunhados por Michel Foucault – biopolítica e governamentalidade – e as noções de comunidade apresentadas por Jean-Luc Nancy e Maurice Blanchot. Partindo desses pilares, propõe-se a seguinte discussão: que(ais) noção(ões) de comunidade pode(m) ser sugerida(s) a partir desse modo de atuação policial?
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Nesse estudo analisamos, a partir das configurações da sociedade contemporânea e das modulações do capitalismo, os recursos que as práticas clínicas possuem para trabalhar a subjetividade. Nesse contexto, destacamos as questões éticas, estéticas e políticas, assim como o fim da dicotomia entre sujeito e social, objetividade e subjetividade, teoria e prática, clínica e política. A crítica a essas fragmentações aponta para a necessidade de uma prática transdisciplinar que promova intercessões com outros saberes, corpos, territórios e práticas. Para tal nos fundamentamos no conceito de rizoma proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, efetuando um diálogo entre seus princípios e as práticas multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Nessa produção enfatizamos também a emergência de uma clínica rizomática que caminhe a favor da vida, da política, da resistência e da diferenciação.
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Este trabalho pôde ser desenvolvido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a partir de duas experiências clínicas de alunos de psicologia, no hospital. Discutem-se as divergências entre psicanálise e medicina, principalmente no que tange à concepção de sujeito para ambas: no momento em que a medicina biologizante está cada vez mais próxima de um discurso cientificista – até mesmo na mídia –, ela corre o risco de foracluir o sujeito, enquanto que a psicologia no hospital sempre pode reintroduzir a importância da subjetividade, à imagem do que tentou fazer Georges Canguilhem na medicina e do que faz a psicanálise quando insiste na função do sintoma como presentificação do sujeito. A abordagem do diagnóstico e a da direção do tratamento diferentes conforme o discurso da medicina biologizante e o discurso da psicanálise têm, necessariamente, consequências na relação com o paciente. Tais consequências são discutidas especialmente quanto à noção de saber e não saber na clínica.
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Habitar um presente que se faz a cada instante, tangenciar o infinito das origens contemporâneas ao devir, estar à altura de transformar o seu tempo – aqui está a inspiração de Foucault que nos instiga pensar a respeito de trabalho, subjetividade, ética e contemporaneidade. Afinal, como traçar uma política de enfrentamento em um mundo capitalista onde o trabalho se insere em uma lógica de produção de mundos, em que o trabalho, mais do que bens e serviços, produz subjetividades que alimentam o próprio capitalismo? O que nos tornamos nesse processo? Como vem se dando a captura das potencialidades de criação capazes de inventar outros mundos possíveis? Como resistir no presente, pelo trabalho, a tais investidas contra o poder de agir individual e coletivo? Como fazer da própria atividade de trabalho um meio para transformar as instituições que o atravessam? Como criar vias para uma crítica relativa aos modos como o trabalho pode se tornar lastro para fixações identitárias, ligando subjetividade e verdade e, ao mesmo tempo, como pode ele se tornar caminho para as indagações: o que estamos fazemos de nós mesmos?; que trabalho estamos operando sobre nós mesmos? Nesta direção, afirmamos uma linha de pesquisa-intervenção que toma como eixo ético-político a afirmação de uma relação inventiva com o trabalho.
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O presente artigo discorre sobre o posicionamento da bioética em relação a temas que suscitam conflitos éticos, científicos, culturais e jurídicos, enfatizando a temática da eutanásia. Busca-se ainda situar as repercussões dessas questões no âmbito das profissões da saúde, destacando-se a psicologia. Mais do que oferecer informações, procura-se despertar reflexões acerca dos limites da vida e da morte e discutir como as construções sociais atravessam tais concepções. Problematiza-se ainda como as características da contemporaneidade tornam possíveis e ao mesmo tempo mais complexas as discussões em relação aos problemas bioéticos. Apresentamos os atravessamentos da bioética, especificamente da eutanásia, no exercício profissional da psicologia.
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Neste artigo, apresenta-se um ponto de vista histórico-crítico a respeito do processo de produção de discurso sobre as relações entre Saúde Mental e Trabalho no Brasil (SMT) entre as décadas de 1920 e 1990. Foram selecionados para o trabalho de revisão artigos de periódicos correntes e não-correntes, dissertações de mestrado e doutorado, livros e outras publicações, cobrindo o período de 1925 a 1995. Partindo-se do pressuposto da centralidade da categoria trabalho e elegendo-se a relação capital x trabalho como eixo de análise, três matrizes discursivas foram denominadas: Higiene Mental do Trabalho (HMT), Psicologia Industrial e Organizacional (PIO) e Saúde Mental do Trabalhador (SM do T). Pontos de contato e relações de descontinuidade entre as três referências discursivas - o que permaneceu, o que se perdeu ou foi superado e o que se transformou no tempo.
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A partir de reflexões de Walter Benjamin sobre a arte de narrar, o artigo é fruto de uma indagação sobre as narratividades em pesquisas em ciências humanas que lidam com a palavra do outro. Considerando narratividade como um modo de enunciação assentado em uma compreensão política do tempo histórico, as contribuições de Benjamin ao estudo das narratividades são múltiplas. O intuito do artigo é a apresentação de algumas possibilidades de diálogo entre o legado de Benjamin e as narratividades em ciências humanas, principalmente aquelas voltadas à íntima relação entre contar histórias, instituir políticas de narratividade e inquirir o sentido filosófico e histórico da memória e do esquecimento.
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Vivemos em um tempo histórico bastante marcado pela velocidade e pela produtividade. A psicologia como área de conhecimento e intervenção não está fora dessa caracterização. Mas, quando pensamos especificamente nas intervenções da psicologia clínica, será que elas precisam acompanhar a expectativa idealizada que se volta para a obtenção de resultados rápidos? Levar a sério essa pergunta é algo que se impõe quando se parte da perspectiva de que os encontros clínicos são povoados por uma complexa diversidade de movimentos. Tal diversidade coloca terapeuta e paciente em processos de produção de si. Em função disso, buscaremos compreender o quanto a prática clínica tem como condição de possibilidade a experiência de afetos que emergem nos encontros cotidianos e que abalam territórios previamente organizados, convocando o sujeito a problematizar os modos de vida por ele inventados e assumidos.
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O presente trabalho é um desdobramento de pesquisa junto a artistas que escolheram a Avenida Paulista (SP-Brasil) como local possível para exercer sua atividade. Com o objetivo de compreender como eles significam tal atividade, realizou-se pesquisa etnográfica e entrevistas semi-estruturadas com pintores, atores/estátuas-vivas, escultores, músicos e escritores. Como eixos de interpretação, deparamo-nos com transformações do espaço e ressignificações desta rua pelos artistas. Destacam-se ainda: o fazer artístico como forma de geração de renda e trabalho, e possibilidade de fazer criativo que se contraporia a outros trabalhos considerados repetitivos; a percepção que os artistas têm do público que freqüenta a Paulista como possível mercado para sua produções; a rua como lugar polissêmico – local possível de trabalho/local precário de trabalho, vitrine/palco; o olhar de outros sobre si, ora reconhecidos como artistas, ora ameaçados pelo poder público dado o caráter "informal" de parte dessas atividades.
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Tomando por base algumas considerações de Foucault e outros estudiosos do tema, pretende-se, com este artigo, fornecer subsídios para a discussão sempre atual sobre os direitos humanos e suas implicações para a prática profissional do psicólogo. Para tanto, discute-se o conceito de homem como histórica e culturalmente situado – o que inviabiliza concepções naturalizantes quanto a este e seus direitos. Em seguida, apresenta-se o surgimento histórico dos direitos do homem nas sociedades ocidentais a partir do movimento filosófico das Luzes, no século XVIII, e as implicações dessa visão de mundo para a contemporaneidade. Finalmente, abordam-se os desdobramentos técnicos e éticos de tal visão para a Psicologia como profissão.
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Apresentação oral na defesa da tese de doutorado Os desafios da memória em direção as forças de criação, UNIRIO/PPGMS, 2011.
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A capoeira angola foi arma fundamental na libertação dos escravos no Brasil colonial, onde a opressão, instituída e normalizada, manteve-se por quase quatro séculos. Neste estudo, apresentamos a capoeira angola como campo problemático para a psicologia, atravessado por questões que passam pelas investigações sobre o corpo, a liberdade e a autonomia no presente. A mobilização corporal da capoeira, presente nos movimentos de ataque e defesa, despertam em seu praticante o enfrentamento necessário à luta contra os mecanismos de poder na atualidade. Mistura de dança, luta, teatro e brincadeira, seu universo é tão amplo e apaixonante que atualmente a capoeira é reconhecida como bem imaterial brasileiro. Buscamos agora realçar também seu valor como elemento para a “psicologia do corpo” e instrumento de resistência e luta, valorizando seu potencial libertário.
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- Artigo de periódico (1.830)
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- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
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- Entre 2000 e 2009 (1.172)
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