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A realidade humana aparece em Sartre como uma falta ontológica no seio da realidade das coisas. Essa falta é a consciência, ocasião de deflagração do Ser e desejo de ser. Nesse sentido o homem é projeto, buscando realizar seu próprio ser através do ser das coisas, assim configurando o mundo. Essa tentativa é sempre fracassada, ou sempre iniciada, na medida em que a consciência não pode se transformar em ser algum, ou só é ultrapassando os projetos nos quais procura realizar o próprio ser. A noção de encarnação se destaca na medida em que representa um princípio de má-fé da consciência que, em seu projeto de ser, busca se perder no ser-em-si da matéria sensível. O uso da filosofia de Merleau-Ponty, no artigo, visa apenas evidenciar, por diferença, as noções de desejo e encarnação em Sartre, e indicar a passagem para outra filosofia através da inversão do significado das mesmas.
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Para contribuir com o debate sobre a reforma psiquiátrica em localidades periféricas, objetiva-se conhecer a realidade piauiense, evidenciando os principais desafios que constituíram seu processo reformista e particularidades perante a realidade nacional e regional. Trata-se de um estudo qualitativo com base no levantamento documental e pesquisa participante para acompanhar as movimentações sociopolíticas mais recentes do contexto investigado. Como resultado, identificou-se que o Piauí foi marcado por significativo atraso quanto à implantação da rede psicossocial. Porém, rapidamente, o Estado alcançou boa cobertura de serviços devido à participação do Ministério Público como principal ator do processo reformista local. Se antes, o desafio era reverter à rede manicomial de serviços para a psicossocial; hoje, mais do que nunca, é urgente fazê-la operar sob tal perspectiva para compor ações de continuidade do cuidado e afirmação da cidadania, especialmente em contextos periféricos ou “minúsculos”, onde a cultura manicomial ainda se mantém forte ou absoluta.
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Este artigo apresenta uma revisão crítica de literatura que teve como objetivo contextualizar, em uma região de Minas Gerais, a pesquisa sobre os brinquedos e jogos tradicionais que, passando de grupo em grupo, foram assumindo versões particulares na produção artesanal. Tendo como suporte teórico-metodológico a Teoria Ator-Rede, defendemos a realização desta investigação no campo da Psicologia Social num movimento de mapear, registrar e preservar objetos que, em sua mistura de materialidade e socialidade, fazem parte da memória e da identidade dos grupos de brincantes. Nesta primeira etapa do projeto, para seguir o traçado deixado por estes artefatos, foi realizado este estudo no sentido de fundamentar a nossa entrada no campo para a verificação das práticas artesanais vigentes na região.
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Uma das principais características do Behaviorismo Radical de B. F. Skinner (1904-1990) seria sua crítica sistemática às explicações mentalistas para o comportamento. O objetivo do trabalho foi descrever o que Skinner definia por mentalismo e que críticas fazia a ele entre 1931 e 1959. Com base em trabalhos do próprio autor, observou-se que o mentalismo criticado entre os anos 30 e 40 foi principalmente o presente na Fisiologia Conceitual e nos Behaviorismos de Tolman, Hull, Boring e Stevens. Do final dos anos 40 até 1959, a crítica era dirigida à Psicanálise de Freud e à Psicologia da Consciência. Em relação aos tipos de críticas, não foram observadas mudanças significativas. Discute-se o lugar e a função do antimentalismo no Behaviorismo Radical.
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O tema da memória constitui uma das bases do pensamento teológico, filosófico e psicológico de Agostinho de Hipona. A relevância dessa faculdade pode ser observada no livro X das Confissões. Em poucas linhas, o que Agostinho se propõe neste livro é justamente explorar a própria memória em busca de Deus. Ao buscar Deus dentro da memória, Agostinho acaba desenvolvendo uma concepção da memória de grande importância na história dos saberes no Ocidente: o eu entendido enquanto espaço interior ou como espaço íntimo. Procuraremos reconstruir e detalhar a série de argumentos propostos por Agostinho a respeito do tema da memória e observar em que sentido ela é entendida metaforicamente como um espaço compartimentado. Finalmente, procuraremos mostrar a relevância e atualidade desta metáfora no modo como atualmente se compreende a memória.
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Com o objetivo de analisar as circunstâncias nas quais as pessoas que vivem em situação de pobreza enfrentam tal condição, investigou-se a tensão entre projetos de vida elaborados a fim de melhorar as condições de saúde, educação, moradia e trabalho, e estratégias de sobrevivência. As correntes mais influentes no estudo da pobreza tendem a conceituá-la com base nos insumos necessários para a aquisição das mercadorias básicas para a sobrevivência que qualificam a condição de pobreza relativa, relacionando-a ao padrão de vida geral predominante. Outras abordagens de caráter antropológico focalizam as relações interpessoais e os modos de vida dos pobres, deixando em segundo plano os determinantes econômicos. O estudo focalizou as esferas de intermediação entre as iniciativas macroeconômicas e as decisões individuais, procurando identificar os fatores que facilitavam tal encontro. Foram entrevistados 67 participantes de projetos sociais e instituições educacionais de duas áreas pauperizadas da cidade do Salvador, através de um questionário elaborado especialmente para identificar os processos individuais e coletivos almejados. Os resultados acerca das transformações da intimidade, da constituição da família e daquelas que decorrem de ações planejadas por organizações não governamentais e programas estatais nas áreas da habitação, educação e saúde são integrados ao debate acerca do capital humano, capital social, inclusão social, projetos de vida e estratégias de sobrevivência.
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Tomando a vivência do outro como fenômeno a ser pesquisado neste trabalho, esta pesquisa tem como objetivo explicitar a abertura para a vivência do outro incluída na experiência da pessoa, através das indicações da fenomenologia husserliana. Realizamos uma pesquisa teórica de cunho fenomenológico, a partir da obra Meditações Cartesianas. Reconhecendo a especificidade da visão husserliana, problematizamos questões teóricas fundamentais à compreensão do tema do outro, refletindo a respeito das objeções feitas à vivência do outro em Husserl. Concluímos que a exigência do método fenomenológico para o conhecimento da alteridade nos revela um caminho que aponta tanto para a irredutibilidade entre o eu e o outro, quanto para a possibilidade de encontro com um sentido existencial na vivência do outro pela pessoa. Na vivência desse sentido emerge a percepção do valor do outro para o eu, mobilizando o sujeito a assumir um posicionamento livre e interessado na convivência com o outro enquanto alteridade.
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O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento de publicações da revista Memorandum: memória e história em psicologia (MMHP), em seus dez anos de existência, de modo a refletir suas variabilidades de publicações em fenomenologia. As análises foram efetuadas com base em um levantamento bibliográfico que selecionou todas as publicações com descritores concernentes a fenomenologia. Essas foram organizadas em: ano de publicação; autor(es); caráter (teórico ou empírico); tema abordado; e perspectiva de fenomenologia. Foram elaboradas categorias analíticas do perfil fenomenológico da revista. Os dados demonstram que a MMHP possui: (1) um fluxo homogêneo de publicações em fenomenologia; (2) uma tendência para discussões teóricas em fenomenologia; (3) uma perspectiva fortemente husserliana; (4) um perfil interdisciplinar de discussões entre fenomenologia-filosófica, psicologia fenomenológica e memória-história da fenomenologia. O conhecimento documentado na MMHP permite afirmar que a revista possui critérios que a qualificam como um periódico relevante para o desenvolvimento da Psicologia fenomenológica brasileira.
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Partindo da discussão sobre a desumanização da cultura e o desafio da humanização, particularmente no âmbito da saúde, este artigo pretende destacar as considerações de Joseph Ratzinger (Papa Bento XVI) a respeito deste tema, propondo para isso uma abordagem de inspiração clínica. O estudo identifica no pensamento de Ratzinger sobre a cultura contemporânea uma dinâmica que estabelece um diagnóstico – a desumanização como sintoma patológico da modernidade - aponta o tratamento – o alargamento do conceito de razão - e indica os agentes terapêuticos – a universidade e o educador humanista.
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O texto comemora a primeira década de vida da revista Memorandum, buscando analisar as condições de sua emergência, sua trajetória, sua situação atual. Para isto, apresenta brevemente os primeiros periódicos científicos, notadamente na área de Psicologia. Apresenta e analisa dados sobre os artigos, os autores, a internacionalização da revista nestes dez anos, bem como sua qualificação em diferentes Qualis da Capes do ano de 2010. Mais que uma proposição congratulatória à revista e a seus editores, o texto busca apontar sua contribuição para o campo da história da psicologia no Brasil, pois, contando histórias, Memorandum também está construindo uma história.
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O uso do termo encantado e das suas variantes é muito comum nos cultos afro-brasileiros. No intuito de averiguar se do seu emprego é possível inferir uma categoria etnopsicológica, procedeu-se a um levantamento do que tem sido dito a seu respeito na literatura acadêmica. Embora os encantados apareçam sempre envoltos em mistério e indeterminação, é possível perceber que alguns traços se repetem. Mostram-se em diferentes formas, podem ser espíritos e terem corpos, não terem nascido ou nunca terem morrido, classificam-se em famílias, podem reportar-se a cenários naturais, reminiscências históricas, referências literárias. Aparentemente, do ponto de vista etnopsicológico, os encantados sublinham o desconhecido e ressaltam a plasticidade da vivência religiosa, possibilitando enunciar e expressar, com grande liberdade, a experiência subjetiva.
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O objetivo dessa investigação foi identificar, em publicações direcionadas aos praticantes de artes marciais, como têm sido veiculados conteúdos relativos às características de lutadores profissionais que possuem destaque no universo das lutas. Para tal, submetemos à análise lexical realizada pelo software ALCESTE 40 perfis de lutadores profissionais publicados pelas revistas Tatame e Gracie, entre 1996 e 2009. Revista Tatame: foram identificados dois conjuntos de classes. O primeiro é composto pelas classes “o corpo na luta” e “desafio e provocação”. No segundo, temos “as artes”, “os melhores” e “família”. Revista Gracie: foram identificados um conjunto de classes e uma classe independente. O conjunto articula as classes “estratégias do vencedor”, “no ringue” e “reverência aos mestres”. A classe independente é composta por um vocabulário relativo ao “Surf”. No conjunto, apesar das especificidades encontradas, as duas publicações reiteram características do padrão hegemônico de masculinidade, associando virilidade, competição e violência ao “ser homem”.
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O estudo teve como objetivo analisar a memória histórica da população da cidade do Rio de Janeiro sobre o Governo Juscelino Kubitschek e a construção de Brasília. As bases conceituais e teóricas da pesquisa empírica foram articuladas numa perspectiva psicossocial integrada de estudo da memória. Os participantes foram 450 moradores das diferentes zonas urbanas, distribuídos igualmente entre os sexos, entre as faixas etárias de 15 a 30, 40 a 55 e 65 a 80 anos e entre os níveis de escolaridade fundamental, médio e superior. A coleta dos dados foi feita através de tarefas de associação livre e de um questionário com perguntas fechadas e abertas. Os dados foram submetidos a uma análise estatística simples de distribuição de frequências. Os resultados evidenciaram semelhanças e diferenças entre as memórias das três gerações, que foram explicadas ou interpretadas nos termos da perspectiva psicossocial integrada.
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O trabalho apresenta dados referentes às investigações sobre a constituição histórica das formações identitárias nos grupos musicais e articulações com a formação musical na atualidade. Tanto a dimensão técnica quanto a presença da afetividade e da identidade grupal foram consideradas na análise do desenvolvimento da performance musical. Algumas características do processo grupal e seu papel no desenvolvimento das atividades cotidianas das corporações são apresentadas. Buscou-se, ainda, compreender as reações afetivo-emocionais manifestas pelos músicos e público nos espetáculos. A metodologia de diagnóstico e intervenção utilizou dos pressupostos da pesquisa participante e da pesquisa-intervenção psicossocial. A coleta de dados envolveu leitura de bibliografia específica e documentos históricos; gravações em vídeo, registros em fotografias de ensaios e apresentações; produção de mapas de registro de fenômenos grupais e entrevistas semiestruturadas com músicos. A manutenção das tradições religiosas locais revela uma identidade musical revestida de determinantes socioculturais e ideológicos. Em meio à manutenção da tradição emerge espaço para o novo.
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Esse texto tem por objetivo refletir acerca da existência de alguns pontos de contato entre a fenomenologia e a micro-história, abordagens que, a despeito de advirem de matrizes de pensamento diferenciadas, se constituem, a um só tempo, proposições teóricas e métodos de investigação científica. Na intenção de demonstrar a viabilidade da citada relação, foi retomada a bibliografia de referência relativa às mesmas, buscando apresentá-las tendo como ponto de partida uma perspectiva historiográfica. O olhar, seja ele de inspiração fenomenológica ou micro-histórica, se direciona para uma análise do fenômeno contextualizada do ponto de vista social e histórico, criando assim possibilidades de releitura da realidade.
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O presente ensaio apresenta uma fenomenologia da existência delineada a partir da leitura de Luigi Giussani em que os temas fundamentais são: a vida da palavra, a necessidade da esperança para a vida humana, a possibilidade e a necessidade de certeza para o enfrentamento da inevitável experiência de sofrimento e limite (na psicopatologia como em toda vida pessoal e social), o lugar da experiência religiosa para a constituição de tal certeza, o tipo de escuta da palavra que a certeza fundamental possibilita. Aponta características do trabalho de elaboração de tal experiência: desafia as circunstâncias, valoriza o instante presente. Conclui sobre o lugar imprescindível da experiência de dor para a constituição de sentido.
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Este artigo teve como objetivo apreender imagens do corpo e explicitar as significações imaginárias sociais relativas a ele, construídas em diferentes épocas e lugares. Foi estudada uma dúzia de obras literárias, incluindo utopias, peças teatrais, livros de aventura e romances, nas quais aparecem sociedades fictícias e há descrições do corpo de personagens. A noção de Castoriadis de domínio social-histórico foi o principal referencial teórico, levando à busca das significações imaginárias e de suas diferentes determinações. Procedimentos de análise do discurso foram utilizados para apreender as descrições do corpo e contrapô-las às informações sobre os autores e suas épocas. Foram detectadas as seguintes imagens do corpo: virtuoso, do mal, velado, asqueroso, real, involuído, uniforme, hierárquico, ideal, produzido, condenado, exposto. Como esperado, verificou-se que há diversas imagens e que elas refletem o lugar e a época em que surgiram. Há, porém, imagens que persistem ao longo do tempo.
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Helena Antipoff muito contribuiu para o desenvolvimento dos estudos e pesquisas em Psicologia e Educação no Brasil. Ao vislumbrar sua produção bibliográfica, percebe-se seu interesse pelo meio rural e pela aplicação da Psicologia à formação de professores para atuação nestes espaços. Este estudo teve por objetivo refletir sobre as concepções de “rural”, “escola” e “educação” presentes na obra de Helena Antipoff. Foram analisados textos do quarto volume da Coletânea de Obras Escritas de Helena Antipoff, intitulado Educação Rural. Na perspectiva antipoffiana, o meio rural é percebido como local propício ao ensino e aprendizagem, sendo eleito como local de sua atenção e implementação de estratégias pedagógicas. Helena Antipoff defendia o desenvolvimento de um modelo democrático de educação que pudesse contribuir com a população rural brasileira. Revisitar sua obra faz-se necessário num momento de grandes debates sobre a inclusão e ampliação de políticas públicas de educação e aplicação dos conhecimentos psicológicos a novos contextos.
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Este artigo examina alguns exemplos de discursos da cultura luso-brasileira dos séculos XVI, XVII e parte do XVIII que, a partir da analogia entre medicina da alma individual e medicina do corpo social, propõem tratamentos para o pathos manifesto na esfera pública. Trata-se de parte de um estudo em história das ideias psicológicas que enfoca os males da alma na cultura luso-brasileira em diálogo com o contexto mais amplo da cultura da primeira modernidade, em especial, da renovada tradição da arte da consolação. Conclui-se que a analogia entre a medicina da alma individual e do corpo social referendava variadas práticas psicológicas numa dinâmica entre atenção ao particular e ação no social.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.830)
- Conferência (1)
- Livro (520)
- Seção de livro (1.249)
- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)