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Em meio às atas e documentos do início das atividades da psicologia dos arquivos do Hospital São Pedro de Porto Alegre, foram encontrados os rascunhos de uma entrevista com a primeira psicóloga que começou a trabalhar no hospital, em 1949. Em pleno predomínio do modelo da psiquiatria clássica adotada no hospital, inseriu e sustentou atividades que se desviavam de um projeto de psicologia psiquiátrica ao qual havia sido destinada inicialmente. Estes fragmentos conferem à psicologia um início polissêmico que nos leva a pensar a potência da psicologia no presente em buscar novas entradas e saídas dentro do hospital psiquiátrico, tomando a Oficina de Criatividade como um espaço no interior do manicômio capaz de produzir novas práticas e saberes que se deslocam do esperado.
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Esse estudo tece algumas considerações gerais sobre a cultura de imagens na qual vivemos atualmente e busca avaliar a medida em que somos afetados por suas formas e conteúdos na vida cotidiana. A seguir, como paradigma, apresenta um pequeno acervo de representações visuais do elemento judaico e do “ariano”, publicadas no Der Stürmer, um jornal dirigido às classes populares na Alemanha, fundado por Julius Streicher em 1923, na cidade de Nuremberg. A publicação, que veiculava a ideologia nazista nos anos anteriores e durante o regime como um órgão independente, era prolixa em imagens. Com essa apresentação, demonstra-se a forma como as ideologias podem ser iconizadas ou “embutidas” no tipo de retórica visual empregada. Alguns aspectos da dinâmica psíquica envolvida nesse discurso visual são observados, avaliados em sua dimensão histórico-social, e a possibilidade de aplicação de análises dessa natureza a outros contextos é levada à consideração do leitor.
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O artigo busca analisar as implicações das biociências e biotecnologias sobre a subjetividade. A questão que nos move é a colonização tecnológica da vida e da inscrição da subjetividade no registro genético. Sob a tensão da possibilidade da extinção da resistência do biológico ao domínio humano, encaminhamos uma discussão sobre o bio-poder contemporâneo diagnosticado pelo apagamento das fronteiras entre normal e patológico. Através de um exame do papel da medicina no governo de si, fazemos comparações entre as técnicas e finalidades envolvidas no cuidado com a saúde no âmbito moderno e contemporâneo. A conclusão principal é que a alteridade do biológico é deslocada, ao invés de dissolvida. Na modernidade ela esteve ligada às paixões, desejos e sexualidade incontrolável, enquanto agora, está relacionada ao caráter probabilístico dos diagnósticos genéticos, que envolvem sempre uma incerteza diante da qual se deve optar.
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Partindo da constatação de que, no âmbito universitário, o estudo da história da filosofia é o caminho comumente privilegiado na aproximação aos temas e problemáticas filosóficas, o artigo tece algumas considerações em torno das conseqüências desta verificação para a própria filosofia. Ao mesmo tempo em que critica a significação hegeliana da história da filosofia, expõe e defende um procedimento metodológico que, ao retirar do discurso filosófico a função de lei ordenadora dos demais discursos, faz do seu estudo algo intenso e vivo — e não meramente objeto de fidelidade e probidade filológicas. Para tal fim, utiliza-se do conceito de pedagogia do conceito, referido ao percurso do filósofo Gilles Deleuze.
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O debate acerca do reconhecimento da alteridade por recém-nascidos tem tradicionalmente ocupado os esforços investigativos de diferentes teorias psicológicas. O presente artigo tenciona examinar duas posições prevalentes, discriminando-as no contexto da psicologia do desenvolvimento. De um lado, defende-se a hipótese de que bebês nascem num estado de indiferenciação com o ambiente e incapazes de discriminar entre estímulos internos e externos. Essa capacidade discriminatória estaria condicionada a um processo de construção progressiva e seria dependente de marcos específicos do desenvolvimento. De outro, sustenta-se que bebês nascem equipados com um senso de self rudimentar (self ecológico) e capazes de reconhecer o próprio corpo em ação como uma entidade organizada e diferenciada do ambiente. Dessa perspectiva, a habilidade para o reconhecimento da alteridade se daria muito precocemente na vida infantil. Após o exame dos principais argumentos que sustentam as posições citadas, pretende-se ainda descrever como promovem dois modos distintos de compreender a imitação neonatal.
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Neste artigo faz-se uma interpretação da história do Serviço de Aconselhamento Psicológico (SAP) do Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, abarcando o período de 1969 a 2002. Esta interpretação tem como eixo as continuidades e rupturas na constituição do projeto clínico-pedagógico do SAP, tendo em vista sua inserção na universidade pública paulistana. Este eixo, por sua vez, é atravessado pelas possibilidades e vicissitudes das políticas públicas de saúde e educação, especialmente na esfera da saúde mental e do ensino superior. Por esta razão, a reforma psiquiátrica e a reforma universitária são também tematizadas em suas conexões com a história do SAP.
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A psicologia enquanto atividade de conhecimento parece não incluir a questão da alteridade, pois, supostamente, quando conhecemos, não conhecemos um outrem, mas um objeto. Na história da psicologia teórica e experimental podemos destacar um problema, o qual portaria a questão da alteridade, e que nos serviria para reler a história da relação pesquisador e participante, a saber: o fenômeno das falsas lembranças. A psicologia experimental, ao considerar a falsa lembrança como uma falha do sistema de memória, estabelece uma relação sujeito-objeto característica da ciência natural, a qual não envolve a alteridade. Por sua vez, no tribunal torna-se importante poder distinguir o “perjúrio” de uma “falsa lembrança”. Ambas esferas colocam em cena um operador – o júri, o juiz, que julga o caráter de verdade ou falsidade dos comportamentos. Na história da psicologia esse ponto de vista sempre se estabeleceu como uma razão a posteriori, como, por exemplo, no behaviorismo e no gestaltismo.
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É possível dizer que Bomfim antecipou algumas ideias posteriormente correntes na psicologia, como as de Vigotski e Piaget, assim como as de Ernst Bloch e Antonio Gramsci na interpretação da sociedade. Nesta obra, aborda temas como: simbolização, símbolo, funções na literatura e na linguagem, pensamento e expressão.
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O artigo reconstrói os vínculos entre a gênese teórica e a gênese social de conceitos e dispositivos da Análise Institucional francesa, entendida como regime de verdade, prática e subjetivação, durante seus "anos de inverno" - expressão inspirada em Félix Guattari, que, através dela, retrata o mundo contemporâneo. Um destaque especial é dado aos conceitos de implicação e sobreimplicação, conforme concebidos por René Lourau. As considerações finais esboçam questões sobre a Análise Institucional no Brasil, particularmente em suas relações com a Universidade. Presume-se então que a 'dobra sobre si' efetuada pela Análise Institucional esteja necessariamente relacionada a um 'desprendimento de si'.
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O karate-do é uma arte marcial de origem japonesa que tem como objetivo principal formar o caráter do praticante. A presente investigação explora percursos históricos, técnicos, conceituais e vivenciais das idéias psicológicas identificadas como inerentes ao karate, visando conhecer seus estratos de base. Para tanto, o estilo shotokan do karate, fundado por Gichin Funakoshi, é analisado pelo prisma de pensamento de seu discípulo Masatoshi Nakayama, um dos responsáveis pela diáspora mundial da arte. A essência do karate é expressa pelo conceito de kime que define formas determinadas de ação em função de exigências materiais e intencionais. O conceito de sun-dome contrapõe-se ao kime, correspondendo a uma necessária contenção da intenção inicial. O equilíbrio de kime e sun-dome resulta no controle de si. Sob tais conceitos emerge zanshin, o espírito de luta, que possibilita o acesso à essência do karate-do.
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O “muito de possível” − epistemológico, ético, estético e político − implicado na relação com Sylvia Leser como orientadora é sugerido no texto por meio do relato de memórias da autora, bem como da transcrição de parte de sua tese de doutorado intitulada “No rastro dos ‘cavalos do diabo': memória e história para uma reinvenção de percursos do paradigma do grupalismo-institucionalismo no Brasil”, defendida em 2002, no Instituto de Psicologia da USP. Nesse intuito, foi utilizado um andamento de inspiração musical − atrever-se, conviver, escrever, ouvir e ler, prolongar −, capaz de se aproximar minimamente da oralidade, marca singular do vínculo de afeto-pensamento entre orientador e orientando.
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As pesquisas sobre a história das práticas psi no Brasil, quando fazem menção à Análise Institucional (AI), primam por incorporar a trajetória desse paradigma ao processo de difusão da psicanálise. O presente trabalho é parte de uma investigação dedicada a elaborar uma história diferente. Com tal intuito, privilegiamos o estudo de momentos e núcleos organizacionais em que hipotetizamos ter a AI produzido efeitos diferenciais na formação e modos de intervenção dos agentes. Dentre esses núcleos, destaca-se o Setor de Psicologia Social da UFMG, que, desde os anos 1960, incorporou a AI francesa como um de seus referenciais, e recebeu, em 1972, a visita de Georges Lapassade, um dos criadores do paradigma. Tomando a visita de Lapassade como analisador, buscamos uma apreensão analítico-crítica do funcionamento do Setor. Para tanto, além de apelar à tradicional documentação escrita, colhemos histórias orais de vida de seus antigos participantes.
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O artigo descreve vicissitudes históricas do Psicodrama no Brasil, tomando como marcos cronológico-institucionais o V Congresso Internacional de Psicodrama e Sociodrama (1970) e a promoção, em 2001, pela prefeitura da cidade de São Paulo, do evento “Ética e Cidadania”. O principal objetivo do texto é analisar os nexos entre Psicodrama e poder, em consonância com a proposta da Análise Institucional.
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O texto descreve a trajetória de Jean Piaget e sua contribuição em três importantes institutos de estudo da psicologia. São eles: o Instituto Jean-Jacques Rousseau (IJJR), Bureau Internacional de Educação (BIE), e o Centro Internacional de Epistemologia Genética (CIEG). No primeiro, as pesquisas de Piaget contribuíram para o conhecimento dos estágios do pensamento da criança, além de ter sido o responsável pela transformação de instituto em uma instituição puramente científica e, atuando como diretor, ter separado a psicologia da pedagogia. No segundo, Piaget mostra-se como um pesquisador engajado politicamente. O CIEG, por fim, foi uma criação do próprio Piaget, sendo um lugar de intercâmbio de informações de especialistas de diversas áreas visando o aprofundamento em pesquisas e estudos. É neste instituto que Piaget conclui, finalmente, sua teoria. O texto também aborda as mudanças ocorridas em cada um desses institutos, em relação tanto à estrutura quanto aos objetivos principais, ao longo dos anos.
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O artigo apresenta uma entrevista realizada com uma paciente do Instituto Municipal Philippe Pinel a partir da experiência de desinstitucionalização de pacientes de longa permanência nesta instituição. Traz um pequeno histórico da História Oral, apresentando-a como uma metodologia de pesquisa primordial de resgate de narrativas esquecidas dos pacientes há muito institucionalizados. Neste âmbito, a História Oral promove a valorização dos relatos daqueles que vivenciam o processo de mortificação promovido pelo manicômio. Conclui utilizando noções trazidas por Bourdieu, Basaglia e Foucault, de modo a potencializar as narrativas fragmentadas, a encontrar na instituição o poder de mortificar e, sobretudo, a reconhecer a resistência que encontramos à cronificação, por parte do pacientes “institucionalizados”.
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Contrariando o modo como se costumava pensar na psicologia clássica, veremos que o afeto não é apenas um colorido que se acrescenta ao agente cognitivo, mas o próprio formador do sujeito, enquanto afecção de si por si. Em suas pesquisas sobre a consciência, Francisco Varela se depara com um domínio pré-pessoal, coexistente aos fluxos de consciência enquanto tal. Esse domínio, que é o das tonalidades afetivas, se cola à própria subjetividade. O afeto como nível pré-reflexivo faz parte de uma dinâmica, denominada por Varela e Natalie Depraz ‘dinâmica da dobra’. Essa dinâmica opera uma transição do nível pré-reflexivo ao reflexivo, do pré-atento ao atento, do pré-egológico ao egológico. Essa dobra possui um duplo eixo, um que se baseia na emergência da reflexão nela mesma e que conduz ao conteúdo cognitivo; outro que se baseia na auto-afecção e que conduz a predisposições básicas e a uma gama específica de emoções. A auto-afecção será atravessada pela alteridade, sendo, a valência afetiva, a manifestação mais imediata dessa alteridade, e que dará nascimento a disposições básicas. Desse modo, é o afeto que funda a cada momento a emergência da consciência. Há nesse ponto de vista uma avaliação primordial constitutiva da experiência e não uma neutralidade primária.
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