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Este trabalho apresenta uma reflexão sobre a relação entre o postulado da intencionalidade da consciência, proposição maior da Fenomenologia, e a experiência da meditação. Distingue a meditação, como experiência humana vivida a partir de uma consciência intencional (consciência-de) e a meditação vivida como experiência do vazio da consciência-de (consciência pura, silêncio absoluto). Identifica, na linguagem da espiritualidade mística, a primeira, como uma experiência de não-dualidade e, a segunda, como uma experiência de unidade, e aponta que o percurso para se viver uma e outra se inicia a partir da consciência mundana, que se crê dual, que separa sujeito e objeto, observador e observado, pensador e pensamento. Coteja as concepções ocidental e oriental de consciência, eu, vazio e vacuidade e registra a relação entre consciência e liberdade. Encontra, na poesia, a linguagem que melhor expressa a experiência da meditação, sobretudo a vivida como vazio da consciência-de, como consciência pura, silêncio absoluto.
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O artigo busca elucidar alguns elementos da relação entre Dilthey e Husserl concernentes ao tema da psicologia descritiva. Para ambos os autores, a investigação das formações culturais exige, para sua fundamentação, a abordagem da vida psíquica do sujeito. Em primeiro lugar, o artigo expõe alguns elementos históricos da relação entre Husserl e Dilthey. Em segundo lugar, apresenta o projeto de Dilthey em sua obra Ideias para uma psicologia descritiva e analítica. Ao final, é discutida a avaliação de Husserl frente às concepções de Dilthey, bem como as diferenças e as relações entre a concepção hermenêutica de Dilthey e a concepção da psicologia fenomenológica husserliana, entendida como ciência eidética.
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A expansão dos cursos de Psicologia e a aceitação social desta ciência e profissão no Brasil, a partir da década de 70 do século passado, possibilitaram a criação de veículos de comunicação que facilitassem a difusão de conhecimentos e de fazeres psicológicos. A revista Psicologia Atual começou a ser publicada em 1977 e perdurou até 1986, sob a responsabilidade do Grupo Editorial Spagat. A presente pesquisa teve por objetivos identificar diferentes conteúdos associados à Psicologia Humanista publicados na revista, as diferentes abordagens teóricas veiculadas por ela, os seus proponentes e depreender significados que lhe eram atribuídos. Os conteúdos identificados foram categorizados em artigos, entrevistas, publicidade e reportagem. A seguir foram identificadas abordagens teóricas às quais as inserções se referiam. Os dados foram analisados pelo método descritivo-interpretativo. Os resultados indicaram um expressivo número de publicidade, em diferentes modalidades. A maior parte delas se referia ao Psicodrama, seguido pela Gestalt-Terapia e pela Abordagem Centrada na Pessoa. Em menor número, identificaram-se artigos e reportagens que tratavam de temas contemporâneos à época. Conclui-se que a difusão da Psicologia Humanista, por vezes estava associada à práticas corporais ou não psicológicas e que representou uma possibilidade de liberdade de expressão frente ao cenário político daquele contexto histórico.
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O artigo que segue apresenta a relação entre a loucura e a sociedade no Brasil ainda colônia, seguido da análise das mudanças ocorridas neste campo com a chegada da família real, período imperial e a recém proclamada república. Destas mudanças, vê-se no ato da maioridade de Pedro II a primeira legislação que relaciona saúde mental e tratamento, necessariamente hospitalar. Estudamos aqui as legislações de caráter nacional e as alterações na formatação da assistência em saúde mental decorrentes das mesmas no período compreendido entre os anos de 1841 e 1930, com paralelo ao estudo e evolução do alienismo e da psiquiatria nascente como disciplina médica, bem como campo de conhecimento crescente.
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A pesquisa objetivou apreender fenomenologicamente a experiência de pessoas atendidas em um Centro de Atenção Psicossocial em Álcool e Drogas no contexto da prática de Acolhimento. A estratégia de análise consistiu na construção de narrativas intersubjetivas que possibilitaram descrever, compreender e interpretar elementos da experiência vivida pelos clientes. A síntese das narrativas evidenciou elementos significativos: sentimentos ambivalentes sobre o consumo de drogas; esperança de recuperação; percepção distorcida em relação a si mesmo, denotando dificuldade no contato com a realidade; importância dos relacionamentos interpessoais no desencadeamento da dependência às drogas e também no processo de recuperação; angústia como elemento desencadeador para buscar ajuda profissional. Foi constatada a relevância de se disponibilizar um encontro dialógico como facilitador para que o cliente possa resgatar o contato consigo mesmo de maneira mais realística e assim aderir ao tratamento.
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A psicanálise foi introduzida no Brasil a partir de 1920 contribuindo para o surgimento de novas práticas de atenção à saúde da criança. Assim, o presente artigo tem por objetivo discutir a articulação entre a psicanálise e as práticas voltadas à saúde mental da criança surgidas a partir de 1930 por intermédio da obra de Durval Marcondes, pioneiro na difusão e utilização na psicanálise no Brasil. Foi realizada uma pesquisa histórica a partir de levantamento da obra de Durval Marcondes e da equipe por ele liderada circunscrita no tema em epigrafe. A partir deste material identificou-se que a partir da articulação entre higiene mental, escola nova e psicanálise, desenvolveu-se um serviço pioneiro de atendimento à crianças com problemas escolares sustentado na avaliação diagnóstica e na orientação de pais e professores. Conclui-se que este trabalho introduziu a diferenciação entre criança com déficit cognitivo e problemas emocionais e lançou as bases das intervenções psicodiagnóstica e psicopedagógica.
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A interpretação das imagens fornecida pela psiquiatria tem uma longa história baseada em categorias psicopatológicas da arte. Os discursos escritos sobre as obras de arte criadas dentro de hospitais psiquiátricos brasileiros entre 1946 e 1956 promoveram formas sociais e históricas específicas de percepção. Este artigo busca discutir o problema concernente aos discursos e imagens em três hospitais brasileiros (Juquery/SP, Engenho de Dentro/RJ e Juliano Moreira/RJ), nos quais diferentes formas de perceber e interpretar as imagens são encontradas. No campo de estudos da psicologia social das imagens, tenta-se pensar como a iconologia crítica pode ajudar a compreender as “imagens do inconsciente”.
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Este estudo analisa dois importantes artigos escritos por Miguel Rolando Covian – Ciência, técnica e humanismo e Ciência e religião – onde o autor aborda a questão do conhecimento humano e os complexos aspectos constituintes da realidade. Dada a crise humanística e a hipertrofia do olhar que caracteriza a cultura moderna, Covian propõe, à luz das contribuições oferecidas por Aristóteles e José Ortega y Gasset, expandir o uso da razão humana considerando a multidimensionalidade do real e como subsequente decorrência, a complementaridade dos saberes. Deste modo, um fecundo intercâmbio dos resultados obtidos através das investigações científicas e filosóficas aparece como princípio epistemológico necessário que permite ao Homem elaborar um esboço mais adequado do mundo enquanto tal.
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Um posicionamento semelhante pode ser encontrado na psicologia da Gestalt e na teoria metapsicológica de Freud a respeito da necessidade das teorias psicológicas incluírem hipóteses especulativas sobre os processos cerebrais que subjazem aos fenômenos psíquicos. Os argumentos dessas duas teorias permitem que se extraiam certas reflexões relevantes para a situação e o contexto atual da psicologia, no qual os limites e as inter-relações entre psicologia e biologia ainda são alvo de polêmica. Nesse artigo, os modelos teóricos propostos por Freud e pela psicologia da Gestalt para explicar a relação entre o mental e o neural são retomados e discutem-se alguns de seus argumentos sobre a necessidade desses modelos incluírem conjecturas sobre a base orgânica dos processos psíquicos, feitas a partir da observação dos fenômenos de consciência. Em suma, pretende-se abordar alguns pontos de vista teóricos dessas duas teorias que são, em geral, pouco enfatizados na história da psicologia e que podem ser ainda relevantes para o contexto atual da disciplina.
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Apesar das heterogeneidades encontradas em meio à categoria espiritual preto-velho, não há ainda investigações sistemáticas sobre o assunto. Assim, objetiva-se analisar o simbolismo e os usos e alcances etnopsicológicos de uma subcategoria “desviante”: os pretos-velhos da mata. Para tanto, desenvolveu-se trabalho de campo em um terreiro de umbanda a partir da escuta participante, desdobramento do método etnográfico concebido pelo aporte da psicanálise lacaniana, e foram realizadas entrevistas semiabertas com médiuns e suas entidades. Os pretos-velhos da mata revelaram-se espíritos insubordinados que desafiam dicotomias ao fundirem num único personagem pretos-velhos e exus, oferecendo aos seus devotos instrumental simbólico para a elaboração de vivências pessoais e memórias sociais conflitivas que os constituem sujeitos no mundo e no tempo.
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Este trabalho tem como objeto de estudo investigações que se desenvolvem como um percurso metodológico no âmbito da Cátedra Joel Martins e que focam a experiência dos sujeitos que vivenciam a indissociável interface saúde–educação numa perspectiva inter/multi e transdisciplinar. Objetiva enfatizar que a consciência pré-reflexiva e pré-objetiva presente nos discursos fenomenológicos mostra-se de forma especial para compreensão dos modos pelos quais os sujeitos envolvidos na investigação vivenciam seu fazer, formulam sentidos, produzem conhecimentos. Como suporte metodológico, a fenomenologia hermenêutica propiciou a leitura compreensivo/interpretativa das pesquisas apresentadas. Como resultado desta leitura salienta: a necessidade de uma postura crítica nas investigações sistemáticas; o discernimento de que é possível fazer ciência a partir da experiência vivida e da intervenção na realidade concreta. Conclui ainda que a construção de conhecimento, de ações educativas humanizadoras e de cuidados constitui-se num fazer transformador em constante (re)construção.
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O argumento da simplicidade da alma tem uma elevada aceitação entre os filósofos racionalistas que objetivam fundamentar a tese da imortalidade da alma. Este é o caso de Mendelssohn, que, ao revigorar o Fédon de Platão, aprimora este argumento, bem como a demonstração da incorruptibilidade da alma. Entendido como uma notável referência no Iluminismo alemão, confrontamos seus argumentos com as objeções kantianas às provas teóricas da imortalidade da alma. Assim, constatamos que seu argumento da simplicidade da alma pode ser compreendido entre aqueles que Kant qualifica como paralogismo transcendental, e que sua defesa da incorruptibilidade da alma não se sustenta, quando se respeitam as condições de uso objetivo dos conceitos puros do entendimento. Ao articularmos estas discussões, podemos esclarecer a sagacidade de Mendelssohn e ressaltar a precisão das objeções de Kant, as quais são decisivas no desenvolvimento histórico da psicologia.
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Esse artigo aborda o tema da infância e adolescência abandonadas no Estado de São Paulo, por meio de pesquisa que vem sendo realizada sobre o cuidado dispensado às crianças e adolescentes de uma instituição que funcionava no interior do Estado de São Paulo. A memória do trabalho realizado nessa instituição vem desaparecendo da vida da comunidade em meio a qual, ele surgiu. Essa pesquisa visa também o resgate de facetas da memória, da história da criança e do adolescente no Estado de São Paulo. Como método de pesquisa foi empregado a historiografia da ciência. Utilizou- se do procedimento de entrevistas de ex-funcionários e ex-internos, além do levantamento de fontes primárias, como documentos e jornais da época. A análise dos documentos revelou a existência de um projeto educacional bem sucedido, estabelecido em fundamentos claros, passíveis de execução e autossustentável, que sofreu processo de desmanche a partir da década de 70.
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O presente trabalho pretende examinar como Freud considera a memória humana e seu funcionamento. Para isso, faz-se uma leitura atenta de alguns estudos que são marcos do pensamento freudiano acerca do tema. Para a compreensão deste fenômeno em sua totalidade, uma vez que o autor parte do pressuposto que o conteúdo esquecido não fora eliminado e perdido, mas encontra-se no tão obscuro e desconhecido inconsciente individual, é necessário investigar desde o início de sua obra as teorias formuladas por ele que de uma maneira ou de outra envolvem a memória como um fator causal das atitudes humanas propondo uma pesquisa panorâmica e não exaustiva do funcionamento mnêmico. Enfim, faz-se uma história conceitual da memória humana na teoria freudiana.
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O presente artigo visa analisar, a partir dos laudos psicológicos do acervo documental do Serviço de Orientação e Seleção Profissional – SOSP/UEMG, a queixa escolar registrada em diagnósticos e encaminhamentos de alunos das séries iniciais, datados do período correspondente aos anos de 1950 a1959, por meio da abordagem metodológica da pesquisa documental. Observou-se, nos laudos analisados, que o discurso da queixa escolar na década de 1950 sustentava-se em teorias científicas e práticas psicométricas centradas nas características psicológicas e psicopatológicas do aluno e de sua família, situando como causas principais os fatores orgânicos, déficit intelectual, problemas emocionais e de relacionamento familiar.
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O artigo tem como objetivo relatar parcialmente uma pesquisa da memória social de idosos da cidade de Seropédica, no Rio de Janeiro, sobre transformações ambientais pelas quais passou a região nas últimas décadas, particularmente no que se refere à transição de uma sociedade tipicamente rural a uma sociedade urbanizada com resquícios de ruralidade. Os procedimentos teórico-metodológicos que fundamentam a pesquisa empírica foram articulados numa perspectiva psicossocial integrada aos estudos da memória. Os entrevistados foram 40 mulheres e 5 homens moradores da cidade de Seropédica, frequentadores do Núcleo da Melhor Idade do referido município. Os idosos tinham idade entre 55 e 80 anos. A coleta de dados foi feita por alunos de graduação em Psicologia da UFRRJ que utilizaram um roteiro de entrevista semiestruturado e o método de história de vida. Os dados foram analisados em busca de regularidades e da saturação dos conteúdos da memória social da região.
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O artigo discute na perspectiva da história dos saberes psicológicos, a contribuição de Agostinho de Hipona ao propor a narrativa autobiográfica como forma de conhecimento de si mesmo. Evidencia quanto assinalado por alguns intérpretes contemporâneos deste autor, acerca da importância de suas concepções para as atuais discussões acerca de narrativa autobiográfica e subjetividade. Delineia o envolvimento de todas as componentes do dinamismo psíquico (afetos, memória, entendimento e vontade) na elaboração do conhecimento de si mesmo e na escrita autobiográfica, segundo Agostinho. E por fim, mostra que, segundo esta concepção, conhecimento de si e narrativa autobiográfica possuem uma importante dimensão existencial: conhecimento de si mesmo coincide com a cura de si mesmo.
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- Artigo de periódico (1.670)
- Conferência (1)
- Livro (423)
- Seção de livro (1.091)
- Tese (494)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (342)
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Entre 2000 e 2025
(3.333)
- Entre 2000 e 2009 (982)
- Entre 2010 e 2019 (1.578)
- Entre 2020 e 2025 (773)
- Desconhecido (4)