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Costuma-se afirmar que Henri Berr foi o primeiro autor que usou o termo psicologia histórica, em 1899. Desde então, citações a ela têm sido recorrentes na literatura acadêmica mundial. No Brasil, porém, a primeira menção até agora localizada data de 1877. Entre esta citação e o reaparecimento do termo, em 1978, surgiram vários títulos estrangeiros -alguns dos quais traduzidos para o português. A partir da década de 1980, psicologia histórica foi tema de artigos e figurou como disciplina em cursos de psicologia, em nível de graduação e pós, tema de dissertações e de apresentações em congressos. O objetivo do artigo é traçar os primórdios da psicologia histórica tal como comumente aceita e apresentar dados sobre sua história no Brasil, mencionando alguns de seus autores e pesquisadores.
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O artigo pretende destacar algumas temáticas explicitadas na parresía dos Cínicos e apontar seus possíveis efeitos, no presente, sobre as práticas psicológicas. Debatido por Foucault no curso A Coragem da Verdade, o heroísmo filosófico do cínico estava em levar as determinações filosóficas às últimas consequências, mostrando-as na própria pele. A exigência de uma vida outra para um outro mundo, a experiência histórico-crítica da vida e a militância cínica são aqui trazidas em suas possíveis relações com as práticas da psicologia social que se proponham genealógicas e éticas, em contraponto com as que confiscam e/ou anulam o problema da verdadeira vida.
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Michel Foucault esteve por cinco vezes no Brasil, sempre durante os anos da ditadura militar: 1965, 1973, 1974, 1975 e 1976. Essas viagens são razoavelmente conhecidas mediante conferências publicadas e notícias divulgadas na grande imprensa. A última estada de Foucault em nosso país, no entanto, tem características singulares: após seus protestos, em 1975, quando do assassinato do jornalista Vladimir Herzog nos porões do DOI-Codi, o filósofo julgava que não obteria novo visto de entrada. Sendo assim, em 1976, ele contorna os "grandes centros" e visita apenas cidades do Nordeste e Norte brasileiros. O presente artigo procura reconstituir esse percurso menos conhecido de Foucault no Brasil, recorrendo, para tanto, a entrevistas sob o paradigma da história oral com alguns daqueles que com ele conviveram à época, associadas ao divulgado na imprensa alternativa. A reconstituição empreendida sugere não ser uma simples fantasia a vigilância sobre Foucault desencadeada pela ditadura militar, em parte responsável, talvez, pelo fato de o filósofo não mais haver retornado ao Brasil após 1976. Nesse aspecto, as narrativas orais ensejaram caminhos de pesquisa inicialmente não previstos, como a consulta aos documentos do Serviço Nacional de Informações (SNI) disponíveis no Arquivo Nacional.
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O presente estudo realiza uma revisão histórica das práticas que vigoram em diferentes sistemas de reclusão destinados a crianças e adolescentes, desde o período do Brasil colônia até os dias atuais. Neste percurso, destaca-se a privação de liberdade dos adolescentes, decorrente do cometimento de atos infracionais e busca-se compreender como os jovens internados, e também os trabalhadores vinculados às instituições de atendimento a tal público, são marcados pelos discursos que circulam na esfera social. Ao caracterizar o cenário que compõe as atuais instituições responsáveis pela execução da medida de internação, a análise aborda os princípios da proposta socioeducativa e discute sua consolidação nas práticas cotidianas, diante de uma história punitiva que marcou tanto o corpo de adolescentes quanto o de profissionais.
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A proposição deste artigo é apontar como campo de problematização a presença dos palhaços em organizações hospitalares, pois entendemos que tais intervenções visam a produção de ofertas de conteúdos relacionados às práticas discursivas da psicologia e da medicina, e que os efeitos de objetivação destas ações oferecem novas materialidades para os atuais processos de subjetivação dos indivíduos e para o surgimento de formas de racionalidades políticas - conceito que Foucault lança para pensar os saberes que se propõem a um governo das condutas humanas. Para essa discussão, tomamos, como material de análise, as práticas discursivas da psicologia e da medicina a respeito dos palhaços que respondem a certas demandas das organizações não governamentais. Essas práticas surgem na década de 1980, nos Estados Unidos da América, e, a partir dos anos 1990, consolidaram-se nos hospitais do Brasil e em vários outros países do mundo. Trabalharemos, pois, neste texto, com a hipótese de que o riso emerge nestas intervenções como elemento de uma estratégia de governança das condutas humanas em que a atuação do palhaço é estratégica para o processo de humanização da saúde.
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Este artigo discute questões da clínica e da rede de saúde mental, problematizando a prática de supervisão em seu surgimento na psicanálise e as concepções freudianas acerca das massas. Assim, são lançados outros olhares para os agrupamentos humanos. Assuntos inicialmente díspares – supervisão e grupos – são conectados, trazendo uma experiência singular, concreta, de uma supervisão coletiva e autogestiva. Valeu-se de formulações singulares que emanam dessa experimentação e de conceitos como grupo-sujeito, grupo-sujeitado e transversalidade. Seguiu-se uma incursão no campo da saúde mental, apresentando o exemplo dos CAPS e de uma portaria que estimula a qualificação do serviço através da destinação de incentivos financeiros, inclusive para contratação de supervisores. Por último, destacou-se o termo “supervisão clínico-institucional” para discutir o lugar do institucional a partir de referências da Análise Institucional e propor um dispositivo de supervisão clínico-institucional em grupo que seja inclusiva, não centralizadora e promotora de novos agentes de saúde.
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Tradução de GROS, F. À propos de l’herméneutique du sujet. In: LE BLANC, G. & TERREL, J. Foucault au Collège de France: un itinéraire. Bordeaux: Presses Universitaires de Bordeaux, 2003, p. 149-163. Tradutor: Alessandro Francisco.
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O estudo de Ética de Spinoza, através de Deleuze, é ponto de partida para compor uma rede, na qual o aprender escapa das polaridades sujeito-objeto e das tramas da representação. Indicada pela concepção de individuação e logo problematizada pelos lugares de autoria e de autor, procura em seu emaranhado, assinalar as possibilidades de reverter a individualização. A tentativa de urdir com uma diversidade de conceitos no âmbito da filosofia da diferença, tais como gênero de conhecimento, dimensões da individuação, plano de imanência, dentre outros, faz com que a trama seja tomada de intensidades que convocam outras proposições - o tempo-duração, o fora. Desse modo, o texto ‘destecido’ mantém-se como um todo-aberto.
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O objetivo deste artigo é discutir o funcionamento da guerrilha a partir do conceito de máquina de guerra de Deleuze e Guattari. Introduzimos esta figura conceitual por considerá-la contributiva para pensar o funcionamento dos movimentos de resistência frente à lógica instituída de Estado. Para empreender tal reflexão seguimos o método cartográfico e realizamos uma revisão bibliográfica sobre a literatura produzida relacionada à guerrilha armada no Brasil. Compreendemos que a guerrilha foi o dispositivo que materializou o imaginário da transformação social em um período de extrema opressão, operando em uma luta contra a ditadura militar numa prática de transgressão do instituído. Pensar a guerrilha como máquina de guerra é trazer tanto seus aspectos instituintes e de desterritorialização, como os processos de captura e seu potencial de abolição, que pode chegar a traçar as linhas de uma máquina de guerra suicida.
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Neste texto lança-se a ideia de que a delinquência feminina se constituiu como problema por caminhos diferentes dos trilhados pela delinquência masculina, e que estas vias se encontraram, no contemporâneo prisional, a partir da indústria do medo. Para tanto são tratados aspectos da ética e da resistência de mulheres aprisionadas, além de apresentar um esboço genealógico remontando à figura de Rosa Virgínia Pelletier e passando pela Capela do Bom Pastor, situada na Penitenciária Feminina Madre Pelletier, em Porto Alegre, a partir de insuspeitados laços tecidos entre esta casa prisional, a Igreja Católica e a criminalidade feminina. O texto finaliza em aberturas apontadas a partir de alguns traços de resistência das mulheres aprisionadas, as pr(inc)esas.
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Este artigo propõe uma análise das práticas do UNICEF que estão articuladas com uma rede de maneiras de governo das condutas, por meio da estatização da população, da governamentalização do Estado, da descentralização das políticas públicas e sua relação com as organizações não governamentais, fundações, institutos, universidades, entidades religiosas, assessores, editoras, conselhos de direitos e profissionais, pesquisadores e grupos de pesquisa, bancos mundiais e outros órgãos do Sistema Nações Unidas. Especificamente, o Fundo das Nações Unidas para a Infância se voltou para crianças e adolescentes, classificados como em perigo e perigosos, de países em desenvolvimento. Interrogamos a gestão da vida por meio da produção da verdade e dos efeitos de poder de uma biopolítica em que empresariamento e investimento se tornaram racionalidades de proteção da infância, entrecruzando direitos com economia política.
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Este trabalho reapresenta a crítica de Hume ao argumento do desígnio para mostrar que ela não se reduz a uma espécie de querela entre teísmo e ateísmo, procurando destacar o entrelaçamento existente entre a recusa do raciocínio finalista e a crítica ao determinismo teológico e científico. Os textos revisitados são Diálogos da Religião Natural, A Investigação sobre os princípios da moral e o escrito intitulado História Natural da Religião, além de outros ensaios. O que mais justifica tal pesquisa é a possibilidade da retirada de Hume do rol dos iluministas e teólogos, bem como do rol dos filósofos da ciência experimental do seu tempo.
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O presente artigo focaliza o Movimento Nacional de Luta Antimanicomial com base na memória dos usuários dos serviços de saúde mental. As reflexões de autores como Michel Foucault, acerca da transformação das instituições de reclusão em locais específicos para loucos, Friedrich Nietzsche sobre a constituição da memória social e Boaventura de Sousa Santos, sobre a diversidade epistemológica do mundo foram fundamentais para entender como a ciência vem abordando a loucura ao longo da história e como se constituiu a memória dos usuários.
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A ampliação para a educação infantil da máxima “criança tem que estar na escola!” é efeito da luta pelo direito à educação. A partir da experiência cotidiana e de pesquisas problematizamos a intervenção do discurso legal para crianças de zero a cinco anos, a demanda por sua institucionalização e a padronização de procedimentos em nome do direito universal. Tendo como referência conceitos propostos por Foucault, discutimos os enquadramentos próprios às práticas normalizadoras, dando ênfase às tensões presentes nas múltiplas formas de exercício de poder na escola. Propomos pensar a educação infantil como uma construção e não como uma adequação, como espaço demudanças, insurreições, desnaturalizando concepções afirmadas como verdades inquestionáveis. A obrigatoriedade a esta etapa da educação escolar é um convite para deslocar-se do instituído, afirmando um olhar sensível para o entorno e os devires, como condição para uma política educacional libertária.
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A esquizoanálise da ergonomia refere-se ao cruzamento entre as aparelhagens teórico-técnicas da esquizoanálise e da ergonomia. Explora-se essa intercessão que se promove, primeiramente, pela obra “capitalismo e esquizofrenia”, de Gilles Deleuze e Félix Guattari, com a abordagem d’ “Os sistemas homens-máquinas” por Maurice de Montmollin. Discutem-se os princípios de intervenção e as interferências políticas produzidas no campo social pela ergonomia nos meios de trabalho. Trata-se assim do desenvolvimento da conceituação de sistemas em ergonomia. Por outro lado, acompanha-se o desenvolvimento da crítica ao conceito de estrutura em esquizoanálise pela emergência dos conceitos de máquina e agenciamento. Por fim, considera-se a apropriação, por Deleuze e Guattari, do conceito de sistema homens-máquinas para pensar a história do capital e do Estado, em função de uma problematização das práticas de análise do trabalho no presente.
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Edith Stein (1891-1942) foi uma proeminente discípula de Edmund Husserl (1859-1938), fundador da corrente teórico-metodológica da Fenomenologia. Seguindo de maneira fiel ao mestre, contudo fornecendo contribuições autênticas à escola fenomenológica, Stein ocupouse principalmente da temática da estrutura da pessoa humana e da fundamentação daquelas ciências que possuem o homem como objeto de estudo. Dentre estas ciências, destaca-se a Psicologia Científica. Nesse sentido, o objetivo desta pesquisa foi realizar uma análise acerca da fundamentação filosófica e antropológica que a fenomenologia de Edith Stein pode apresentar para a Psicologia Científica, no que tange à problemática da definição do objeto e método desta ciência. Dentro da perspectiva da Historiografia da Psicologia Científica, utilizamos como fonte primária a obra Introdução à Filosofia de Stein. Nesta obra, uma das principais questões colocadas pela autora é compreender o que é a natureza e a subjetividade e como é possível conhecê-las. Ao discuti-la, Stein propõe uma nova concepção de subjetividade, ancorado no conceito de pessoa humana, que contempla a própria corporeidade e a constituição tripartida, porém essencialmente unitária, da pessoa. A alma constitui o princípio vital, sinal de uma interioridade formada pela estrutura psíquica que, por sua vez, possui qualidades sensíveis e espirituais. É possível apreender e conhecer a vida anímica de uma pessoa por meio da expressividade de seu corpo, através das vivências intencionais da percepção externa, percepção interna e empatia que devem, portanto, ser consideradas na metodologia das ciências que pretendem o conhecimento de pessoas humanas. Pudemos concluir que a obra analisada pode ser inserida no núcleo das discussões ainda presentes na Psicologia, podendo lançar luzes, em questões referentes à origem do conhecimento; à natureza da pessoa, suas semelhanças e diferenças em relação aos outros animais; a evidenciação da estrutura espiritual humana, contemplando a questão da liberdade e da volição, assim como sua relação com os aspectos psíquicos (cognitivos e afetivos) e sensíveis; a unidade essencial psicofísica e espiritual da pessoa; a constituição da personalidade; o conhecimento de outras pessoas e de si mesmo; e a ação do homem no mundo. Além disso, as análises de Stein presentes nesta obra nos fornecem esclarecimentos epistemológicos referentes às ciências da subjetividade, as possibilidades de interdisciplinaridade e a observação à autonomia de cada área.
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O presente trabalho tem como objetivo abordar a forma como se constelaram as angústias de influência para que Winnicott se tornasse o autor que conhecemos em resumo, como se passou a autorização de Winnicott. Suponho que a obra escrita de um autor é a ponta visível de um processo que denominei autorização; a ideia é que todo autor lida, em alguma medida, com angústias associadas à significação que o escrever e/ou o ser-autor assumem para ele. Essa autorização conflui, do ponto de vista assumido aqui, com um reconhecimento e uma afirmação de si perante os pares e as figuras de autoridade que retomam, na chave do grupo de destino da escrita do autor, as questões que a criança tem na fase edípica; tal leitura remonta em muito ao tema da angústia de influência, trabalhada por Harold Bloom, e ao testemunho que Ronald Britton oferece da mesma problemática em relação ao meio psicanalítico. No caso singular de Winnicott, considero o processo de autorização como estando muito relacionado à busca por autenticidade; esta, por sua vez, é entendida como associada ao próprio reconhecimento da existência e da legitimação das formas singulares de afirmação do autor. À sua maneira, Winnicott parece colocar em novos termos a questão em torno da autoridade, na medida em que subverte a problemática da submissão a uma lei maior que funcionaria como tabu a questão passaria por criar uma via própria, singular, por equacionar os imperativos estabelecidos, mas, nesse mesmo gesto de reconhecimento, ele incute uma inovação. A formulação final a que chego, tendo em vista esses aspectos, é que a liberdade de leitura ou a incorporação criativa da tradição ocupam em Winnicott o lugar que a infelicidade cotidiana ou a aceitação da castração assumem em Harold Bloom; na autorização winnicottiana, a liberdade e a idiossincrasia parecem ocupar o lugar que, na triangulação edípica, compete ao pai formulação certamente paradoxal, mas que busca fazer justiça ao pensamento do autor.
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O trabalho aborda o papel atribuído às imagens na elaboraçáo da experiência assim como apresentado nos sermões de Antônio Vieira e aprofunda as matrizes filosóficas e teológicas desta concepçáo. Vieira reconhece às imagens um importante poder de comunicaçáo e de evocaçáo. Dentre outros, recorre às imagens na construçáo de metáforas que usa para representar processos da vida pessoal e política. Nisto, o pregador se conforma à tradiçáo jesuítica bem como às doutrinas de Agostinho e de Tomás que inspiram essa mesma tradiçáo.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.844)
- Conferência (1)
- Livro (480)
- Seção de livro (1.172)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.643)
- Entre 2020 e 2024 (874)
- Desconhecido (4)