O conceito de excepcional na obra de Helena Antipoff: diagnóstico, intervenções e suas relações com a educação inclusiva
Tipo de recurso
Autores ou contribuidores
- Domingues, Sérgio (Autor)
- Campos, Regina Helena de Freitas (Contribuidor)
Título
O conceito de excepcional na obra de Helena Antipoff: diagnóstico, intervenções e suas relações com a educação inclusiva
Resumo
A obra teórica e prática de Helena Antipoff, psicóloga e educadora russa, radicada no Brasil, tem sido objeto de estudos de muitos pesquisadores que se interessam pela história da psicologia e da educação. Neste trabalho foi analisada a participação de Helena Antipoff na construção de um sistema de ensino paralelo no Brasil: a educação especial. Nesta análise concentram-se os esforços para compreender a quem era destinada essa educação especial, quem era aquele indivíduo que Antipoff denominava excepcional. A metodologia empregada foi a da história das ciências, buscando entender, sem incorrer no erro do presentismo, a construção do conceito de excepcional, que veio a substituir os termos retardado e anormal, considerados por Antipoff como pejorativos. O excepcional seria aquela pessoa que apresentasse diferenças físicas, sociais ou de desenvolvimento cognitivo, com resultados escolares acima ou abaixo da média de seu grupo, incluindo-se aí os indivíduos infra e os super dotados intelectualmente. Helena Antipoff vai apresentar suas considerações sobre a excepcionalidade mesclando aspectos de sua formação na Suíça, França e Rússia. Sua contribuição constitui uma síntese entre o funcionalismo europeu de Edouard Claparède, que forneceu algumas das bases do movimento da Escola Nova, com a perspectiva sociocultural em psicologia e educação, ao desenvolver ações de diagnóstico e atendimento escolar ao excepcional próximos da proposta de Lev S. Vygotski em sua obra sobre defectologia. Antipoff apontou que a excepcionalidade era fruto mais da condição sociocultural que uma herança genética e apostou na criação e aplicação de métodos psicopedagógicos mais adequados como forma de educar os excepcionais. Entre suas contribuições encontramos o conceito de inteligência civilizada, sua maior contribuição ao estudo da inteligência humana, e uma interpretação sócio-histórica da mesma, pois ela não considerava que os resultados dos testes mediam a inteligência inata, mas apenas o grau de contato do indivíduo com as ferramentas culturais e simbólicas de seu meio. A outra contribuição, além dos conceitos de excepcional e de inteligência civilizada, foi à crítica a homogeneização das classes escolares através da aplicação dos testes de inteligência. Entre os anos de 1930 e 1935 Antipoff executou ações de homogeneização das classes escolares de 1° ano em Belo Horizonte MG, mas, percebendo a limitação dos resultados apresentados pelos testes e a pouca eficácia pedagógica dessa ação, passa a ser crítica desse processo quando empregado isoladamente. O diagnóstico de excepcionalidade deveria ser realizado levando em conta a experimentação natural, método de observação sistemática desenvolvido pelo psicólogo russo A. Lazursky, os testes de inteligência e avaliação do caráter e da personalidade da criança. Helena Antipoff apresentou como alternativa para a educação das crianças excepcionais a ortopedia mental, que era uma metodologia baseada nas propostas de Alice Descoeudres, Maria Montessori, Édouard Claparède e Alfred Binet. De Binet Antipoff tomou emprestado o termo ortopedia mental, utilizado por ele para descrever um conjunto de técnicas de estimulação das funções mentais como memória, atenção, percepção, entre outros. Antipoff acrescentou aos princípios de Binet as idéias de Descoeudres sobre educação ativa e o material dourado utilizado por Montessori nas case dei bambini. Pode-se observar que muitas das ações empreendidas por Helena Antipoff foram pioneiras na educação dos excepcionais no Brasil, inclusive criando instituições, até os anos de 1930 inexistentes para a educação das mesmas, como a Sociedade Pestalozzi e a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE. Este trabalho possibilitou descobrir grande atualidade no pensamento antipoffiano. Apresenta-se ao final como o conceito de excepcional e as formas de diagnóstico e de educação destes, presentes na obra antipoffiana, se aproximam aos das atuais propostas de educação inclusiva.
Tipo
Dissertação (Mestrado em Educação)
Universidade
Universidade Federal de Minas Gerais
Lugar
Belo Horizonte
Data
2011-08-18
# de páginas
193
Idioma
Português
Título curto
O conceito de excepcional na obra de Helena Antipoff
Data de acesso
28/07/2024 16:10
Catálogo de biblioteca
repositorio.ufmg.br
Direitos
Acesso Aberto
Extra
Accepted: 2019-08-10T17:26:06Z
Publisher: Universidade Federal de Minas Gerais
Citation 'apa'
Domingues, S. (2011). O conceito de excepcional na obra de Helena Antipoff: diagnóstico, intervenções e suas relações com a educação inclusiva [Dissertação (Mestrado em Educação), Universidade Federal de Minas Gerais]. https://repositorio.ufmg.br/bitstream/1843/BUOS-8MAJ69/1/conceito_de_excepcional_na_obra_de_helena_antipoff__pdf.pdf
Citation 'abnt'
DOMINGUES, S. O conceito de excepcional na obra de Helena Antipoff: diagnóstico, intervenções e suas relações com a educação inclusiva. Dissertação (Mestrado em Educação)—Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 18 ago. 2011.
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