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O presente artigo versa sobre a nossa relação com o tempo e com a memória, no que perdura de uma experiência nas manifestações sociais de Junho de 2013. O sentimento melancólico que insurge a partir da passagem deste acontecimento de grande intensidade política coloca-nos uma questão: o que estamos fazendo de nós? A questão se propõe a encarar os afetos que mobilizamos e nos mobilizam no âmbito da ação política e suas consequências: como rememorar a partir de uma postura ética com o presente? Utilizamo-nos da melancolia, do luto, do amor fati, do ressentimento, da força plástica, da duração, como diferentes operadores que arranjam uma ética da memória, a fim de pensar as ressonâncias entre 2013 e 2020. Buscamos construir um exercício memorialístico que abandone a posição ruminante em busca do que poderia ter sido diferente e vise a transformação, a produção de outros contornos a uma experiência.
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Nosso tempo é marcado pelo adensamento das catástrofes presentes e passadas, assim como pelos desafios de narrar tais eventos traumáticos em busca de reparação e elaboração. O presente ensaio experimenta uma reflexão conceitual e sensível sobre nossos encontros com as vertigens das sucessivas desterritorializações urbanas e suas relações possíveis com os corpos que envelhecem nas cidades. O compromisso ético com a memória da catástrofe reside neste desafio paradoxal de trabalhar a favor da lembrança e do esquecimento, visto que, por um lado, os eventos estão ameaçados de soterramento e aniquilação e, por outro, exigem um esforço de elaboração e transmutação. A lembrança, nesta perspectiva, não está comprometida com a tentativa de reiterar o longínquo adormecido; trata-se antes de trazer à tona as multiplicidades inatuais para complexificar o presente em sua duração. O que está em jogo é a ferida que sobrevive, reivindicando não o resgate da paisagem, mas a produção de um desvio a partir das ruínas que já não podem mais ser ignoradas. Liberar o passado para a criação: desafio daqueles que se debruçam sobre as cinzas para viver o luto e ultrapassá-lo, afirmando uma posição de travessia que acompanha as metamorfoses das cidades.
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O artigo visa discutir algumas passagens em que Michel Foucault aborda o provável esgotamento, em nossos dias, da possibilidade do sujeito realizar um “retorno a si” e constituir uma ética e uma estética do si. Identificamos também em Pierre Hadot a mesma inquietação a respeito de uma provável perda de sentido da espiritualidade hoje. Em primeiro lugar, apresentamos uma síntese da interpretação foucaultiana do cuidado de si. Em seguida, buscamos definir o termo “espiritualidade”, tentando mostrar que tanto Foucault quanto Hadot sempre ressaltaram sua imbricação ético-política. Foucault inclusive pensou a espiritualidade como motor das revoltas e das revoluções. Por fim, partindo de duas esquetes do mundo contemporâneo, discutimos algumas passagens em que ambos autores expressam inquietações sobre a provável ausência de sentido de uma “ética do si” em nossos dias.
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A dramatização é um recurso importante utilizado no esquizodrama; contudo, as referências brasileiras são pouco acessadas. Dessa forma, o objetivo desse artigo é conhecer o Método de preparação de atores de Fátima Toledo, para discutir possíveis contribuições ao esquizodrama de Gregorio Baremblitt. O que seu trabalho pode nos ensinar para as práticas de dramatização nas intervenções clínicas e psicossociais? O método utilizado foi uma revisão bibliográfica sobre sua obra e discussão teórica. Dentre os diversos pontos de conexão que podem ser encontrados, discutimos quatro: 1- a incitação de processos de desterritorialização; 2- a expressão de devires-animais; 3- a produção de uma zona de vibração contínua e 4- a estratégia situacional corporal. Concluímos que o Método de Fátima Toledo pode ser uma valiosa ferramenta para o trabalho esquizodramático.
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O início da criação do método clínico de Piaget é contada a partir de uma narrativa que cobre sua vida desde a infância até outubro de 1920, dividida em três partes. A primeira é o encontro com a filosofia no lago de Annecy, na França; a segunda é o encontro com a lógica e a matemática em Neuchâtel; a terceira é o contato com o modelo francês de psiquiatria e avaliação psicológica em Paris. No primeiro encontro, Piaget insere-se nos posicionamentos filosóficos que desenvolve no segundo encontro, cujas soluções experimentais busca no seu terceiro encontro. Defende-se que o trabalho de normatização e adaptação do teste de Burt para crianças parisienses que Piaget empreendeu a partir de janeiro de 1920 até meados de 1921 teve um papel fundamental para que encontrasse um método de pesquisa apto a permitir a investigação dos problemas de cunho epistemológico com que havia se deparado ainda em Neuchâtel.
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Este artigo tem por objetivo evidenciar e debater a noção de socius, conceito chave dentro da Esquizoanálise para pensar sua teoria da produção e reprodução social, utilizando-se do filme Matrix como um intercessor, incluindo suas diversas produções multimídias. Tomando como fio condutor, dentro do universo do longa-metragem, a estória da construção e desenvolvimento do software denominado matrix e sua relação com a humanidade, problematizamos o modo de funcionamento do sistema capitalista no contemporâneo, utilizando-nos do conceito das três sínteses, presente n’O Anti-Édipo. Mostramos de que modo a produção e reprodução dos vários socius não se encontram aprioristicamente determinados, como se fossem estruturas imutáveis e universais, mas, sim, estão em constante construção e reconstrução. Faz-se mister também destacar que a crítica pós-estruturalista da noção de estrutura não pode ser tomada erroneamente como se esta última tivesse desaparecido completamente e o sujeito fosse lançado em um campo puramente empírico. Cabe a nós, sujeitos históricos e também em incessante constituição e reconstituição, pensar os embates sociais de nosso tempo, problematizando as estratégias de enfrentamento ao capitalismo assumindo o aspecto trágico do processo de produção maquínico da realidade.
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Apesar do avanço nas leis que salvaguardam as garantias fundamentais das crianças e adolescentes, seus direitos ainda são violados cotidianamente no Brasil. A mídia, por sua vez, tem um papel importante na disseminação de informações que legitimam e naturalizam o tratamento ofertado pelo Estado a essa população. Este trabalho analisa como as representações sociais de adolescentes em conflito com a lei nos meios midiáticos online conformam valores que influenciam na opinião pública. A pesquisa possui caráter qualitativo e foi realizada a partir de investigação documental, na qual foram analisados materiais bibliográficos e comentários de matérias jornalísticas no Facebook. Observa-se a prevalência de discursos estigmatizantes que reforçam a marginalização dos adolescentes em conflito com a lei e a insatisfação em relação à segurança pública, principalmente no que se refere ao cumprimento de medidas socioeducativas previstas no ECA.
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O presente trabalho pretendeu investigar como as questões raciais e os processos de subjetivação se articulam no campo da educação básica, tomando por referência os desdobramentos da Lei n 10.639/2003, que dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas. Buscou-se compreender como as disposições da Lei n 10.639 têm sido perspectivadas na educação básica por meio de dissertações defendidas entre os anos de 2015 e 2019 nas universidades públicas estaduais baianas. A metodologia utilizada foi uma revisão integrativa do material levantado através da busca nos sites de Programas de Pós-Graduação em Educação das referidas universidades. Os dados foram analisados mediante seu conteúdo em diálogo com a perspectiva da Afrocentricidade desenvolvida Molefi Kete Asante. Os resultados apontaram que a maior parte das escolas ainda não efetiva a Lei 10.639/2003 e, quando ocorre, é geralmente por iniciativas individuais de alguns profissionais.
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O artigo busca pensar alguns aspectos da cidade e da circulação na mesma, sobretudo em contextos urbanos, interrogando os estigmas e resistências que modulam e são modulados pelas práticas complexas que fabricam os modos de ser, de viver, de sentir, de agir e se relacionar na cidade como espaço público. A cidade como lugar em que tempo e espaço convergem e se entrecruzam é um importante lugar de disputas e lutas por direitos, simultaneamente de conflitos de interesses, em constante transformação e tentativas do Estado em organizar e gerir subjetividades e vidas. A apropriação das cidades como negócios por corporações e grupos que visam extrair privilégios tem sido regular, sobretudo, no capitalismo neoliberal das últimas décadas. Concluindo, busca-se apresentar resistências em que a transformação democrática do espaço urbano é um ideal permanente diante da produção de estigmas e segregações.
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Este artigo foi desenvolvido enquanto a autora estava concluindo seu mestrado e buscou articular teoria e prática através dos conceitos e relatos de experiências discutidos na disciplina Oralidade e arquivos orais, de modo que pudessem ser aplicados ao campo de estudo da pesquisadora. Com o objetivo de transformar o repertório debatido em instrumentos que auxiliassem no desenvolvimento de um estudo maior, neste caso a dissertação de mestrado da autora, que se encontra em andamento e tem como uma das principais etapas de coleta de dados a entrevista, optou-se por relacionar os conceitos vistos na disciplina com o principal elemento de estudo presente no tema da dissertação, o vestuário. Entende-se a importância do vestuário como suporte de memória, evocado em muitos momentos. Argumenta-se, com base nos autores selecionados, a relação do vestuário com a construção e evocação de memórias através de relatos orais.
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O artigo objetiva problematizar e levantar uma discussão frente à negligência e desafios que podem ser encontrados ao não se concretizar um ensino efetivo em Língua Brasileira de Sinais (Libras) na formação e ensino em psicologia. Ressalta-se que os possíveis obstáculos encontrados durante o atendimento ou intervenção com pessoas surdas realizados por profissionais em psicologia não capacitados a uma comunicação compreensível com essa população pode não apenas tornar o processo de escuta frustrante e incômodo para ambas as partes, como também pode refletir diretamente nos processos subjetivos e ter repercussões na saúde mental da pessoa que convive com a surdez. A efetivação da Libras na formação do psicólogo se mostra não apenas como uma prática inclusiva, mas também é potencializadora e de extrema importância para viabilizar e promover de forma concreta uma atenção psicológica e cuidado em saúde mental adequado para com as pessoas que convivem com a surdez.
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Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem – diz- se comumente. Das cartilhas de ciências às normas da medicina e do direito, o ciclo da vida parece ser algo pacificado. Mas nem todo mundo nasce, não são todas as pessoas que conseguem chegar a crescer e a realidade da reprodução não é válida para todos os corpos. Talvez a única verdade a respeito desse ciclo seja mesmo a morte. Mas se tal ciclo é o ciclo da vida e todos os seres correspondem a ele, quem se desvia desse caminho é o que? E, mais do que isso, quem criou essas verdades? De que modo quem não se enquadra nessas verdades decerto vive, embora de certo modo alheio aos padrões estabelecidos pelos saberes científicos e pela cultura?Intrigada por esses questionamentos, busco no presente trabalho investigar, por meio de uma análise bibliográfica e documental, como a medicina e o direito têm regulado vidas não conformes, mais especificamente no que tange à sexualidade tida como anômala, ou melhor, às vidas intersexo. Para tal investigação, uso análises críticas de Michel Foucault, Judith Butler e Paul B. Preciado, entre outres autores, para questionar instituições como sexo/gênero, natureza/cultura e normal/patológico, assim como o próprio direito e a medicina. O intuito é o de problematizar a possibilidade de viver, ainda que nas frestas, ainda que em intervivências.
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O estudo parte das pesquisas atuais sobre a etiologia do crime nos campos psi e dos diferentes instrumentos utilizados para esse fim. Argumenta-se que essas pesquisas apresentam ressonâncias da lógica determinista da Escola Positivista de Criminologia e da racionalidade eugenista da primeira metade do século XX. A narrativa histórica aqui proposta busca contribuir para as reflexões sobre a reificação do crime e uso dos dispositivos de avaliação do corpo e do psiquismo. O estudo pesquisou os discursos sobre criminalidade e anormalidade no Boletim de Eugenia (1929-1932), explorando a hipótese da reatualização do pensamento eugenista nas atuais investidas dos supostos saberes criminológicos. Conclui-se que as tentativas de captura da psicologia, enquanto dispositivo de poder, explicitam as vontades de normatização incorporadas na lógica preditiva do crime.
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O presente artigo objetiva analisar os fenômenos de massa em seus aspectos psicológicos a partir das contribuições de E. Stein, considerando o impacto e potenciais consequências destrutivas desses fenômenos como apontados por H. Arendt ao estudar governos totalitários. Após contextualizar o debate acerca do tema, ocorrido nas últimas décadas do século XIX e as primeiras do século XX, o trabalho pretende reconstruir os passos da análise fenomenológica conduzida por Stein no ensaio sobre o contágio psíquico que é parte da obra Contribuições para uma fundamentação filosófica da Psicologia e das Ciências do Espirito, publicada em 1922. Nessa análise, a autora descreve em detalhe o dinamismo através do qual o fenômeno do contágio psíquico se inicia e se alastra na vivência pessoal e de grupo. O estudo conduzido comprova a originalidade, atualidade e utilidade acerca dessa contribuição da filósofa alemã, inclusive para a psicologia e psiquiatria contemporâneas.
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Para o filósofo canadense Charles Taylor, o conceito de experiência religiosa foi mal compreendido. Formulada a partir da psicologia de William James, a descrição dessa experiência centrou-se em aspectos individuais em detrimento de suas manifestações coletivas. Segundo Taylor, paira sobre ela uma densa névoa de incompreensões epistemológicas e políticas que obstam resgatar o verdadeiro sentido da experiência religiosa. Ele atribui essas incompreensões à concepção naturalista do comportamento humano, inaugurada com a modernidade, e propõe uma nova maneira de entender a experiência religiosa por meio de uma investigação da formação da identidade moderna. A partir da crise da morte de Deus, a o fim do domínio público da religião e a interiorização e o recuo para a vida privada das experiências religiosas, nossa tese discorre sobre a teoria da subjetividade de Taylor e seu impacto no estudo da experiência religiosa. Composta por quatro artigos, nós apresentamos, no primeiro, os elementos centrais da filosofia da psicologia de Taylor, no contexto do que ele denomina de antropologia filosófica. Essa teoria visa se contrapor à corrente do naturalismo, que, a seu ver, invadiu as ciências humanas e é responsável por uma série de incompreensões no estudo do comportamento humano. No segundo artigo, traçamos a origem dessa corrente, mostrando como ela está entrelaçada com a autocompreensão da modernidade. A seguir, tratamos da leitura de Taylor da psicologia da religião de James. Nesse artigo, mostramos a ligação entre o pensamento de James e o naturalismo e discorremos sobre as críticas de Taylor a ele. Por fim, tratamos da experiência religiosa em Taylor. Mais do que uma experiência centrada no indivíduo, Taylor aponta para toda uma estrutura de compreensão de mundo que atravessa a compreensão da experiência religiosa.
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Este estudo bibliográfico constitui-se de três seções. Na primeira, destacam-se duas narrativas autobiográficas do psicanalista Wilhelm Reich: “Paixão de juventude” e “A função do orgasmo”. Na segunda, analisam-se os tópicos convergentes entre Reich e Freud, que são os construtos da primeira fase psicanalítica (1894-1920), e na terceira, discutem-se os tópicos divergentes entre esses autores, que são os construtos da segunda fase psicanalítica (1920-1939). Portanto, o objetivo é ressaltar as aproximações e rupturas de Reich com a psicanálise clássica. Os resultados apontam que as experiências sexuais infanto-juvenis de Reich influenciaram em seus interesses de estudo, enquanto jovem estudante de medicina, levando-o a aproximar-se e, ao mesmo tempo, a afastar-se da psicanálise. Destaca-se que, da análise comparativa dessas duas obras reichianas, pode-se concluir que, na primeira, ele delineia os construtos básicos que são detalhados na segunda. Nessa, ele explicita as divergências teóricas entre ele e Freud. Principalmente, a crítica reichiana contumaz ao construto freudiano da pulsão de morte que o levou a elaborar a teoria do orgasmo e que o afastou, definitivamente, da psicanálise. Mostra-se que entre os 1920-1934, quando ele esteve ligado à IPA e com o consentimento de Freud, Reich desenvolveu as Teorias da Economia sexual, do Orgasmo e da Análise do Caráter como releitura crítica da pulsão de morte que não aceitava.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.843)
- Conferência (1)
- Livro (508)
- Seção de livro (1.226)
- Tese (704)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (446)
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Entre 2000 e 2025
(3.832)
- Entre 2000 e 2009 (1.162)
- Entre 2010 e 2019 (1.751)
- Entre 2020 e 2025 (919)
- Desconhecido (4)