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Este artigo é um exercício de escrevivência com o objetivo de analisar as vivências de mulheres negras periféricas. Fizemos uso do paradigma interseccional como ferramenta metodológica de análise da produção das opressões de raça, gênero e classe, bem como as estratégias de enfrentamento. A pesquisa de campo foi feita a partir de rodas de conversas em três Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) na capital do Espírito Santo, Vitória. Os CRAS estão localizados no Território do Bem, região periférica da cidade. Os resultados da pesquisa apontaram que as Imagens de Controle como uma ferramenta na produção de discursos violentos que naturalizam a violência contra as mulheres negras. Ressaltamos os exercícios de resistência que as mulheres negras periféricas efetuam e que são construídos a partir desse lugar que ocupa e fabrica estratégias de enfrentamento às diversas violências, criando fissuras nas máquinas produtoras de opressão.
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O artigo visa apresentar a proposta de psicologia de Nietzsche e sua relação com seu método crítico de análise genealógica. Para a elucidação desta psicologia, bem como exemplo de seu funcionamento, apresentou-se as interpretações genealógicas de Nietzsche sobre a formação histórica da concepção moderna da alma e da emergência do aparelho da consciência. Trabalhou-se a concepção da “grande psicologia” como ferramenta do método crítico genealógico que busca se distanciar dos preconceitos morais metafísicos, como “atomismo anímico”, centralidade do “eu” e do órgão da consciência no campo da existência humana, e o conceito de “livre-arbítrio”. Através da eleição do corpo e da “grande razão” como alicerces da existência, a psicologia nietzschiana poderia realizar análises genealógicas do órgão da consciência baseando-se na construção do humano a partir da formação de comunidades, da produção de comunicação entre seus pares, e da limitação desta comunicação por parte da malha gramatical que determinaria sua perspectiva.
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Considerou-se, neste artigo, as normalizações das sexualidades e dos gêneros dissidentes, e os jogos de verdade que as acompanham, na constituição de discursos que legitimam a Psicologia como campo disciplinar alinhado aos discursos patologizantes das subjetividades. Ao questionar-se o privilégio desses discursos em relação à produção de conhecimento que emerge dos ativismos e vivências dissidentes, abordou-se, no campo dos currículos em Psicologia, os processos de subjetivação na produção desses saberes. Afirmou-se, contudo, a produção de discurso acadêmico como campo estratégico, no qual somos convocadas(os) a posicionamentos e implicações que se articulam a esses e outros ativismos e movimentos sociais. Na transversalidade desses percursos, e por análise de implicações, entre essas dissidências, acompanhou-se os deslocamentos do lugar de um não-homem, pela descolonização do sujeito epistêmico e de sua universalidade, transicionando-se dos binarismos de gênero ao coletivo das enunciações.
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O presente artigo busca compartilhar experiências inventivas nos caminhos metodológicos de pesquisa, a partir de narrativas. Tecendo percursos atravessados pela violência, pela cidade, pelo viver apesar da morte e pela pandemia, buscamos compor esta escrita com mulheres que se abriram ao encontro com outras mulheres – escrita, “escrevivências”, construção e destruição de lugares – mulheres, mães, pesquisadoras, narradoras. Diálogos, narrativas, cuidado; autoras e narradoras vivenciando o contexto de pandemia, isolamento e morte, apostamos nas narrativas como afirmação de pesquisas impregnadas de vida, tecidas na arte do encontro, da escuta e dos olhares sensíveis.
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Para uma pessoa acometida por sintomas que a levam a crer que esteja doente, conhecer o nome da doença que lhe causa sofrimento é algo de grande importância e que muda a maneira como ela se relaciona com seu adoecimento. Frente à escassez de estudos que abordem qualitativamente como a ausência de nomeação de uma doença pode influenciar a vivência de adoecimento próprio ou de um familiar, buscamos explorar essa questão. Utilizamos a metodologia da História Oral para construir entrevistas com pacientes e familiares de pacientes internados na enfermaria de Neurologia do Hospital São Paulo. Posteriormente, as entrevistas foram analisadas por meio da análise de conteúdo proposta por Laurence Bardin. Foram obtidas categorias temáticas relacionadas às questões de causalidade, culpa, dificuldade de acesso a recursos, expectativas ambivalentes e sentimento de esperança ao chegar no hospital. Esses temas se mostraram de acordo com a experiência prática e com a literatura estudada.
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O artigo objetiva ‘tensionar’ o funcionamento da política de Assistência Social no contemporâneo, partindo de perguntas-resistência que problematizaram as táticas de gerência/governo dos corpos que habitam os ‘ditos’ territórios vulneráveis e de risco onde se inserem os equipamentos da Assistência Social. As análises foram tecidas articulando à produção histórico-política dos conceitos que embasam a atual Política Nacional de Assistência Social (2004) as interpelações advindas de perguntas-resistência, enunciadas por personagens surpreendentes e imprevisíveis, que colocaram em circulação problemas e questões importantes no funcionamento desta política no contemporâneo. A aposta político-metodológica afirmada possibilitou um exercício de escuta-experimentação como abertura aos movimentos da vida que se forjam em meio àquilo que a pretende naturalizada.
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Este artigo traz discussões e fragmentos de uma trajetória de pesquisa-intervenção em Educação, utilizando o recurso de uma personagem, cujo nome é Celina, como dispositivo metodológico. Buscou-se acompanhar os processos em curso, relacionados à implementação da Comissão de Saúde do Trabalhador da Educação (Cosate) nas escolas públicas municipais na cidade de Serra, no Espírito Santo, de modo que ela funcione como um disparador de discussões em torno da forma como a educação se organiza e se atualiza. O estudo destaca a potência das redes para a contração de grupalidade no enfrentamento de políticas despotencializadoras dos coletivos de trabalho na educação. As Cosates, como espaços dialógicos de análise coletiva das práticas educacionais nas escolas, possibilitaram trocas e formação de redes afetivas de trabalho e saúde. O artigo apresenta, ao final, a potencialidade de coletivos de trabalho como modo de fazer frente à massificação e individualização que segmentariza e despotencializa no contemporâneo.
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Este artigo contextualiza a participação da psicóloga e educadora russo-brasileira Helena Antipoff no Movimento da Educação através da Arte no Brasil, que se configurou pela apropriação das ideias do inglês Herbert Read, influenciadas pelos princípios da Escola Nova e das vertentes artísticas modernistas que circularam internacionalmente desde fins do século XIX. Os resultados da análise de conteúdo em fontes primárias indicaram que a proposta de educação artística de Antipoff fundamentava-se na psicologia, no interesse dos alunos e na valorização do trabalho manual. Destaca-se o protagonismo de Antipoff em integrar a arte na educação com objetivo de conciliar o desenvolvimento psíquico, social e cultural dos alunos, com o apoio de uma rede de colaboradores, entre eles o artista Augusto Rodrigues, criador da Escolinha de Arte do Brasil (1948). Conclui-se que a concepção de Antipoff relaciona-se com a teoria histórico-cultural de Vigotski, que propunha ser tarefa básica da educação estética aproximar arte e vida.
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Neste estudo objetivamos compreender as origens dos Institutos Disciplinares, estabelecimentos criados no início do período republicano, que atendiam adolescentes ditos “delinquentes”. Para isso, analisamos documentos históricos e as obras Classificação dos criminosos: introdução ao estudo do direito penal (1925) e Os menores delinquentes e o seu tratamento no Estado de São Paulo (1909), ambas de autoria de Candido Naziazeno Nogueira da Motta (1870-1942), jurista que apresentou o projeto de criação do primeiro Instituto Disciplinar do estado de São Paulo. Concluímos que a Escola Positiva de Direito Penal, exerceu grande influência na criação de Institutos Disciplinares no Brasil e que a predileção histórica do Estado brasileiro, em geral, pelo isolamento social ou aprisionamento como solução para o problema da delinquência juvenil demonstra que o ideário da higiene social ainda permanece na execução das políticas públicas voltadas aos jovens que atualmente denominamos em conflito com a lei.
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Este artigo apresenta a emergência e a história dos estudos de gênero na psicologia a partir da consideração sobre a relevância de usar a noção de” gênero” como categoria de análise histórica para pensar o campo disciplinar da psicologia. Isto nos possibilita compreender os efeitos teóricos, metodológicos e epistemológicos na produção de conhecimento. A partir de uma pesquisa bibliográfica realizada na base de dados SciELO, foram analisados 153 artigos de três periódicos da psicologia. Estes, com seus 402 autores(as) e 191 instituições, foram agrupados em 15 categorias temáticas. Uma análise quali-quantitaviva encontrou resultados que apontam para desigualdades de gênero na autoria dos artigos e uma presença marcante das universidades públicas entre as instituições que mais publicam na área. A psicologia, quando debate gênero, o faz por meio de discussões temáticas de campos de conhecimento tradicionais - como saúde, educação e trabalho, típicos da segunda onda do feminismo. As questões identitárias e sobre sexualidades se destacam em produções mais recentes. Da articulação entre gênero e psicologia com foco nas discussões teórico-epistemológicas, constatamos que, embora haja publicações que apontem críticas à psicologia questionando o uso descritivo de gênero, bem como à objetividade do conhecimento e à universalidade do sujeito, ainda se verificam dificuldades em sair do lugar androcêntrico, etnocêntrico e cisheteronormativo que caracteriza a produção psicológica. O estudo aponta a necessidade de maior sensibilização e ampliação de espaços de discussão entre gênero e psicologia para que se possa resistir às invisibilidades ainda tão persistentes nesse campo disciplinar de conhecimento.
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Psicologia na educação? Por quê? Para quê? O objetivo desta coletânea é apresentar fundamentação teórico-prática sobre a atuação da psicologia em sua interação com a educação. Historicamente, psicologia e educação sempre estiveram próximas, considerando-se a realidade brasileira. Entretanto, por muito tempo a psicologia aliou-se à educação para buscar nos indivíduos as explicações para suas mazelas educacionais. Grandes avanços teóricos na área, a partir da década de 1980, possibilitaram um novo compromisso entre psicologia e educação, no sentido de buscar contribuições, em uma perspectiva crítica, para que uma educação de qualidade estivesse ao alcance de todas as pessoas – processo fundamental para a construção da subjetividade e da humanização. Somente pelo acesso ao conhecimento produzido historicamente pelos homens e mulheres, ao longo do tempo, é possível promover a emancipação humana. Uma grande vitória foi conquistada em 2019, quando foi promulgada a Lei 13.935, que dispõe da prestação de serviços de psicologia e serviço social nas redes públicas de educação. Assim, na tentativa de apontar algumas respostas à pergunta feita no título desta obra, nos propomos, por meio dos textos aqui compilados, a apresentar fundamentos teóricos que sustentem a relevância da atuação de psicólogas(os) na educação, bem como expor vários exemplos de práxis realizadas exitosamente pela psicologia nos processos de escolarização.
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O presente estudo objetiva compreender a ideia de formação que perpassa as primeiras propostas curriculares para o ensino da Psicologia no Brasil. Para o alcance deste objetivo foi utilizada abordagem descritiva e analítica da história da Psicologia científica, a partir do estudo de duas fontes principais, sendo elas o currículo de 1932 proposto por Waclaw Radecki e o currículo mínimo de 1962 reconhecido pelo Estado brasileiro, além de fontes complementares que versam sobre o tema. Foram identificadas duas categorias que circularam as proposições curriculares do ensino em Psicologia no Brasil, a saber: formação do psicólogo generalista e do especialista, sendo prevalente esta última. Concluímos que as propostas formativas que visaram alcançar o perfil do graduado em Psicologia no Brasil, sobretudo em sua gênese, revelam muito mais uma reação às questões político-sociais e culturais da época do que a construção de um sentido próprio para a formação do psicólogo brasileiro.
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Neste artigo, apresenta-se um breve enquadramento histórico das abordagens científicas, médicas e psicológicas sobre as transexualidades, tecendo um conjunto de considerações sobre a forma como tal enquadramento foi fundacional da noção de patologia associada às pessoas trans e como tem sido responsável pela manutenção da patologização destes indivíduos no imaginário coletivo. Para atingir tal objetivo, é desenhado um mapa cronológico dos acontecimentos que têm vindo a marcar, ao longo da história, o estudo e a intervenção com as pessoas trans a partir do modelo biomédico, referenciando algumas das personalidades que, no contexto ocidental, tiveram responsabilidade nesta visão biomédica das pessoas trans. No final deste trabalho, apresenta-se a discussão em torno da (des)patologização das transexualidades a partir do surgimento do paradigma centrado nos direitos humanos das pessoas trans e em propostas de autodeterminação dos seus corpos e identidades.
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Esta pesquisa objetivou descrever e analisar publicações veiculadas nos Arquivos Brasileiros de Psicotécnica, vinculadas à Psicologia Aplicada ao Trabalho, entre 1949 e 1968. Metodologicamente, é uma investigação em História Social da Psicologia que se apropria de estratégias de sociobibliometria e História Digital da Psicologia. Os resultados encontrados sugerem que a Psicologia esteve presente com estudos e intervenções à serviço das diretrizes desenvolvimentistas estabelecidas pelo Estado, e também contemplou o indivíduo e sua relação com o meio como eixo de estudos que repercutissem na vida do trabalhador, a partir da interação sujeito-trabalho. Assim, historicizar a Psicologia Aplicada ao Trabalho permitiu tatear contribuições de diferentes propostas teórico-metodológicas que viabilizaram novas perspectivas e repercutiram no desenvolvimento da própria Psicologia brasileira, em especial à voltada para o trabalho e as organizações, e que repercutiram na constituição da Psicologia enquanto profissão.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.844)
- Conferência (1)
- Livro (480)
- Seção de livro (1.172)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.643)
- Entre 2020 e 2024 (874)
- Desconhecido (4)