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René Descartes é nome bem conhecido em qualquer manual de história da ciência e, mais especificamente, da psicologia. Seu nome, contudo, costuma ser associado ao malogro enfrentado por algumas ciências a partir do advento da modernidade, no que tange ao seu bem conhecido dualismo mente-corpo. Mediante o emprego de alguns conceitos historiográficos, adotados pelo pesquisador estadunidense E. G. Boring, este trabalho busca compreender certos aspectos que podem ter conduzido a uma imagem depreciativa de seu legado. Realizou-se uma pesquisa bibliográfica dos principais trabalhos de Boring e de Descartes, auxiliada por outras fontes e autores que versam direta ou indiretamente sobre o tema. A tradição historiográfica representada por Boring permite vislumbrar o pensamento cartesiano à luz de um clima intelectual que marca uma transição de épocas. Sob esta perspectiva, a imagem que se obtém do filósofo seiscentista vai além daquela que parece ter-se cristalizado sob a forma de um “epônimo”.
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Este artigo historiográfico tem como objetivo diferenciar a teoria da sedução de Freud e a teoria do trauma de Ferenczi, tendo em vista as frequentes confusões com que ambas são tratadas, e indicar a contribuição de Jean Laplanche em conciliar essas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada. Apesar de apresentarem a violência sexual como denominador comum, as teorias de Freud e de Ferenczi abarcam funcionamentos psíquicos diferentes e demandas clínicas peculiares, o que justifica as experiências clínicas que Ferenczi elaborou. Como resultado, consideramos que a teoria freudiana versa sobre um modo neurótico de funcionamento psíquico, enquanto a teoria de Ferenczi contempla as modalidades limites tão frequentes na clínica contemporânea. Ao final, expõem-se as ideias de Jean Laplanche, que articula ambas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada.
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Este trabalho tem como objetivo analisar a história do Personalized System of Instruction, o PSI, usando publicações de seus quatro fundadores: Carolina Bori, Fred Keller, Gil Sherman e Rodolpho Azzi. Em primeiro lugar, são apresentadas as realizações profissionais destes quatro fundadores antes de se encontrarem pela primeira vez. Depois, as primeiras parcerias de trabalho até o desenvolvimento do sistema, em 1964, na Universidade de Brasília, são exploradas. Os trabalhos individuais que desenvolveram são descritos em seguida, enfatizando as mudanças no sistema básico usado por eles em 1964. Assim, esta pesquisa permite conhecer as contribuições individuais até então pouco exploradas, como diferentes pontos de vista desenvolvidos entre Bori e Keller.
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O objetivo do presente trabalho é investigar psicanaliticamente o imaginário coletivo sobre a mãe que abandona o bebê. Justifica-se no contexto do reconhecimento de que o fenômeno do abandono infantil encontra, em nosso país, vinculado ao fato de largos contingentes populacionais viverem em condições de precariedade social, o que cria um grave problema relativo à proteção e guarda de crianças e adolescentes. Organiza-se como estudo qualitativo de 44 notícias jornalísticas acessíveis em site que reproduz notícias publicadas em jornais impressos. A consideração deste material permitiu a produção interpretativa de um campo de sentido afetivo-emocional, “Sub Judice”, que contém três subcampos: “Mãe malvada”, “Mãe desesperada” e “Mãe drogada”. O quadro geral indica que a mulher que abandona seu bebê figura no imaginário como autora de ato delinquencial, que seria motivado por deficiências de caráter, que se expressam como crueldade ou como abertura para o uso abusivo de drogas, ou por dificuldade em enfrentar problemas. Cabe concluir que tais imagens podem comprometer a visão da condição da mulher como ser humano submetido a condições de precariedade socioeconômica e de desigualdade de gênero, que geram sofrimentos sociais importantes abrangendo desamparo, humilhação e injustiça.
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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No presente trabalho será proposta uma análise da atual conjuntura acerca do problema de adição em vídeo-games, partindo dos conhecimentos elaborados nas últimas décadas, seja a respeito dos efeitos dos vídeo-games na vida do indivíduo contemporâneo, positiva ou negativamente, mais especificamente a respeito do comportamento aditivo vinculado a este fenômeno, que muitas vezes é associado a dependência como a descrita em manuais de transtornos mentais em relação a substâncias psicoativas. Observa-se no entanto a necessidade de rediscutir este campo a partir de uma visão mais humanizada, não focada na objetificação do sujeito e sua categorização como doente. Serão utilizados conceitos psicanaliticos como sujeito, relação sujeito-objeto, gozo, agenciamento (assujeitamento à ilusão de imersão), buscando quebrar paradigmas que estão sendo construídos para pensar a relação dos sujeitos e os processos de identificação envolvidos nesta modalidade de entretenimento eletrônico.
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A profecia de Freud sobre o colapso da religião na sociedade tecnocientífica é analisada neste artigo. Considerando este problema, partindo do cenário da teoria social contemporânea, três perguntas são colocadas: (1) A profecia de Freud de que na sociedade tecnocientífica se elevaria o grau de segurança/controle da vida social foi validada? (2) A profecia de Freud sobre o “crepúsculo da religião” na sociedade tecnocientífica foi refutada? (3) Confirmou-se, conforme propôs Freud, que a relativização do poder coercitivo da religião repressora na sociedade tecnocientífica produziu um mundo social mais terapêutico para a vida humana? As respostas a estas perguntas mostraram-se reveladoras sobre as possibilidades hermenêuticas da psicanálise para o contexto da neomodernidade.
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O presente trabalho tem como objetivo delinear na obra de Merleau-Ponty um movimento crítico em relação às ciências modernas, principalmente à Psicologia, com inspiração nos questionamentos levantados por Husserl acerca do prejuízo relacionado à noção de mundo objetivo, compreendido a partir do paradigma euclidiano de espaço e tempo, que denota um processo de racionalização da natureza que atravessa a filosofia cartesiana e a ciência moderna. Segundo Merleau-Ponty, essa concepção objetiva da Natureza atravessa a ciência biológica e psicológica na dualidade entre causalidade mecanicista, na qual o organismo e comportamento são compreendidos como puros mecanismos, e causalidade finalista, na qual uma finalidade atua como um princípio de organização. Frente a essas posições, as primeiras obras de Merleau-Ponty buscam ultrapassar esse dualismo pela concepção de uma estrutura corporal em relação com o mundo como princípio de organização interior ao corpo próprio e deste com o mundo, apontando para uma vivência do espaço e do tempo mais primordial que aquela do mundo objetivo.
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Na atualidade a memória autobiográfica ainda se apresenta como um construto teórico de conceituação polêmica. Embora os teóricos, em sua maioria, concordem com seu caráter declarativo, predominantemente episódico e autorreferenciado, coexistem diferentes concepções sobre suas especificidades e processo de desenvolvimento. As diferenças aqui mencionadas refletem divergentes pontos de vista, apoiados em perspectivas teóricas diferentes que, consequentemente adotam distintos métodos de pesquisa, resultando em dados nem sempre análogos. Neste contexto, o presente artigo pretende discutir as principais concepções teóricas existentes sobre a memória autobiográfica, assim como, considerando o posicionamento das diferentes abordagens teóricas, elucidar o período da amnésia infantil, que se refere diretamente ao desenvolvimento da memória autobiográfica.
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In Memoriam Arno Engelmann
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In Memoriam Ecléa Bosi (1936-2017)
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Neste artigo, investigamos, conforme a perspectiva genealógica de Michel Foucault, quatro aparelhos do Laboratório de Psicologia Experimental da Faculdade Dom Bosco de Filosofia, Ciências e Letras de São João del-Rei: caixa de Decroly, para avaliar inteligência e caracteriologia; ergógrafo de Mosso, para medir fadiga e resistência musculares, tempo de reação, percepção, atenção e traços caracteriológicos; estereômetro de Michotte, para aferição de percepção visual de relevo e profundidade; mnemômetro de Ranschburg, para estimar capacidade de associação e memorização. Construímos o arquivo de pesquisa com documentos do Centro Salesiano de Documentação e Pesquisa e da Universidade Federal de São João del-Rei. Narramos trajetórias desses aparelhos entre 1953 e 1971, do contexto de sua aquisição até seu silenciamento. Identificamos deslocamentos de suas funções: de dispositivos de pesquisa e avaliação psicológicas passaram a ser aplicados em práticas de seleção profissional e orientação educacional, atendendo a demandas modernizantes da indústria e do ensino locais.
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O presente artigo tem como objetivo retomar a concepção de Luria sobre fenômenos perceptivos. Para este autor, alguns processos perceptivos teriam uma base fisiológica, já outros se alterariam com o desenvolvimento cultural. A aprendizagem da linguagem e o desenvolvimento do pensamento conceitual modificariam substancialmente essa função. A percepção da realidade seria acompanhada pelo significado e pelo sentido. Desse modo, ela é entendida como sendo a expressão das relações dinâmicas entre os sistemas psicológicos. Para discutirmos tais questões, utilizamos como ponto de partida a controvérsia entre os resultados dos experimentos realizados por Luria e Koffka nas expedições à Ásia Central. O primeiro tinha como objetivo constatar os efeitos das mudanças culturais nos processos psicológicos, dentre eles a percepção, e o segundo teve como finalidade investigar suas formas universais. Apresentamos uma hipótese para a divergência nas formas de interpretação. Por fim, mencionamos outros métodos de investigação que corroboram essa explicação do fenômeno perceptivo.
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Com o crescente número de produções científicas, alguns temas e autores acabam sendo pouco conhecidos devido não receberem atenção (e citações) suficientes. Um exemplo deste fenômeno é a obra de Norman Maier (1900-1977), psicólogo experimental norte americano com publicações que antecipam temas atuais em tópicos como criatividade, recombinação de repertórios, controle aversivo e psicologia organizacional. O presente artigo faz um resgate da obra de Maier, apresentando um resumo de suas principais contribuições experimentais e conceituais, além de suas relações com pesquisas atuais. Ao final, é feita da Lei de Maier, que, entre outras coisas, descreve duas práticas que, segundo o autor, são comuns no fazer científico da Psicologia: dar novos nomes a fenômenos já relatados na literatura, e omitir citações controversas. Conclui-se que o legado, e o tratamento dado ao trabalho de Maier, atualmente, exemplificam sua própria Lei.
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O propósito dessa pesquisa foi conhecer a implantação do curso de Psicologia da Universidade Federal do Espírito Santo, no período da Ditadura Civil-Militar brasileira (1964-1985). A fundação desse curso, em 1979, pode ser situada no bojo de um conjunto de transformações que foram implementadas no ensino superior no Brasil pelos governos civis-militares e se traduziu, sobretudo, por um aumento do número de vagas. Diversas pesquisas apontaram o crescimento da oferta de vagas e os impasses decorrentes dessa política educacional estabelecida de forma súbita e sem a necessária infraestrutura material e humana. A Psicologia, à época, uma profissão de regulamentação recente, foi uma das formações mais afetadas pelo expansionismo. A fundação desse curso foi pesquisada a partir dos depoimentos dos primeiros professores. O uso da história oral permitiu o conhecimento de dados importantes sobre o cotidiano institucional, que se mostraram muito coerentes com outras informações de caráter quantitativo elencadas por pesquisas amplas, abrangendo período semelhante.
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A nova configuração do mundo da Idade Moderna levou os intelectuais europeus a deslocamentos mentais, indicados por diversas expressões, tais como viagem espiritual, viagem mental, viagem imaginária. Neste artigo, propomos três exemplos desse processo, através da análise de escritos autobiográficos, anotações e ensaios de três autores italianos: Federico Borromeo (1564-1631); Ludovico Antonio Muratori (1672-1750); Gian Rinaldo Carli (1720-1795). Os três autores, de modos diferentes, se referem à viagem entendida como deslocamento mental e realizada pelo emprego de alguns processos psicológicos, especialmente a imaginação. Nosso objetivo é analisar o significado que a viagem entendida como deslocamento mental assume no contexto biográfico e no universo histórico cultural de cada autor; e a significação psicológica das expressões viagem espiritual, viagem intelectual, viagem mental, por eles empregadas, à luz dos saberes psicológicos da época em que elas foram formuladas.
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A finalidade deste artigo é assinalar a trajetória intelectual de Paul Ricoeur nas duas décadas iniciais de seu percurso filosófico, período em que ele busca estabelecer uma filosofia da vontade e perfaz um itinerário desde a fenomenologia eidética de Husserl a um enxerto hermenêutico nesta, a partir de sua simbólica do mal e o encontro com a filosofia existencialista e a psicanálise. A partir disso, busca-se apontar as implicações destas ao seu pensamento e como suas reflexões, detidamente sobre o mito adâmico, são pertinentes não somente ao campo da filosofia, mas da mesma forma, ao campo da psicologia, particularmente no contexto clínico e psicoterápico, onde a vontade, o desejo e a culpa costumam se fazer tão presentes.
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Muitas vezes, Santo Agostinho (354-430) é louvado na literatura por ter antecipado uma concepção de espírito que encontra em Descartes (1596-1650) seu ponto culminante. Nem sempre, entretanto, a concepção agostiniana de espírito é detalhada. Neste trabalho, pretendemos detalhar a concepção agostiniana de espírito como realidade íntima, caracterizado pelo acesso privilegiado aos seus próprios conteúdos. Inicialmente, mostramos os pontos de ruptura da concepção agostiniana de espírito com referência a alguns filósofos da tradição grega. Em seguida, evidenciamos o desenvolvimento da noção de espírito em Agostinho, comparando algumas de suas primeiras obras com uma de suas obras de maturidade, a Trindade.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.830)
- Conferência (1)
- Livro (520)
- Seção de livro (1.249)
- Tese (703)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (448)
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Entre 2000 e 2025
(3.851)
- Entre 2000 e 2009 (1.172)
- Entre 2010 e 2019 (1.753)
- Entre 2020 e 2025 (926)
- Desconhecido (4)