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Este artigo pretende discutir e enfrentar um traço particular da necropolítica brasileira: as políticas de desaparecimento. A partir de imagens da pandemia de Covid-19, defende-se que o desprezo do Estado brasileiro e seus representantes pelos mortos é uma marca constitutiva do que somos, numa transversal que vai da colônia à democracia. Convoca-se Clarice Lispector, Walter Benjamin e Judith Butler como aliados em uma política narrativa que sustente o luto público e coletivo no embate contra a barbárie e o esquecimento de nossos mortos.
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Na conversa com Heliana, o trato. Eu, que tive um encontro bastante singular com Gregorio, faria algo heterodoxo, seguindo o fluxo do que a própria seção “biografia” da Revista Mnemosine convoca. A seção “biografia”, inangurada junto da revista, em 2004, é bastante plurívoca e chama a atenção por sua riqueza e versatilidade. De fato, não são cultos à personalidade, mas diversas trajetórias cruzadas, devidamente emaranhadas de historietas e afetos. Verdadeiras análises da implicação, se tomarmos isso como exposição do campo de forças. Histórias de família, de compositores, de militantes, de filósofos medievais, da própria saúde publica, de anônimos artistas encerrados em manicômios, de socioanalistas em suas visitas ao Brasil, do nosso careca mais querido, de atores, de loucos, de cantores, de psicanalistas militantes ousadas e incansáveis e outros tantos queridos e queridas argentino(a)s que habitaram esse pais e emprestaram seus nomes para designar um plano dispersivo de forças nesses artigos. Por seu amigo, mestre e analista, Émílio Rodrigué, Gregorio lhe escreveu uma biografia dos encontros e dos afetos, deixando assim a indicação de como gostaria de ser lembrado. Portanto, desviar dos excessivos personalismos reverentes para acessar a parcialidade do narrador e do narrado. Destarte, deixo o vasto conhecimento da vida e obra de Gregorio para suas próprias palavras e de seus comentadores. “Eu quero ser lembrado como uma pessoa esquecida”, dizia ele em vários momentos, aos mais chegados. Acho importante que o leitor, por motivo de seu falecimento, entre em contato com fragmentos de uma vida. Uma vida e não outra, essa que se singulariza, pelas escolhas, pelo cotidiano de uma tarde de café.
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No campo científico não é incomum percebermos uma espécie de monocultura do pensamento. Assim como a monocultura empobrece os solos na agricultura, a monocultura do pensamento empobrece a diversidade dos mundos que nossas pesquisas podem produzir, na ciência moderna e nas metodologias de replicação. O que propomos neste livro é o contrário disso, é um cultivo de diferentes elementos, pensamentos e teorias. Nós levamos o pesquisarCOM de um campo a outro, nós conectamos várias coisas a ele, nós testamos diferentes dispositivos, nós inventamos formas de escrita e outras tantas coisas que não eram imagináveis até há pouco tempo. Neste livro procuramos reunir experiências que adubam o solo do PesquisarCOM no campo da Psicologia Social, pois conversamos e escrevemos com pessoas, com bichos, com textos, e a gente conta histórias, muitas histórias porque sabemos que elas são capazes de povoar o mundo e cada uma de nós, e cada um dos seguintes capítulos diz isso de um modo muito singular.
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Rapidly ageing population increases the demand for activities with learning and social stimulation. Museums are well placed to provide such a function. Objective: How and in what form are museums engaging with older populations. The review will focus on three aspects: (1) Identifying the frameworks and tools being used by and in museums with older people. (2) Assess variables used in research and in areas that supports knowledge creation. (3) Identify evidence in relation to the interactions between museums and older audiences. A review of 8 databases and 2 university repositories (English and Portuguese language). The search retrieved 810 potential sources (2002-2020), 39 sources met the inclusion criteria. They focused on the educational aspects of museums and were produced by disciplines like psychology and gerontology, museology, arts and education. Museums play an important role on health (emphasis on psychological and physical wellbeing), socialization (discussing stereotypes, reducing isolation, redefining social roles), socioeconomic aspects (with local focus on services, partnerships) and on creative aging (promoting non-formal education with lifelong learning at different levels).
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Num marco de 60 anos da regulamentação da psicologia, em momento de aguçamento da crise estrutural do capital, analisamos em que sentido a crítica na/da/à psicologia se desenvolve, como ela influi no recente desenvolvimento da profissão e suas implicações. Trata-se de um trabalho teórico em que dialogamos com exercícios analíticos críticos na psicologia brasileira desde o marxismo. Por um lado, verificamos a crítica na/da/à psicologia não apenas se desenvolvendo, como influindo no desenvolvimento dessa área no Brasil em direção a análises e explicações mais condizentes com a realidade, bem como a práticas mais comprometidas ética e politicamente, superando lacunas históricas. Por outro, constatamos inflexões e abrandamentos na crítica atrelados à conjuntura, sua institucionalização na academia (em termos da produção de conhecimento) e políticas sociais (referente ao trabalho profissional), formando uma crise na práxis da psicologia crítica: o aguçamento da crise estrutural do capital se expressando nas propostas críticas à/da/na psicologia. Como caminhos para a continuidade da crítica como motor do desenvolvimento da psicologia, sinalizamos: a) explicitação da dimensão ontológica na/da crítica e seus projetos ético-políticos de psicologia e sociedade; b) análises totalizantes, em vez de fragmentações da realidade; c) práxis como critério de verdade, superando a noção da crítica como algo em si ou mero exercício teórico descolado da realidade; d) emancipação humana como horizonte; e) resgate da radicalidade; e f) ir além das fronteiras da psicologia, em direção às lutas e movimentos sociais.
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A disseminação da Coronavirus Disease 2019 foi classificada como pandemia em março de 2020, desencadeando uma grave crise. São inúmeros os fenômenos advindos desse momento inédito na história recente, diante dos quais a Psicologia Escolar tem muito a contribuir como área de produção científica, pesquisa e intervenção. Este artigo teórico teve como objetivo apresentar reflexões críticas sobre ações, reações e prospecções da área na pandemia. Foram apresentados levantamentos da literatura nacional e internacional no período e contribuições teóricas e reflexivas para a atuação em Psicologia Escolar destacando temas como: inclusão escolar, atuação institucional e formação continuada. As conclusões evidenciaram que, embora a pandemia da Coronavirus Disease 2019 tenha criado desafios ao psicólogo escolar, houve inúmeras transformações e avanços, como o fortalecimento das pessoas que permaneceram, corajosamente, trabalhando, ensinando e aprendendo. Os temas discutidos forneceram indicadores potentes de resistência na perspectiva de uma cultura do sucesso escolar para além do período pandêmico.
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Foi pela vivência de pesquisa no exterior que Ivan da Costa Marques tomou consciência da dependência tecnológica do Brasil. Foi na pesquisa no Brasil que ele vivenciou a reserva do mercado de minicomputadores como uma linha de fuga da dependência tecnológica, o que para ele seria, para o Brasil, uma aproximação autônoma da modernidade. Foi refletindo sobre como o sucesso dessa linha de fuga se transformou em fracasso que da Costa Marques se deu conta de que as explicações disciplinares, fossem da engenharia, da economia ou mesmo da sociologia, tinham sempre hipóteses e opções implícitas de valores que tendiam a reforçar o modo de ver dos países ditos desenvolvidos. Depois, continuando a estudar e pesquisar sobre as limitações dessa linha de fuga, chegou aos Estudos de ciência, tecnologia e sociedade e situou os Estudos de ciência, tecnologia e sociedade como uma poderosa ferramenta daqueles que estão engajados na superação da colonialidade nas periferias do Ocidente.
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Nos últimos anos, tem-se observado um aumento gradativo de estudos que buscam elucidar e compreender os efeitos da religiosidade e espiritualidade (R/E) sobre a saúde mental. Paralelamente, um movimento crescente de pesquisas sobre o bem-estar tem marcado presença no mundo acadêmico, tendo como referência a perspectiva teórica da Psicologia Positiva, que se dedica a estudar os fatores que colaboram para o funcionamento positivo do ser humano. Entre os diversos fatores considerados incluem-se a relação com a transcendência e a espiritualidade, que podem ou não estar associadas ao comportamento religioso. Tendo em vista a relevância e amplitude do tema, este estudo objetiva apresentar uma discussão teórica acerca de resultados de pesquisas que abordam o impacto da R/E no bem-estar e na saúde mental. O arcabouço conceitual da Psicologia Positiva é mobilizado para compreender os elementos que contribuem para a promoção do bem-estar.
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A Reforma Psiquiátrica busca progressivamente deslocar o foco do cuidado do hospital para as redes de cuidado territoriais. O objetivo deste estudo foi compreender a experiência de pessoas em sofrimento psíquico grave no período de internação e pós-internação em um hospital psiquiátrico. Foi realizado estudo qualitativo, por meio do método de História de Vida Focal, com realização de entrevistas com cinco ex-internos do extinto Hospital Psiquiátrico Franco da Rocha (HPFR). Utilizando-se a Análise do Conteúdo Temática foram levantadas três categorias: a forma de se relacionar com a loucura, a ambivalência das experiências e as nuances de uma possível ruptura de paradigmas. Tais categorias permitiram discutir a coexistência entre os paradigmas asilar e psicossocial no atual cenário da Reforma Psiquiátrica, constituindo atravessamentos nos modos de compor itinerários de cuidado entre as pessoas com sofrimento psíquico. Afirma-se a necessidade de produção de modos de cuidado que respeitem o direito à cidadania, à palavra e à história das pessoas com sofrimento psíquico.
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Este ensaio tem o objetivo de problematizar os efeitos e movimentos produzidos pelas ações de educação em saúde quando massificadas, em especial, no contexto da pandemia de covid-19. Para tanto, incialmente, ele retoma o histórico do desenvolvimento das atividades de educação em saúde no Brasil, buscando entender os diferentes formatos que ela assumiu, e assume ainda hoje, nas políticas e nos serviços públicos de saúde. A educação popular em saúde, que tem como base teórica os trabalhos de Paulo Freire aparece, então, como um importante desdobramento destas atividades em nosso país, a partir dos anos de 1980. As análises que se seguem utilizam os trabalhos de Michel Foucault notadamente os conceitos de biopolítica e governamentalidade para pensar criticamente, este processo, aprofundando o debate sobre o tema no contexto atual, imerso na pandemia da covid-19. Mesmo diagnosticando o lugar paradoxal que ocupa a educação em saúde no interior da saúde pública e da governamentalidade neoliberal, procura-se estabelecer um diálogo a partir dela, no intuito de facultar a invenção de novos sentidos, a produção de novas realidades.
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A clínica psicológica, acompanhando entrelaces e experiências diversas no campo da saúde e da educação, é entendida como espaço de recolhimento de questões que tematizam a existência humana. Por meio de leitura bibliográfica, pretendemos dialogar com fenômenos humanos que, sob o caos cotidiano, reverberam compreensões para a clínica psicológica como campo político de ação. Partimos de apontamentos de Hannah Arendt para abordar uma possível ação clínica que faz interface com a política. Buscamos evidenciar as identidades de gênero e orientações sexuais como constructos que permeiam e são permeados por forças que ora direcionam, ora excluem, dadas as confusões em torno do poder e da violência que desde tenra história revelam a sua não-conformidade com a ciência psicológica. Questionamos o lugar do fazer e do saber da psicologia, salientando que sua atitude deveria caminhar numa direção ética e dialogar com uma ação clínica e política.
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We aim to reflect on how the INEP’s censuses may provide a criterion to analyze the professional education of psychologists in Brazil. We established a methodological strategy based on bibliographic-research and document analysis. We contextualized the INEP’s emergence and its logic of establishing higher education census through the figures of Lourenço Filho and Anísio Teixeira, their stays at Columbia University and appropriations of psychological, educational and administrative ideas. We examed such censuses, between 1940-2010, to understand the educational expansionism and professional education of psychologists. In the 2020 census, we observe: predominance of private courses over public ones; educational expansion in inland courses; expression of a commodified Psychology; discrepancy between the Bachelor’s and the Teaching License Degree in the education of psychologists; equivalence and reduced offers of Psychology Degree courses in public and private education. We conclude that the analysis undertaken helps to understand the psychologist professional education field in its historical, political, statistical, social and educational nuances.
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Esta pesquisa investiga como a fundação do Ambulatório Rivadávia Corrêa, polo irradiador da educação higiênica nos subúrbios cariocas, foi noticiada por periódicos, jornais e revistas do período. A hipótese é que o ambulatório ratificou uma política de tratamento que extrapolava o saber psiquiátrico e fazia confluir discursos diversos, tais como republicanismo, trabalho, pobreza e raça. Na análise desse campo de diálogo espera-se compreender a participação do ideário psiquiátrico nas teorias eugênicas e inseri-lo em uma perspectiva mais ampla, adequada ao conjunto de instrumentos de regulação social que precisaram ser construídos (ou reconstruídos) após o fim da escravidão no Brasil. A pesquisa foi realizada sobre fontes primárias, que compõem o acervo da plataforma Hemeroteca Digital, da Biblioteca Nacional. Como instrumento de análise desse material se fez uso do conceito de Marcador Social, compreendido como o conjunto de diferenças socialmente construídas que se somam na produção das desigualdades ou hierarquias.
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Esta pesquisa tem o propósito de investigar a circulação, recepção e apropriação dos conceitos teóricos da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, a Experiência da Aprendizagem Mediada e do Programa de Enriquecimento Instrumental, elaborados pelo Psicólogo israelense nascido na Romênia, Reuven Feuerstein (19212014), no ideário científico da psicologia e da educação brasileiras. Partindo da premissa de que as habilidades cognitivas humanas podem ser modificadas através da dinâmica interpessoal, Feuerstein dedicouse à promoção do desenvolvimento cognitivo e socioemocional de pessoas com privação cultural e dificuldades de aprendizagem. Suas propostas teóricas têm sido aplicadas com sucesso, em diversos países. A investigação é pautada na revisão sistemática da literatura de natureza quantitativa e qualitativa, sob meta análise dos dados referente à circulação e implicações dos conceitos utilizados no Brasil, de modo a analisar quais têm sido os resultados relatados na literatura, quais releituras e transformações nos conceitos e procedimentos originais do autor têm sido construídos no contexto brasileiro. O pressuposto é que as teorias científicas, ao circular em diferentes contextos, passam por processos de apropriação que podem resultar em inovações e na elaboração de novas direções de pesquisa. Os estudos em questão utilizam a teoria, conceitos e procedimentos pedagógicos propostos por Feuerstein, em especial a Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, os critérios que definem a Experiência da Aprendizagem Mediada e o Programa de Enriquecimento Instrumental, concebidos pelo autor. A partir de uma busca ampla nas bases de dados Google Acadêmico e Periódicos CAPES foram encontrados 199 estudos, publicados no Brasil entre 1994 e 2021, sendo 98 artigos, 17 teses de Doutorado, 38 dissertações de Mestrado e 46 publicações acadêmicas diversas. Os principais conceitos de Feuerstein utilizados nas publicações são aqueles relacionados à aplicação da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), à fundamentação teórica de práticas pedagógicas, à Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural e ao uso do Programa de Enriquecimento Instrumental. Como comprovação da efetiva recepção e do crescimento de interfaces de suas teorias em comunicação com os estudos brasileiros, identificaramse 14 áreas de pesquisa nas quais se observou a presença das suas propostas teóricas. A análise qualitativa dos 77 estudos publicados mostram: 1) a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada foi a mais presente nesses estudos, em ampla comunicação com as áreas educacionais abrangidas, de forma relevante e inovadora no campo das tecnologias de ensino e formação de professor; com destaque para 2) a expansão das condições da Modificabilidade Cognitiva; 3) a interlocução com uma diversidade de áreas de pesquisa, denotando a permeabilidade de sua obra; 4) resultados positivos e colaborativos nas interfaces encontradas; e 5) caráter universal de recepção das suas teorias. Este estudo alcança uma abrangência territorial e amplitude de campos educacionais que reconhecem a pertinência e a eficácia da aplicação dos instrumentos e teorias de Feuerstein, na melhora da aprendizagem, além de propiciar oportunidades para interrelacionar suas propostas à inovação sobre o ato de ensinar e aprender.
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O livro reúne reflexões elaboradas a partir da implantação do ensino remoto emergencial no curso de graduação em Jornalismo da UFMG em função da pandemia de covid-19
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Buscamos, no presente artigo, situar o conjunto nocional da relação consigo (rapport à soi) na construção da categoria de subjetividade do pensamento tardio de Michel Foucault. Atrelamos a ele a questão da relação com o Outro e propomos a possibilidade de inscrever a psicanálise na história do cuidado de si. Nosso material primário é a transcrição das aulas ministradas pelo filósofo no começo de 1982 e o livro L’herméneutique du sujet (Foucault, 2001); e nosso suporte principal para análise são as conferências de 1980, L’origine de l’herméneutique de soi, e o livro Foucault, de Deleuze (2005). Como resultado, apresentamos a capacidade de afecção de si por si proporcionada pela relação consigo, demonstramos o modo como a posição do Outro influencia a produção da verdade do sujeito, e reforçamos a necessidade de se pensar práticas como a da psicanálise a partir do arranjo deixado pela história das técnicas de si.
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O objetivo do artigo é compreender a noção de linguagem e expressão em Merleau-Ponty, de modo a evidenciar como se dá a gênese de sentido linguístico. Primeiro, optamos em expor o estado da questão na Fenomenologia da Percepção. Introduzimos o corpo como potência expressiva e significativa de mundo, e a linguagem como expressão atrelada ao caráter gestual da palavra. Em seguida, apresentamos a expressão da linguagem após a apropriação feita por Merleau-Ponty da linguística de Saussure. Por fim, enfocamos a articulação entre o sentido gestual da palavra e o caráter sistemático da língua: o sujeito falante, enquanto potência de atualização e criação de sentido, assume a língua à qual pertence, ao mesmo tempo em que a língua forma sua possibilidade de expressão.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.874)
- Conferência (1)
- Livro (471)
- Seção de livro (1.151)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.645)
- Entre 2020 e 2024 (872)
- Desconhecido (4)