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Este trabalho busca caracterizar o surgimento da psicologia e da psicanálise segundo a malha conceitual apresentada na última fase do pensamento foucaultiano, condizente às práticas pelas quais os sujeitos tornam-se sujeitos de si mesmos. Trata-se das tecnologias ou técnicas de si, que são divisíveis em elementos como substância, askesis, práticas de si, e teleologia. A partir destes elementos, são distintos alguns sistemas éticos específicos, como uma ética pagã clássica; uma pagã tardia; uma cristã; e uma moderna. Para o surgimento dos saberes psi, Foucault avalia como crucial a ética cristã, a partir da invenção de uma nova substância ética, os nossos desejos, e de uma nova askesis, a hermenêutica de si. A meta deste pensador é mostrar que esta hermenêutica de si nada possui de universal ou necessário. Esta atitude de estranhamento de si será denominada ontologia histórica de nós mesmos, opondo-se à hermenêutica de si presente nos saberes psi.
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O presente artigo apresenta uma comparação entre a elaboração da essencialista Stein e do existencialista Buber apontando especificidades mas também elementos fortemente convergentes, embora traçados por caminhos independentes, a respeito do constituir-se pessoa. Stein identifica a formação propriamente humana e discute o problema de seu princípio formativo na própria pessoa e de sua relação com ambiente cultural. Buber identifica um itinerário de crescimento no sentido de a pessoa atingir a autenticidade e o destino humano. Para Stein, o mundo espiritual que plasma toda a realidade criada se enriquece por meio de sujeitos que contribuem coerentemente com sua própria estrutura pessoal. Para Buber, essa mesma contribuição autêntica, se dirigida ao absoluto a partir de cada condição limitada e circunscrita, possibilita a realização da pessoa de modo que a história cósmica dá mais um passo em relação ao seu sentido de ser.
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O presente artigo considera, inicialmente, o desenvolvimento da fenomenologia nos Estados Unidos da América a partir de William James e da transferência de importantes filósofos europeus para aquele país devido a Segunda Guerra Mundial. Em seguida apresenta a contribuição de Erwin Straus para a antropologia e para a psiquiatria fenomenológica, bem como a formação do World Institute for Advanced Phenomenological Research and Learning com Tymieniecka e outros. Periódicos como Philosophy and Phenomenological Research, Analecta Husserliana, Journal of Phenomenological Psychology, e The Journal of the Society for Existential Analysis, dentre tantos outros, são apresentado com seus programas interdisciplinares, interculturais e internacionais.
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A despeito do interesse atual das Ciências Humanas pela questão da Memória, tem-se subestimado a recorrência com que eventos recordados são identificados como saudosos no discurso do dia a dia dos brasileiros. Memória e Saudade não têm o mesmo significado, mas estão fortemente relacionadas. Como aponta para a valorização de um componente afetivo do conteúdo mnemônico, a problemática dessa relação é de interesse para o entendimento de processos psicossociais mais amplos. O presente estudo objetivou identificar distinções, analisando a produção teórica, nas noções de memória social e saudade. Num segundo momento, faz-se a proposta de que o tratamento articulado dessas duas noções pode resultar em ganhos na análise psicossocial das recordações.
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Com o objetivo de melhor delinearmos a origem da Psicopatologia do Trabalho na França e alguns dos seus desdobramentos, são apresentados determinados fatos sócio-históricos ocorridos naquele país no século XX. Tais desdobramentos possibilitaram a formação das modernas vertentes de pesquisas na área, como por exemplo os estudos de Paul Sivadon, Louis Le Guillant e Christophe Dejours. Também são feitas referências a algumas contribuições atuais em Saúde Mental e Trabalho para a proposta téoricometodológica de Le Guillant. Assim, pretende-se apresentar uma visão genealógica da disciplina para uma maior compreensão da sua ressonância sobre os aspectos teóricos e metodológicos que norteiam atualmente algumas linhas de pesquisas sobre a saúde mental dos trabalhadores.
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Analisa-se o processo de racionalização característico da sociedade moderna e a crise da razão iluminista. Com a desconstrução do passado são abandonadas promessas de felicidade, consideradas metanarrativas destituídas de credibilidade: as possibilidades de satisfação se concentram no presente, na sucessão das modas. O império do efêmero (Lipovetsky) libera o indivíduo do peso de sistemas de significado que exigiam dedicação e sacrifício. A colonização do mundo-da-vida por parte do mercado traz como conseqüência a banalização da existência (Arendt). Configura-se uma mutação antropológica, iniciada pela ruptura do entrelaçamento entre amor, sexualidade e procriação. Apontam-se mudanças na família: o valor da igualdade no quotidiano, originando formas mais democráticas de partilhar tarefas e responsabilidades; a exigência de satisfação no presente questiona o ideal de sacrifício da pessoa pelo bem da família. Na pluralidade de opções, os indivíduos movem-se entre a sedução do mercado e a autonomia da liberdade. Nesse contexto, desenvolvem-se as políticas familiares.
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O objetivo do trabalho é a análise de um sermão pregado pelo jesuíta Antônio de Sá em Salvador no ano de 1660, na Catedral da Sé, na ocasião da celebração do desagravo pelo ato sacrílego ocorrido naquele local, que destruiu parcialmente a estátua de Nossa Senhora das Maravilhas. O sermão introduz ao significado complexo da imagem sagrada na cultura católica da Idade Moderna, assim como foi sendo elaborado ao longo da tradição atualizada pelas normas do Concílio de Trento. Destacam-se três dimensões fundamentais: os efeitos da imagem no dinamismo anímico; o valor místico da imagem; o valor sacramental da mesma, pelo qual esta torna-se sinal do corpo da comunidade cristã na Bahia.
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In memoriam Carolina Martusceli Bori (1924-2004)
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In Memoriam Josef Brožek (1913-2004)
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Este estudo analisa as lutas que os professores de uma escola pública têm colocado em curso no trabalho para o enfrentamento das formas de violência. A pesquisa foi realizada com duas professoras e um professor de Educação Física, com os trabalhadores do corpo técnico-administrativo, pedagógico e com o vigilante da escola. O estudo teve duração de 16 meses de intenso trabalho de campo. Produziu dados por meio de conversas informais, registros de reuniões pedagógicas, momentos de planejamento, observação de aulas de EF, entrevistas e registros no diário de campo. Opera com o conceito de atividade de Schwartz (2004), o qual a concebe como esfera das microgestões inteligentes da situação, dimensão das astúcias e da produção de “histórias” que imprimem suas marcas no trabalho. O estudo torna evidente que as “violências na escola” também podem ser produzidas “na” própria escola, sendo os docentes convocados a gerir os riscos produzidos.
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Apresenta conversas e experienciações de uma psicóloga do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus São Mateus. Expõe os modos de trabalho da profissional de psicologia que emergem nessa escola. Traz pistas de como fortalecer os processos formativos que valorizem as problematizações e superem os modos hegemônicos de ser psicólogo(a), em prol de outros modos de pensar, criar, sentir, agir e viver. Discute a formação como processualidade, ou seja, as experienciações podem produzir no(a) profissional de psicologia uma abertura à sua própria transformação. Desse modo, abrem possibilidades para problematizações, desnaturalizações e produção de outros modos de trabalho do(a) psicólogo(a) na escola.
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O artigo discute contribuições psicanalíticas para uma clínica da violência, a partir da experiência do projeto de extensão Supervisão clínico-institucional para a equipe do Serviço de Atenção às Pessoas em Situação de Violência de Vitória (SASVV). O projeto, orientado à luz da psicanálise, propõe três eixos de trabalho: político-institucional, teórico-crítico e prático-clínico. Descrevemos a metodologia utilizada, inspirada nas conversações psicanalíticas (MILLER, 2005) e em outras propostas de psicanálise em situações sociais críticas (BROIDE; BROIDE, 2016). Discorremos também acerca de contribuições psicanalíticas para tratar da complexidade envolvida nas situações de violência, como as noções de ancoragens (BROIDE; BROIDE, 2016) e alçamento (GUERRA; MOREIRA, 2020), para pensar estratégias clínicas de trabalho em rede e com os pacientes; e a noção de prática entre vários (DI CIACCIA, 2005), para lidar com a multiplicidade de saberes envolvidos na abordagem clínica da violência.
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O objetivo desse artigo é discutir os ‘estados alterados da consciência’ como um dispositivo para a produção de processos de desterritorialização e singularização no campo da clínica esquizodramática. O método de trabalho parte de um estudo teórico sobre a consciência na esquizoanálise e no esquizodrama. Substituímos o termo estados alterados da consciência por modos conscienciais. Propomos um modelo de consciência enquanto máquina e agenciamento, dividido em cinco modos: I. dicotômico, II. plural, III. caósmico, IV. caótico e V. cronificado. O modo consciencial plural possui mais quatro subdivisões, ao ser articulado com os distintos diagramas de forças sociais. A partir dessa concepção teorizamos como se efetua a transição entre os modos conscienciais, em que, de uma posição consciencial cronificada, pode-se chegar a um modo consciencial plural ecosófico.
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Este artigo compartilha os movimentos e alguns resultados de uma pesquisa de Mestrado que buscou acompanhar os modos de participar dos estudantes e suas interferências nos processos de formação e gestão no Ifes – Campus Serra/ES. Este percurso de pesquisa foi construído a partir dos referenciais da pesquisa-intervenção e aconteceu por meio da tessitura de conversas com participantes de movimentos sociais, estudantes e trabalhadores desta Escola. Neste artigo debatemos as formas de participação não institucionalizadas efetuadas por estudantes, partilhando as produções do jornal No Muro. Concluímos apontando que estes modos de participar interferem nos processos de formação e gestão do Ifes e colocam em análise práticas cotidianas, muitas vezes silenciadas no cotidiano da Escola.
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Esse artigo problematiza o trabalho de pesquisa com povos indígenas, apontando o exercício de modos de pesquisa ético-políticos numa visada contra colonizadora; fruto de interpelações quanto aos modos de produção de conhecimento e suas possíveis reproduções colonialistas neste gesto. A partir do território do estado do Espírito Santo onde encontram-se as etnias Guarani e Tupinikim, o trabalho teve como mote o propósito de realizar uma pesquisa atenta a outras bases de pensamentos e práticas. Os principais elementos contra colonizadores construídos foram: a problematização de bases epistemológicas colonialistas; a força da memória e seu cultivo; a relação de imanência com a terra; os conhecimentos orgânicos e a formação de um ethos transespecífico.
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O artigo visa a trazer algumas contribuições da psicanálise sobre a agressividade, considerando seu caráter constitutivo para a subjetividade. O diagnóstico de Transtorno Opositor Desafiador (TOD) tem feito com que algumas manifestações agressivas, essenciais para a organização subjetiva de uma criança, sejam vistas como comportamentos patológicos a serem eliminados através do tratamento terapêutico ou medicamentoso. Uma passagem por autores de diferentes orientações psicanalíticas, incluindo textos iniciais de Lacan, admite outras leituras da agressividade, da oposição e do desafio, que ampliam as possibilidades do fazer clínico e, por conseguinte, do universo simbólico em que uma criança pode circular e se situar. Considerar a agressividade enquanto constitutiva, multifacetada e contextual é dar voz ao que muitas vezes tentamos silenciar sem levantar questões.
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O artigo visa apresentar a proposta de psicologia de Nietzsche e sua relação com seu método crítico de análise genealógica. Para a elucidação desta psicologia, bem como exemplo de seu funcionamento, apresentou-se as interpretações genealógicas de Nietzsche sobre a formação histórica da concepção moderna da alma e da emergência do aparelho da consciência. Trabalhou-se a concepção da “grande psicologia” como ferramenta do método crítico genealógico que busca se distanciar dos preconceitos morais metafísicos, como “atomismo anímico”, centralidade do “eu” e do órgão da consciência no campo da existência humana, e o conceito de “livre-arbítrio”. Através da eleição do corpo e da “grande razão” como alicerces da existência, a psicologia nietzschiana poderia realizar análises genealógicas do órgão da consciência baseando-se na construção do humano a partir da formação de comunidades, da produção de comunicação entre seus pares, e da limitação desta comunicação por parte da malha gramatical que determinaria sua perspectiva.
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- Artigo de periódico (1.670)
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- Entre 1900 e 1999 (342)
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Entre 2000 e 2025
(3.333)
- Entre 2000 e 2009 (982)
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- Desconhecido (4)