O hospício como morada: capturas e resistências nas práticas de cuidado em saúde mental

Tipo de recurso
Autores ou contribuidores
Título
O hospício como morada: capturas e resistências nas práticas de cuidado em saúde mental
Resumo
Esta pesquisa é disparada a partir do encontro da pesquisadora com as chamadas moradias dentro de hospitais psiquiátricos no Estado do Rio de Janeiro. No seio da reforma psiquiátrica e da instalação de uma rede de assistência substitutiva ao hospício, ocorrem transformações também no interior deste último: humanizam-se as práticas, retirando de cena o eletrochoque, a lobotomia, a camisa-de-força, fazendo documentos como CPF, RG e etc. Contudo, a edificação manicomial permanece de pé com os seus grandes pavilhões, alguns agora travestidos em moradias, que tanto podem operacionalizar uma passagem de dentro para fora dos muros como perpetuar o hospício. O texto indaga por que motivo, a partir de um certo momento, inaugura-se um novo modo de organização em saúde mental, em que a antiga centralidade hospitalar se fragmenta em moradias internas e se difundem os novos serviços, ditos abertos , para em seguida afirmar que a construção de uma rede substitutiva não assegura, definitivamente, o fim da relação manicomial. Com o suporte teórico de Foucault e Deleuze, propõe uma discussão acerca da biopolítica da espécie humana, da coexistência de tecnologias disciplinares e regulamentadoras e da inauguração, na sociedade de controle, de um exercício de poder difuso, a céu-aberto, dispensando a coação física e a instituição da reclusão. O texto, entretanto, não se deixa abater por essas análises, mantendo suas apostas numa Reforma Psiquiátrica que propõe como um campo de disputas, de embates cotidianos. É então que a temática do cuidado entra em cena. Para tanto, faz-se uma releitura do período helenístico-romano através dos olhos de Foucault. O Cuidado de Si é apresentado ao leitor para, em seguida, ser estabelecido um contraponto entre o mesmo e o modo de ser sujeito moderno e cristão, com exercícios de renúncia a si e práticas de sacrifício, que em muito se assemelham à maneira como os trabalhadores vêm atuando, hoje, no campo da saúde mental. O texto procura dar pistas e visibilizar as resistências presentes em meio às tantas capturas postas em análise. Trata-se de uma experimentação de práticas de liberdade que se atualizem na operação de cuidado.
Tipo
Dissertação (Mestrado em Psicologia Social)
Universidade
Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Lugar
Rio de Janeiro
Data
2014-03-19
# de páginas
103
Idioma
Português
Título curto
O hospício como morada
Data de acesso
06/07/2024 14:04
Catálogo de biblioteca
Citation 'apa'
Pereira, L. C. (2014). O hospício como morada: capturas e resistências nas práticas de cuidado em saúde mental [Dissertação (Mestrado em Psicologia Social), Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro]. https://www.bdtd.uerj.br:8443/bitstream/1/15354/1/Dissert%20Livia%20C%20Pereira%20Bdtd.pdf
Citation 'abnt'
PEREIRA, L. C. O hospício como morada: capturas e resistências nas práticas de cuidado em saúde mental. Dissertação (Mestrado em Psicologia Social)—Rio de Janeiro: Instituto de Psicologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, 19 mar. 2014.