A sua pesquisa
Resultados 210 recursos
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Em 1972, Georges Lapassade esteve no Brasil em missão cultural. Dois anos depois, publicou Os cavalos do diabo: uma deriva transversalista. Viagem e viajante são vistos neste artigo como, simultaneamente, analisadores e analista do Brasil de então. O regime militar e a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) foram as instituições focalizadas. Além do livro de Lapassade, outras fontes foram utilizadas: o arquivo da Assessoria Especial de Segurança e Informação da UFMG; informações recolhidas pela Arquidiocese de São Paulo, pela Comissão de mortos e desaparecidos políticos e Instituto de Estudos sobre a Violência do Estado; escritos recentes de historiadores brasileiros; documentos do Setor de Psicologia Social da UFMG. Buscaram-se “coincidências analisadoras”, ou seja, mo-mentos de cruzamento entre o relato de Lapassade e outros registros históricos. Chegou-se à informação inédita de que, um ano após a missão, o missionário foi objeto de investigação pela Divisão de Segurança e In-formação do MEC.
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Neste trabalho discutimos, através de uma perspectiva histórica, o quanto o discurso médico atuou na produção e na concepção da mulher (papéis sociais, sexualidade e corpo/saúde) na transição entre os séculos XIX e XX. Para isso, as teses defendidas na Faculdade de Medi-cina do Rio de Janeiro nesse período foram de extrema relevância para o estudo, nas quais realizamos um mapeamento no material acerca das narrativas médicas da época sobre sexualidade e gênero. De forma complementar, propusemos uma reflexão acerca dessas pro-duções de conhecimento, ou seja, o quanto o discurso médico ajudou a compor e legitimar um desenho de mulher que foi e é transmitido nas relações com os seus pares e não pares.
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Objetiva-se analisar as produções sobre a abordagem centrada na pessoa (ACP) segundo a sua circulação em periódicos brasileiros, nos anos de 2002 até 2014. Foi realizado uma revisão sistemática nas bases de dados eletrônicas do SciELO e do PePSIC, utilizando diversos descritores referentes a abordagem. Foram encontrados 58 artigos. Os resultados apontam para: constância de produções em 2005-2014; concentração de publicações em dois periódicos de orientação humanista; predominância de autores e universidades cearenses; produções desenvolvidas principalmente na região Nordeste; hegemonia de produções teóricas em sobreposição aos estudos empíricos; destaque dado para discussões clínicas e históricas; apropriação da Fenomenologia filosófica e empírica para desenvolver a ACP. A continuidade do movimento de ascensão/renascimento da ACP no Brasil é questionada. Em conclusão, este estudo oferece uma compreensão de certos aspectos ACP brasileira e aponta outras possibilidades de pesquisa sobre a sua circulação.
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O artigo trata-se de uma pesquisa em história da psicologia que teve por objeto o estudo histórico conceitual do conceito de Pessoa em algumas obras de dois autores que se destacaram no contexto alemão do início do século XX: Edith Stein (1891–1942) e William Stern (1871–1938). Entre os dois autores existem semelhanças no que diz respeito aos tópicos estudados e também uma precisa relação histórica destacada em suas biografias: Stern lecionava psicologia em Breslau e Stein frequentou suas aulas como aluna em 1911–1912. Contudo, as pesquisas que retomam a relação teórica entre ambos são escassas. Nesse sentido, o objetivo do artigo foi retomar o percurso por meio do qual ambos propuseram suas análises a respeito da constituição do objeto psíquico, bem como as implicações dessas definições para a psicologia. Foram utilizadas como fontes primárias as edições em língua alemã, espanhola e inglesa das obras de Edith Stein e de William Stern. O ponto principal de encontro é a proposta de fundamentação da psicologia a partir do conceito de Pessoa. As definições divergem, mas o ponto de partida é compartilhado: as preocupações com a redução da ciência da alma ao mecanicismo das ciências naturais. Não há como separar a psicologia da filosofia sem reduzi-la, por um lado, ao naturalismo cientificista (representado atualmente pelo campo das neurociências) e, por outro, às ciências humanas (hoje orientadas pelos movimentos pós-estruturalistas relativistas). Somente uma elaboração filosófica (rigorosa) do conceito de Pessoa poderá integrar natureza e cultura sem reduzir uma à outra e fornecer à psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
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Este artigo historiográfico tem como objetivo diferenciar a teoria da sedução de Freud e a teoria do trauma de Ferenczi, tendo em vista as frequentes confusões com que ambas são tratadas, e indicar a contribuição de Jean Laplanche em conciliar essas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada. Apesar de apresentarem a violência sexual como denominador comum, as teorias de Freud e de Ferenczi abarcam funcionamentos psíquicos diferentes e demandas clínicas peculiares, o que justifica as experiências clínicas que Ferenczi elaborou. Como resultado, consideramos que a teoria freudiana versa sobre um modo neurótico de funcionamento psíquico, enquanto a teoria de Ferenczi contempla as modalidades limites tão frequentes na clínica contemporânea. Ao final, expõem-se as ideias de Jean Laplanche, que articula ambas teorias em sua Teoria da Sedução Generalizada.
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Este trabalho tem como objetivo analisar a história do Personalized System of Instruction, o PSI, usando publicações de seus quatro fundadores: Carolina Bori, Fred Keller, Gil Sherman e Rodolpho Azzi. Em primeiro lugar, são apresentadas as realizações profissionais destes quatro fundadores antes de se encontrarem pela primeira vez. Depois, as primeiras parcerias de trabalho até o desenvolvimento do sistema, em 1964, na Universidade de Brasília, são exploradas. Os trabalhos individuais que desenvolveram são descritos em seguida, enfatizando as mudanças no sistema básico usado por eles em 1964. Assim, esta pesquisa permite conhecer as contribuições individuais até então pouco exploradas, como diferentes pontos de vista desenvolvidos entre Bori e Keller.
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O objetivo do presente trabalho é investigar psicanaliticamente o imaginário coletivo sobre a mãe que abandona o bebê. Justifica-se no contexto do reconhecimento de que o fenômeno do abandono infantil encontra, em nosso país, vinculado ao fato de largos contingentes populacionais viverem em condições de precariedade social, o que cria um grave problema relativo à proteção e guarda de crianças e adolescentes. Organiza-se como estudo qualitativo de 44 notícias jornalísticas acessíveis em site que reproduz notícias publicadas em jornais impressos. A consideração deste material permitiu a produção interpretativa de um campo de sentido afetivo-emocional, “Sub Judice”, que contém três subcampos: “Mãe malvada”, “Mãe desesperada” e “Mãe drogada”. O quadro geral indica que a mulher que abandona seu bebê figura no imaginário como autora de ato delinquencial, que seria motivado por deficiências de caráter, que se expressam como crueldade ou como abertura para o uso abusivo de drogas, ou por dificuldade em enfrentar problemas. Cabe concluir que tais imagens podem comprometer a visão da condição da mulher como ser humano submetido a condições de precariedade socioeconômica e de desigualdade de gênero, que geram sofrimentos sociais importantes abrangendo desamparo, humilhação e injustiça.
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O presente memorandum traz anotações documentadas sobre questões concernentes à pertinência da língua franca (inglês) na formação e publicação em pesquisa, definidas respectivamente como internacionalidade e visibilidade. Reviso marcos históricos como: (1) criação da Revista Psicologia: Reflexão e Crítica, (2) fundação de pós-graduação stricto sensu (UFRGS), (3) proposição do Brazilian Psychological Abstract, base para o Index Psi Periódicos; (4) Fóruns de Internacionalização da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-graduação em Psicologia; e (5) projeto do International Journal of Psychological Reviews. Os documentos consultados indicam que a internacionalidade como formação em pesquisa é hoje fato assimilado e aceito pelos programas de pós-graduação, assim como o interesse pela visibilidade das publicações. Reconhece-se que a prática da língua franca acarreta dificuldades operacionais e financeiras. Trazer a língua franca para o cotidiano dos programas mostra-se iniciativa oportuna e promissora. Contudo, o incremento da internacionalidade e da visibilidade dependem de políticas científicas adequadas, consistentes e continuadas.
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No presente trabalho será proposta uma análise da atual conjuntura acerca do problema de adição em vídeo-games, partindo dos conhecimentos elaborados nas últimas décadas, seja a respeito dos efeitos dos vídeo-games na vida do indivíduo contemporâneo, positiva ou negativamente, mais especificamente a respeito do comportamento aditivo vinculado a este fenômeno, que muitas vezes é associado a dependência como a descrita em manuais de transtornos mentais em relação a substâncias psicoativas. Observa-se no entanto a necessidade de rediscutir este campo a partir de uma visão mais humanizada, não focada na objetificação do sujeito e sua categorização como doente. Serão utilizados conceitos psicanaliticos como sujeito, relação sujeito-objeto, gozo, agenciamento (assujeitamento à ilusão de imersão), buscando quebrar paradigmas que estão sendo construídos para pensar a relação dos sujeitos e os processos de identificação envolvidos nesta modalidade de entretenimento eletrônico.
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A profecia de Freud sobre o colapso da religião na sociedade tecnocientífica é analisada neste artigo. Considerando este problema, partindo do cenário da teoria social contemporânea, três perguntas são colocadas: (1) A profecia de Freud de que na sociedade tecnocientífica se elevaria o grau de segurança/controle da vida social foi validada? (2) A profecia de Freud sobre o “crepúsculo da religião” na sociedade tecnocientífica foi refutada? (3) Confirmou-se, conforme propôs Freud, que a relativização do poder coercitivo da religião repressora na sociedade tecnocientífica produziu um mundo social mais terapêutico para a vida humana? As respostas a estas perguntas mostraram-se reveladoras sobre as possibilidades hermenêuticas da psicanálise para o contexto da neomodernidade.
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O presente trabalho tem como objetivo delinear na obra de Merleau-Ponty um movimento crítico em relação às ciências modernas, principalmente à Psicologia, com inspiração nos questionamentos levantados por Husserl acerca do prejuízo relacionado à noção de mundo objetivo, compreendido a partir do paradigma euclidiano de espaço e tempo, que denota um processo de racionalização da natureza que atravessa a filosofia cartesiana e a ciência moderna. Segundo Merleau-Ponty, essa concepção objetiva da Natureza atravessa a ciência biológica e psicológica na dualidade entre causalidade mecanicista, na qual o organismo e comportamento são compreendidos como puros mecanismos, e causalidade finalista, na qual uma finalidade atua como um princípio de organização. Frente a essas posições, as primeiras obras de Merleau-Ponty buscam ultrapassar esse dualismo pela concepção de uma estrutura corporal em relação com o mundo como princípio de organização interior ao corpo próprio e deste com o mundo, apontando para uma vivência do espaço e do tempo mais primordial que aquela do mundo objetivo.
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Na atualidade a memória autobiográfica ainda se apresenta como um construto teórico de conceituação polêmica. Embora os teóricos, em sua maioria, concordem com seu caráter declarativo, predominantemente episódico e autorreferenciado, coexistem diferentes concepções sobre suas especificidades e processo de desenvolvimento. As diferenças aqui mencionadas refletem divergentes pontos de vista, apoiados em perspectivas teóricas diferentes que, consequentemente adotam distintos métodos de pesquisa, resultando em dados nem sempre análogos. Neste contexto, o presente artigo pretende discutir as principais concepções teóricas existentes sobre a memória autobiográfica, assim como, considerando o posicionamento das diferentes abordagens teóricas, elucidar o período da amnésia infantil, que se refere diretamente ao desenvolvimento da memória autobiográfica.
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In Memoriam Arno Engelmann
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In Memoriam Ecléa Bosi (1936-2017)
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The article analyzes the allegorical Brazilian novel História do Predestinado peregrino e de seu irmão Precito (The story of the pilgrim Predestined and his brother Reprobate) (1682) in the light of the history of psychological knowledge. The novel’s author, Alexandre de Gusmão (1695–1753), was an important member of the Society of Jesus in Brazil who became the director of Jesuit schools in the region. The article shows that the novel proposes a link between the psychological and spiritual dimensions, a link necessary for health and decisive in the healing of mental disorders. The role of psychological dynamism depends on the choice of an appropriate target or, in other words, on appetites being directed toward an appropriate object.
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Neste artigo discutimos a idéia que atravessa a expressão “ser o que se é”, utilizada por Carl Rogers em seus textos para falar do processo que a pessoa vive durante a psicoterapia. Iniciamos com um diálogo com o autor desta frase, o filósofo existencialista Soren Kierkegaard, e em seguida realizamos uma breve descrição sobre o estado de incongruência que é, para Rogers, a origem do sofrimento psíquico. Descrevemos o processo de psicoterapia que facilita a mudança do cliente para um estado de maior congruência, mostrando que “ser o que se é” é um processo contínuo e não um estado fixo. Concluímos com a exposição de algumas características desse processo, que inclui uma maior abertura à experiência, a vivência existencial no aqui e agora e a confiança no organismo como referência para o comportamento.
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