A sua pesquisa
Resultados 41 recursos
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Este estudo busca compreender como são efetivadas as políticas de saúde mental e de assistência social para os usuários de álcool e drogas assistidos no município de Resende/RJ. Para tanto, foi realizada uma revisão conceitual, tanto da própria concepção de direitos como das políticas de saúde mental e de assistência social, correlacionando-as com a temática do uso de álcool e outras drogas e situando-as, singularmente, no território pesquisado. A pesquisa teve por objetivo geral analisar os efeitos das políticas públicas de saúde e de assistência social na garantia de direitos dos usuários de álcool e outras drogas e, por objetivos específicos: (1) estudar a percepção dos usuários quanto às atribuições das políticas de saúde e de assistência social; (2) identificar as relações existentes entre as políticas setoriais; (3) apreender a concepção dos profissionais acerca das políticas de garantia de direitos no município; (4) entender de que forma os usuários acessam as políticas de saúde e de assistência social e, por fim, (5) identificar as formas de cuidado ofertadas pelos executores das políticas. Metodologicamente, dadas às condições político-sanitárias do período de realização da pesquisa – uma epidemia de covid-19 tratada de forma necropolítica pelo governo federal –, empreendemos um percurso metodológico exploratório, tendo por referencial de base a análise institucional. Os principais instrumentos utilizados foram a observação participante realizada nos dispositivos/serviços da rede e as entrevistas, levadas a cabo tanto com os usuários como com os profissionais lotados nas políticas de saúde mental e de assistência social. Como resultado preliminar percebeu-se, entre outros destaques, que os usuários se sentem gratos e acolhidos pela política a que estão vinculados e que os profissionais percebem que suas ações produzem cuidado e garantem o acesso da população aos serviços. Porém, foi identificado um desconforto relacionado ao processo formativo e à atuação dos assistentes sociais como técnicos de saúde mental. Esses achados reforçam a importância do trabalho desenvolvido, mas apontam para a necessidade de dar prosseguimento a estudos sobre o tema proposto.
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Esta tese é produto de meu percurso no Doutorado no Programa de Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ e apresenta as diferentes modulações dos trajetos desenvolvidos durante quase 6 anos. Descreve um processo que começou com a apresentação de um cenário de prática profissional, relatando cenas de uma experiência que resultaram problemáticas, a partir da metodologia do diário de campo. A pesquisa desenha um modo possível da analisar a prática da psicologia no encontro com crianças e adolescentes em situação de rua. A partir das ferramentas da Análise Institucional se propõe pensar a psicologia e a infância como analisadores. Desde essa perspectiva, colocam-se em análise as implicações da pesquisadora que permeiam a pesquisa toda. O primeiro trajeto da pesquisa me levou à construção da primeira pergunta orientadora: que práticas de governo existiam durante essa experiência e quais foram os movimentos de desobediência e as recusas possíveis frente a isso? A pesquisa bibliográfica me aproximou ao corpo de conhecimentos que oferece a Análise Institucional e a conceituação apresentada por Michel Foucault sobre as práticas de governo. O segundo trajeto levanta uma problematização sobre os modos de infantilização na atualidade: como se infantilizam as crianças, a própria psicologia e, também, uma cidade. Os intercessores para abordar esses problemas foram René Schérer e Guy Hocquenghem, com o livro “Coire, album systématique de l’enfance” (1976), traduzido pelo professor Eder Amaral, e parte da obra literária do escritor Fernand Deligny. Por fim, o terceiro trajeto propõe refletir sobre a psicologia e a pesquisa, a produção de determinada prática psicológica e científica, incluindo a questão do território na análise. Nesse trajeto as entrevistas e produções teóricas da filósofa belga Vinciane Despret foram fundamentais nas formulações realizadas. O percurso percorrido durante esse processo foi abrindo e continua provocando novos temas a estudar. O modo de produzir conhecimento e, consequentemente, o modo de afirmar uma prática e uma pesquisa talvez seja uma das problematizações mais importantes que essa experiência me trouxe e que ainda continua me impulsionando a iniciar novos trajetos.
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Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem – diz- se comumente. Das cartilhas de ciências às normas da medicina e do direito, o ciclo da vida parece ser algo pacificado. Mas nem todo mundo nasce, não são todas as pessoas que conseguem chegar a crescer e a realidade da reprodução não é válida para todos os corpos. Talvez a única verdade a respeito desse ciclo seja mesmo a morte. Mas se tal ciclo é o ciclo da vida e todos os seres correspondem a ele, quem se desvia desse caminho é o que? E, mais do que isso, quem criou essas verdades? De que modo quem não se enquadra nessas verdades decerto vive, embora de certo modo alheio aos padrões estabelecidos pelos saberes científicos e pela cultura?Intrigada por esses questionamentos, busco no presente trabalho investigar, por meio de uma análise bibliográfica e documental, como a medicina e o direito têm regulado vidas não conformes, mais especificamente no que tange à sexualidade tida como anômala, ou melhor, às vidas intersexo. Para tal investigação, uso análises críticas de Michel Foucault, Judith Butler e Paul B. Preciado, entre outres autores, para questionar instituições como sexo/gênero, natureza/cultura e normal/patológico, assim como o próprio direito e a medicina. O intuito é o de problematizar a possibilidade de viver, ainda que nas frestas, ainda que em intervivências.
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Para o filósofo canadense Charles Taylor, o conceito de experiência religiosa foi mal compreendido. Formulada a partir da psicologia de William James, a descrição dessa experiência centrou-se em aspectos individuais em detrimento de suas manifestações coletivas. Segundo Taylor, paira sobre ela uma densa névoa de incompreensões epistemológicas e políticas que obstam resgatar o verdadeiro sentido da experiência religiosa. Ele atribui essas incompreensões à concepção naturalista do comportamento humano, inaugurada com a modernidade, e propõe uma nova maneira de entender a experiência religiosa por meio de uma investigação da formação da identidade moderna. A partir da crise da morte de Deus, a o fim do domínio público da religião e a interiorização e o recuo para a vida privada das experiências religiosas, nossa tese discorre sobre a teoria da subjetividade de Taylor e seu impacto no estudo da experiência religiosa. Composta por quatro artigos, nós apresentamos, no primeiro, os elementos centrais da filosofia da psicologia de Taylor, no contexto do que ele denomina de antropologia filosófica. Essa teoria visa se contrapor à corrente do naturalismo, que, a seu ver, invadiu as ciências humanas e é responsável por uma série de incompreensões no estudo do comportamento humano. No segundo artigo, traçamos a origem dessa corrente, mostrando como ela está entrelaçada com a autocompreensão da modernidade. A seguir, tratamos da leitura de Taylor da psicologia da religião de James. Nesse artigo, mostramos a ligação entre o pensamento de James e o naturalismo e discorremos sobre as críticas de Taylor a ele. Por fim, tratamos da experiência religiosa em Taylor. Mais do que uma experiência centrada no indivíduo, Taylor aponta para toda uma estrutura de compreensão de mundo que atravessa a compreensão da experiência religiosa.
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Esta tese tem como objetivo apresentar a história da separação que a psicóloga e educadora Helena Antipoff entreteve com seu filho único, Daniel, educando-o por meio de cartas semanais entre ela e ele, durante 9 anos, de1929 a 1938. O referencial teórico utilizado para trabalhar essa extensa correspondência executa uma espécie de fenomenologia sugerida por Husserl, acrescida dos cuidados que as críticas de Kant e de Marx postulam para a atividade teórica, levando também em consideração a literatura epistolar dos últimos séculos, como as recentes publicações das cartas entre Claparède e Antipoff e das de Freud a seus filhos. Quanto ao método, depois de uma leitura longitudinal das cerca de 700 cartas, ordenadas cronologicamente, selecionamos 58 de Helena Antipoff, distribuídas em três quadros (da infância, da adolescência e da juventude de Daniel), esquadrinhadas pelos temas tratados para, em seguida, apresentarmos algumas delas. Consideramos que os resultados obtidos oferecem aos estudiosos uma visão geral do conteúdo e da relevância desse acervo para o tratamento das relações de contraponto - a partir da escola - às limitações da família, porque nos remetem ao que de melhor oferecem a filosofia, a psicologia e a pedagogia de todos os tempos para conclusão da tarefa educativa. Sobre esse patamar, ergueu-se um tripé: a criação de uma escola nova, em Beauvallon, França, as cartas semanais e o escotismo, com o verniz da musicalidade. Os golpes de estado no Brasil(1930 e 1937) e a ascensão do nazismo na Europa, envolvem o conteúdo lírico e filosófico das cartas, tornadas testemunho vivo daqueles momentos históricos. Por sua vez, a então recente ação educativa de Antipoff, na Rússia dos primeiros anos da revolução de 1917, revela-se por escrito numa tradução informal de suas dúvidas e convicções. Os insistentes convites ao filho para se juntar a ela no atendimento à juventude encarcerada pelo sistema prisional mineiro sinalizam, naqueles anos de separação, sua inclinação pelos caminhos inclusivos da educação, a tônica de sua obra magistral. À guisa de conclusão, consideramos que nosso esforço trouxe à luz - como um convite - uma opção apaixonada pela arte de viver e pela arte de educar, sugerida naquela separação voluntária entre mãe e filho por quase meio milhar de semanas, unidos pelo laço delicado e íntimo de uma mesma quantidade de cartas mar a mar.
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Esta pesquisa teve como objetivo investigar como ocorre o brincar na faixa etária de cinco e seis anos na escola, foi realizada numa instituição escolar da rede privada do município de São Paulo, tendo como referencial teórico-metodológico a psicogenética walloniana. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, para a qual foi selecionada uma turma de nove alunos da Educação Infantil e 1º ano do Ensino Fundamental I, na faixa etária de 5 e 6 anos, para a observação do brincar e dos momentos destinados para tal na escola, seja dentro ou fora da sala de aula. Quadros e sínteses foram elaborados para auxiliar na análise e discussão das informações. Como procedimento de produção de dados foram utilizados: documentos relativos à escola, especialmente seu Projeto Político-pedagógico, entrevistas não formais com gestores e professores e, principalmente a observação participante; além dos documentos, os dados de observação foram registrados num caderno de campo. Este estudo apontou as articulações entre a dimensão psicológica do brincar e a dimensão pedagógica, revelando que o brincar dirigido, planejado intencionalmente, promove o desenvolvimento da criança em sua totalidade, nas dimensões afetiva, cognitiva e motora, bem como pode propiciar o surgimento de um brincar espontâneo, livre, desde que o professor reconheça a importância do desenvolvimento integral em sua concepção de ensino e de que o brincar é uma condição fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento e que se faz necessário um olhar e uma escuta sensíveis, respeitando os desejos da criança, para que haja uma flexibilidade nesse planejamento, permitindo o brincar em sua plenitude e que a criança se expresse em toda sua inteireza. Esse processo é possível porque os educadores da escola foram e continuam sendo formados para a ação pedagógica fundamentada numa concepção de ser humano e de educação que reconhece a importância do desenvolvimento integral do educando. Mostrou-se, também o corpo como canal de aprendizagem, a dimensão motora integrada com as demais dimensões, afetivas e cognitivas, e que constituem a criança em sua plenitude.
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O presente trabalho teve como objetivo realizar um levantamento bibliográfico de artigos nacionais da Análise do Comportamento Aplicada e estratégias para a facilitação do processo de ensino-aprendizagem na Educação Especial no período de 2013 a 2022 como contribuição teórica e prática aos professores, seja na escola especializada ou no Atendimento Educacional Especializado. A primeira etapa, identificação, consistiu na busca dos artigos realizada nos bancos de dados do Portal de Periódicos da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES); Scientific Electronic Library On-line (SciELO) e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), sendo que o protocolo PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses) foi escolhido para delineamento desta revisão por apresentar um conjunto de diretrizes para a realização de revisões sistemáticas e meta-análises. Dos 28 estudos selecionados, verificou-se, dentre outros aspectos, que a maior parte foi de trabalhos voltados à capacitação de professores; das deficiências e transtornos mais encontrados nas pesquisas o TEA é o mais frequente; as estratégias mais relevantes levantadas foram o ensino dos princípios básicos da Análise do Comportamento e o reforçamento diferencial. Esta revisão indicou contribuições relevantes de estratégias analítico- comportamentais relevantes para a atuação de professores na educação especial.