A sua pesquisa
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Esta pesquisa tem o propósito de investigar a circulação, recepção e apropriação dos conceitos teóricos da Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, a Experiência da Aprendizagem Mediada e do Programa de Enriquecimento Instrumental, elaborados pelo Psicólogo israelense nascido na Romênia, Reuven Feuerstein (19212014), no ideário científico da psicologia e da educação brasileiras. Partindo da premissa de que as habilidades cognitivas humanas podem ser modificadas através da dinâmica interpessoal, Feuerstein dedicouse à promoção do desenvolvimento cognitivo e socioemocional de pessoas com privação cultural e dificuldades de aprendizagem. Suas propostas teóricas têm sido aplicadas com sucesso, em diversos países. A investigação é pautada na revisão sistemática da literatura de natureza quantitativa e qualitativa, sob meta análise dos dados referente à circulação e implicações dos conceitos utilizados no Brasil, de modo a analisar quais têm sido os resultados relatados na literatura, quais releituras e transformações nos conceitos e procedimentos originais do autor têm sido construídos no contexto brasileiro. O pressuposto é que as teorias científicas, ao circular em diferentes contextos, passam por processos de apropriação que podem resultar em inovações e na elaboração de novas direções de pesquisa. Os estudos em questão utilizam a teoria, conceitos e procedimentos pedagógicos propostos por Feuerstein, em especial a Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural, os critérios que definem a Experiência da Aprendizagem Mediada e o Programa de Enriquecimento Instrumental, concebidos pelo autor. A partir de uma busca ampla nas bases de dados Google Acadêmico e Periódicos CAPES foram encontrados 199 estudos, publicados no Brasil entre 1994 e 2021, sendo 98 artigos, 17 teses de Doutorado, 38 dissertações de Mestrado e 46 publicações acadêmicas diversas. Os principais conceitos de Feuerstein utilizados nas publicações são aqueles relacionados à aplicação da Experiência da Aprendizagem Mediada (EAM), à fundamentação teórica de práticas pedagógicas, à Teoria da Modificabilidade Cognitiva Estrutural e ao uso do Programa de Enriquecimento Instrumental. Como comprovação da efetiva recepção e do crescimento de interfaces de suas teorias em comunicação com os estudos brasileiros, identificaramse 14 áreas de pesquisa nas quais se observou a presença das suas propostas teóricas. A análise qualitativa dos 77 estudos publicados mostram: 1) a teoria da Experiência da Aprendizagem Mediada foi a mais presente nesses estudos, em ampla comunicação com as áreas educacionais abrangidas, de forma relevante e inovadora no campo das tecnologias de ensino e formação de professor; com destaque para 2) a expansão das condições da Modificabilidade Cognitiva; 3) a interlocução com uma diversidade de áreas de pesquisa, denotando a permeabilidade de sua obra; 4) resultados positivos e colaborativos nas interfaces encontradas; e 5) caráter universal de recepção das suas teorias. Este estudo alcança uma abrangência territorial e amplitude de campos educacionais que reconhecem a pertinência e a eficácia da aplicação dos instrumentos e teorias de Feuerstein, na melhora da aprendizagem, além de propiciar oportunidades para interrelacionar suas propostas à inovação sobre o ato de ensinar e aprender.
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Numa narrativa sobre Mário, formas de conhecer o louco e a loucura vêm à tona desde um não-lugar judiciário. Códigos jurídicos, intervenções policialescas, acolhimentos institucionais, afetos interinstitucionais (família, abrigo, escola, Centro de Atenção Psicossocial - CAPS): tudo isso será posto em (re)visão na busca de olhar mediante linhas que constroem breves emaranhados (subjetividades, quiçá). Algo como um nó parece conduzir a narrativa: a construção de um louco a partir das intervenções do judiciário, saúde, assistência social e educação. Como torcer tais figuras de modo a conseguir refletir sobre a loucura e as políticas públicas na contemporaneidade? Uma pista parece vir com a história sendo contada a partir de Mário, um (in)fluxo de forças e saberes será ali agenciado. Crítica à sociedade atual, ao adoecimento produzido pela sobrecodificação das vidas, subjetividades assujeitadas de modo mais cru e encarnado: (re)conhecer problemas há muito tempo instalados, fazer gaguejar instituições que conhecem a loucura, buscar linhas de fuga e não nos centrar em nós, isso parece ser algum potencial resultado do rastreio que aqui se empreende.
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Ao longo das últimas décadas ocorreram mudanças em como entendemos a saúde em nossa sociedade. Desde a expansão do conceito de saúde para além da ausência de doenças, tornando-se uma relação equilibrada entre os aspectos biológicos, psicológicos, sociais, de trabalho e renda, entre outros, até a forma como o cuidado com a saúde foi passando da simples assistência aos doentes para uma noção de que a saúde deve ser promovida e as doenças prevenidas, não apenas tratadas. Essas mudanças ocorreram na esteira do surgimento do conceito de Integralidade, que defende que o ser humano deve ser atendido em sua totalidade, respeitando suas características e necessidades, de forma ampla. Com isso surgiram Políticas Nacionais de Saúde com foco integral para algumas populações específicas, entre elas as caracterizadas por gêneros. Mas saúde tem gênero? E que gêneros são esses? Quem está contemplado nesses documentos? Nessa linha de problematização, no presente trabalho busca-se investigar e cartografar, mediante técnicas de pesquisa bibliográfica, documental e de conteúdo, as três Políticas de Atenção Integral à Saúde hoje em vigor no Brasil que delimitam seu público por gênero (Mulheres, Homens e LGBTIs). Para tanto, utilizo embasamento em estudos de gênero e da teoria queer. O intuito é analisar se há uma diversidade de gêneros preconizada nos documentos e, consequentemente, se isso tem garantido a integralidade da saúde de seu público. As Políticas demonstram basear a Saúde em gêneros binários, cis e heterossexuais, para fins reprodutivos, quando se fala de Mulheres e Homens, principalmente. As pessoas que não se enquadram nesse binário são empurradas para uma ‘condição’ LGBTI, os ‘outros’ do binário Homem-Mulher.