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A ADAV Associação Milton Campos Para Desenvolvimento e Assistência de Vocações de Bem Dotados é uma instituição voltada para o atendimento aos bem dotados no estado de Minas Gerais, criada sob a orientação da psicóloga e educadora Helena Antipoff. A expressãobem dotado caracteriza o indivíduo que possui capacidade e potencial superior, em relação à média da população nas variadas áreas e características humanas (artes, ciências, esportes...). Neste estudo buscou-se abordar a história dessa instituição educacional em sua primeira década de funcionamento (1973-1983) e entender como os bem dotados eram identificados, qual era a metodologia utilizada na educação dos talentos e como os adavianos avaliam o significado de ter participado dessa experiência. Foram utilizados dois procedimentosmetodológicos: análise de documentos (atas de reuniões; relatórios; fichas de inscrições; correspondências; livros e boletins publicados; relatos manuscritos; diários e jornais) e entrevistas semi-estruturadas com quatro participantes dos encontros na Associação, submetidas à análise de conteúdo. Os documentos foram encontrados nos acervos do CDPHA (Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff), da Fundação Helena Antipoff e nos arquivos da própria ADAV, localizados no Complexo Educacional da Fazenda do Rosário, em Ibirité, Minas Gerais. Os resultados indicam que a ADAV foi uma obra original,assumindo importante papel no desenvolvimento de uma metodologia educacional para bem dotados e para o desenvolvimento de talentos. A definição de bem dotado ultrapassava a questão intelectual, sendo também valorizados os aspectos artístico, criativo, esportivo esocial. O processo de identificação mostrava-se complexo, priorizando a participação das escolas através da indicação daqueles alunos que se destacavam dos colegas. O desenvolvimento de talentos se dava através de encontros realizados como colônia de férias, nas quais eram proporcionadas atividades em variadas áreas com a participação deconvidados em regime de voluntariado. A metodologia dos encontros era baseada na experimentação natural proposta por Alexander Lazursky, adaptada por Helena Antipoff, através da qual o educando é colocado em um ambiente rico em estímulos para que possa escolher as atividades mais adequadas a suas aptidões, habilidades e interesses, sob a observação dos educadores. Os princípios educativos adotados eram: princípio da Escola- Viva, com imersão no ambiente educacional e divisão das tarefas cotidianas; associação entreteoria e prática; uso de tarefas concretas; ensino individualizado; incentivo à preocupação com a natureza e com o bem comum. No período pesquisado, foram realizadas atividades de contato com a natureza, música, literatura, biblioteca, artes, teatro, artesanato, atividades folclóricas, esportes, jogos, culinária, ciências, agricultura, escotismo, excursões, dinâmicas de grupo para auto-conhecimento e conhecimento do grupo e palestras proferidas por diferentes profissionais, seguidas de debates. Quanto ao significado da experiência adaviana para seus participantes bem dotados, verificou-se que os momentos vividos na ADAV lhes possibilitaram uma reconfiguração positiva de suas visões de si mesmos a partir das relações estabelecidas nos encontros. Isto porque, ao se depararem com outros bem dotados, com interesses e anseios afins, puderam sentir-se fazendo parte de um grupo, o que favoreceu o desenvolvimento de sua auto-estima. Os resultados desta pesquisa poderão auxiliar futuros empreendimentos voltados para a educação de bem-dotados.
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Este estudo analisa as representações sociais dos corpos infantis na revista Pais & Filhos no período de 1968 a 1977, quando a publicação se considerava portadora de saberes modernos referentes aos cuidados e à educação das crianças. Ele parte da observação de que a infância, a partir da modernidade, tem sido revelada por uma série de especialistas, com base na legitimidade que os saberes científicos lhe conferem, e que esses saberes são vulgarizados através de diversos meios, como as revistas especializadas. Nesse sentido, investigo querepresentações sociais dos corpos infantis a revista Pais & Filhos veicula e, ao fazê-lo, que ideal de infância ela ajuda a construir e/ou legitimar. Busco compreender essas representações no sentido de identificar as aparências ou marcas que se constituem como referências consideradas desejáveis e indesejáveis nas crianças, bem como analisar as áreas do conhecimento que estão autorizadas a legislar sobre a infância e os saberes, sujeitos, práticas einstituições que participam dos processos de educação dos corpos infantis veiculados pela revista. Pais & Filhos é uma revista mensal voltada para família, principalmente para as mães, que trata de diversos assuntos relacionados primordialmente à criação dos filhos, desde oútero materno até a adolescência. A publicação é a mais antiga sobre o assunto circulante na atualidade, sendo publicada desde 1968, quase ininterruptamente. Foi realizada uma análise geral dos exemplares ao longo do período de 1968 a 1998, no intuito de compreender aspectosda materialidade da revista e de sua estrutura, tais como seções, assuntos recorrentes, dentre outros que se mostraram relevantes, bem como estabelecer um recorte temporal mais específico para a análise das representações dos corpos infantis. A partir dos dados levantados, foi identificado um grande apelo a práticas modernas de educação das crianças na primeira década da publicação 1968 a 1977. Assim, interessou-me centrar a observação mais aprofundada nesse período, no intuito de compreender as representações ancoradas nessediscurso moderno. Elenquei 10 revistas sendo uma por ano para um exame mais minucioso. A partir da técnica de análise do conteúdo foram levantadas categorias surgidas no trato com a fonte e, em seguida, foi realizada uma análise qualitativa dos dados obtidos, utilizando a teoria das representações sociais como principal referencial para a interpretação. Os resultados apontam para representações que significam o corpo infantil como natural, reduzido ao caráter biológico, lugar dos sentidos e instintos e, portanto, ocupante de uma posição hierarquicamente inferior à mente. O corpo é ancorado na imagem da máquina, especificamente da máquina fabril. Em relação à questão estética, foi identificada uma aparência idealizada nas páginas da Pais & Filhos, que perpassa a questão das características físicas, como cor da pele, a cor dos olhos e composição corporal, e da apresentação do corpo, como a limpeza e as vestimentas. Trato também das representações sociais dos corpos infantis construídas a partir da oposição das categorias sadio versus doente e normal versus anormal.As representações analisadas revelam marcas da racionalidade moderna no projeto de educação dos corpos infantis da revista.
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Este trabalho investiga as relações entre Psicologia e ciência, especificamente quais são as concepções - explícitas e implícitas - que a Psicologia tem de ciência. Apesar da diversidade e riqueza de teorias, dos inegáveis avanços e conquistas teóricas e profissionais, das várias comunidades científicas bem constituídas, há ainda presente na área um mal estar e incerteza em relação ao seu estatuto científico. Dentre os possíveis obstáculos existentes à consolidação e reconhecimento amplo da Psicologia como área de conhecimento legítimo e maduro, destacam-se duas condições epistemológicas que nortearam a discussão sobre sua cientificidade: em um primeiro momento, a não adequação aos critérios normativos típicos de uma noção de ciência inspirada pelo positivismo lógico; e no segundo, o pluralismo teórico que a marca fortemente não atende a um critério de consenso e uniformidade que, a partir da epistemologia historicamente orientada de Thomas Kuhn, passou a ser uma das possíveis referências para reconhecer a cientificidade e maturidade de um campo teórico. O estudo, a partir do conceito de imagens de ciência, inspirado principalmente a partir da historiografia da ciência proposta por Paolo Rossi, elege como objeto de análise os possíveis jogos combinatórios que se estabelecem entre as ideias e discursos produzidos pela área a respeito do que se considera que seja a ciência e os critérios de cientificidade a serem atendidos. A pesquisa conclui o quanto os critérios de cientificidade e as imagens de ciência são dependentes da historiografia da ciência, e que a própria história de outras disciplinas científicas tomadas como ideais é muito mais plural do que se supõe usualmente. Finaliza propondo que se possa partir de um conceito mais amplo e multifacetado de ciência para fundamentar e conduzir a discussão sobre a cientificidade da Psicologia.
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Esta tese tem como objeto de estudo as relações iniciais entre Psicologia e Educação Especial, na área específica da deficiência mental. As primeiras escolas de Educação Especial na área de deficiência mental nasceram, no Brasil, no final do século XIX, anexas aos hospitais psiquiátricos, por iniciativa de médicos que atuavam nesses hospitais. No início do século XX, com as reformas educacionais vinculadas ao avanço da Psicologia como campo de conhecimento científico, as práticas em Educação e Educação Especial, no que tange à deficiência mental, passaram a ser embasadas nessa Psicologia nascente. Com uma abordagem funcionalista, as diferentes teorias psicológicas foram utilizadas para instrumentalizar os professores na prática pedagógica e esses conhecimentos assumiram a primazia do saber educacional especializado. Os testes psicológicos tornaram-se os instrumentos mais utilizados para o reconhecimento da deficiência. Impulsionada pelo movimento escolanovista e da higiene mental, a Psicologia desponta como área de conhecimento necessária à compreensão do educando e ao estabelecimento de critérios de normalidade-patologia-deficiência. O objetivo do presente trabalho é compreender como se deu a inserção da Psicologia como área de estudo e atuação profissional na educação da criança com deficiência mental no Brasil, nas décadas de 1900 a 1930. Para isso, o trabalho foi dividido em três etapas. Na primeira, busca-se construir alguns itinerários históricos de uma Psicologia na Educação Especial e para isso foi utilizada bibliografia específica da história da Educação Especial e da história da Psicologia no Brasil. Essa construção histórica revelou personagens que contribuíram decisivamente para as práticas psicológicas na área, como Helena Antipoff. Dessa forma, na segunda etapa do trabalho são apresentadas as ideias, percursos e propostas de Helena Antipoff na área da deficiência mental, bem como uma pesquisa de campo realizada no Instituto Pestalozzi de Belo Horizonte, instituição fundada pela própria Antipoff, em 1935, e que se revelou como síntese das ideias de uma Psicologia na Educação Especial vigentes no país. Esta pesquisa, de caráter documental, teve por fonte de dados os prontuários de dez crianças, alunos da Instituição durante a década de 1930 (1935-1939), período de sua fundação e quando a própria Antipoff era sua diretora. O procedimento para a coleta de dados foi construído no decorrer da pesquisa e a partir da entrevista com os psicólogos que trabalham atualmente na Instituição, os quais indicaram os documentos que estavam disponíveis sobre o período estudado. Além da análise geral desses prontuários, a pesquisa contém uma análise mais aprofundada de um único prontuário. O objetivo desta pesquisa foi o de compreender como se efetivou a prática psicológica na Educação Especial no período estudado. A terceira etapa apresenta uma análise histórico-crítica do que foram os primeiros passos da Psicologia na Educação Especial. A história revelou que as principais práticas da Psicologia com crianças consideradas deficientes mentais se basearam na psicometria e na psicomotricidade. A psicometria teve a função de reconhecer as crianças com deficiência mental no universo escolar e, por isso, a Educação Especial confundiu-se com políticas para a redução do fracasso escolar, do qual a escola pública era vítima. A psicomotricidade foi amplamente utilizada para o tratamento da criança anormal, uma vez que se considerava que a maturidade física e mental precedia a aprendizagem e o desenvolvimento intelectual. Sendo assim, a Psicologia acabou reproduzindo a ideologia liberal que sustentava o pensamento educacional brasileiro, constituindo práticas que atualmente consideramos como segregadoras e que atingiram amplamente as crianças das classes populares, as quais foram encaminhadas para o atendimento educacional especializado.
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A memória é considerada como um processo psicológico chave. Nas últimas duas décadas muitas visões diferentes de como a memória é representada e organizada foram apresentadas. No século XIX, Wilhelm Wundt conduziu um número de experimentos sobre a memória que parecem ter sido negligenciados por psicólogos cognitivos modernos e neurocientistas. Neste trabalho, conceitos fundamentais do sistema de Wundt são revisados (objeto e método de psicologia, mente e causalidade psíquica) e algumas de suas investigações experimentais sobre a memória são expostas. A perspectiva wundtiana reflete uma estrita aderência a um método firmemente calcado num abordagem teórica onde a memória está inserida em um projeto de pesquisa sobre a exploração da experiência consciente. Esta revisão da abordagem wundtiana sobre a memória objetiva também relacionar a psicologia da memória de Wundt com as pesquisas contemporâneas em psicologia do desenvolvimento e fornecer algumas questões para o debate sobre o conceito de memória, sua natureza e sua relação com fenômenos como a consciência.
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Esta dissertação tem como objetivo investigar, mediante uma perspectiva epistemológica, a noção de organismo no fieri teórico de Carl Rogers. Por fieri entende-se o devir ou o fato que faz uma ciência não ficar estagnada em suas concepções. Para realizar esta investigação foram: identificadas as fases do fieri teórico de Rogers; pesquisado o fato de como Rogers concebeu a noção de organismo; examinados os principiais teóricos e influências que Rogers reconheceu a este respeito; verificadas as linhas epistemológicas gerais da noção de organismo em Rogers. Neste trabalho adotou-se uma abordagem epistemológica de pesquisa, inspirada no uso que Jean Piaget fez do método histórico que, segundo ele, consiste em determinar como procedeu à invenção de um conceito ou teoria, reconhecendo as ideias que a tornaram possível. O método utiliza-se de um sistema dedutivo do que foi levado a imaginar a criação da ideia de organismo em Rogers. Foram utilizados como fontes de pesquisa os textos escritos de Rogers e de suas influências. A seleção destes seguiu o critério de conter aspectos relativos à concepção organísmica de Rogers. Como resultado, ficou evidente que Rogers foi um pensador ligado às questões de sua época. Ele assimilou e elaborou, com suporte em sua experiência com essas influências, uma concepção organísmica que integrou as dimensões da personalidade (eu), sociedade (inter-elações) e natureza (cosmos). Em cada fase do seu pensamento, Rogers indicou as seguintes influências para essa concepção: (1) no aconselhamento não-diretivo o funcionalismo-pragmatismo dos Estados Unidos e a psicanálise neofreudidana de Rank, Horney e Sullivan; (2) na terapia centrada no cliente repetem-se as influências anteriores acrescidas do cientificismo estadunidense e sua Psicologia aplicada, a Psicologia da Gestalt, Kurt Lewin, a filosofia educacional, social e política estadunidense e os teóricos da personalidade; (3) na transição entre terapia centrada no cliente e abordagem centrada na pessoa - o impacto do conceito de experienciação de Gendlin, as experiências com grupos, a atuação no campo da educação, as reflexões de perspectivas alternativas às ciências do comportamento e os estudos sobre organismo e auto-realização de Goldstein, Maslow, Angyal e alusões a Whyte; (4) na abordagem centrada na pessoa – se acresce aos estudos de organismo e auto-realização, as pesquisas de Szent-Gyoergy, e a emergência do paradigma sistêmico e holístico de Capra, Prigogine e Maruyama. Considera-se que é possível traçar uma nova inelegibilidade de Rogers com base em noção de organismo. Por esta é possível pensar no avanço de uma abordagem cosmológica da pessoa que não se restringe somente à personalidade. Percebe-se que Rogers deu pistas de como desenvolver um solo científico para a abordagem centrada na pessoa, com arrisco paradigma emergente de ciência contemporânea.
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Este trabalho apresenta uma narrativa histórica sobre os laboratórios de Análise do Comportamento no Brasil, mais precisamente, os da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Em decorrência dos impactos da Análise do Comportamento na UFMG durante a década de 1970, o período investigado situa-se entre 1969 e 1981. A caixa decondicionamento operante foi o principal objeto analisado. A caixa, como instrumento científico, permitiu a elaboração de discursos sobre os laboratórios e sobre aqueles que o utilizaram. Como aporte para a análise dos percursos da UFMG, utilizou-se de parte da história do behaviorismo na Universidade de São Paulo (USP) entre 1961 e 1965. Isso se deveu às influências da USP na UFMG no tocante à Análise do Comportamento. Foram referenciais teóricos, trabalhos da História da Psicologia e dos Estudos Sociais da Ciência. Foram utilizadas técnicas de História Oral, Iconografia e Análise Documental para o levantamento e análise dos dados. Dentre os documentos analisados, encontram-se:fotografias; cronogramas, ementas e planos de ensino de disciplinas; cartas; relatórios de atividades; relatórios de compra de equipamentos; periódicos; e anais de eventos. Além disso, foram analisadas entrevistas realizadas com professores que atuaram nos laboratórios de Análise do Comportamento durante o período estudado. Os resultados indicaram que a caixa de condicionamento operante e, consequentemente, os laboratórios de Análise do Comportamento, foram apropriados como elementos de ensino e pesquisa no período.Especificamente na UFMG, eles foram utilizados primordialmente como recursos de ensino. Dessa maneira, o laboratório didático de Análise do Comportamento ficou em evidência. Pode-se interpretar que isso ocorreu por quatro motivos principais: (a) os professores envolvidos no desenvolvimento inicial da Análise do Comportamento acreditavam em uma Psicologia científica; (b) esses sujeitos comungavam da crença da importância do laboratório para uma Psicologia científica; (c) o acentuado interesse desses docentes na criação de condições de ensino de uma Psicologia científica experimentalista; e (d) a necessidade de formação específica para atuar nos laboratórios de pesquisa experimental em Análise do Comportamento. Observou-se, ademais, a caixa de condicionamento operante acentuando aimportância do laboratório de Psicologia Experimental no imaginário de uma Psicologia científica no Brasil. Dessa forma, o laboratório didático de Análise do Comportamento foi mais um dos elementos intimamente relacionados à formalização dos primeiros currículos de Psicologia no Brasil, justificados em bases científico-experimentais e à institucionalização da Psicologia como ciência e profissão.
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Universidade Federal do Rio Grande do Sul