A sua pesquisa
Resultados 18 recursos
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Esta pesquisa busca responder às seguintes questões: Como se tornou possível pensar no aluno como alguém sujeito a problemas de desenvolvimento emocional, de conduta ou desajustamento social? Como se chegou a denominar certas crianças como sendo crianças-problema? Quais os meios recomendados pelos educadores e outros especialistas para prevenir o surgimento desses problemas e que recursos foram empregados na escola para identificar a criança-problema e corrigi-la? O trabalho procura demonstrar que, mais do que apenas excluir parte da população escolar, aquela considerada como irregular, o uso da expressão criança-problema nos discursos educacionais teve como efeito ampliar o controle dos especialistas sobre todas as crianças. Sustenta-se que a criança-problema serviu para tornar permeável a fronteira entre a normalidade e a anormalidade. Dessa maneira, por um lado passou-se a acreditar na possibilidade de prevenir e mesmo reverter certos quadros de anormalidade, recorrendo-se para isso a medidas educacionais, que deveriam ser postas em prática em conjunto pela escola e pela família. Por outro lado, todas as crianças começaram a ser consideradas como crianças-problema em potencial, já que diversas circunstâncias mais ou menos graves passaram a ser entendidas como fatores que poderiam desencadear problemas de ajustamento da criança à escola, desde o divórcio dos pais ou o nascimento de um irmão, até a entrada do aluno na puberdade, entre muitos outros. Os textos educacionais começaram a trazer recomendações para que as crianças fossem submetidas a um regime de observação contínua, em suas dimensões física, intelectual, emocional e moral. Assim, ao menor sinal de desvio, medidas corretivas poderiam ser iniciadas. A investigação baseia-se em escritos de Michel Foucault sobre a governamentalidade, as tecnologias do eu, o poder pastoral, o bio-poder e a disciplina e em textos de Jacques Donzelot sobre a emergência do espaço social e o governo por meio da família. Recorre-se ainda a textos de outros autores contemporâneos que empregam o referencial teórico de Foucault. Examinam-se artigos da literatura pedagógica sobre a psicologia experimental e os problemas infantis presentes na Revista de Educação e livros sobre as mesmas questões. Além disso, estudam-se documentos da legislação federal que tratam das medidas oficiais de proteção e assistência à infância desde a Primeira República até a década de 1960.
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Este estudo se interessa pela dinâmica da dimensão psicológica e da moralidade conforme compreendidos no contexto da prática do karate-do. Saliente-se que no karate, caracterizado como uma técnica corporal de combate, a principal meta é o desenvolvimento do caráter que é constituído através de uma visão de mundo e compreensão de homem que são objetos desta pesquisa. O objetivo deste trabalho é a descrição e compreensão do objeto em questão trazendo uma contribuição aos estudos a respeito das múltiplas visões e concepções de homem e idéias psicológicas presentes no sincretismo cultural brasileiro. Para tanto, inicialmente, utiliza-se metodologia própria para investigação das idéias psicológicas, em que as buscas de compreensão acompanham cuidados de análise histórica que exigem o perscrutamento das influências de maior relevância ao objeto focado, no caso, o budismo zen e o confucionismo. Gichin Funakoshi, aquele que é chamado de o pai do karate moderno, tem suas idéias, tomadas à luz de suas influências determinantes, contrastadas com a análise do pensamento de Masatoshi Nakayama, seu discípulo e um dos protagonistas da diáspora mundial do karate. N Nakayama é a principal fonte documental primária em decorrência da notoriedade de sua ascendência sobre os praticantes brasileiros. Além da análise das fontes documentais vale-se, em um segundo momento, da metodologia denominada arqueologia fenomenológica das culturas para examinar o tema a fundo e oconjunto de entrevistas realizadas com professores japoneses introdutores do karate shotokan no Brasil que foram diretamente influenciados pelo ensino de Nakayama. A partir da análise documental, depreende-se a existência de dois modelos práticos e históricos que, representando o paroxismo de dois conceitos internos do karate, orientam diferentemente a formação do caráter do praticante e têm concepções de homem também diversas. O conceito de kime estende-se como ... expressão técnica da catalisação e direcionamento da vontade norteada por padrões de visão de mundo caracteristicamente orientais. Já o conceito de sun-dome estende-se como a expressão técnica da contenção da vontade acordando com uma visão de mundo sincrética, mas de tendência evidentemente ocidentalizada, como se verifica na percepção bipartida do homem e da realidade. A análise das entrevistas, a partir da arqueologia fenomenológica, revela experiências vivenciais em que se reconhece a manutenção da busca por um ideal de homem em que ocorre a centralidade da hilética (momento sensível) na experiência em relação à noética (momento intelectual). Sustenta-se que a centralidade da hilética nas vivências do praticante tende a se aprofundar como um retomo até origens arcaicas da experiência que se manifestam como abertura à corporeidade em sua dimensão ainda pré-categorial e constitutiva das formações culturais.
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As chamadas teorias raciais chegaram ao Brasil por volta da década de 1870. De maneira geral, estas teorias afirmavam que as diversas raças humanas estavam submetidas a uma hierarquia determinada naturalmente. Este seria o motivo das desigualdades entre os povos e indivíduos. O Brasil, segundo muitos intelectuais brasileiros e estrangeiros, encontrava-se atrasado em relação às grandes nações por causa de sua grande "diversidade racial". A eugenia, uma ciência ideológica fundada por Francis Galton, chegou ao país como a esperança de "salvação da raça brasileira". Galton propunha estabelecer as condições ideais de reprodução humana, visando o melhoramento racial progressivo em todos os seus aspectos. Incorporadas pela intelectual idade brasileira, estas idéias difundiram-se por muitos domínios científicos, inclusive pelas ciências psicológicas. As técnicas de avaliação como as medidas de Q.I. e os psicodiagnósticos, criados ou adaptados por psiquiatras brasileiros do começo do sempre incluíram da variável "raça". Neste trabalho objetivamos explorar a formação histórica de uma "psicologia racial" no Brasil, enfatizando as suas diversas ramificações e propostas de intervenção no meio social. Partimos de dois pressupostos básicos: 1) A apropriação das teorias raciais pelos saberes psicológicos; 2) As concepções psicológicas inerentes às próprias teorias raciais. Como fontes utilizamos periódicos médicos, educacionais, anais de congressos e de sociedades eugênicas, bemcomo obras de referência, publicados no período em questão. Definimos as seguintes categorias historiográficas para análise: I) As diferenças psicológicas entre as diversas. etnias brasileiras; II) As "tendências" de certas raças para as doenças mentais; III) As propostas de "higiene racial" como forma de melhoramento psicológico da população brasileira. IV) A procura por uma "solução eugênica" para o "problema racial" brasileiro. O período entre ... 1869 e 1940 é quando as interseções entre as ciências psicológicas e as teorias raciais são mais significativas. Nos concentraremos no eixo Rio de Janeiro e São Paulo.