A sua pesquisa
Resultados 111 recursos
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Tomando como referência “Vida de uma família judia e outros escritos autobiográficos” (2018), de Edith Stein (1891-1942), objetiva-se subsidiar a leitura integral dos escritos autobiográficos da autora. Vida e obra estão intrinsecamente ligadas e complementam-se para compreender seu pensamento. Stein iniciou tais escritos no emblemático 1933, na Alemanha, contrapondo-se à visão preconceituosa e caricatural disseminada pelo nazismo. O método aqui utilizado foi a narrativa de história de vida, buscando-se o fio condutor que dá sentido aos acontecimentos. Notamos que as vivências narradas por Stein vão forjando sua personalidade, conduzindo-a por caminhos não planejados, mas livremente assumidos, até suas últimas consequências.
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Através de uma cartografia das linhas de formação, o artigo problematiza a hipótese, levantada pela literatura, da presença de uma insuficiência formativa dos trabalhadores da saúde como causa do desrespeito ao nome social, da discriminação e da patologização das identidades trans, que impedem o acesso dessa população aos serviços de saúde. Foram realizadas entrevistas gravadas em áudio com 7 (sete) trabalhadoras de um ambulatório do Processo Transexualizador do Sistema Único de Saúde (SUS) lotado em hospital universitário, e com 2 (dois) usuários. Analisa-se um conjunto de estratégias formativas que convergem para uma formação normalizadora que percorre linhas molares, nas quais os(as) trabalhadores(as) são disciplinados por protocolos e manuais de diagnóstico a aplicar as normas binárias de gênero e a heteronormatividade em seus processos de trabalho, produzindo a patologização das identidades trans e tornando seletivo o acesso aos serviços. A aposta feita no artigo é a de que o encontro com as pessoas trans pode fazer emergir aprendizados com signos que catalisam a experiência de uma arte de fazer-se trans, a qual culmina no mal-estar do desencontro com as verdades sobre gêneros e sexualidade. Sair de tal mal-estar supõe experimentar-se com tais signos - uma experimentação transetopoiética com a produção de um corpo com novos contornos, capaz de suportar a diferença que pede passagem, abrindo caminho para a produção de modos de viver e trabalhar com a saúde trans que afirmem a diferença.
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O artigo analisa a psicologia na Liga Brasileira de Higiene Mental, instituição fundada em 1923 que tinha como princípios fundamentais a adaptação dos indivíduos e a constituição da “moral universal do amanhã”. Entre outras proposições, ela se dedicou à adaptação de testes psicológicos e aos estudos sobre o desenvolvimento infantil que buscavam avaliar o funcionamento mental e delimitar sua norma. Como elemento que colaborou para a extensão do poder psiquiátrico, a psicologia implicou-se em duas dimensões da atuação do poder disciplinar: os corpos individuais e o corpo social. Assim, a psicologia também encontrou a possibilidade de sua vulgarização, não sem as contradições emergentes na posição de saber e técnica disciplinar.
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Este artigo objetiva refletir os limites da ideia de consideração positiva incondicional como uma epoché, de modo questionar o que é suspenso. Para isso, apresenta as noções husserliana de epoché e rogeriana de consideração positiva incondicional. Depois, situa as origens das apropriações da epoché pela clínica fenomenológica e pela abordagem rogeriana. Posteriormente, desenvolve reflexões que demarcam alguns limites entre essas atitudes. Conclui que a consideração positiva incondicional poderia ser a suspensão dos juízos que procedem dos afetos de simpatia, apatia e antipatia. Em uma meta-teoria, isso serve para descrever o procedimento de escuta não-diretiva sem julgamentos, a qual parte da assimilação de uma visão de mundo oriunda da Fenomenologia, mas não se trata de uma Fenomenologia pura, filosofia fenomenológica ou Psicologia Fenomenológica. A consideração positiva incondicional é uma atitude de escuta que se desenvolveu fora do método fenomenológico e não precisa ser legitimada pela epoché, não propõe nenhuma redução, não suspende a crença na tendência à autorrealização e sua suspensão não é fenomenológica.
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O burnout se tornou um tema amplamente investigado no âmbito da psicologia organizacional. Sua definição e escopo são objeto de um debate científico e político internacional. Enquanto um dos fundadores do conceito, Herbert J. Freudenberger desempenhou um papel importante na formação da pesquisa sobre o burnout. Este artigo segue os diferentes sentidos e transformações do conceito de burnout ao longo de sua carreira, baseado em uma leitura minuciosa de suas obras. A metodologia é inspirada na história de objetos psicológicos de Danziger e por estudos que mostram a importância de metáforas no raciocínio científico. Os resultados mostram a importância do movimento Free Clinic e da psicanálise na descrição original de Freudenberger. Duas metáforas são identificadas e analisadas como o cerne do burnout: o burnout como uma síndrome e o homem como um sistema de energia. A conclusão argumenta que um melhor conhecimento sobre o passado do burnout pode ser a chave para modificar seu desenvolvimento futuro.
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A pesquisa histórica sobre Psicologia Educacional e Escolar no Brasil ainda é insipiente ante a historiografia de outros campos do conhecimento psicológico. Abordagens biográficas, por exemplo, são ainda mais escassas. A fim de contribuir para suprir a lacuna, este artigo apresenta elementos históricos da trajetória de Eulália Henriques Maimone: professora, pioneira e protagonista na área de Psicologia Educacional e Escolar em Minas Gerais (Triângulo Mineiro), com seu trabalho na Universidade Federal de Uberlândia. O estudo recorreu à entrevista do tipo "história de vida" - própria da metodologia da História Oral. A entrevistada foi a primeira formadora de psicólogos em Psicologia Educacional e Escolar, além de fundar a representação estadual da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional na região. Os primeiros anos de atuação, os desafios e os enfrentamentos por que ela passou ilustram o reconhecimento e a criação de espaços de discussão e aprimoramento dessa área da psicologia.
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A pesquisa histórica sobre Psicologia Educacional e Escolar no Brasil ainda é insipiente ante a historiografia de outros campos do conhecimento psicológico. Abordagens biográficas, por exemplo, são ainda mais escassas. A fim de contribuir para suprir a lacuna, este artigo apresenta elementos históricos da trajetória de Eulália Henriques Maimone: professora, pioneira e protagonista na área de Psicologia Educacional e Escolar em Minas Gerais (Triângulo Mineiro), com seu trabalho na Universidade Federal de Uberlândia. O estudo recorreu à entrevista do tipo "história de vida" - própria da metodologia da História Oral. A entrevistada foi a primeira formadora de psicólogos em Psicologia Educacional e Escolar, além de fundar a representação estadual da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional na região. Os primeiros anos de atuação, os desafios e os enfrentamentos por que ela passou ilustram o reconhecimento e a criação de espaços de discussão e aprimoramento dessa área da psicologia.
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O método de ensino do desenho para crianças da arte-educadora Louise Artus-Perrelet foi sistematizado no livro Le Dessin au Service de l’Éducation, traduzido e publicado no Brasil em 1930, quando a autora visitou o país para conferências. O trabalho de Artus-Perrelet é analisado como proposta de educação estética na formação de professores primários, relacionando-o aos princípios modernistas na arte e ao movimento da Escola Nova. Artus-Perrelet dialoga com processos pedagógicos e de criação de Paul Klee e Wassily Kandinsky, professores na Escola Bauhaus, e com a pedagogia ativa genebrina. Seu método foi apropriado no contexto brasileiro por meio de relatos da poeta Cecília Meireles publicados no Rio de Janeiro, e no trabalho de seu aluno Jean-Pierre Chabloz, artista plástico e educador.
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O texto que se segue apresenta uma pesquisa histórica e teórica acerca de alguns aspectos do período de criação da Psicanálise por Sigmund Freud. Abordou-se especificamente a intrigante relação entre Freud e Fliess, a partir da seguinte pergunta: qual foi o papel dessa relação para a criação da Psicanálise? Certamente, o lugar de Fliess é o de amigo, interlocutor e, alguns diriam, um analista “avant la lettre”. Neste texto discute-se a possibilidade de se considerar Fliess o supervisor imaginário de Freud. Para respaldar esta hipótese, analisa-se, principalmente, a correspondência completa de Freud para Fliess, além de passagens específicas de algumas biografias de Freud e textos de estudiosos que abordaram o tema.
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Neste artigo, tivemos como objetivo revisar os fundamentos teóricos da psicopatologia fenomenológica de Thomas Fuchs no que tange a experiência do corpo na depressão melancólica. Através de pesquisas em bases de dados eletrônicas, realizamos uma revisão de literatura que investigou as obras publicadas pelo autor entre 1994 e 2018. Encontramos a corporeidade destacada como uma via de acesso à compreensão da depressão melancólica, desenvolvida no sentido da intercorporeidade ao se centrar na ideia de intersubjetividade. A intercorporeidade é a ponte de constituição ambígua da relação homem-mundo, possibilitando o compartilhamento de nossas experiências. Para Fuchs, a depressão melancólica é um transtorno da intercorporeidade, pois ao invés de conectar homem e mundo a experiência corporal torna-se um obstáculo. Fuchs contribui para a construção de uma perspectiva de humano encarnado, em que este se configura como unidade indivisível na experiência ao compreender a depressão melancólica como modo de estar no mundo do paciente.
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O método clínico piagetiano apresentou-se como uma nova forma de conduzir pesquisas experimentais com crianças no estudo da inteligência. Para investigar suas origens, conduziu-se um resgate histórico desde a adolescência de Piaget, passando pelos seus dias em Zurique até sua temporada na Salpêtrière, visando a resgatar as múltiplas condições de produção do método piagetiano, confrontando os dados biográficos, bibliográficos, autobiográficos e fontes primárias. Ao fim, é proposto um modelo de entendimento de como este autor produziu sua metodologia, fundamentado em três hipóteses que se complementam, a saber, o contato com o teste de Burt, a metodologia piagetiana de pesquisa em malacologia e o método psiquiátrico francês. Conclui-se que o método não é tributário efetivamente de nenhum modelo isoladamente, mas se constitui na assimilação de ideias e acomodações da prática, o que aproxima a origem do método à Teoria da Equilibração, colocando o método clínico como uma espécie de autobiografia intelectual.
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Este artigo objetivou analisar a organização do ensino da disciplina de História da Psicologia, baseando-nos em cursos de graduação em Psicologia, no estado do Mato Grosso do Sul. Inicialmente, inventariaram-se as instituições que possuem cursos de Psicologia, acessando os seus sites e aplicando questionários aos seus coordenadores. Em seguida, organizaram-se algumas características gerais dos cursos e das instituições anuentes. Posteriormente, discutiu-se como o ensino da História da Psicologia auxilia na formação de estudantes, introduzindo-os ao estudo da Psicologia e às suas contendas científicas e profissionais. Ele contribui, com críticas, ao que se empreende no presente, embora apresente dificuldades de proporcionar algo introdutório mesclado a reflexões avançadas em uma disciplina. Por fim, observou-se que ele pode ser alocado e articulado com outras disciplinas, fazendo interface com os domínios da Ontologia, Epistemologia, Lógica e Ética.
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Analisa-se o discurso sobre o desenvolvimento humano veiculado em manuais de psicologia educacional destinados à formação docente. Caracteriza-se nesses discursos a presença da “teoria da recapitulação”. Essa teoria, elaborada por Ernst Haeckel no campo da embriologia no final do século XIX, afirma que o indivíduo atravessa diversos estágios de desenvolvimento, que correspondem à forma adulta de seus antepassados na sequência evolutiva. Foi apropriada pela psicologia e serviu como modelo explicativo para diversos aspectos do desenvolvimento, desde as diferenças individuais e grupais na forma e no tamanho do cérebro até a evolução da linguagem e da moral. A análise recorre aos escritos de Michel Foucault acerca da análise do discurso e de Nikolas Rose a respeito da história da psicologia.
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A entrevista foi realizada em 21 de julho de 2020, de modo remoto pelo zoom, atendendo ao momento pandêmico que vivemos no Brasil. Ela foi gravada e transcrita por Mychell Christiano Pires de Mello e Fabiana de Mesquita do Patrocínio Dias. Desde o Rio de Janeiro, Rosimeri e Heliana, e desde Porto Alegre, Alfredo, a entrevista-conversa acontece de modo itinerante para dar visibilidade e fazer ver e falar o trabalho dos estudos foucaultianos para o campo da educação.
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Estudos em História da Análise do Comportamento, no Brasil, têm sido debatidos com foco, especialmente, nos anos iniciais de conformação da sua comunidade científica. Este trabalho buscou apresentar a Associação de Modificação do Comportamento (AMC). Fundada em 1974 e extinta em 1984, com sede e foro no estado de São Paulo, a AMC teve como objetivo a promoção da modificação do comportamento como campo científico e profissional. Reuniu associados, promoveu eventos e publicou revistas especializadas. Nesse sentido, parte desses documentos foi fonte de dados do estudo em questão, cuja finalidade foi tentar conhecer o perfil dessas pessoas, ou seja: quem eram, o que liam e o sobre o que falavam. Os dados apontaram para a predominância do gênero feminino, da escrita singular, de filiações do estado de São Paulo, de interesse em temas educacionais e de destaque para a área aplicada. Houve, ainda, colaborações de atores internacionais (Canadá, Estados Unidos e México). Ainda, limitações metodológicas precisam ser levadas em consideração, sem, no entanto, preterir o fato deque os resultados desta pesquisa proporcionam conjecturas para uma compreensão mais sofisticada da Análise do Comportamento, no Brasil, bem como auxiliam na preservação de sua memória.
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O relato de história de vida não é, como muitos pensam, uma metodologia de fácil aplicação, pelo menos em se levando em consideração o pensamento de Walter Benjamin, para quem a história não é simples relato de fatos, mas um encadeamento de experiências que nem sempre podem ser expressas sem correr riscos que, em grande medida, prejudicam ou violentam a consciência do indivíduo que faz do relato um meio para encontrar “redenção” (Erlösung) de experiências do passado marcadas de sofrimentos. Acrescente-se a isso o fato de que, segundo o autor, com a modernidade, perdeu-se a capacidade tanto de contar quanto de ouvir experiências de vida. O texto trabalha essas questões, além de buscar contribuir com os estudos sobre identidade, na perspectiva da psicologia social crítica, que utiliza o método de relato de história de vida.
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No intuito de compreendermos o lugar da licenciatura na formação de psicólogos, logo após a Lei nº 4119/62, este artigo apresenta um estudo de caso sobre a inserção da licenciatura no curso de Psicologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) durante a década de 1960 e suas contribuições para os ex-alunos, ingressantes nesse período. O estudo historiográfico é fruto de pesquisa de doutorado e utiliza como procedimento metodológico a análise de fontes primárias e entrevistas com ex-alunos. Os resultados demonstraram que a licenciatura em Psicologia foi inserida no curso da UFMG desde a primeira turma de entrada de alunos de 1963 e ofertada no formato de cumprimento obrigatório para todos os alunos daquele ano. Em 1965, a licenciatura tornou-se uma formação opcional e, a partir de então, cada vez menos alunos passaram a optar por ela. Os entrevistados confirmaram os dados obtidos na análise documental relativos ao funcionamento da modalidade e apontaram os aspectos metodológicos aprendidos durante a licenciatura como as principais contribuições para suas formações profissionais. Esperamos que a pesquisa contribua com as reflexões sobre a oferta da licenciatura na formação dos psicólogos brasileiros e com os estudos históricos sobre a Psicologia no Brasil.