A sua pesquisa
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Este artigo tem por objetivo apresentar discussões metodológicas acerca da pesquisa em História da Psicologia. Utiliza como eixo norteador da compreensão de história as perspectivas teóricas e metodológicas da Nova História. Esta, em sua crítica à história tradicional, propõe a análise das condições de construção dos fatos. Uma de suas consequências foi a ampliação do campo do documento histórico, com a utilização de outras fontes que não os textos oficiais. Na História da Psicologia, essa ampliação significou a preocupação com o caráter científico das pesquisas históricas e a reflexão sobre os modos de pensar e fazer Psicologia, considerando o contexto e as vozes daqueles que ajudaram a construi-la enquanto conhecimento e prática profissional. No caso do Brasil, diferentes iniciativas e laboratórios têm reafirmado a importância do debate sobre a organização sistemática e análise cuidadosa do material de pesquisa. Aqui são referidos brevemente alguns exemplos de investigação para demonstração deste tipo de proposta.
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This article analyzes the development of the history of psychology in Argentina and Brazil, beginning with the emergence of the history of psychology at the beginning of the 20th century. The paper analyzes that such old historical reconstructions were written by the same authors or institutions that were introducing Psychology in the two countries. That is, the older historical productions in the field of psychology were Whig biased. An analysis of the last 30 years of history of psychology is also provided. The article describes institutional developments, including archives, journals, scientific meetings, and teaching of history of psychology in academic settings. Main groups devoted to history of psychology, both in Argentina and Brazil are described. Finally, it offers some thoughts on the future of history of psychology in the 2 countries. A comparative study between Argentina and Brazil allows to understand strengths and weakness related to institutionalization of History of Psychology. (PsycINFO Database Record (c) 2017 APA, all rights reserved)
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O presente artigo discute a inserção da medicina no ordenamento jurídico no que tange à pessoa que comete delito em estado de loucura no Brasil no período compreendido entre 1890 a 1940. A compreensão dessa inserção se justifica pela premente necessidade de se colocar em debate o atual encaminhamento destinado a essa parcela da população, a fim de lançar luz aos processos históricos que construíram o mesmo. O material analisado aponta a construção de uma identidade da ciência médica enquanto capaz de desvelar o enigma da loucura e do crime e fornecer respostas quando esses dois fenômenos chegam juntos ao tribunal. Assim, supostamente detentora desta capacidade, a medicina alça importante papel no processo jurídico referente ao louco infrator, responsabilizando-se pela determinação da imputabilidade e a cessação de periculosidade, que, salvaguardadas as devidas proporções, nos faz lembrar o "voto de Minerva".
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É possível identificar, na teoria de Carl Rogers, diversas influências que merecem ser revisitadas. É sabido que ele foi um pensador atento ao contexto de ideias que afetaram a cultura acadêmica estadunidense. Tal atenção dialoga com a complexidade de diversas influências sobre sua obra. Este artigo objetiva analisar algumas ideias psicológicas e filosóficas que influenciaram Rogers. Entende-se que exerceram influências diretas no pensamento rogeriano: o Funcionalismo de John Dewey, Leta Hollingworth e Kurt Goldstein; e o Pragmatismo de John Dewey e William Kilpatrick. Segundo uma perspectiva metodológica histórica-crítica, elucida-se como cada perspectiva de influência se desenvolveu nos EUA, nas universidades de Chicago e de Columbia. Em seguida, identificam-se os aportes contatados e elaborados por Rogers de cada expoente mencionado. Constata-se que essas apropriações, embora pontuais, foram importantes para a circulação de Rogers no contexto acadêmico estadunidense. Contudo, incorre equívoco afigurar Rogers, exclusivamente, como um psicólogo funcionalista ou pragmatista, dado que ele não deu continuidade a essas perspectivas. O estudo, finalmente, destaca a necessidade de aprofundar investigações sobre outras bases históricas de influência na teoria rogeriana.
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La difusión y adopción regional de objetos psicológicos ha sido un tema de interés en la historia de la psicología. Uno de los elementos discutidos ha sido el laboratorio de psicología y su influencia en el moldeamiento de la psicología en el mundo. En esta dirección, nuestro trabajo apunta a describir el laboratorio de psicología expe- rimental del Colegio de Profesores de Belo Horizonte y analizar su rol en la historia de la psicología en Brasil. Particularmente, se describe su instalación a finales de la década de 1920, sus aparatos y el uso que se les daba para la evaluación mental en este contexto. Nuestros resultados resaltan dos aspectos de este laboratorio: (1) fue un lugar para la enseñanza de psicología científica a futuros profesores de edu- cación básica, así como (2) fue origen de diferentes estudios sobre antropometría y aspectos mentales de la niñez, en el contexto urbano y de cambio industrial de Brasil durante las primeras décadas del siglo 20. Como era previsto, el laboratorio fue un agente de cambio social que promovió la modernización en la educación y sociedad brasileña. El laboratorio también contribuyó a la circulación del conocimiento psicológico en Brasil y, al mismo tiempo, fue un importante capítulo en la historia local y una parte de la historia global de la psicología.
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As novas tendências do marketing contemporâneo sugerem a inserção do tema da pessoa no que diz respeito às abordagens mercadológicas do conceito de consumidor, mas sem uma fundamentação antropológica, filosófica e psicológica específica. Na busca por uma fundamentação que desse suporte a essa tendência e ampliasse a discussão, foi analisada a abordagem da experiência elementar de Luigi Giussani (2009). O objetivo dessa pesquisa é compreender as possíveis relações entre a psicologia, o marketing e a experiência elementar em relação ao tema do consumidor enquanto pessoa. Essa pesquisa situa-se no âmbito temático entre o marketing e a psicologia do consumidor, relacionando as áreas numa perspectiva histórica no período que compreende o final do século XIX e XX. A conclusão remete à ideia de que no século XXI existe uma possibilidade de se considerar o consumidor como “pessoa”, e que a abordagem da experiência elementar pode ser pertinente para discutir essa aproximação.
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In 1927, the Minas Gerais state government, in Brazil, published new Primary Education Regulations proposing that elementary school’s classrooms be homogenized according to the intellectual level of students. In the following years, special classes were established, and initiatives for the education of abnormal children were performed at the Pestalozzi Society in Belo Horizonte, the capital of the State. The purpose of this paper is to explore the innovative character of these initiatives, using primary sources and publications of the time, including reports on the examination of children to be treated and educated. The research showed that Russian-Brazilian psychologist and educator Helena Antipoff (1892-1974) played an important role in developing an innovative model for special education in these institutions, based on her experience as a student and as a researcher at the Institute Jean Jacques Rousseau, in Geneva, and in Russia, during the troubled years of the Communist Revolution. At Pestalozzi Institute, a school for exceptional children, she established in Belo Horizonte during the 1930s, with the help of a group of teachers, physicians and philanthropists, and Antipoff used her rich multicultural background to design a specific methodology for the special classes, based on the ideals of the New School as well as on respect for children’s rights.
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Este artigo pretende estabelecer uma discussão acerca da produção de pioneiros nas narrativas em história da psicologia. Essa discussão historiográfica tem como fio condutor um personagem na história da psicologia no Brasil: o psicólogo polonês Waclaw Radecki (1887- 1953). Por algumas décadas Radecki foi brevemente mencionado nos textos de história da psicologia, mas a partir da década de 1980 foi constituído como um pioneiro da ciência psicológica no Brasil. Desde essa operação histórica, os discursos sobre Radecki passaram a atribuir a este personagem um papel de relevo na história da psicologia. Analisamos o caso de Radecki por meio de outro personagem, Wilhelm Wundt, considerado pela historiografia clássica como “pai” da psicologia experimental. Neste caso, propomos que Radecki tenha sofrido um processo semelhante, na medida em que as narrativas o consideram um pioneiro da psicologia no Brasil. A discussão do texto finaliza problematizando uma historiografia que produz e pavimenta as suas narrativas com os seus respectivos heróis e pioneiros, e que narra um percurso histórico da psicologia em direção a uma suposta autonomia e progresso científico, atentando para a possibilidade de se construir outras histórias que fujam desta narrativa épica.
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O dossiê se compõe da tradução de um texto publicado em outubro/novembro de 1972 na revista La Nef, cuja autoria é atribuída a Foucault e aos membros do G.I.S. (Grupo Informação Saúde), seguida da tradução do manifesto de criação do G.I.S. em 14/05/1972. Os organizadores/tradutores apresentam esses escritos destacando a pouco conhecida participação de Foucault, no início da década de 1970, nas lutas estratégicas no campo da saúde, bem como a singularidade do texto de La Nef, intitulado “Medicina e luta de classes”, quanto a modo de escritura e autoria. Tal apresentação inclui ainda breves considerações analíticas sobre a prática da tradução.Palavras-chave: Foucault, Grupo Informação Saúde, medicina, biopolítica, tradução. RESUMÉ:Le dossier présenté est composé de la traduction d’un article publié en octobre/novembre de 1972 dans La Nef, dont l’auteur est à la fois Michel Foucault et les membres du G.I.S. (Groupe Information Santé), suivie de la traduction du Tract du même groupe. Les traducteurs et résponsables du dossier offrent un petit texte de présentation du dossier en soulignant une activité de Michel Foucault peu connue, sa participation aux luttes stratégiques dans le champ de la santé au début des années 1970, aussi bien que la particularité du texte de La Nef, dont le titre est “Médecine et lutte de classes”, en ce qui concerne son écriture et son(ses) auteur(s). On y trouve encore des brèves remarques analitiques sur l’exercice de la traduction.Mot-clés: Foucault, Groupe Information Santé, médecine, biopolitique, traduction.
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O impacto da obra de J. B. Watson tem sido explorado na historiografia da psicologia. Neste âmbito, destacam-se estudos que utilizam como método a análise bibliométrica. Tais pesquisas, no entanto, não utilizam parâmetros comparativos que possam indicar de forma mais precisa o grau de impacto daquela obra. O presente estudo busca preencher tal lacuna por meio de uma análise bibliométrica comparativa das referências às obras de Watson e outros três relevantes psicólogos do período: Edward B. Titchener, Edward L. Thorndike e William James. A pesquisa foi realizada em cinco importantes periódicos norte-americanos da área, entre os anos 1903 e 1923 – uma década antes e uma década após a publicação do Manifesto Behaviorista. Os resultados permitem concluir que, embora não possa ser tomada propriamente como um marco revolucionário, a obra de Watson teve, na década posterior à publicação do Manifesto Behaviorista (1914-1923), um impacto próximo ao de Titchener e maior do que o de Thorndike, ainda que distante da influência exercida por James.
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A presente pesquisa investiga o imaginário coletivo de idosos sobre adolescentes, inserindo-se entre estudos qualitativos que vêm detectando formas sutis de preconceitos contra grupos pouco reconhecidos como alvos, tais como adolescentes e pessoas adotadas. Alinha-se segundo referencial psicanalítico intersubjetivo, que compreende que o método psicanalítico se funda sobre a adoção de uma atitude fenomenológica e demanda a consideração dos contextos vinculares e socioculturais nos quais os fenômenos estudados têm lugar. A realização de entrevistas individuais de seis idosos, residentes em zona urbana de uma cidade de interior, organizadas ao redor do Procedimento de Desenhos-Estórias com Tema, permitiu a produção interpretativa de dois campos de sentido afetivo-emocional: ”Seres Problemáticos” e “Seres Negados”. O quadro geral indica que prevalecem imaginários preconceituosos, apontando para uma questão social e culturalmente relevante que requer transformações tendo em vista a criação de relações mais solidárias e construtivas entre as gerações.
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O presente artigo apresenta anotações históricas sobre as principais condições e elementos envolvidos no processo de instalação, desenvolvimento e consolidação da pós-graduação stricto sensu da Psicologia brasileira. O recorte temporal corresponde ao período entre 1966, ano de criação do primeiro curso de mestrado na área, e 2015, compilando um período de 50 anos. Foi realizada análise documental de material disponível nas páginas eletrônicas de instituições responsáveis pelo setor (CAPES, CNPq, MEC, ANPEPP) e compilados dados estatísticos a partir do Portal GeoCapes, complementados com mapeamento bibliográfico a respeito da temática. A análise deste material resultou na sistematização de quatro momentos distintos: (a) as pré-condições relacionadas à atividade de pesquisa na área e os acontecimentos que orientaram a constituição dos primeiros programas; (b) o desenvolvimento do campo ao longo de 50 anos (1966-2015), com análise dos principais vetores que contribuíram para sua consolidação; (c) o retrato do quadro atual dos programas da área, destacando suas características e lacunas; e (d) reflexões em torno dos principais desafios que o circundam.
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O objetivo do artigo é revisitar um tema que inadequadamente é considerado secundário nos estudos piagetianos, a saber: a memória. Nosso foco será revitalizar textos sobre esta temática produzidos por Jean Piaget e colaboradores, principalmente Barbel Inhelder, como os livros Intelligence et Mémoire e L’image mentale chez l’enfant. Para além de sua importância histórica, estes textos são intelectualmente instigantes de diversas maneiras. Primeiro, eles propõem uma teoria geral da memória, que está coordenada com outros conceitos da epistemologia genética, tais quais: imagem mental e esquemas operativos. Ademais, em nossa hipótese, esses textos são contribuições importantes para os estudos da memória. Assim, este artigo considera que as teses de Piaget são ainda atuais e podem contribuir para o entendimento da memória humana.
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Este artigo estabelece um diálogo entre as ideias de Simondon e de Latour tomando como foco o modo de existência das técnicas. Através do rastreamento de material disponível na rede mundial de computadores por chaves de acesso, foram reunidas publicações dos dois autores e de alguns de seus comentadores a fim de buscar analogias e tensões entre os dois conjuntos de ideias em torno da temática da técnica. O artigo descreve as categorias que emergiram dessa organização. Apresentamos argumentos que justificam retomar hoje as ideias de Simondon, problematizamos os modos de existência e a lógica das preposições segundo os autores convocados por Latour e levantamos alguns conceitos chave na obra de Simondon. Identificamos a herança de Simondon no pensamento de Latour ao longo de todo este estudo e, na última parte, em especial, dedicamo-nos a tecer esse diálogo possível ainda que ficcional entre os autores no que concerne à maneira de conceber não apenas as técnicas como um dos modos de existência, mas na perspectiva de uma pluralidade ontológica preconizada por ambos.
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Este estudo teórico aborda o tema “Hábito” na ciência psicológica nas primeiras décadas do século XX, destacando a apropriação desse tema pela teoria do psicólogo russo Lev S. Vigotski. Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica em textos de Vigotski e em literatura especializada da época, sobre o tema em foco, e se compõe de dois momentos inter-relacionados: primeiramente, identifica em manuais de psicologia e em teorias psicológicas do período, definição, natureza e papel do hábito no comportamento humano. Num segundo momento, analisa o tema na teoria de Vigotski e como esse tema se distingue em sua psicologia. Os dados indicaram que o tema “hábito” é um tópico significativo na teoria histórico-cultural e têm um lugar importante no projeto de psicologia de Vigotski, especialmente em sua explicação sobre educação e desenvolvimento das funções psíquicas superiores.