A sua pesquisa
Resultados 70 recursos
-
Nesse artigo, pretendemos trazer à cena um dos mais originais intérpretes do Brasil – Manoel Bomfim. Como voz dissonante no cenário intelectual do início do século XX, o autor foi original ao afirmar que nossas mazelas teriam sido construídas historicamente nas relações vigentes desde a colonização do continente latino-americano em contraposição aos argumentos que valorizavam o determinismo biológico ou geográfico.
-
Este artigo pretende analisar as interfaces da produção científica feminina no início do século XX com a constituição do espaço psi no Brasil, utilizando para tanto um artigo do periódico católico "A Ordem" e uma tese da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro. Para sermos mais precisos, nosso recorte temporal situa-se nos primeiros 40 anos do século XX, uma vez que datam desse período os primeiros trabalhos de caráter psicológico escritos por mulheres encontrados por nós, dentre as teses de Medicina e as edições da revista "A Ordem" consultadas. As produções da Medicina e da Igreja Católica foram eleitas como fontes privilegiadas a partir de constatações de uma pesquisa mais ampla, que demonstrou a grande importância que esses discursos – o médico e o religioso – tiveram na construção do campo da psicologia no Brasil.
-
Este texto objetiva construir uma narrativa histórica sobre os laboratórios de Análise do Comportamento da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), na década de 1970. A caixa de Skinner foi o principal objeto estudado, por sua centralidade para os referidos laboratórios. A década de 1970 foi escolhida, uma vez que os laboratórios de Análise do Comportamento foram instalados na UFMG, nessa época. A Historiografia foi o método de trabalho, especificamente o campo da História da Psicologia. As fontes utilizadas foram documentos escritos e orais. O principal resultado foi que o laboratório de Análise do Comportamento, a partir de seu uso didático, funcionou como um centralizador de agentes em prol de uma psicologia científica no recém-criado curso de Psicologia da UFMG.
-
O artigo aborda o tema da memória como proposto num sermão de Vieira (1654), buscando reconstruir as matrizes conceituais (a concepção de memória de Agostinho e de Bernardo) e práticas (a tradição da ortopraxis desenvolvida nas comunidades monásticas na Idade Média). Para ambos, a memória é concebida como processo ativo e abrangente, intimamente associada à emoção e à imaginação: não apenas rememora, mas organiza experiências e conceitos segundo um esquema norteado por lugares e percursos, tornando-os disponíveis para a invenção e a construção cognitiva.
-
O artigo descreve os procedimentos metodológicos utilizados na área dos estudos históricos em psicologia, apontando para suas derivações dos métodos da historiografia geral e da história das ciências, por um lado, e para as interações entre ciências humanas, psicologia e historiografia, de outro. Aponta como a história da psicologia, nas duas vertentes de história dos saberes psicológicos e de história da psicologia científica, nasce neste terreno. Nesse âmbito, discute: as relações entre o trabalho histórico e a preservação e a memória; a existência de diversas abordagens metodológicas dependentes da diversidade dos objetos escolhidos; a importância das fontes e de seus gêneros como ferramentas básicas da pesquisa. Por fim, discute as modalidades de escrita da história da psicologia.
-
Vários estudos têm destacado algumas ideias equivocadas que perpassam o tema das altas habilidades / superdotação, influenciando diretamente na educação dos indivíduos talentosos. Assim, o objetivo geral deste estudo é realizar uma investigação a respeito dos mitos que ainda perpassam o tema das altas habilidades / superdotação na atualidade, estabelecendo um paralelo com a evolução das leis e políticas públicas voltadas para o atendimento aos superdotados no Brasil. As pesquisas analisadas indicam que somente as leis não são suficientes para determinar uma educação efetiva aos alunos superdotados se não houver uma divulgação esclarecedora do tema. A análise crítica dos estudos abordados poderá favorecer a realização de novas pesquisas sobre a forma como a superdotação tem sido entendida pela sociedade. Além disso, os questionamentos suscitados poderão auxiliar a elaboração e aprimoramento de programas voltados para os indivíduos superdotados e para o meio no qual estão inseridos.
-
Este artigo tem por objetivo problematizar um dispositivo importante no processo de reforma psiquiátrica brasileira que é a reabilitação psicossocial. Os autores observam que novas modalidades de tratamento em saúde mental não determinam que os doentes mentais possam efetivamente assumir a condição de cidadão, pois princípios manicomiais podem estar presentes, embasando serviços e práticas. O que se observou é que a reabilitação psicossocial tem uma grande importância na vida dos ditos doentes mentais, mas apresenta o risco de promover a manutenção da condição de psiquiatrizado. Para se pensar sobre essa questão, recorre-se à genealogia de Michel Foucault que consiste na problematização das práticas de poder subjacentes aos discursos psiquiátricos contemporâneos no Brasil.
-
O artigo aborda a emergência do movimento contemporâneo da História Oral, ligado a Allan Nevins e ao Oral History Research Office da Universidade de Columbia. A despeito do reconhecimento de experiências anteriores nas ciências sociais do século XX e da busca de precursores, como Heródoto, na Antiguidade, analistas da História Oral preferem situar os começos do movimento no pós-guerra norte-americano. Nesta linha, esforços têm sido feitos para identificar os motivos de tal datação e localização – contexto no qual igualmente se insere a presente discussão, que recorre a ferramentas foucaultianas para circunscrever o modo de produção de uma história oral posteriormente designada como “modelo Columbia”. Levando em conta que a tentativa de introduzir a disciplina no Brasil, em 1975, esteve sob a égide de tal modelo, põe-se em análise a hipótese de que nossa história oral tenha emergido na forma de uma história das elites.
-
Recorrendo ao conceito deleuziano de intercessor, o artigo visa a por em cena certa prática da História Oral como dispositivo epistemológico-narrativo de invenção. Os problemas que assediam os oralistas se prendem, hoje, menos a demonstrações de que as fontes orais devam gozar do prestígio associado a procedimentos científicos do que a uma singularização da História Oral enquanto crítica em ato aos cânones hierarquizantes no campo da pesquisa social – âmbito em que as contribuições de Alessandro Portelli se mostram decisivas. O livro Changer de société. Refaire de la sociologie, de Bruno Latour, permite fabricar uma intercessão adicional, pois a análise latouriana potencializa as proposições de Portelli quanto à forma de representatividade imanente à História Oral e ao valor diferencial da relação entrevistador-entrevistado no que tange à reflexividade.
-
Neste artigo, propomos situar a filosofia brasileira em função da consciência de si como problema essencial, assim estabelecendo uma ideia de filosofia como “ciência” do espírito. Para tanto, buscamos apontar para a introspecção como o método filosófico capaz de levar a uma consideração da alma em separado do corpo, o que une Farias Brito a seus antecessores no Brasil, dentre os quais Padre Vieira, Gonçalves de Magalhães e Tobias Barreto, bem como a Henri Bergson e Edmund Husserl no cenário europeu. Propusemo-nos também demonstrar que somente com a irrupção das ciências da natureza e da filosofia moderna que se torna possível discutir em profundidade a ideia de uma “ciência” do espírito como o problema da filosofia em sua historicidade. Por fim, e a partir da análise das especificidades da intuição e do método analítico, defendemos que o método experimental não pode considerar o psíquico em sua especificidade.
-
Este artigo visa mostrar aspectos fenomenológicos do pensamento de Carl Rogers, de acordo com a concepção husserliana de fenomenologia. Na primeira parte apresenta o essencial das idéias de Husserl sobre a fenomenologia, baseando-se em textos de síntese do próprio filósofo. Na segunda parte, para representar o pensamento de Rogers, foi escolhido o primeiro capítulo do livro Tornar-se pessoa. Pretendeu-se uma compreensão teórica, mais do que o de uma busca literal. Embora o vocabulário desses dois autores não seja idêntico, ficam patentes alguns aspectos fenomenológicos de Rogers no que se refere à psicoterapia e à sua abordagem aos conflitos humanos. O aprofundamento sucessivo da redução fenomenológica, em Husserl, corresponde, em Rogers, a uma série de renúncias que levam o terapeuta a participar do vivido do cliente naquilo que ele tem de mais pessoal e muitas vezes escondido.
-
O pensamento psicológico de Christian Wolff constitui uma das mais significativas referências para o desenvolvimento conceitual e metodológico da psicologia a partir do século XVIII. Contudo, Wolff vem sendo ignorado na literatura psicológica, sobretudo no caso brasileiro. O objetivo do presente trabalho é apresentar a relação corpo-alma em seu pensamento psicológico, a partir da análise de seu primeiro tratado metafísico sistemático: a Metafísica Alemã (1720). É discutido, primeiramente, o lugar da questão em seu sistema, considerando dois níveis de análise: o empírico e o racional. Segue-se apresentando as três teorias ali discutidas: o influxo natural, a intervenção imediata de Deus e a harmonia pré-estabelecida. Por fim, é feita uma análise de algumas relações entre esta última e o sistema wolffiano.
-
O estudo objetivou investigar a articulação entre campo afetivo e dimensão icônica na objetivação de representações de rural/cidade junto a quatro gerações de moradores de uma comunidade rural. Os dados foram coletados através de entrevistas que focalizaram: campo afetivo, sistematizado através da Análise de Conteúdo; levantamento das características positivas e negativas do campo/cidade, dados submetidos ao SPSS-17; núcleo figurativo dos objetos e articulação entre a dimensão afetiva e o componente icônico, dados processados através do software ALCESTE. Os resultados indicaram a associação dos objetos rural e cidade, respectivamente, a afetos positivos e negativos, dinâmica que se confirma no conteúdo icônico das representações. A elaboração do núcleo figurativo de rural apóia-se na idéia de equilíbrio/harmonia, enquanto a cidade é representada como caótica/desordenada. Na articulação entre dimensão afetiva e componente icônico, discute-se a função das imagens objetivadas como sistema de referência que orienta processos de identificação social com a categoria rural.
-
Este estudo apresenta o arcabouço de idéias humanísticas desenvolvido por Miguel Rolando Covian no âmbito da universidade: como cientista que foi, através de artigos científicos e de várias iniciativas concretas buscou enfrentar o problema da atual crise no campo das ciências modernas e na formação humanística do estudante universitário. No pensamento de Covian verifica-se a particular contribuição de três autores contemporâneos, muito lidos e comentados por ele, representantes de três diferentes áreas do conhecimento – Teilhard de Chardin, José Ortega y Gasset e Thomas Merton. A relevância teórica e testemunhal destes autores para o pensamento de Covian evidencia-se na estreita relação de idéias entre eles e nas citações feitas em seus artigos aos autores. O estudo desta relação nos permitiu aprofundar a concepção de humanismo em Covian e identificar as suas principais matrizes teóricas.
-
O texto apresenta uma pequena biografia do professor Antonio Gomes Penna (1917/2010), nome importante da Psicologia no Brasil e historiador de nossa psicologia. Relata sua formação, sua trajetória profissional como professor interessado em Psicologia e em Filosofia, seu interesse pelo ensino e pelos estudantes. Utiliza-se de depoimentos de diversos ex-alunos e pesquisadores para demonstrar a relevância intelectual e afetiva de sua trajetória.