A sua pesquisa
Resultados 27 recursos
-
ESTE ESTUDO trata da biografia intelectual da psicóloga e educadora Helena Antipoff (1892-1974), enfatizando os diferentes momentos de sua trajetória e a formação progressiva de seu pensamento, com base na perspectiva interacionista da psicologia genebrina e na corrente socioistórica da psicologia soviética. Este pensamento, elaborado no processo de adaptação a culturas diversas em épocas de grandes transformações socioculturais, na Rússia, França, Suíça e Brasil, caracteriza-se pela informação científica avançada e progressista, aliada a um grande sentido prático, e ao compromisso com a convivência democrática.
-
O objetivo deste trabalho é restabelecer o lugar da Psicofísica nos trabalhos de Fechner, rompendo com a concepção vigente, que a considera uma mera ferramenta instrumental a serviço do rigor científico da Psicologia. Com isto, busca-se situá-la enquanto função empírica do pensamento metafísico e religioso, a chamada Visão Diurna. Para tal, este pensamento é esmiuçado em seus componentes, como a hipótese panpsiquista, a tese anímica da natureza, a hierarquia das almas e a concepção panteísta de Deus. De igual modo, esse quadro do pensamento de Fechner habilita ao estabelecimento de ressonâncias com a obra de outros pensadores, com especial destaque para a filosofia de Baruch de Spinoza.
-
O artigo analisa atravessamentos entre o movimento institucionalista francês - especialmente em vertente socioanalítica - e as práticas grupais, em uma tentativa de esclarecer o processo que, no Brasil, levou à constituição do campo conhecido como trabalhos (ou intervenções) de (ou em) Análise Institucional. As autoras sustentam a tese de que a Análise Institucional brasileira está historicamente marcada pelo hibridismo; nela comparecem conceitos-ferramentas advindos tanto das experiências da corrente da socioanálise francesa quanto da produção latino-americana sobre os grupos, particularmente na linha dos grupos operativos. O trabalho enfatiza o vínculo entre gênese teórica e gênese social, dando especial destaque ao momento de emergência das experiências em Análise Institucional, desenvolvidas quando, ao lado da repressão / ditadura política, emergiam focos originais de criação e coletivização.
-
Mediante a reconstrução dos vínculos entre gênese teórica e gênese social, o artigo apreende a Análise Institucional francesa como regime de verdade e daí extrai conseqüências para uma reflexão atual acerca das relações entre a prática dos intelectuais - psicólogos, em particular - e as lutas em defesa dos direitos humanos.
-
Il y a une quarantaine d'années "l'analyse institutionnelle" (AI) faisait son apparition dans le champ des sciences de l'homme. Trente ans plus tard, l'Homme et la Société" fait le point sur l'AI à travers des contributions qui dessinent des voies nouvelles ou portent sur de nouveaux objets, tout en opérant un retour critique sur la conception de l'institution initiale de l'AI. Au total, le champ conceptuel et les méthodologies de recherche de l'AI apparaissent à la fois comme relativement stabilisés et toujours en mouvement.
-
O artigo analisa a obra inicial de Wundt, com o objetivo de mostrar a importância dessa fase para uma adequada compreensão do pensamento desse autor. São apresentados os fundamentos de seu projeto de psicologia, assim como suas principais teorias psicológicas. Destacam-se as questões da continuidade ou da ruptura do pensamento de Wundt, tendo em vista as alterações que ele posteriormente efetuou em seu sistema. Sugerem-se alguns problemas para investigação futura, assim como possíveis correções em certas interpretações atuais, tanto de sua filosofia quanto de sua psicologia. Conclui-se que, na interpretação de sua obra, há enorme lacuna a ser preenchida pela historiografia da psicologia.
-
O artigo trata do processo de profissionalização da psicologia no Brasil. Utiliza o referencial teórico da sociologia das profissões e faz uma revisão bibliográfica sobre a história da psicologia brasileira. Apresenta uma proposta de periodização para a história desta profissão, dividindo-a em três momentos: pré-profissional (1833-1890), de profissionalização (1890/1906-1975) e profissional (1975 −). No primeiro momento, há uma gama de saberes psi pulverizados. No segundo, a psicologia começa a organizar-se em institutos de pesquisa, faculdades e associações e a regulamentar suas leis. No último, a profissão, já estabelecida e reconhecida oficialmente, passa a sofrer fortes alterações sócioeconômicas e disputas interprofissionais.
-
This paper aims at investigating the presence of psychological literature in Konrad Lorenz’s work as a preliminary instrument to investigate how Lorenz’s ideas are related to Psychology. The bibliography of fourteen books written by Konrad Lorenz (including three volumes containing 26 selected papers) have been analyzed. A total of 245 references related to Psychology and related sciences have been selected. These references were organized in five groups: a) The pioneers of Ethology; b) Animal and Comparative Psychology; c) General Psychology (Associationism, Structuralism, Functionalism, Russian Reflexology and Classic Conditioning, Perceptual and Gestalt Psychology, Psychoanalysis, Behaviorism, Social and Developmental Psychology, Cognition, Emotion and Motivation); d) Epistemology; e) Psychiatry and Neurosciences. These data show that the History of Ethology and, particularly, Lorenz’s ideas, show an extremely important relation with Psychology, justifying the inclusion of Konrad Lorenz also in the History of Psychology.
-
O artigo localiza e esclarece o conceito de discriminacionismo afetivo, termo utilizado por Waclaw Radecki, personagem da história da psicologia no Brasil, para identificar o que denominou ser o seu sistema psicológico. Radecki está associado ao Laboratório de Psicologia da Colônia de Psicopatas em Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro dos anos 20 do século passado. Citado em várias publicações, o discriminacionismo afetivo tornou-se objeto de mitificação, pelo fato de não ter sido até então elucidado.
-
O objetivo deste texto é mostrar a importância do trabalho de Gustav Fechner à luz da problemática do sujeito do conhecimento introduzida pela filosofia moderna. Questão do conhecimento iniciada em Descartes, buscando no Sujeito o ponto de partida de toda verdade demonstrável, e que gerará como contraparte o estudo dos riscos das ilusões a serem produzidas neste Sujeito. Esta tarefa caberá a psicologia, que desde o século XVIII tentará se estabelecer como parceira desta tarefa gnosiológica. Tarefa que será condenada pelos próprios filósofos como Imannuel Kant, decretando a a-cientificidade deste saber. Aqui será vista a importância do trabalho de Fechner: como através de seu trabalho empírico e de sua famosa equação, ele dará subsídio para uma psicologia verdadeiramente científica a ser constituída no final do século XIX.
-
O conhecimento do índio brasileiro, adquirido pelos missionários jesuítas através da convivência quotidiana, norteada pelo objetivo da evangelização, transmitido e difundido através da correspondência epistolar foi, sucessivamente, organizado em tratados e informes. Nesses documentos o conhecimento do outro, adquirido pela experiência direta, é filtrado pelo crivo da visão antropológica da teologia católica e da filosofia da época (especialmente, da visão elaborada pelos teólogos e pelos filósofos aristotélico-tomistas da Companhia de Coimbra e em Roma). As proposições acerca do índio brasileiro, inspiradas nestes referenciais teóricos, comparadas com os resultados concretos da ação evangelizadora, não definem um modelo unívoco. Com efeito, contradições, dúvidas, revisões estão presentes na representação que o pensamento jesuíta constrói acerca do índio e do mundo social deste. No presente trabalho, serão analisados os documentos mais importantes produzidos pelos religiosos, significativos para a descrição da 'realidade' do índio brasileiro, assim como esta aparece aos olhos dos europeus.
-
O sofrimento físico de santo Inácio de Loyola (1491-1556), bem como seus serviços médicos são imagens de efeito edificante em seu relato biográfico. Examinar usos do mesmo lugar retórico na produção escrita de expoentes da antiga Companhia de Jesus presentes nas missões brasileiras, como José de Anchieta (1534-1597) e Antônio Vieira (1608-1696), permite compreender o significado dos males do corpo para um jesuíta no início da Idade Moderna e auxilia a repensar os desdobramentos da interdição inaciana de se ensinar medicina nas escolas da Companhia. Conclui-se que a arte médica não somente é praticada, como fornece um repertório de comparações que dão inteligibilidade e sustentação metódica para procedimentos centrais da ação missionária, desde a organização cotidiana da evangelização até a pregação entendida como medicina da alma.