A sua pesquisa
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O objetivo deste texto é investigar a concepção e as propostas de atendimento escolar destinado aos deficientes mentais segundo o ideário higienista e eugenista difundido pela Liga Brasileira de Higiene Mental (LBHM). Para tanto, utilizamos como fonte primária de estudo os Arquivos Brasileiros de Higiene Mental (ABHM), periódico publicado entre 1925 e 1947. Verificamos que a LBHM expressa diferentes opiniões quanto à concepção e às medidas de intervenção propostas para os deficientes mentais. De um lado, propõe a higienização da população, a ser alcançada com a formação de hábitos sadios através da educação escolar e especificamente da educação higiênica, com a possível adaptação do deficiente ao meio social. De outro, defende uma posição eugênica radical, que apregoa a purificação da raça, a esterilização e exclusão dos ditos degenerados (leprosos, loucos, idiotas, epilépticos, cancerosos, nefrolíticos, tuberculosos, prostitutas, vagabundos e deficientes mentais).
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Trata-se de levantamento de artigos publicados em Psicologia Organizacional e do Trabalho (POT), de 2001 a 2005, nas revistas brasileiras: Estudos de Psicologia, Psicologia e Sociedade, Psicologia em Estudo, Psicologia: Reflexão e Crítica, Psicologia: Teoria e Pesquisa, Psicologia USP, e Psicologia: Organizações e Trabalho. A análise considerou número de artigos, temas, metodologia, referências, formação profissional e área de atuação dos autores. De 1105 textos publicados, 178 (16%) foram em POT. Os artigos foram classificados em nove categorias temáticas. Do total de artigos analisados, 30% eram teóricos e 70% empíricos. A maioria dos autores é de psicólogos e está vinculada às universidades. Dentre os principais resultados, destacam-se a diversidade temática e metodológica da produção científica em POT, bem como a preocupação em contemplar as mudanças sociais, econômicas, políticas e tecnológicas. A produção de conhecimento está voltada tanto para subsidiar intervenções como para impulsionar o desenvolvimento teórico da área.
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A presente pesquisa investiga a produção de subjetividade em seminários católicos. Por meio de diversos teóricos, girando em torno do eixo conceitual da Análise Institucional (em sua vertente socioanalítica e, principalmente, esquizoanalítica), pesquisou-se um importante seminário católico diocesano na região Sudeste, um dos primeiros fundados no Brasil. Um seminário é a instituição de internato em que muitos homens vivem, estudam e trabalham, durante oito anos em média, para se tornarem padres. Nossa pesquisa de campo utilizou-se da observação participante, oriunda da antropologia e sociologia, em diversas visitas ao estabelecimento, durante as quais fomos autorizados a participar de todas as atividades dos 110 seminaristas internos. Em seguida, alguns seminaristas, de todas as etapas da formação, e todos os 5 padres formadores foram entrevistados. Recorremos a entrevistas abertas de história de vida, segundo os procedimentos da História Oral italiana. Guiados pela distinção da filosofia de Spinoza de três gêneros de conhecimento, buscamos dramatizar a formação clerical em três níveis de compreensão: os Signos ou afectos, as Noções ou conceitos, as Essências ou perceptos. Por meio dessa trajetória, constatamos o predomínio da dimensão do instituído e de uma modelização homogeneizadora de tipo romana, resultando em que os clérigos ali formados se fechem em uma identidade sacerdotal claramente identificável e encapsulada na obediência aos centros de poder eclesiais: a Cúria romana, a Mitra diocesana e a Paróquia. Busca-se, na formação, reproduzir a subjetividade serializada segundo um Modelo sacerdotal institucionalizado, no qual as dimensões litúrgica e disciplinar são ressaltadas, em detrimento das dimensões místico-políticas sendo a perseguição à Teologia da Libertação um importante analisador dessa característica. A constante vigilância da pureza doutrinal, litúrgica, organizacional e teológica indicou-nos a pressão em reprimir a dimensão místico-profética, que range, querendo se expressar. Em vista disso, bem como de inúmeros outros analisadores, conceitos e personagens produzidos ao longo da pesquisa, pudemos constatar que o desejo clerical, modulado na formação seminarística, oscila entre dois pólos: um pólo sacerdotal-romano-paranóico e um pólo profético-libertador-esquizo. No primeiro, há redução à identidade hegemônica nascida nos centros de poder eclesiais, fechando-se à diferença, na busca de um projeto de imortalidade frente às intempéries da vida e transformações da História, produzindo práticas hierárquicas a partir de um pensamento de caráter transcendente, representativo. No segundo pólo, há busca de singularização, nascida do seguimento a Jesus, o conseqüente compromisso com os menores e excluídos dentro e fora da Igreja e o processo inerente a esta produção de sentido, criando-se, em conseqüência, uma radical imanentização da vida cristã e de seus pólos e transcendências: material/espiritual, fé/vida, Igreja/Mundo, mística/política. O seminário pesquisado, indicador das transformações micropolíticas da Igreja contemporânea, produz hegemonicamente um desejo sacerdotal-romano-paranóico, forjando funcionários do poder da Igreja, burocratas do aparelho de Estado romano, aplicadores de suas rubricas litúrgicas e normas doutrinais e morais, e não profetas do Reino de Deus, máquinas de guerra libertadoras quanto a tudo o que oprime a potência da vida e suas inauditas expressões singulares.
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Neste artigo propusemos a reflexão sobre a multiplicidade de significações que o processo de guardar lembranças e contar a História adquirem no devir do tempo. A partir da análise das repercussões que emanaram de uma exposição de fotos dos acervos pessoais de servidores de uma instituição do Poder Judiciário, em que a memória coletiva foi evocada a partir da individual, abordamos a passagem do tempo operando na constituição e no cuidado de si, baseados nos conceitos propostos por Michel Foucault. Procuramos ressaltar também, dentro do âmbito pessoal e institucional, o quanto o olhar para o passado influencia a construção do futuro, podendo tanto trazer a criação do novo quanto sucumbir à naturalização de verdades que fazem repetir o mesmo.
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Neste trabalho, são revisitados dois artigos de Michel Pêcheux (1938-1983), um dos principais formuladores da análise do discurso (AD): Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais (1966); Conjuntura teórica da psicologia social (1970). Mostra-se que, na formulação da AD, o vínculo com a disciplina psicológica foi importante, embora negativo. Além disso, o artigo de 1970 pode ser visto como uma verdadeira análise do discurso da psicologia social em evidência na época. Diferentes teorias da psicologia social são apresentadas e, por meio de uma leitura/escuta social, são apontadas suas características biologistas, culturalistas ou sociologistas. Mostra-se que cada teoria, para dar conta do que lhe falta, lança mão de ideologias, ora políticas, morais e religiosas, ora provenientes das ciências biológicas. Argumenta-se, no final do artigo, que esse dispositivo de análise utilizado guarda estreita afinidade com a análise do discurso atual.
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Os sete sermões de Antonio Vieira (1608-1697) sobre o tempo litúrgico do Advento explicitam a articulação, através da ars retorica, entre os aspectos da visão de mundo jesuítica inerentes ao período do Advento (período em que se abordam questões como a finalidade da vida terrena, a ação humana e seu valor histórico, a natureza humana e seu destino transcendente) e os movimentos que se esperava obter do universo anímico dos ouvintes através do uso da palavra. Vieira compõe a dinâmica dos afetos de modo a relacioná-los com o entendimento. O homem envolvido em uma dinâmica afetiva pode ter em seu interior a fonte de todos os enganos, mas também da salvação. São as relações travadas entre conhecimento e afetos que definem o modo pelo qual o ser humano perceberá o mundo e conceberá a si mesmo, e como tal atuará na realidade.
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Este trabalho pretende aproximar o filme “La tregua”, baseado na obra de Primo Levi, e os efeitos do filme “Tropa de Elite” no cenário brasileiro, visando problematizar uma curiosa semelhança: a permissão para a violência. Para tanto, buscaremos dialogar com autores como Zygmunt Bauman, Hannah Arendt, Cecília Coimbra e Giorgio Agamben, dentre outros, sendo que, a partir deste último, nos serviremos do conceito de Estado de Exceção e apontaremos suas modulações. Uma delas se materializa na naturalização de assassinatos que não têm penalidade jurídica, fomentada, por sua vez, pela produção da imagem de “estado de guerra” que lhe serve de base. Se a estrutura da exceção é entendida como um mecanismo jurídico que se organiza na suspensão dos direitos em nome da necessidade da ordem e esta possibilitou o nascimento dos campos de concentração, observamos que ela ressurge, de maneira sutil, na relação entre pobreza = criminalidade = repressão da violência = naturalização de assassinatos.
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O presente trabalho é parte de minha tese de doutoramento em Psicologia Social e procura analisar, por meio da contextualização histórica das diferentes perspectivas da Análise do Discurso, as configurações teórico-metodológicas desse procedimento no âmbito da Psicologia Social. Destacando o percurso dos diferentes teóricos e sua trajetória ao longo dos diversos campos de estudo que compõem o vasto universo da análise do discurso, o artigo discute as (im)pertinências da utilização das diferentes modalidades na Psicologia Social. Destaca as peculiaridades que, de modo geral, dizem respeito ao lugar que o sujeito ocupa na ordem dos discursos e ao valor que as noções de ideologia e de poder possuem nas práticas discursivas como os principais elementos de articulação teórica e metodológica a serem atentados pelos pesquisadores em Psicologia Social.
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Nesse artigo discutimos a operacionalidade dos conceitos de normatização e normalização para pensar as práticas de saúde no contexto da Saúde Coletiva. A Saúde Coletiva pretende ser uma ruptura com a Saúde Pública, ao negar o monopólio do discurso científico e biológico, incluindo as dimensões simbólica, ética e política na discussão sobre as condições de saúde da população. Sendo assim, na primeira parte do artigo acompanhamos o nascimento da Saúde Pública, bem como a problematização desse modelo pela Saúde Coletiva. Em seguida, apresentamos duas importantes contribuições para essa desconstrução: as considerações em torno do normal e do patológico, realizadas por G. Canguilhem e os estudos de M. Foucault sobre a disciplinarização da sociedade moderna. Ao final, relacionamos diferentes concepções de saúde com o pensamento de Canguilhem, no intuito de refletirmos sobre como a Saúde Coletiva pode constituir práticas de ação coletivas que sejam também normativas e não apenas normalizadoras.
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Este artigo procurará refletir sobre aspectos observados numa visita ao Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, situado em Campinas, São Paulo, considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)uma referência importante na luta pela desospitalização. Para isso, efetuaremos uma descrição das diversas ações de apoio à reinserção social dos usuários, que conta também com grupos de discussão sobre saúde mental com representantes da comunidade. O presente artigo também buscará, por meio de um diálogo problematizador, apresentar aos leitores alguns conceitos da literatura sobre reforma psiquiátrica, tensionando-os com a experiência prática do Serviço de Saúde em questão.
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Este texto versa sobre algumas contribuições de Cornelius Castoriadis para a psicanálise, no que diz respeito a conceitos criados para melhor elucidar aporias na teoria freudiana, graças à criação de novos conceitos e categorias como a psique monádica, o imaginário radical, o imaginário social, a imaginação radical e o social-histórico. O método usado é o de destrinchar fontes bibliográficas para extrair dados para confeccionar a análise. Os resultados mostram que é pelos próprios processos de humanização e socialização que a mônada consegue sublimar seu estado de gozo primal como mônada psíquica, assim tecendo laços de amor e deslocando o amor/ódio de si para um objeto externo.
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As práticas psicológicas na assistência social, bem como as interfaces com as políticas públicas, tornam-se um eixo de problematização no campo da Psicologia Social. Objetivamos discutir neste texto as formas pelas quais se constituiu a categoria infância no Brasil. Neste sentido, fazemos um resgate histórico a partir da chegada dos jesuítas até a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Concomitantemente convocamos os leitores a estabelecer paralelos com as atuais políticas públicas, problematizando algumas mudanças no que se refere ao atendimento às crianças e adolescentes pobres, bem como suas famílias. Por fim, visibilizamos alguns paradoxos do ECA, bem como interrogamos se, algumas vezes, os programas não fomentam a reprodução daquilo que se destinam a erradicar.
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