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A Psicologia francesa do final do século XIX, recentemente separada da Filosofia, utilizava como um de seus principais métodos o estudo dos estados alterados de consciência e das doenças mentais no intuito de compreender melhor o funcionamento normal da mente humana. Dentre os pioneiros desta Psicologia, destacou-se Pierre Janet. Seu estudo sobre as alterações mentais, principalmente o hipnotismo e a histeria, deram origem às suas concepções sobre força e fraqueza psicológica, dissociação e atividade subconsciente, ideias estas que abriram margem para um novo entendimento da atividade mental fora da consciência, contribuíram para o desenvolvimento da psiquiatria dinâmica e, principalmente, apresentaram à sua época um caráter conciliador entre as novas tendências da psicologia e a antiga psicologia. Contudo, embora tenha sido um autor relevante, seus trabalhos são pouco conhecidos na atualidade e, em língua portuguesa, a bibliografia sobre ele é escassa. Nosso objetivo foi, portanto: (i) analisar o surgimento do conceito de dissociação na obra inicial de Pierre Janet, assim como as suas principais acepções; (ii) apresentar como Janet chegou à formulação deste conceito e como esse se desenvolveu ao longo de sua obra; (iii) explicar o mecanismo da dissociação segundo o autor; (iv) esclarecer o que ocorre com os elementos dissociados da consciência; (v) apresentar a relação da dissociação com outros conceitos fundamentais da obra de Janet, tais como vontade, fraqueza de síntese e automatismo e; (vi) expor as explicações de Janet para a histeria, hipnotismo e duplas personalidades com base na sua teoria da dissociação. Para tanto, realizamos uma leitura analítica da segunda fase de suas obras, que vai desde 1885 a 1894 (contendo 3 livros e 17 artigos), na qual este autor se dedicou a estudar profundamente este tema, buscando estabelecer a definição dos principais conceitos desta fase de suas obras, com ênfase na dissociação, e também as relações existentes entre eles. Como resultados obtivemos que conceito dissociação apareceu pela primeira vez nas obras de Janet em 1887 no artigo L'anesthésie systématisée et la dissociation des phénomènes psychologiques. Nele Janet coloca que a dissociação ocorre quando um item, seja uma memória, uma sensação ou um movimento, não se liga à ideia de eu do sujeito, sendo, portanto, removido da consciência normal. Porém, a partir de 1889, da obra L’automatisme psychologique, não vemos mais aparecer o termo dissociação, mas sim um novo termo, o termo desagregação (désagrégation), o qual acreditamos ser, contudo, seu sinônimo. O mecanismo da dissociação é apresentado por Janet, principalmente, quando ele explica a formação dos sintomas histéricos. Para ele estes sintomas histéricos, ou seja, as anestesias, as abulias, as amnésias e os problemas do movimento são todos causados por uma fraqueza de síntese psicológica que leva, por sua vez à desagregação psicológica. Nestes quadros, devido à fraqueza de síntese, certos grupos de sensações, memórias, emoções ou informações sobre o ambiente deixam de ser sintetizados à ideia de eu (fator fundamental, segundo Janet, para que um fenômeno possa fazer parte da consciência) e, portanto, permanecem dissociados da consciência normal, gerando, respectivamente: as anestesias, as amnésias, as modificações do caráter e as abulias. Estes elementos não sintetizados continuam, contudo, a existir podendo “ficar isolados e desaparecer ou podem se associar com outros fatos igualmente separados de toda a consciência e formar uma segunda personalidade” (Janet, 1887 p.402). A ação destes cada um deles sobre a consciência da histérica, por sua vez, é a raiz do que Janet chamou de acidentes histéricos dentre os quais estão incluídos as contraturas, a catalepsia parcial, o sonambulismo, os ataques, alguns delírios e os atos subconscientes. É possível concluir que a dissociação é de fundamental importância para a compreensão da histeria sob o ponto de vista de Janet e que é também um conceito chave da fase inicial de suas obras.
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Problemas decorrentes do uso/abuso de álcool e outras drogas agravam-se continuamente. Existem, atualmente, medidas polêmicas que visam a soluções imediatas, como o financiamento público das comunidades terapêuticas. Analisam-se, aqui, possíveis aproximações do legado higienista do início do século XX em questões que envolvem o uso/abuso de substâncias psicoativas com as propostas de intervenção das comunidades terapêuticas atuais. Realizou-se pesquisa com fontes primárias, inspirada na vertente do materialismo histórico. Entende-se que os problemas decorrentes do uso/abuso de drogas continuam deixando o ônus maior aos usuários, às pessoas ao redor e à saúde pública.
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Tese dividida em quatro estudos, cujo eixo central é o entendimento de que toda Psicologia é local e expressa em seu respectivo contexto de desenvolvimento uma hibridização que depende dos seus processos históricos de recepção e circulação. Aplicou-se esse entendimento ao argumento de que a Psicologia Humanista de Carl Rogers, em seu desenvolvimento nos EUA e no Brasil, foi sensível a esses processos, havendo especificidades que os distinguem em cada localidade. A perspectiva que se escolheu para investigar tal argumento ocorreu mediante as relações da Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) com a Fenomenologia. Ressalta-se que todos os estudos são independentes, entretanto cada qual versa historicamente essa perspectiva ao seu modo. O primeiro estudo tem um cunho teórico sobre a noção de recepção e circulação e suas implicações para pesquisas históricas em Psicologia. O segundo estudo se inspira na abordagem historiográfica de Josef Broek para analisar as diversas relações que Rogers estabeleceu com a Fenomenologia. Para isso, o estudo 2 se divide em duas análises: a primeira levanta o número de filósofos citados e referenciados por Rogers ao longo de suas obras; a segunda examina sete momentos relacionais de Rogers com o movimento de recepção da Fenomenologia pela Psicologia estadunidense, nas décadas de 1940- 1960. Rogers, efetivamente, somente citou e referenciou 1 fenomenólogo, Martin Heidegger. A Fenomenologia que Rogers menciona não é a filosófica, que ele viu com ressalvas, mas é um paradigma estadunidense de ciência empírica e de estudos da personalidade. O terceiro estudo, novamente inspirado pela historiografia de Broek, divide os momentos de recepção da Psicologia Humanista de Rogers no Brasil, de 1945 a 1990, analisa as obras rogerianas traduzidas para o português brasileiro, nos anos de 1970-2000, e realiza um levantamento bibliográfico para entender o tipo de ACP que circula em periódicos brasileiros, de 2002 até 2014. Os resultados do estudo 3 apontam que: a ACP de orientação fenomenológica se estabeleceu em um período de crise, no final da década de 1980; atualmente, há uma escassez de produção de artigos sobre Rogers; existe uma hegemonia de produções teóricas e clínicas; a ACP brasileira se distingue da ACP de Roger por concretizar uma relação com a filosofia fenomenológica europeia em suas discussões teóricas. O quarto estudo reflete, a recepção e circulação da noção rogeriana de consciência na ACP brasileira de linhagem fenomenológica. Aponta-se para o cenário brasileiro, onde existe uma tensão epistemológica em aproximar da Psicologia Humanista de Rogers a Fenomenologia, pois a ideia rogeriana de consciência procede de uma base pragmatista-funcionalista que difere do esteio fenomenológico; entretanto, historicamente, é possível entender essa relação em termos de um desenvolvimento local. No transcurso dos estudos, concluiu-se que há uma série de potencialidades teórico-conceituais na aproximação da ACP com a Fenomenologia. A atitude historiográfica sobre essa relação possui, em seu cerne, um aspecto compreensivo as dimensões locais que afetam historicamente a Psicologia Humanista de Rogers e a ACP brasileira.
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Objetiva-se analisar as produções de Psicodrama em periódicos brasileiros. O método utilizado foi a revisão sistemática de literatura sobre 98 artigos, publicados em 1996-2014, organizados nas seguintes categorias: ano, tipo de produção, área de discussão, periódico e filiação institucional. Os resultados demonstram: intensificação de produções em 2011-2014, predominância de artigos teóricos, hegemonia de discussões clínicas, concentração de publicações em um periódico e ampla difusão de filiações nacionais e estrangeiras relacionadas aos autores que produziram artigos sobre o Psicodrama. Conclui-se que o Psicodrama tem circulado em meios de divulgação acadêmica no Brasil, ampliando a herança de Jacob Moreno concernente à interface entre conhecimento prático e conhecimento científico.
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O estudo examina as relações entre fenomenologia e psicologia experimental no início do século XX para definir origem, especificidade e abrangência do termo fenomenologia experimental. Inicia com a indicação de que o termo está associado a Carl Stumpf em Berlim. A seguir, acompanha as relações conturbadas entre Husserl e o Departamento de Psicologia da Universidade de Göttingen. Na sequencia constata a influência frutuosa da fenomenologia na psicologia experimental da Universidade de Würzburge na psicologia gestaltálticade Max Wertheimer. A fenomenologia experimental continuou pelos meados do século XX com repercussões na psicologia ecológica de James Gibson. Embora Husserl tenha se distanciado da psicologia experimental, a fenomenologia experimental prosseguiu sem seu aval, subsidiando na atualidade as ciências cognitivas e as neurociências.
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O artigo explora a relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas a partir da literatura internacional denominada naturalização da fenomenologia. São discutidas as tendências de pesquisa na área. O estudo contrasta a pesquisa com métodos introspectivos da metodologia básica em Ciências Cognitivas e Fenomenologia Experimental. Nas tendências de naturalização da Fenomenologia, destaca-se a Fenomenologia front-loaded, caracterizada como um tipo de fenomenologia experimental, que utiliza a fenomenologia filosófica para informar e redefinir desenhos experimentais na pesquisa com processos psicológicos básicos. A prerrogativa do modelo front-loaded é o fomento de variações experienciais em seres humanos, por meio de ilusões perceptivas e desempenho cognitivo, sob condições de controle experimental. Ao final, são discutidos os limites da relação entre Fenomenologia e Ciências Cognitivas, apontando a distinção necessária entre Fenomenologia como ciência de fundação e Fenomenologia como pré-ciência experimental aberta ao diálogo interdisciplinar.
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The aim of this work is to present the singularity of the concept of anthropophagy in Brazilian culture. This article examines its use in the Modernist Movement of the 1920s and explores the possibilities it creates for thinking about Brazilian culture in nonidentitarian terms. We then use the concept of anthropophagy in a broader, practical sense to understand psychology as a kind of anthropophagical knowledge. We do so because in many ways the discipline of psychology is similar to Brazilian culture in its plurality and complexity. (PsycINFO Database Record (c) 2017 APA, all rights reserved)
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Este trabalho é uma tentativa de compreensão dos processos de subjetivação (e seus efeitos políticos) envolvidos nos modos de conhecimento dos saberes psi. Para tal, será levantado um conjunto de definições quanto à subjetividade e a seus modos de produção. Em seguida, serão analisadas as contribuições sobre o tema por parte da teoria ator-rede. Mais adiante, serão tomadas dessa teoria algumas diretrizes para possíveis estudos sobre modos de subjetivação engendrados pelos saberes e práticas psi. De modo mais específico, serão trabalhadas as formas com que as pesquisas psi engendram mundos e sujeitos por meio de políticas ontológicas específicas, gerando formas extorsivas ou recalcitrantes de articulação. É nesse aspecto que será feita a discussão dos modos políticos dessas formas de subjetivação.
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El objetivo de este trabajo es examinar las tecnologías del yo producidas por prácticas psi, y más específicamente la introspección experimental y sus modos de entrenamiento en los la- boratorios de finales del siglo xix. Para ello tomaremos como base el concepto de tecnologías del yo desarrollada por Michel Foucault en los últimos años de su vida, en la década de 1980. Dichas tecnologías son analizables en categorías como las de sustancia, ascesis, prácticas del yo y telelología, así como en la distinción entre filosofía y espiritualidad. Estas herramientas conceptuales serán utilizadas con el objetivo de buscar las técnicas del yo presentes en prácticas de laboratorio de finales del siglo xix, especialmente en trabajos de autores como Helmholtz, Wundt y Titchener. Caminando hacía la conclusión, utilizaremos la epistemología política de Vinciane Despret, para quien estos trabajos no apuntan solamente a técnicas del yo, sino que igualmente sirven para problematizar nuestros modos de investigación.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.874)
- Conferência (1)
- Livro (471)
- Seção de livro (1.151)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.645)
- Entre 2020 e 2024 (872)
- Desconhecido (4)