A sua pesquisa
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Esse texto mostra a importância dos laboratórios de psicologia na formação docente no Estado de Minas Gerais, desde a institucionalização da psicologia no Brasil até a atualidade. Demonstrando a validade da temática, realizou-se pesquisa bibliográfica no campo da historiografia da psicologia mineira, enfatizando o campo educacional. Foram apresentados dois laboratórios do início do século XX: o Laboratório de Psicologia da Escola de Aperfeiçoamento de Minas Gerais e o Laboratório de Psicologia e Pesquisas Educacionais Edouard Claparède. Marcando a continuidade desse trabalho nos dias de hoje, destaca-se também o Laboratório de Psicologia e Educação Helena Antipoff (LAPED) da Faculdade de Educação da UFMG. O estudo aponta, enfim, que estes laboratórios, se constituíram em espaços privilegiados de aproximação entre teoria e prática, além de serem essenciais ao desenvolvimento da psicologia enquanto ciência e profissão, se revelando ainda como locus especiais e de grande valia para a formação docente.
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Pensar o corpo a partir de uma perspectiva histórica, demonstrando seus desdobramentos e as maneiras de abordá-lo, é apontar que não existe um corpo, mas práticas discursivas que têm o corpo como suporte. Deste modo, adotar uma perspectiva histórica do corpo é torná-lo desnaturalizado. Parte-se das seis concepções de corpo mais trabalhadas ao longo dos anos: corpo como cuidado de si, corpo motor, corpo erógeno, corpo ótico, corpo topológico e corpo sem órgãos. As várias abordagens sobre o corpo representam diferentes maneiras de trabalhar essa noção. Buscaremos apresentar as construções sobre este suporte juntamente com as rupturas e as mudanças de paradigmas que envolvem tais abordagens. Essas abordagens são seguidas de matrizes teóricas diversas e conceitos essenciais. Assim, norteamo-nos pelas mudanças de discursos que acompanham cada concepção. Por fim, vamos demonstrar que essas interpretações sobre o corpo fazem parte do processo das especificidades de cada teoria, visando a concluir que as fundamentações teóricas sobre o corpo, presentes na história, são dependentes de praticas discursivas.
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A reforma psiquiátrica é um movimento que ocorreu, originalmente, na Inglaterra, França, Itália e, posteriormente, no Brasil. Este movimento tem por objetivo repensar o tratamento de pessoas com sofrimentos mentais graves a partir de experiências disruptivas em relação ao modelo asilar, este fundamentado na prática hospitalar e medicamentosa e com o objetivo de realizar o tratamento moral e disciplinar para a manutenção da ordem social. As lutas por sua transformação deram origem à construção de outras formas de intervenção, que buscaram romper com as concepções estigmatizantes da loucura e com as formas desumanas de tratamento, visando novos modos de cuidar do sofrimento psíquico e de entendê-lo. Por meio de uma pesquisa bibliográfica, este trabalho compara as experiências inglesa, francesa, italiana e brasileira, compreendendo as concepções de sujeito, comunidade e práticas terapêuticas presentes em cada uma delas.
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Esboçado nas trilhas de questionamentos sobre a tomada do sujeito jovem como objeto de investimento, este artigo trata de colocar em destaque as articulações do processo de objetivação da juventude; mais precisamente, busca problematizar como vêm sendo constituídas as práticas de institucionalização voltadas para essa população no país. O fio condutor para esta análise parte uma instituição de apoio socioeducacional localizada na cidade de Pelotas/RS – o Instituto de Menores D. Antonio Zattera (IMDAZ). Para essa discussão, este trabalho aposta na estratégia genealógica arquitetada por Michel Foucault para problematizar a configuração dos movimentos de intervenção sobre o sujeito jovem no decorrer da história. Percorre, para tal fim, brevemente as condições de possibilidade para o surgimento das práticas de institucionalização no Brasil, articulando como estas foram tomadas por políticas públicas de juventude.
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A proposta deste artigo é contextualizar biográfica e filosoficamente a neuropsicologia de A.R. Luria (1902-1977). Parte-se aqui do pressuposto de que o projeto neuropsicológico de Luria se insere no programa científico mais amplo avançado pela psicologia histórico-cultural soviética, que teve como objetivo central investigar como processos naturais interconectam-se com processos histórico-culturais, resultando no funcionamento psicológico complexo. Para tanto, duas direções distintas de estudo foram delineadas, a saber: o desenvolvimento ontogenético das funções psicológicas superiores e o curso da dissolução destas na presença de lesões e/ou disfunções cerebrais. Discute-se aqui o quanto a primeira proposta produziu dados e gerou questionamentos que resultaram numa massa crítica mais difundida na psicologia ocidental, em detrimento dos estudos desenvolvidos por Luria com pacientes afásicos e lesionados cerebrais no pós-guerra. Não obstante, esta segunda vertente de pesquisa trouxe contribuições teóricas fundamentais para o debate acerca das relações mente-cérebro, bem como para o fazer neuropsicológico contemporâneo.
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O artigo traz uma análise das práticas do UNICEF frente às famílias brasileiras a partir de uma pesquisa histórica, de caráter documental, utilizando diversos relatórios do Fundo das Nações Unidas para a Infância como fonte primária. Crianças e adolescentes são um segmento da população alvo de governo dessa agência multilateral por meio da medicalização de seus familiares, em nome da proteção e defesa dos direitos humanos. O estudo compõe uma rede mais ampla de análises de documentos de organismos ligados à Organização das Nações Unidas (ONU), buscando auxílio teórico e metodológico nos instrumentos legados por Michel Foucault em diálogo com diferentes contribuições.
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A pesquisa em arquivos escolares, com suas dispersões documentais, faz do trabalho historiográfico uma inquietante aventura: documentos isolados ou incompletos, manuscritos ilegíveis, temas variados, fotografias, papéis timbrados, originais rasurados, séries interrompidas, muito mofo e muita poeira. Para a historiografia da psicologia as fontes advindas dos arquivos escolares possibilitam a leitura e releitura de suas histórias de uma maneira complexa, possibilitando, por vezes, o encontro de informações inestimáveis. Neste sentido, o diálogo entre a história da psicologia e a história da educação mostra-se bastante frutífero, especialmente pelas formulações teóricas efetuadas no campo da historiografia da educação que muito contribuem para pesquisas que caminham numa região de fronteiras entre história, psicologia e educação.
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O artigo desenvolve a ideia da invisibilidade como produtora de narrativas, a partir da convicção de que a história de uma pessoa nunca é apenas a dela mesma. Cita exemplos de um filme (“A vida dos outros”, Henckel, 2006), da literatura africana contemporânea e de narrativas diversas. Vale-se de entrevistas com pessoas da localidade de Araras (Petrópolis-RJ), em que é desenvolvido trabalho de orientação profissional. O campo da pesquisa em questão constrói-se na tensão entre uma “cidade” visível e uma “cidade” invisível, expressões entendidas como comunidades que têm ou não presença perante as forças instituídas (estado, igrejas, organizações sociais). O que se destaca é a História Oral (HO) como um operador que põe em evidência a articulação dessas comunidades. Para tanto, trabalha-se principalmente com proposições de Alessandro Portelli, Ecléa Bosi e Heliana Rodrigues, na aposta de que o repartir histórias, como uma prática política, abre passagens para a invenção de territórios de existência.
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Em um programa de trabalho educativo que envolve jovens em medidas “socioeducativas” e medidas “de proteção”, alguns acontecimentos são tomados como analisadores dos modos como práticas psi e juventudes se têm co-engendrado. A cartografia como ética de pesquisar-intervir acompanha esses movimentos do que está surgindo e utilizamos cadernetas pessoais e diários coletivos como ferramentas metodológicas. Partimos da imanência das relações, do meio, e somos convocados a pensar as formações históricas que produziram sufocantes práticas hegemônicas que governam vidas juvenis no âmbito das medidas supracitadas. Numa ultrapassagem do que ajudamos a fazer de nós mesmos, experimentamos práticas psi que se arriscam à potência dos encontros, inventando aí intervenções ventiladas que habitam a multiplicidade da vida e a liberdade. Afirmamos exercícios de cuidado da/na relação como uma ética de intervenção com jovens: uma aposta política na insurgência de práticas psi e vidas mais libertárias.
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O presente artigo aborda o processo de construção do filme Imagens do Inconsciente, mais especificamente do episódio Em Busca do Espaço Cotidiano, sobre Fernando Diniz e sua produção pictórica. O encontro entre a psiquiatra Nise da Silveira e o cineasta Leon Hirszman está marcado pela não dissociação de política, sociedade e arte. O trabalho terapêutico e de reabilitação psicossocial desenvolvido por Nise da Silveira tem como característica o estabelecimento de importantes conexões com o campo das artes, possibilitando o diálogo com toda a sociedade. Esse trabalho de transformação cultural e de mentalidades fez com que fosse questionada a exclusão social dos chamados doentes mentais e transformada a política de assistência no campo da saúde mental no Brasil.
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A ADAV Associação Milton Campos Para Desenvolvimento e Assistência de Vocações de Bem Dotados é uma instituição voltada para o atendimento aos bem dotados no estado de Minas Gerais, criada sob a orientação da psicóloga e educadora Helena Antipoff. A expressãobem dotado caracteriza o indivíduo que possui capacidade e potencial superior, em relação à média da população nas variadas áreas e características humanas (artes, ciências, esportes...). Neste estudo buscou-se abordar a história dessa instituição educacional em sua primeira década de funcionamento (1973-1983) e entender como os bem dotados eram identificados, qual era a metodologia utilizada na educação dos talentos e como os adavianos avaliam o significado de ter participado dessa experiência. Foram utilizados dois procedimentosmetodológicos: análise de documentos (atas de reuniões; relatórios; fichas de inscrições; correspondências; livros e boletins publicados; relatos manuscritos; diários e jornais) e entrevistas semi-estruturadas com quatro participantes dos encontros na Associação, submetidas à análise de conteúdo. Os documentos foram encontrados nos acervos do CDPHA (Centro de Documentação e Pesquisa Helena Antipoff), da Fundação Helena Antipoff e nos arquivos da própria ADAV, localizados no Complexo Educacional da Fazenda do Rosário, em Ibirité, Minas Gerais. Os resultados indicam que a ADAV foi uma obra original,assumindo importante papel no desenvolvimento de uma metodologia educacional para bem dotados e para o desenvolvimento de talentos. A definição de bem dotado ultrapassava a questão intelectual, sendo também valorizados os aspectos artístico, criativo, esportivo esocial. O processo de identificação mostrava-se complexo, priorizando a participação das escolas através da indicação daqueles alunos que se destacavam dos colegas. O desenvolvimento de talentos se dava através de encontros realizados como colônia de férias, nas quais eram proporcionadas atividades em variadas áreas com a participação deconvidados em regime de voluntariado. A metodologia dos encontros era baseada na experimentação natural proposta por Alexander Lazursky, adaptada por Helena Antipoff, através da qual o educando é colocado em um ambiente rico em estímulos para que possa escolher as atividades mais adequadas a suas aptidões, habilidades e interesses, sob a observação dos educadores. Os princípios educativos adotados eram: princípio da Escola- Viva, com imersão no ambiente educacional e divisão das tarefas cotidianas; associação entreteoria e prática; uso de tarefas concretas; ensino individualizado; incentivo à preocupação com a natureza e com o bem comum. No período pesquisado, foram realizadas atividades de contato com a natureza, música, literatura, biblioteca, artes, teatro, artesanato, atividades folclóricas, esportes, jogos, culinária, ciências, agricultura, escotismo, excursões, dinâmicas de grupo para auto-conhecimento e conhecimento do grupo e palestras proferidas por diferentes profissionais, seguidas de debates. Quanto ao significado da experiência adaviana para seus participantes bem dotados, verificou-se que os momentos vividos na ADAV lhes possibilitaram uma reconfiguração positiva de suas visões de si mesmos a partir das relações estabelecidas nos encontros. Isto porque, ao se depararem com outros bem dotados, com interesses e anseios afins, puderam sentir-se fazendo parte de um grupo, o que favoreceu o desenvolvimento de sua auto-estima. Os resultados desta pesquisa poderão auxiliar futuros empreendimentos voltados para a educação de bem-dotados.
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Este estudo analisa as representações sociais dos corpos infantis na revista Pais & Filhos no período de 1968 a 1977, quando a publicação se considerava portadora de saberes modernos referentes aos cuidados e à educação das crianças. Ele parte da observação de que a infância, a partir da modernidade, tem sido revelada por uma série de especialistas, com base na legitimidade que os saberes científicos lhe conferem, e que esses saberes são vulgarizados através de diversos meios, como as revistas especializadas. Nesse sentido, investigo querepresentações sociais dos corpos infantis a revista Pais & Filhos veicula e, ao fazê-lo, que ideal de infância ela ajuda a construir e/ou legitimar. Busco compreender essas representações no sentido de identificar as aparências ou marcas que se constituem como referências consideradas desejáveis e indesejáveis nas crianças, bem como analisar as áreas do conhecimento que estão autorizadas a legislar sobre a infância e os saberes, sujeitos, práticas einstituições que participam dos processos de educação dos corpos infantis veiculados pela revista. Pais & Filhos é uma revista mensal voltada para família, principalmente para as mães, que trata de diversos assuntos relacionados primordialmente à criação dos filhos, desde oútero materno até a adolescência. A publicação é a mais antiga sobre o assunto circulante na atualidade, sendo publicada desde 1968, quase ininterruptamente. Foi realizada uma análise geral dos exemplares ao longo do período de 1968 a 1998, no intuito de compreender aspectosda materialidade da revista e de sua estrutura, tais como seções, assuntos recorrentes, dentre outros que se mostraram relevantes, bem como estabelecer um recorte temporal mais específico para a análise das representações dos corpos infantis. A partir dos dados levantados, foi identificado um grande apelo a práticas modernas de educação das crianças na primeira década da publicação 1968 a 1977. Assim, interessou-me centrar a observação mais aprofundada nesse período, no intuito de compreender as representações ancoradas nessediscurso moderno. Elenquei 10 revistas sendo uma por ano para um exame mais minucioso. A partir da técnica de análise do conteúdo foram levantadas categorias surgidas no trato com a fonte e, em seguida, foi realizada uma análise qualitativa dos dados obtidos, utilizando a teoria das representações sociais como principal referencial para a interpretação. Os resultados apontam para representações que significam o corpo infantil como natural, reduzido ao caráter biológico, lugar dos sentidos e instintos e, portanto, ocupante de uma posição hierarquicamente inferior à mente. O corpo é ancorado na imagem da máquina, especificamente da máquina fabril. Em relação à questão estética, foi identificada uma aparência idealizada nas páginas da Pais & Filhos, que perpassa a questão das características físicas, como cor da pele, a cor dos olhos e composição corporal, e da apresentação do corpo, como a limpeza e as vestimentas. Trato também das representações sociais dos corpos infantis construídas a partir da oposição das categorias sadio versus doente e normal versus anormal.As representações analisadas revelam marcas da racionalidade moderna no projeto de educação dos corpos infantis da revista.
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O artigo aborda a emergência do movimento contemporâneo da História Oral, ligado a Allan Nevins e ao Oral History Research Office da Universidade de Columbia. A despeito do reconhecimento de experiências anteriores nas ciências sociais do século XX e da busca de precursores, como Heródoto, na Antiguidade, analistas da História Oral preferem situar os começos do movimento no pós-guerra norte-americano. Nesta linha, esforços têm sido feitos para identificar os motivos de tal datação e localização – contexto no qual igualmente se insere a presente discussão, que recorre a ferramentas foucaultianas para circunscrever o modo de produção de uma história oral posteriormente designada como “modelo Columbia”. Levando em conta que a tentativa de introduzir a disciplina no Brasil, em 1975, esteve sob a égide de tal modelo, põe-se em análise a hipótese de que nossa história oral tenha emergido na forma de uma história das elites.
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