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O presente artigo descreve os principais elementos que constituíram o pensamento, a história e os posicionamentos éticos e políticos da Psicologia brasileira no que se refere às relações raciais. Estes elementos são alinhados e comentados da seguinte maneira: a) um primeiro debate que se inicia no fim do século XIX, no qual o pensamento psicológico sobre o problema racial descreve o negro como “objeto da ciência”; a ideia de raça é, neste ponto da história, determinada biologicamente; b) o período compreendido entre 1930 e 1960, caracterizado pelo impacto da obra de Gilberto Freyre, em que o conceito de raça aparece como determinante cultural e posteriormente foi marcado pela crítica ao mito da “democracia racial”; c) um momento que se inicia no fim da década de 1970, sob influência de estudos de desigualdades raciais, da abertura política e do processo de redemocratização do país, quando os movimentos sociais negros, através de seus atores, ativistas e intelectuais, produzem a ideia de raça como constructo social e pautam uma agenda política redefinindo o debate racial, e na qual a Psicologia passa a discutir o negro não mais como “objeto da ciência”, mas sim como agente produtor de sua própria história.
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Este trabalho tem por objetivo versar sobre as relações da Psicologia com a sociedade no contexto da ditadura civil-militar, considerando o papel das entidades de Psicologia nesse período. Há algumas considerações sobre as características deste contexto histórico e os seus efeitos na subjetividade dos indivíduos que vivenciaram tal momento. O artigo propõe também uma reflexão acerca dos desafios da Psicologia no cenário brasileiro contemporâneo. Foi adotado o tipo de pesquisa bibliográfica, e os dados obtidos foram analisados de forma qualitativa, utilizando-se livros e artigos científicos de língua portuguesa. A ditadura nos remete a um período violento e triste na história brasileira, que teve a característica da violação dos direitos humanos, sendo comum as práticas de tortura, prisões ilegais e mortes. Inicialmente, as associações profissionais dos psicólogos priorizavam questões organizativas e técnicas da profissão, evitando entrar em conflito com a ideologia do Estado ditatorial; e é justamente neste período que a profissão foi consolidada, com a atuação destas entidades que tinham por finalidade defender e representar a categoria dos psicólogos. Contudo, tais associações possuíam postura ambígua frente à violência de Estado: não se pronunciavam contra o regime, ao mesmo tempo em que eram coniventes com esse sistema repressivo. Atualmente, em que se reconhece o compromisso da Psicologia com a realidade em que está inserida, a produção de memória sobre este período da história é fundamental para se compreender as relações complexas que existiram durante a ditadura militar, e que repercutem até os dias atuais.
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Este artigo tem como objetivo retomar parte da historiografia sobre os psicólogos e estudantes de Psicologia que integraram agrupamentos armados contra o golpe de classe de 1964. Para tal, consideramos que o processo de desenvolvimento da Psicologia, enquanto ciência e profissão, mostra-se interligado nas múltiplas contradições da formação da classe trabalhadora brasileira. Partindo dos pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico-dialético, recompomos, no plano ideal, parte do movimento real produzido pela ação daqueles sujeitos. Resgatamos as trajetórias das pessoas que participaram da luta armada contra o terrorismo de estado a partir de casos ilustrativos que nos mostram suas presenças em organizações políticas das quais fizeram parte. Para tal, reconstruímos este movimento a partir das publicações existentes. Concluímos que existe um elo entre a vanguarda da luta armada, com a presença de algumas frações da Psicologia, composta majoritariamente por sua juventude, e a construção contraditória dentro da própria profissão no Brasil. Ambos são momentos da totalidade da história da Psicologia, que mostra a maneira pela qual alguns importantes setores posicionaram-se na luta contra a ditadura civil-militar.
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Como pesquisadoras, percorremos, na Prefeitura Municipal de Vitória/ES, unidades de saúde e outros espaços de encontro entre trabalhadores da rede municipal de saúde. Em cena: situações que convocam os trabalhadores a interrogar suas certezas, que forçam os limites disciplinares, que convidam à produção coletiva de estratégias. Experiências também de cursos de formação na área da saúde junto aos serviços. Processos de formação que extrapolam o campus universitário, as salas de aula, os livros, os manuais. A universidade, os serviços de saúde, a vida. Professores, estudantes, profissionais de saúde... Como essas intensidades, essas negociações constituem os processos de formação em saúde no Curso de Medicina? Essa é a trama, parte da rede da qual emergem estas linhas. E quem nos acompanhou nessa trama foi Tereza. Usuária dos serviços públicos de saúde, constituiu-se como personagem conceitual, como personagem-cartógrafa que deu vida ao texto e condições de emergência à nossa pesquisa.
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O cotidiano da ruína se apoia em fragmentos de experiências junto a moradores de uma residência terapêutica, ex-internos de um hospital psiquiátrico nas cercanias do município de Vitória-ES. Tendo suporte nas ideias de cotidiano e barbárie positiva, de Maurice Blanchot e Walter Benjamin respectivamente, busca-se dar expressão a experiências e conceitos capazes de despertar a atualidade e importância da luta antimanicomial, fazendo ressoar seus pressupostos sobre os modos de vida na contemporaneidade. A pesquisa utiliza dados cultivados em cadernos de campo, que inspiraram a produção de pequenas narrativas distribuídas ao longo do texto. Os resultados apontam para o reforçamento da luta por um cuidado em liberdade, abrindo-o às interferências geradas na produção de um cotidiano sempre em movimento.
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Como o ser humano adquire conhecimento? Como se dá em sala de aula o processo de ensino-aprendizagem? Estas são preocupações prementes que atravessam o cotidiano da escola e que foram teorizadas por diferentes intelectuais. O presente artigo objetiva discutir o processo ensino-aprendizagem na perspectiva piagetiana. Para isso, aporta teoricamente no próprio Piaget (1959, 1970, 1990, 2002) e em autores que refletem e discutem a aprendizagem e o desenvolvimento a partir de sua perspectiva, tais como Colinvaux (2000), Mantovani Assis (1993), Mesquida (2001) e Wadsworth (1996). Concluiu-se que para a perspectiva piagetiana aprender é construir ou reconstruir conhecimento e não copiá-lo do real e isso se dá através dos esquemas de assimilação de um sujeito e da coordenação dos mesmos em estruturas de conhecimento.
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Esse artigo tem como objetivo identificar alguns conceitos de Walter Benjamin que amparam uma reflexão acerca da construção de uma metodologia que admite a ideia do fragmento como estratégia epistemológica para aceder ao conhecimento. Dispor em artigos a concretização de um trabalho de pesquisa compreende desafios que as contribuições metodológicas de Benjamin nos auxiliam a superar. A partir do conceito de coleção, mas também de desvio, fragmento, alegoria, constelação, encontramos na obra do autor a concepção de um método que tem compromisso com as questões da pesquisa e que, por essa razão, deve estar atrelado às intenções do pesquisador. Uma metodologia que é, portanto, construída em simultaneidade com a pesquisa. Com base nas ideias de Benjamin, o que se pretende aqui é propor argumentos sólidos que amparem a ideia de uma escrita que obedece aos desvios do pensamento provocados pelo contexto da própria investigação.
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A ideia de “máquina universal” foi proposta por Alan Turing em 1936, máquina capaz de computar e executar qualquer máquina computável, vindo a ser tomada como um dos modelos abstratos do computador. Propomos pensar como se dá a constituição da subjetividade em um mundo cada vez mais habitado e mediado por máquinas universais. Abordaremos a noção de daemon, tanto em seu sentido computacional, como programa que é executado sem a intervenção do usuário, quanto em seu sentido grego original, fazendo a sua breve história, para pensar como a máquina universal se compõe com uma cognição estendida ou distribuída, e os problemas políticos e éticos que dai advêm através da problematização da noção de comunicação, nos levando a pensar uma subjetividade descentrada e atravessada por daemons.
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Este artigo visa analisar as práticas produzidas sob o signo “comunidade” numa escola da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica localizada no interior do Espírito Santo. Partindo da perspectiva genealógica tecida por Foucault e da escuta de narrativas, tal como nos apresenta Benjamin, apresentamos três eixos de análise: a questão geográfica da comunidade; a comunidade pensada sob a lógica do indivíduo e a comunidade como interferência e vida partilhada. Os dados indicam que algumas práticas comunitárias podem reiterar a materialização de forças hegemônicas, tendendo a segmentar, individualizar, definir, localizar e cercear conexões singulares. Mas evidencia-se também um outro fazer-comunidade que trabalha para além de si e de suas fronteiras, que acolhe e cuida da vida-Outra.
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Este artigo analisa o uso da canção popular brasileira como dispositivo de intervenção no campo da Clínica ético-política e da História Oral. Trabalhamos com grupos de jovens entre 10 a 14 anos em oficinas de composição musical realizadas em duas favelas: a favela da Mangueira e a favela do Morro dos Macacos, situadas na cidade do Rio de Janeiro. Procuramos analisar a canção como uma fonte vigorosa para uma história do tempo presente, podendo evidenciar a reserva/fonte de memória de um grupo em uma época, servindo de resistência ao produzir questionamentos dos modelos hegemônicos com a invenção de mundos diferentes.
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Esse artigo parte do pressuposto de que para se tornar arqueiro é necessário, antes de mais nada, que aquele que lança a flecha desapareça e se confunda com seu próprio instrumento, pois somente quando a força se confunde com a materialidade do pensamento a flecha se apresenta em estado puro e assim é capaz de atingir os outros porque foi produzida na osmose entre escrita e vida. Em Nietzsche, esse aspecto está presente em todas as suas obras, sobretudo nos prefácios que escrevia a cada uma delas, podendo também ser visto em seu escrito autobiográfico Ecce Homo e através de conceitos como grande saúde, moral nobre e escrava, dentre outros. A flecha do pensamento, transformada em pura força, nos aproxima igualmente dos caminhos trilhados por Foucault. Afinal, este construiu, junto de seus escritos, uma arte de viver, mas somente tematizou essa flecha da "vida como obra de arte", isto é, como plano de trabalho denominado genealogia da ética, nos cursos em que o foco de interesse passou para as "técnicas de si". Nesse momento, experimentação e experimento se tornam um mesmo ato, se tornam o alvo da flecha, se tornam o que aqui chamaremos de tiro espiritualizado do pensamento.
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Entre 2000 e 2025
- Entre 2000 e 2009 (1.162)
- Entre 2010 e 2019 (1.751)
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