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O artigo celebra o encontro da autora, durante uma investigação destinada a construir uma história da Análise Institucional no Brasil, com os trabalhos de Alessandro Portelli, ressaltando a singularidade da produção do oralista italiano no âmbito do movimento moderno da História Oral. Explora as cinco peculiaridades das fontes orais destacadas por Portelli - oralidade, forma narrativa, subjetividade, credibilidade diferente da memória e relação entre entrevistador e entrevistado -, pondo particular ênfase em seus efeitos, simultaneamente metodológicos e políticos. As considerações finais sugerem a existência de estreitas relações entre o tipo de narrativa histórica proposto por Portelli e a escritura implicada, associada ao paradigma da Análise Institucional.
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Este estudo compreende o conceito de indiferença, questão analisada a partir das Litterae Indipetae, cartas em que jesuítas dos séculos XVI e XVII pediam à Companhia de Jesus para servirem nas Missões. O documento revela a particularidade de cada relato, principalmente devido às justificativas do desejo de servir no além-mar, configurando sua riqueza do ponto de vista psicológico, religioso e social. A análise do conteúdo foi baseada na contextualização dos documentos, destacando a compreensão da estrutura formal das cartas, da retórica da época, assim como da base filosófica da Ordem e das regras que a caracterizam. O objetivo funda-se no estudo de cartas em que jesuítas declaram-se indiferentes frente à escolha do lugar a servir. Verifica-se então, que a indiferença é um conceito próprio da espiritualidade jesuítica sendo importante para a compreensão da psicologia da época, pois se associa ainda às idéias de coragem, deliberação do desejo e meio-termo.
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O estudo da oratória sagrada no Brasil do período colonial é um campo heurístico de grande interesse para a história cultural, sendo que os sermões constituíram-se numa importantíssima fonte de transmissão de doutrinas e de modelagem dos comportamentos numa sociedade onde a oralidade era a modalidade principal de difusão dos conhecimentos. O percurso traçado no artigo aponta para evidências claras da importância, da freqüência e do grande alcance das atividades da pregação no contexto do Brasil do século XVI ao século XVIII. Esclarece também as funções assumidas por estas atividades: a catequese, a doutrinação dos ouvintes, a reforma dos costumes abrangente toda a realidade pessoal, social e política dos emissores e dos destinatários.
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O trabalho aborda as relações entre conhecimento e dinamismo psíquico em dois sermões pregados no Brasil por Eusebio de Mattos, no século XVII e por Bento da Trindade, no século XVIII. Uma concepção de conhecimento afetivo implicando as atividades das potências anímicas define o êxtase dos místicos como ato do entendimento aplicado ao objeto supremo, Deus. Esta visão se fundamenta na psicologia filosófica e na teoria do conhecimento aristotélico-tomista, utilizadas pela retórica da época. Tópicos como conhecimento por evidência e entendimento afetivo, introduzem à concepção de uma modalidade participativa de conhecimento que possibilita a mudança da natureza enquanto transformação do sujeito que conhece no objeto conhecido.
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O artigo problematiza o processo de criação de uma especialidade em Psicologia Social, campo até então considerado imune à constituição dos especialismos tão comuns em nossa área de atuação. Para tanto, recorre a conceitos da Análise Institucional - Efeito Weber, Efeito Lukács, campo de intervenção e campo de análise -, que funcionam como ferramentas na apreciação tanto da história recente da Psicologia Social no Brasil quanto da definição oficial da Psicologia Social como especialidade.
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Este trabalho apresenta uma tradução do primeiro artigo da Questão Disputada de Tomás de Aquino Sobre a Alma (QD de Anima, art.1), seguida de comentários. O problema discutido diz respeito a como conciliar a concepção da alma humana como algo subsistente com a concepção segundo a qual ela é apenas a estrutura do organismo físico. Este problema põe em confronto um monismo materialista com um dualismo espiritualista. Tomás de Aquino retém a intuição subjacente de cada uma dessas posições mas não aceita nenhuma delas em seu radicalismo. Para ele a alma humana é a estrutura do organismo mas ela tem também uma certa transcendência em relação à matéria elementar. Não existe oposição entre essas duas afirmações e isso pode ser entendido a partir de uma noção de forma como uma energia não fechada na matéria.
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No artigo, o domínio social histórico é definido, acompanhando o pensamento de C. Castoriadis, segundo duas dimensões, uma determinista e outra imaginária. Argumentase que toda pesquisa que se atém apenas a uma das dimensões permanece incompleta. Mostra-se como a noção de formação discursiva pode ser útil em investigações que adotam uma abordagem social histórica, contribuindo com uma teoria e com um instrumento metodológico, a análise do discurso. O exemplo de um trabalho de pesquisa desenvolvido pela autora sobre um tema específico, o discurso da eqüidade e da desigualdade sociais, mostra a utilização de uma metodologia para a pesquisa do domínio social histórico fundamentada na noção de formação discursiva.
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O presente artigo analisa e discute a aplicação da psicanálise na pesquisa sobre as religiões afro-brasileiras, a partir do trabalho do psicanalista Ernesto La Porta, que parte do princípio de que a psicanálise possui um conhecimento aplicável ao estudo da religião e assim utiliza os conceitos psicanalíticos para descobrir significados simbólicos latentes nos rituais do candomblé e da umbanda. Suas teses configuram-se como traduções psicológicas do ritual, o que historicamente sempre gerou conflitos no campo dos estudos sociais, pois pode ser considerado um reducionismo, que dificulta a investigação psicológica da religião. O ponto central para um contraponto a este uso da psicanálise está na forma de conceber a interpretação. Numa perspectiva lacaniana e mais contemporânea, não se trata de um ato de atribuição de significados por parte do analista, mas sim de uma operação que facilita o desvendamento de sentidos implícitos aos acontecimentos do campo, nos termos dos próprios participantes.
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O presente artigo traz três significativas elaborações jesuíticas do final do séc. XVI e primeira metade do séc. XVII, que tratam da tópica filosófica das relações entre ser e parecer a partir da consideração do recurso governativo e civil à dissimulação. A ação dissimulada é prescrita aos príncipes como virtude fundamentada teológica e politicamente ao instaurar os segredos de Estado, reproduzindo assim a ação divina baseada em misteriosos desígnios. Esta função defensiva do recurso preconizado repõe-se igualmente no âmbito civil junto ao tipo do discreto formulado por Baltasar Gracián, porém, neste caso, com a combinação engenhosa de dissimulação e ostentação.
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Os “tempos de menino” têm sido identificados recorrentemente como saudosos tanto nas produções artístico-culturais quanto nas lembranças do homem comum no Brasil. Numa perspectiva que considera que a partilha de elementos socialmente recordados pode condicionar também a delimitação de elementos aos quais podemos direcionar nossas saudades, buscamos identificar de que forma elementos recorrentes na lembrança saudosa da infância estão articulados sob a própria dinâmica da memória social, submetendo 70 letras de canções populares brasileiras a três procedimentos de análise: análise lexical, análise de conteúdo e redes de conteúdos. Os resultados apontaram uma significativa presença de lembranças de atividades, interações sociais e lugares indicativos de espaços exteriores ao doméstico, bem como de uma série de elementos que poderiam sugerir a caracterização dessas memórias como lembranças de migrantes. O tratamento integrado dos resultados permitiu a identificação da dinâmica do discurso saudoso analisado como estreitamente relacionada à dinâmica mais geral da Memória Social.
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Através do método de análise de conteúdo, procedeu-se a uma investigação sobre os conceitos de interesse, afetividade e inteligência em um conjunto de textos de Édouard Claparède, de 1905 a 1938. Os significados e funções desses conceitos foram identificados, assim como as relações entre eles. Percebeu-se a importância do conceito de necessidade, o qual se encontra na base de todos os outros. Explicita-se o papel desses conceitos na educação funcional, bem como a maneira de se atrair o interesse das crianças, nessa perspectiva: através do jogo. Apresenta-se, ainda, a posição de Claparède com relação a alguns autores com quem dialogou acerca desses temas.
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O texto apresenta questionamentos e considerações produzidos a partir de um trabalho de extensão desenvolvido ao longo de oito anos, com o Grupo de Inculturação Afrodescendente Raízes da Terra, na cidade de São João del-Rei, MG. As reflexões e análises são resultados construídos a partir de diários de campos dos estagiários, uma entrevista semi-estruturada realizada com a Coordenadora do Grupo e dados da ata de registro civil do Grupo. Articulam-se elementos teóricos ligados aos conceitos de produção da identidade afrodescendente e memória coletiva, bem como às vicissitudes sofridas pelo Grupo, principalmente no que se refere às manifestações de preconceito, atuando como entraves ao desenvolvimento do processo grupal e, como conseqüência direta, influenciando no trabalho de transmissão da memória coletiva, processo este que fornece o alicerce cultural, a base para a produção da identidade grupal.
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Em consonância com o reavivamento do debate em torno da consciência nas últimas décadas, o presente artigo propõe um foco no processo reflexivo da consciência, tratado na literatura científica internacional como o estudo do self. Uma análise histórica da teorização psicológica do self é contrastada com os resultados mais recentes da investigação empírica na área da psicologia do desenvolvimento. Aponta-se como as noções de narratividade, corpo e interação têm transformado a teorização psicológica do self, delineando uma nova problemática direcionada para uma perspectiva comunicacional. Argumenta-se que o problema do self pode ser reformulado em termos de uma relação entre consciência e suas formas de expressão, a partir do qual se define self como um processo de interação comunicativa entre consciência e corpo situado no mundo.
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O artigo oferece uma breve biografia de Ignace Meyerson e reproduz, em língua portuguesa, a bibliografia deste psicólogo. O objetivo é facilitar um primeiro contato com a obra desse autor e promover o conhecimento sobre sua obra. Da bibliografia merecem destaque as conferências e colóquios realizados pelo Centro de Pesquisas de Psicologia Comparativa e os títulos dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais. A variedade dos assuntos das ementas dos cursos à Escola Prática de Altos Estudos/ Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais fornecem uma visão geral sobre a diversidade e a amplitude temática da psicologia histórica proposta pelo autor.
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Esse artigo discute as idéias sobre educação encontradas no jornal religioso Selecta Catholica (1846 – 1847), pretendendo contribuir para um maior entendimento de modelos educacionais do século XIX. Neste jornal, a educação é entendida como cultivo da inteligência e de virtudes, promovendo uma educação integral que compreende a vigilância sobre os costumes e o cuidado com o adequado desenvolvimento das faculdades da alma. Conclui-se que tal proposta educativa tem seus fundamentos na tradição cristã e em seus saberes, tais como os escritos de São Paulo, as filosofias aristotélico-tomista e agostiniana e os preceitos do Concílio de Trento que culminam na presença de uma concepção de ser humano como pessoa e da educação como percurso evolutivo.
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Os movimentos sociais no campo, de acordo com Martins (1993), em sua quasetotalidade, são marcados pela religiosidade. Partindo desta premissa, propõe-se neste artigo estabelecer algumas comparações entre o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Contestado e Canudos. Recorreu-se a um breve levantamento histórico, à sociologia e à psicanálise como referenciais teóricos norteadores das reflexões. Em Marx e Freud as idéias religiosas são identificadas a ilusões. Para Marx, a origem social da ilusão estava nas relações de classe, enquanto a origem subjetiva estava no desconhecimento. Para Freud, a origem da religião está no sentimento de desamparo e impotência humana, e a mesma cultura que produz sofrimento é a que disponibiliza as representações religiosas para aliviá-lo. Estas idéias são discutidas, assim como seus limites para compreensão do papel desempenhado pela religião no MST.
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Tipo de recurso
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- Entre 1900 e 1999 (118)
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Entre 2000 e 2025
(1.725)
- Entre 2000 e 2009 (509)
- Entre 2010 e 2019 (830)
- Entre 2020 e 2025 (386)