A sua pesquisa

  • O presente artigo propõe-se a discutir os encontros e desencontros entre a Psicologia e a Escola, problematizando a heterogeneidade de posições acerca do fracasso escolar. Foi realizada uma revisão de artigos científicos na base SciELO, utilizando o descritor "Psicologia Escolar". Foram selecionados 32 artigos publicados a partir de 2003, que tratavam de estudos no contexto brasileiro e que faziam uma discussão sobre a inserção da Psicologia na Escola. A leitura minuciosa e a análise dos artigos originaram três eixos de discussão: A inserção da Psicologia na Escola: ideologias em comum; Resistências e tensionamentos: o nascimento do desencontro entre a Psicologia e a Escola; e Perspectivas em pauta: uma abordagem que considera a constelação escolar. A discussão evidenciou que a Psicologia foi introduzida na Escola por meio de um modelo médico/clínico, responsabilizando o aluno pelo fracasso escolar. A superação desse modelo ocorreu na medida em que esse fenômeno passou a considerar outras implicações.

  • This article briefly describes (a) how ANPEPP was started and its first few years of activities, (b) the planning, implementation, evaluation, and recommendations by participants in the first symposium that led to future symposia format, and (c) ANPEPP's evolving activities from 1988 to 2014, taking one of its working groups (grupos de trabalho [GTs]) as an example. The analysis suggests that ANPEPP is playing a vital role in promoting fruitful interactions among researchers, contributing to a broad research agenda, and building a rich database of psychological knowledge in Brazil.

  • Interpretações históricas do percurso científico inicial de Skinner destacam as inovações teóricas, empíricas e instrumentais de seu esboço de uma ciência do comportamento. Apesar desse empenho historiográfico, um aspecto tem sido tratado de modo secundário na análise dessa fase da carreira de Skinner, a saber, os impactos dos contextos institucionais da universidade de Harvard nos rumos de sua trajetória e ciência. O objetivo deste artigo é investigar esse aspecto por meio da apreciação das práticas institucionalizadas dos Departamentos de Psicologia e de Fisiologia Geral daquela universidade, e suas relações com a emergência da proposta científica de Skinner e suas peculiaridades teóricas e metodológicas. De acordo com nossa interpretação, singularidades dos primórdios da ciência skinneriana são compreendidas de modo mais amplo quando identificadas as condições institucionais que permitiram a Skinner se distanciar do mainstream da psicologia experimental estadunidense. Por fim, sugerimos que embora este estudo refira-se à história de um eminente cientista, em um momento e cenário histórico específicos, ele serve para ilustrar o papel de controles sociais, inerentes à prática científica, nos rumos da carreira de cientistas e suas produções intelectuais.

  • A Psicologia Escolar, área tradicional da profissão de psicólogo no Brasil, sofre diversas críticas referentes ao modo como são conduzidas determinadas práticas em seu contexto, por isso necessita ser constantemente repensada e discutida. O presente artigo propõe uma reflexão sobre a Psicologia Escolar e sua(s) possibilidades de atuação. Inicialmente realiza-se uma contextualização histórica sobre a Psicologia Escolar, com a observação de que esse é um campo ainda em construção no Brasil. Em um segundo momento, busca-se elucidar alguns aspectos que hoje tornam a Psicologia Escolar uma área específica e de grande importância na atuação do psicólogo. Por fim, discute-se a necessidade tanto de o psicólogo atuar com os diferentes atores presentes no contexto educacional quanto de trabalhar de forma interdisciplinar na escola e em qualquer outro ambiente no qual sejam desenvolvidos processos de ensino-aprendizagem.

  • Este trabalho apresenta uma comparação entre dois artigos que tratam da consciência na obra de Vigotski: "Conceito de consciência em Vigotski" e "A consciência na obra de L. S. Vigotski: análise do conceito e implicações para a psicologia e a educação", publicados respectivamente em 2006 e 2010, os quais destacam a importância de Vigotski na conceituação da consciência como objeto de uma psicologia que superasse sua crise paradigmática. Ao realizar uma comparação estrutural entre os dois textos, com recurso à crítica de leitor proposta por Vigotski em "Psicologia da Arte", este estudo constata a relevância dos dois trabalhos para o fortalecimento do campo teórico inaugurado pelo pensador soviético. Conclui-se com a proposta de uma reordenação lógica entre os dois textos que leve em conta o grau de complexidade e os arranjos internos de suas argumentações. Faz-se assim uma pequena contribuição à obra de Vigotski, amplamente utilizada na educação, porém pouco reconhecida na história da Psicologia.

  • Costuma-se afirmar que Henri Berr foi o primeiro autor que usou o termo psicologia histórica, em 1899. Desde então, citações a ela têm sido recorrentes na literatura acadêmica mundial. No Brasil, porém, a primeira menção até agora localizada data de 1877. Entre esta citação e o reaparecimento do termo, em 1978, surgiram vários títulos estrangeiros -alguns dos quais traduzidos para o português. A partir da década de 1980, psicologia histórica foi tema de artigos e figurou como disciplina em cursos de psicologia, em nível de graduação e pós, tema de dissertações e de apresentações em congressos. O objetivo do artigo é traçar os primórdios da psicologia histórica tal como comumente aceita e apresentar dados sobre sua história no Brasil, mencionando alguns de seus autores e pesquisadores.

  • Este artigo foi produzido com base em pesquisa qualitativa, cujo objetivo foi estudar a atuação do psicólogo em Unidades Básicas de Saúde (UBS). Foram realizadas 17 entrevistas semiestruturadas com psicólogas atuantes na atenção básica à saúde, pertencentes à Coordenadoria de Saúde da região oeste da cidade de São Paulo. A análise foi de conteúdo do tipo temática e tomou por referencial teórico-conceitual a produção em análise institucional, em estudos sobre o trabalho em saúde e sobre a história da psicologia como profissão. Enfocaram-se dois aspectos interligados: as mudanças e novas necessidades de trabalho e atuação profissional que a regulamentação da profissão trouxe para a psicologia, e as políticas públicas de saúde mental no Estado e na cidade de São Paulo a partir da década de 1970. Os resultados revelam as mudanças, tensões e contradições no processo de institucionalização da psicologia clínica, tradicionalmente uma prática liberal realizada em consultório que passa a apresentar ao psicólogo novos desafios com sua inserção em instituições de saúde pública, em especial em UBS, cuja atuação passa a incluir práticas clínico-sanitárias e a ter regulações de ordem político-institucional.

  • Este artigo descreve resultados de uma pesquisa que buscou investigar como o tema das faculdades da alma e de suas implicações no desenvolvimento humano e na educação da pessoa foi divulgado, ao final do século XIX, pela imprensa periódica. Esperando contribuir para a história da psicologia e da educação, o artigo apresenta a análise de escritos sobre educação moral e educação estética de uma Secção Scientífica ou Pedagógica assinada por José Miguel de Siqueira e publicada no jornal O Baependyano (1877-1889). Inicialmente, são feitas breves descrições do periódico e de sua posição na conjuntura da época, bem como do lugar em que foi publicado. Em seguida, tratamos da definição de pedagogia apresentada pelo jornal, levando em consideração as apropriações de autores estrangeiros comumente presentes no campo da educação. A pedagogia considerada moderna é definida em tais escritos como a expansão e o desenvolvimento das forças animais, racionais e morais do ser humano; sua finalidade seria a formação do homem social pronto para o trabalho e para o serviço da sociedade e do Estado. Partindo dessa discussão, abordamos as concepções de educação espontânea, educação regular e instrução contidas no periódico. A educação é entendida como a unidade entre cultura e instrução, sendo a cultura a principal responsável pelo direcionamento das faculdades da alma e pela formação moral; a instrução, por sua vez, é tomada como aquisição de conhecimentos, mas também desempenha um papel importante na formação de hábitos e costumes.

  • Este artigo apresenta alguns dados oriundos da tese de doutorado sobre a história do campo de conhecimento e prática da Psicologia em sua relação com a Educação no Brasil. Este estudo foi conduzido baseado no fundamento epistêmico-filosófico do materialismo histórico dialético e na nova história, utilizando fontes bibliográficas históricas e cinco relatos orais de personagens da Psicologia Educacional e Escolar. Os depoimentos e o material das fontes escritas constituíram o corpus documental cuja organização seguiu a metodologia da história oral e historiografia plural. Foi realizada análise descritivo-analítica compreendida em duas etapas: a) análise documental (fontes não orais) e b) construção de indicadores e núcleos de significação dos registros orais. A partir das análises, compôs-se uma periodização da história da Psicologia Educacional e Escolar brasileira por meio de marcos históricos da área. No presente artigo destaca-se a discussão acerca da conceituação e terminologias utilizadas pela Psicologia Educacional e Escolar ao longo do tempo e de como essas mudanças nas nomenclaturas da área refletem questões epistemológicas, ideológicas e políticas.

  • O objetivo deste artigo consiste em analisar a forma como as tensões da identidade pessoal são representadas em "O Espelho", um conto de Machado de Assis. Como o argumento central é baseado em Paul Ricoeur, busca-se em primeiro lugar caracterizar em linhas gerais seus conceitos de identidade narrativa conforme apresentados em sua última obra: O si-mesmo como um outro. Posteriormente, em um segundo momento, as teorias de Ricoeur são usadas para caracterizar algumas das questões centrais no conto de Machado de Assis.

  • Com o intuito de auxiliar na compreensão da história recente da Psicologia Social brasileira, apresentamos a primeira parte de pesquisa que objetivou descrever alguns aspectos que perpassam sua organização científica e social, o que se deu a partir de um dos seus principais veículos de comunicação, o periódico Psicologia & Sociedade: Revista da Associação Brasileira de Psicologia Social (ABRAPSO). Para isso, analisamos os trabalhos publicados entre os anos de 1986 e 1992. Assim, o total de 277 trabalhos, distribuídos em 10 revistas, constituiu nossa fonte de pesquisa. A origem institucional e geográfica dos autores, o padrão de autoria, o tipo e as temáticas dos trabalhos publicados, a metodologia e os locais de realização das investigações e intervenções, foram as informações examinadas. Por fim, a identificação tanto das transformações quanto de padrões de funcionamento da área, e alguns de seus possíveis determinantes, são apresentados.

  • This paper examines the relationships established between the fields of history of psychology, and science, technology and society studies (STS). We first present a brief historical overview to situate the present status of the field of psychology within the broad STS arena. We then describe the influence of STS studies in the field of history of psychology through a literature review that emphasizes Ibero-American productions in these areas. Our findings suggest that STS studies can contribute to the understanding the historical issues in psychology through seven areas of intersecting sociological and historical research, which involve the study of psychological objects, the history of psychological instrumentation, the historical analysis of psychology as a discipline and the study of psychology teaching and education, among others. The paper concludes that STS studies play an important role in advancing the production of historical knowledge, shedding light on the conceptual frameworks used in historical research, clarifying historical inquires, and assisting in the process to define psychological epistemic objects.

  • O objetivo deste estudo foi analisar as técnicas, saberes e práticas tidas como psicológicas no Rio de Janeiro da Primeira República (1889-1930). Nesse sentido, pautou-se por uma metodologia que priorizou o levantamento de fontes bibliográficas primárias (artigos, livros e relatórios técnicos de época). Constatou-se, como resultado da pesquisa empreendida, que ocorreram aproximações e convergências entre áreas da psicologia aplicada que, posteriormente, iriam ocupar institucionalmente espaços bem separados. Assim, verificou-se que a designação de dado saber, prática ou técnica configurada como "Psicologia" não foi sempre configurada em áreas de aplicação independentes. Nessa perspectiva, segue uma linha diversa de abordagens históricas que primam por setorizar práticas psicológicas, sendo a principal contribuição do artigo para o campo da história da psicologia justamente a de mostrar que uma eventual “História da Psicologia do Trabalho”, no período investigado, não era absolutamente distinta de áreas, hoje classificadas, como as da “História da Psicologia Clínica”, ou da “História da Psicologia Escolar”.

  • Estudos para identificar eventuais relações entre a criação artística e a psicopatologia – desde o século XIX, na Europa – influenciaram o pensamento brasileiro acerca desse tema. O objetivo deste artigo, sob a óptica da história das ciências da saúde, consistiu em analisar as perspectivas, ao longo do século XX, segundo as quais as doenças neurológicas e psiquiátricas de Machado de Assis foram determinantes na criação e no conteúdo de suas produções literárias. A partir de um referencial teórico e metodológico baseado em Bakhtin, verificou-se que muitos autores consideraram a epilepsia de Machado de Assis o principal elemento responsável por seu ato criador, o que permitiu revisar a apropriação de diferentes teorias psiquiátricas no Brasil, assim como diversos conceitos teóricos.

  • Os escritos de Ignácio Martín-Baró estão estreitamente vinculados ao contexto histórico e à situação política e social de El Salvador. O alinhamento entre oligarquia, forças armadas e clero, intervenções externas na economia e política e interesses geopolíticos geraram graves conflitos políticos e sociais, guerra civil e profunda crise social nesse país. Esse quadro de forças se alterou ao longo do tempo. O objetivo é apresentar dados históricos sobre El Salvador e região, demonstrar a importância do contexto histórico e como eles podem ampliar a compreensão sobre o pensamento e a obra de Martín-Baró, bem como a sua proposta acerca do papel do psicólogo neste cenário.

  • A medicalização é um processo ideológico que transforma problemas de ordem social em biológicos e tem sido legitimado pela Medicina e pela Psicologia em vários momentos históricos para ocultar desigualdades sociais, colocando sobre o indivíduo a responsabilidade pelo seu fracasso. Na área da Educação é alarmante o número de crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem e medicalizadas, evidenciando, assim, um período denominado de “Era dos Transtornos”. Tendo por referência autores que analisam aspectos da aproximação entre a Medicina e a história da Psicologia no Brasil, buscamos, neste artigo, desvelar o papel que as relações entre essas duas áreas do conhecimento desempenharam historicamente para a construção do processo medicalizante no contexto educacional brasileiro.

  • O artigo apresenta a recepção e circulação da instrução programada na Universidade Federal de Minas Gerais, como exemplo da apropriação da análise do comportamento no Brasil, e ilustra parte de tal apropriação nos anos 1960-1970, no contexto de reforma da educação superior e da influência sociointelectual estadunidense. Os resultados indicam que o recurso da instrução programada, para tornar-se autóctone, preconizou o protagonismo do aluno e sua autonomia do professor. As fontes indicam embates decorrentes de concepções preestabelecidas sobre o processo de ensino-aprendizagem e a influência estadunidense como elementos centrais para compreender a recepção e a circulação da instrução programada no Brasil.

  • O pensamento de Carl Gustav Jung é marcado pela complexidade e por um diálogo contínuo entre ciência e filosofia. Seus posicionamentos teóricos, por vezes incompreendidos, levaram-no a constantes embates em defesa do empirismo e dos fundamentos do pensamento científico moderno, muitas vezes através da crítica a pressupostos que ele considerava indemonstráveis. Essa trajetória apresenta, todavia, uma série de dificuldades. Através da noção de naturalismo, este ensaio busca indicar uma via de análise dessa complexidade. Com efeito, podemos discernir duas noções distintas, mas complementares de naturalismo na obra de Jung: um naturalismo metodológico, que o mantém próximo do pensamento científico de sua época, e um naturalismo ontológico, que o alinha ao pensamento romântico e à Naturphilosophie, implicando considerações teóricas que o distanciavam de seus contemporâneos. Coordenar essas duas visões do naturalismo foi certamente um problema para Jung, e é um desafio para a compreensão de seu pensamento.

  • Neste artigo buscamos, em primeiro lugar, elucidar como Machado de Assis desenvolveu a concepção de inconsciente no romance Helena (1876) e no conto Uma senhora (1883). Em segundo lugar, examinamos como sua concepção de inconsciente pode ser elucidada fenomenologicamente, a partir da relação entre consciência reflexiva e pré-reflexiva. Nestas narrativas, Machado revela como certas emoções, embora não sejam apreendidas reflexivamente pelo sujeito que as vive, manifestam-se indiretamente nas ações, nas expressões corporais e no modo de compreender o mundo.

  • Este ensaio delineia as contribuições de Aniela Meyer Ginsberg (1902-1986) para o estudo das relações étnico-raciais e interculturais no Brasil. Sua produção sobre estes temas – entre artigos, capítulos de livros e resumos de congressos – foi nosso objeto central de interesse. Influenciada pela agenda antirracista do pós-guerra, os processos inter e intraculturais, as relações étnico-raciais e as migrações estavam no centro de suas investigações. Aniela é uma personagem importante da história do pensamento psicológico brasileiro, seus estudos sobre raça/ etnia no Brasil configuram-se como estudos intraculturais da sociedade nacional e de suas amplas diversidades. A autora procurou desconstruir a visão determinista biológica das raças/etnias e mostrar que é na interação dos indivíduos com a sociedade que as diferenças podem transformar-se em desigualdades.

Última atualização da base de dados: 02/09/2025 00:00 (UTC)

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