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Em vista da multiplicação acelerada dos novos cursos de graduação em psicologia, a partir de 1995, e da conseqüente desvalorização da profissão no mercado de trabalho, o presente estudo crítico visou 1) contextualizar brevemente a reforma universitária no âmbito da reforma do Estado, que presidiu essa multiplicação; 2) analisar o texto das Diretrizes Curriculares Nacionais para as graduações em Psicologia para mostrar que enquanto projeta um perfil profissional flexível e polivalente, aberto ao mercado, pretende contornar o risco de dispersão da profissão reforçando as bases epistemológicas e a investigação científica “naturalística” em psicologia – admitindo-se assim uma via que, além de não especificar a psicologia diante de outras profissões, talvez também iniba, nos estudantes, aquilo que nela o senso-comum mais valoriza: a psicologia como uma ciência humana e enquanto prática principalmente clínica.
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O presente artigo tem por objetivo apontar algumas reflexões acerca do recente dispositivo de segurança pública que tem sido implantado em algumas comunidades da cidade do Rio de Janeiro – as Unidades de Polícia Pacificadora (UPP). Mais especificamente, busca-se observar este modo de intervenção policial a partir do conceito de policiamento comunitário, noção sugerida nos EUA, nos anos 60, como forma de aproximação entre a polícia e a comunidade. Tal investigação tem como base dois importantes conceitos cunhados por Michel Foucault – biopolítica e governamentalidade – e as noções de comunidade apresentadas por Jean-Luc Nancy e Maurice Blanchot. Partindo desses pilares, propõe-se a seguinte discussão: que(ais) noção(ões) de comunidade pode(m) ser sugerida(s) a partir desse modo de atuação policial?
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Nesse estudo analisamos, a partir das configurações da sociedade contemporânea e das modulações do capitalismo, os recursos que as práticas clínicas possuem para trabalhar a subjetividade. Nesse contexto, destacamos as questões éticas, estéticas e políticas, assim como o fim da dicotomia entre sujeito e social, objetividade e subjetividade, teoria e prática, clínica e política. A crítica a essas fragmentações aponta para a necessidade de uma prática transdisciplinar que promova intercessões com outros saberes, corpos, territórios e práticas. Para tal nos fundamentamos no conceito de rizoma proposto por Gilles Deleuze e Félix Guattari, efetuando um diálogo entre seus princípios e as práticas multidisciplinar, interdisciplinar e transdisciplinar. Nessa produção enfatizamos também a emergência de uma clínica rizomática que caminhe a favor da vida, da política, da resistência e da diferenciação.
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Este trabalho pôde ser desenvolvido na Universidade do Estado do Rio de Janeiro, a partir de duas experiências clínicas de alunos de psicologia, no hospital. Discutem-se as divergências entre psicanálise e medicina, principalmente no que tange à concepção de sujeito para ambas: no momento em que a medicina biologizante está cada vez mais próxima de um discurso cientificista – até mesmo na mídia –, ela corre o risco de foracluir o sujeito, enquanto que a psicologia no hospital sempre pode reintroduzir a importância da subjetividade, à imagem do que tentou fazer Georges Canguilhem na medicina e do que faz a psicanálise quando insiste na função do sintoma como presentificação do sujeito. A abordagem do diagnóstico e a da direção do tratamento diferentes conforme o discurso da medicina biologizante e o discurso da psicanálise têm, necessariamente, consequências na relação com o paciente. Tais consequências são discutidas especialmente quanto à noção de saber e não saber na clínica.
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Habitar um presente que se faz a cada instante, tangenciar o infinito das origens contemporâneas ao devir, estar à altura de transformar o seu tempo – aqui está a inspiração de Foucault que nos instiga pensar a respeito de trabalho, subjetividade, ética e contemporaneidade. Afinal, como traçar uma política de enfrentamento em um mundo capitalista onde o trabalho se insere em uma lógica de produção de mundos, em que o trabalho, mais do que bens e serviços, produz subjetividades que alimentam o próprio capitalismo? O que nos tornamos nesse processo? Como vem se dando a captura das potencialidades de criação capazes de inventar outros mundos possíveis? Como resistir no presente, pelo trabalho, a tais investidas contra o poder de agir individual e coletivo? Como fazer da própria atividade de trabalho um meio para transformar as instituições que o atravessam? Como criar vias para uma crítica relativa aos modos como o trabalho pode se tornar lastro para fixações identitárias, ligando subjetividade e verdade e, ao mesmo tempo, como pode ele se tornar caminho para as indagações: o que estamos fazemos de nós mesmos?; que trabalho estamos operando sobre nós mesmos? Nesta direção, afirmamos uma linha de pesquisa-intervenção que toma como eixo ético-político a afirmação de uma relação inventiva com o trabalho.
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O presente artigo discorre sobre o posicionamento da bioética em relação a temas que suscitam conflitos éticos, científicos, culturais e jurídicos, enfatizando a temática da eutanásia. Busca-se ainda situar as repercussões dessas questões no âmbito das profissões da saúde, destacando-se a psicologia. Mais do que oferecer informações, procura-se despertar reflexões acerca dos limites da vida e da morte e discutir como as construções sociais atravessam tais concepções. Problematiza-se ainda como as características da contemporaneidade tornam possíveis e ao mesmo tempo mais complexas as discussões em relação aos problemas bioéticos. Apresentamos os atravessamentos da bioética, especificamente da eutanásia, no exercício profissional da psicologia.
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Neste artigo, apresenta-se um ponto de vista histórico-crítico a respeito do processo de produção de discurso sobre as relações entre Saúde Mental e Trabalho no Brasil (SMT) entre as décadas de 1920 e 1990. Foram selecionados para o trabalho de revisão artigos de periódicos correntes e não-correntes, dissertações de mestrado e doutorado, livros e outras publicações, cobrindo o período de 1925 a 1995. Partindo-se do pressuposto da centralidade da categoria trabalho e elegendo-se a relação capital x trabalho como eixo de análise, três matrizes discursivas foram denominadas: Higiene Mental do Trabalho (HMT), Psicologia Industrial e Organizacional (PIO) e Saúde Mental do Trabalhador (SM do T). Pontos de contato e relações de descontinuidade entre as três referências discursivas - o que permaneceu, o que se perdeu ou foi superado e o que se transformou no tempo.
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A partir de reflexões de Walter Benjamin sobre a arte de narrar, o artigo é fruto de uma indagação sobre as narratividades em pesquisas em ciências humanas que lidam com a palavra do outro. Considerando narratividade como um modo de enunciação assentado em uma compreensão política do tempo histórico, as contribuições de Benjamin ao estudo das narratividades são múltiplas. O intuito do artigo é a apresentação de algumas possibilidades de diálogo entre o legado de Benjamin e as narratividades em ciências humanas, principalmente aquelas voltadas à íntima relação entre contar histórias, instituir políticas de narratividade e inquirir o sentido filosófico e histórico da memória e do esquecimento.
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Vivemos em um tempo histórico bastante marcado pela velocidade e pela produtividade. A psicologia como área de conhecimento e intervenção não está fora dessa caracterização. Mas, quando pensamos especificamente nas intervenções da psicologia clínica, será que elas precisam acompanhar a expectativa idealizada que se volta para a obtenção de resultados rápidos? Levar a sério essa pergunta é algo que se impõe quando se parte da perspectiva de que os encontros clínicos são povoados por uma complexa diversidade de movimentos. Tal diversidade coloca terapeuta e paciente em processos de produção de si. Em função disso, buscaremos compreender o quanto a prática clínica tem como condição de possibilidade a experiência de afetos que emergem nos encontros cotidianos e que abalam territórios previamente organizados, convocando o sujeito a problematizar os modos de vida por ele inventados e assumidos.
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O presente trabalho é um desdobramento de pesquisa junto a artistas que escolheram a Avenida Paulista (SP-Brasil) como local possível para exercer sua atividade. Com o objetivo de compreender como eles significam tal atividade, realizou-se pesquisa etnográfica e entrevistas semi-estruturadas com pintores, atores/estátuas-vivas, escultores, músicos e escritores. Como eixos de interpretação, deparamo-nos com transformações do espaço e ressignificações desta rua pelos artistas. Destacam-se ainda: o fazer artístico como forma de geração de renda e trabalho, e possibilidade de fazer criativo que se contraporia a outros trabalhos considerados repetitivos; a percepção que os artistas têm do público que freqüenta a Paulista como possível mercado para sua produções; a rua como lugar polissêmico – local possível de trabalho/local precário de trabalho, vitrine/palco; o olhar de outros sobre si, ora reconhecidos como artistas, ora ameaçados pelo poder público dado o caráter "informal" de parte dessas atividades.
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Tomando por base algumas considerações de Foucault e outros estudiosos do tema, pretende-se, com este artigo, fornecer subsídios para a discussão sempre atual sobre os direitos humanos e suas implicações para a prática profissional do psicólogo. Para tanto, discute-se o conceito de homem como histórica e culturalmente situado – o que inviabiliza concepções naturalizantes quanto a este e seus direitos. Em seguida, apresenta-se o surgimento histórico dos direitos do homem nas sociedades ocidentais a partir do movimento filosófico das Luzes, no século XVIII, e as implicações dessa visão de mundo para a contemporaneidade. Finalmente, abordam-se os desdobramentos técnicos e éticos de tal visão para a Psicologia como profissão.
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Apresentação oral na defesa da tese de doutorado Os desafios da memória em direção as forças de criação, UNIRIO/PPGMS, 2011.
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A capoeira angola foi arma fundamental na libertação dos escravos no Brasil colonial, onde a opressão, instituída e normalizada, manteve-se por quase quatro séculos. Neste estudo, apresentamos a capoeira angola como campo problemático para a psicologia, atravessado por questões que passam pelas investigações sobre o corpo, a liberdade e a autonomia no presente. A mobilização corporal da capoeira, presente nos movimentos de ataque e defesa, despertam em seu praticante o enfrentamento necessário à luta contra os mecanismos de poder na atualidade. Mistura de dança, luta, teatro e brincadeira, seu universo é tão amplo e apaixonante que atualmente a capoeira é reconhecida como bem imaterial brasileiro. Buscamos agora realçar também seu valor como elemento para a “psicologia do corpo” e instrumento de resistência e luta, valorizando seu potencial libertário.
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Trata-se de um ensaio sobre a inserção da psicologia no âmbito da saúde coletiva considerando-se o sentido político e de compromisso social desta inserção, bem como o desafio maior por isso colocado à formação e à profissão: a invenção de parâmetros de atuação profissional para além do modelo clínico de atendimento individual. Uma vez que este tem sido criticado por contrariar os princípios da integralidade e da equidade do serviço público, é avaliada a concepção de “clínica ampliada” como formulada e divulgada pelo SUS como parte de sua política de humanização (HumanizaSus). Ao encontro desta política, se esboça à psicologia um novo lugar entre a atenção clínica e a gestão compartilhada.
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O contexto atual do capitalismo cognitivo nos convoca a problematizar a política de subjetivação dominante sobre o processo de formação e produção do trabalhador imaterial. Para tal, será abordada a formação do estudante de pós-graduação stricto sensu, colocando-se em análise a política de anestesiamento do corpo, evidenciando a desconexão entre o pensar e o corpo vibrátil. Característica da lógica administrativa que atravessa a academia, tal política incita à produção desenfreada, à reprodução de saberes e técnicas, ao pensamento representativo com a utilização de ferramentas hegemônicas do século XIX e, paradoxalmente, exigindo criatividade, inventividade, conectividade e fluidez. A partir da aliança com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Despret, Pelbart, Rolnik, Negri, Hardt, Cocco e Lazzarato, entre outros e através do exercício inquientante, pretende-se produzir pontos de tensão nos interstícios da macro e micropolítica, transversalizando as práticas cotidianas, desburocratizando-as e criando diagramas de forças onde a multiplicidade apareça e reverbere outras possibilidades.
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Entre tantos modos de exclusão e cristalização de formas de estar no mundo, este trabalho fala de jovens que passaram pelo processo de acolhimento institucional em sua adolescência e a forma como cada uma construiu, e continua construindo, suas histórias de modo autônomo e positivo. Utilizando conceitos como linha de vida e cidadania, conduzidos pelos modos-de-fazer de escutas da história de vida, acompanhamos esse percurso. Produzimos, a partir dessas histórias, um olhar para além das identidades forjadas àqueles que foram um dia submetidos à medida de proteção e foi possível perceber que diferentes caminhos são construídos, ainda que se viva sob as mesmas forças instituídas. Ainda que a opção do acolhimento tenha sido a saída possível para algumas jovens em determinado momento de suas vidas, garantirmos a produção de pequenos escapes é garantirmos a produção de uma vida criativa e potente.
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Este artigo foi concebido pelas autoras a partir da suspensão dos efeitos da Resolução n° 09/2010, do Conselho Federal de Psicologia (CFP), que “Regulamenta a atuação do psicólogo no sistema prisional”. Esta suspensão é um acontecimento que denuncia o jogo de forças presente no campo da execução penal, especialmente, no que tange à prática do psicólogo e à realização ou não do exame criminológico. Portanto, nosso objetivo é discutir as condições e circunstâncias em que o exame criminológico emerge e se estabelece em nosso país e também contar um pouco da história das lutas que os psicólogos vêm travando nesse campo desde a promulgação da Lei de Execução Penal (LEP) n°7.210/1984 que institui o exame criminológico.
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O presente artigo pretende discutir a construção de documentos psicológicos no contexto judiciário, a partir da reflexão sobre a dispersão das práticas psicológicas neste campo de atuação, enfatizando a análise de lugares e discursos. A ferramenta conceitual utilizada parte de contribuições das análises de Michel Foucault acerca da relação entre saberes, poderes e ética, assim como aportes conceituais do movimento institucionalista e sua problematização ética e política sobre a atuação técnico-profissional.
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