A sua pesquisa
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Entrevista com Cecília Maria Bouças Coimbra
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Gilles Deleuze e Félix Guattari apresentam as multiplicidades intensivas e o corpo sem órgãos como conceitos relevantes da esquizoanálise. Esse conjunto abstrato, constantemente afetado por forças em contínua variação, gera uma zona de indeterminação capaz de favorecer a invenção de sentidos e a expansão da vida. Tal entendimento aproxima produção desejante e criação – noções preciosas quando se trata de pensar a intervenção clínica em psicologia.
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O presente texto tem como objetivo expor os caminhos metodológicos abertos a partir de questões éticas que surgem das operações de escrita amparada com imagens. Desenvolve um entendimento da imagem como sendo algo que se insere em um texto de forma anômala e em desvio com a linearidade do seu caráter discursivo. Tal problematização contou com um diálogo com os trabalhos desenvolvidos por Aby Warburg e André Malraux. sendo que a compreensão espacial que esses autores dão tanto à escrita quanto à produção de imagens serviu como inspiração para o delineamento de uma proposta metodológica. Foi pensado como proceder para realizar uma exibição ou uma apresentação através da textualidade, tentando produzir um museu em escrita, uma maneira que possibilitasse a exploração formal da tensão entre dois meios.
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Este artigo objetiva apresentar o percurso metodológico de uma pesquisa em clínica do trabalho que destaca a interlocução da pesquisadora com sua própria atividade de trabalho, ou seja, a trabalhadora é a pesquisadora de sua atividade de trabalho. A partir de seu repertório profissional, coloca-se como questão de pesquisa o manejo metodológico para uma análise do trabalho no viés do transformar para conhecer, tomando a trabalhadora como protagonista no processo de análise da atividade e a pesquisa como ferramenta para este processo. Neste percurso, destacam-se inflexões nos métodos propostos pela clínica da atividade, tendo como eixo o dialogismo e a cartografia como um intercessor no processo investigativo.
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Este texto, traduzido do espanhol por Leonardo Pinto de Almeida, foi originalmente publicado no livro Esbozos III – Barthes, Lo neutro (2019) de Juan Carlos Gorlier, sob o título Hacía lo neutro.
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Pensar a formação no âmbito da universidade pressupõe enfrentar caminhos controversos e ampliar a disponibilidade para a invenção, de modo a criar desvios para a força acachapante das formatações institucionais acadêmicas vigentes. Apresentam-se aqui experiências engendradas na graduação em terapia ocupacional que se dão na tangência com as artes e reivindicam a processualidade como via principal para encontrar formas em estabilidade temporária, que articulem palavras, corpos e imagens e que sejam suficientes para potencializar os estudantes para seguirem em formatividade, na graduação, na clínica, na vida. Tais dispositivos de formação agenciam encontros entre estudantes, terapeutas ocupacionais, artistas e outros profissionais, pessoas com experiências diversas de sofrimento e/ou em situação de vulnerabilidade, projetos, instituições, textos, ideias, trajetos, danças, cantos, gestos, silêncios... engajando a experiência na fabricação de uma subjetividade mais porosa e sensível aos contatos com o mundo, e ao mesmo tempo inscrevendo-a num plano comum, na dimensão política da vida.
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A escrita diarista é feita diariamente, ou quase, para registrar algo de importância para quem escreve e também para possíveis leitores. No evento “O devir escrita da vida nos serviços de saúde”, em setembro de 2017 na Faculdade de Saúde Pública/USP, foi discutida a escrita do diário institucional que traz dimensões relativas ao funcionamento das instituições. Trata-se de um meio do pesquisador/a-analista institucional analisar suas implicações. A implicação, nesta oficina, foi analisada a partir das relações estabelecida pelos profissionais com suas práticas cotidianas, tendo em vista o atual contexto político do país, de fortes ataques às políticas sociais, especialmente ao SUS. A proposta deste texto é evidenciar a relevância do diário institucional nas práticas dos profissionais no SUS, a partir dos diários de seis participantes que se dispuseram compartilhar fragmentos de seus diários que serão apresentados, acompanhados das ressonâncias produzidas em sua leitura com aportes teórico-metodológicos da Análise Institucional.
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Processos de ensino-aprendizagem trazem inúmeros desafios, exigindo dos educadores reflexão constante sobre os modelos que os orientam. Além dos desafios técnicos, encontramos na formação em saúde a necessidade de desenvolver reflexão sobre conceitos e contextos, trabalho em equipe, escuta, sensibilidade, entre outros. Neste artigo, apresentamos os Cadernos Colaborativos enquanto dispositivo de produção e acompanhamento do processo formativo-criativo de alunos de graduação de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Paulo. Tal experiência consistiu na produção dos Cadernos e na realização de narrativas pelos estudantes, no diário e ensaio fotográfico da pesquisadora. Possibilitou uma interferência neste grupo envolvendo diferentes linguagens: escrita, desenho, colagem, pintura etc., e nos levou a diferentes problematizações, entre elas: a potência deste dispositivo enquanto registro, elaboração e produção de pensamento, além dos embates provocados pela proposta colaborativa e em co-criação e questões que emergiram em relação à formação do profissional de saúde com seus desafios, potências e contradições.
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Este artigo tem como objetivo analisar o uso da escrita de cartas como intercessor em experiências de formação profissional. O trabalho desenvolvido no âmbito do Plantão Institucional – atendimento oferecido pelo Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP a profissionais que atuam em diferentes instituições do campo da saúde, da educação e da assistência social –, que visa a agir no enfraquecimento e na estagnação dos quais os integrantes dos grupos se queixam com frequência, e a reflexão acerca da função da escrita como constitutiva de realidade junto a graduandos e pós-graduandos em Psicologia inspiraram o desenvolvimento de uma estratégia que faz uso da escrita endereçada. Entendemos que a escrita de cartas pode ser considerada uma forma de enfrentamento dos efeitos de assujeitamento e da sensação de impotência relatada pelos grupos. Com o intuito de discorrermos sobre a estratégia e seus efeitos, traremos excertos de cartas produzidas em uma oficina da qual participaram profissionais que atuam no campo da saúde pública e que estavam dispostos a se debruçar sobre impasses vividos no cotidiano institucional.
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O presente trabalho busca contextualizar o campo conceitual acerca das políticas cognitivas, apostando na construção narrativa como parte intrínseca tanto dos processos de pesquisa quanto da expressão dos resultados encontrados. Aqui, a produção de uma experiência narrativa se apresenta e se produz ao longo do trabalho em si. Assim, ao partir da análise da trajetória de formação em psicologia e do acompanhamento de um Grupo de Gestão Autônoma da Medicação (GAM), nos colocamos a pensar o que são as políticas cognitivas dentro da História da Psicologia e de sua afirmação enquanto Ciência. Com o objetivo de repensar o tema da formação, propomos a discussão acerca da metodologia de pesquisa-intervenção de perspectiva cartográfica, apontando a potência da narrativa da experiência para os estudos da subjetividade. Nesse percurso, apresentamos o conceito de enação e o modo como as definições dos modelos cognitivos impactam nos modelos de formação, especificamente na formação em saúde mental.
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Frente aos problemas de saúde apresentados na universidade pública nos dias atuais, somos forçadas a repensar a formação dos alunos de psicologia. Visando propor uma formação mais baseada na experiência compartilhada do que na transmissão de informação, criamos dois dispositivos: uma oficina de experimentação corporal e estética e um caderno coletivo. Os dispositivos foram propostos numa disciplina eletiva sobre Arte e Psicologia oferecida no curso de graduação em Psicologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Nosso objetivo neste texto é apresentar o processo de criação destes dispositivos, analisando e acompanhando alguns de seus efeitos. Para isso realizamos uma pesquisa-intervenção baseada no método da cartografia. Concluímos que a exposição do corpo e a escrita coletiva abriram espaço para a exposição da vulnerabilidade e do sofrimento dos estudantes. Acontecimentos e temas partilhados produziram participação e a experiência do cuidado no processo de formação, fazendo surgir novos modos de habitar a universidade.
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O presente artigo se destina a apresentar um breve exame dos levantes brasileiros de junho de 2013, ocorridos no contexto de revoltas que eclodiram em diversos países, a partir de 2011, especialmente os árabes e nos Estados Unidos, todos atravessados direta ou indiretamente pela grave crise econômica mundial causada pela falência do banco Lheman Brother’s, em 2008. Procura, especificamente, colocar em análise a relação entre os processos de subjetivação conduzidos pelo conteúdo do jornal O Globo em suas reportagens, fotos, artigos e editoriais sobre os levantes e o modo como são capturados os sentidos das manifestações populares que ocorreram nas chamadas Jornadas de Junho.
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O artigo é parte de uma tese de doutoramento, cujas reflexões têm origem na história oral de vida de 16 pacientes transplantados cardíacos do Ambulatório de Transplante Cardíaco da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo. As narrativas foram obtida por meio da História Oral de Vida e analisadas conforme a perspectiva de Lev. S. Vigotski, que dá um destaque especial para a questão dos afetos. Essas histórias de vida estão armazenadas no Banco de Memórias e Histórias de Vida (BMHV). A história oral propicia o aparecimento de narrativas muitas vezes guardadas só com os pacientes; aqui elas foram resgatadas e os relatos daqueles que foram submetidos ao transplante cardíaco foram de certa forma valorizados. O transplante cardíaco, ainda que seja uma realidade para algumas poucas pessoas, é um evento coletivo que gera um código comunicativo de efeito comunitário que envolve todos os afetados. Os seres humanos são muito semelhantes entre si e o que os faz diferentes são suas histórias.
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This paper examines the relationships established between the fields of history of psychology, and science, technology and society studies (STS). We first present a brief historical overview to situate the present status of the field of psychology within the broad STS arena. We then describe the influence of STS studies in the field of history of psychology through a literature review that emphasizes Ibero-American productions in these areas. Our findings suggest that STS studies can contribute to the understanding the historical issues in psychology through seven areas of intersecting sociological and historical research, which involve the study of psychological objects, the history of psychological instrumentation, the historical analysis of psychology as a discipline and the study of psychology teaching and education, among others. The paper concludes that STS studies play an important role in advancing the production of historical knowledge, shedding light on the conceptual frameworks used in historical research, clarifying historical inquires, and assisting in the process to define psychological epistemic objects.
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O objetivo deste estudo foi analisar as técnicas, saberes e práticas tidas como psicológicas no Rio de Janeiro da Primeira República (1889-1930). Nesse sentido, pautou-se por uma metodologia que priorizou o levantamento de fontes bibliográficas primárias (artigos, livros e relatórios técnicos de época). Constatou-se, como resultado da pesquisa empreendida, que ocorreram aproximações e convergências entre áreas da psicologia aplicada que, posteriormente, iriam ocupar institucionalmente espaços bem separados. Assim, verificou-se que a designação de dado saber, prática ou técnica configurada como "Psicologia" não foi sempre configurada em áreas de aplicação independentes. Nessa perspectiva, segue uma linha diversa de abordagens históricas que primam por setorizar práticas psicológicas, sendo a principal contribuição do artigo para o campo da história da psicologia justamente a de mostrar que uma eventual “História da Psicologia do Trabalho”, no período investigado, não era absolutamente distinta de áreas, hoje classificadas, como as da “História da Psicologia Clínica”, ou da “História da Psicologia Escolar”.
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Estudos para identificar eventuais relações entre a criação artística e a psicopatologia – desde o século XIX, na Europa – influenciaram o pensamento brasileiro acerca desse tema. O objetivo deste artigo, sob a óptica da história das ciências da saúde, consistiu em analisar as perspectivas, ao longo do século XX, segundo as quais as doenças neurológicas e psiquiátricas de Machado de Assis foram determinantes na criação e no conteúdo de suas produções literárias. A partir de um referencial teórico e metodológico baseado em Bakhtin, verificou-se que muitos autores consideraram a epilepsia de Machado de Assis o principal elemento responsável por seu ato criador, o que permitiu revisar a apropriação de diferentes teorias psiquiátricas no Brasil, assim como diversos conceitos teóricos.
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Os escritos de Ignácio Martín-Baró estão estreitamente vinculados ao contexto histórico e à situação política e social de El Salvador. O alinhamento entre oligarquia, forças armadas e clero, intervenções externas na economia e política e interesses geopolíticos geraram graves conflitos políticos e sociais, guerra civil e profunda crise social nesse país. Esse quadro de forças se alterou ao longo do tempo. O objetivo é apresentar dados históricos sobre El Salvador e região, demonstrar a importância do contexto histórico e como eles podem ampliar a compreensão sobre o pensamento e a obra de Martín-Baró, bem como a sua proposta acerca do papel do psicólogo neste cenário.
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A medicalização é um processo ideológico que transforma problemas de ordem social em biológicos e tem sido legitimado pela Medicina e pela Psicologia em vários momentos históricos para ocultar desigualdades sociais, colocando sobre o indivíduo a responsabilidade pelo seu fracasso. Na área da Educação é alarmante o número de crianças diagnosticadas com transtornos de aprendizagem e medicalizadas, evidenciando, assim, um período denominado de “Era dos Transtornos”. Tendo por referência autores que analisam aspectos da aproximação entre a Medicina e a história da Psicologia no Brasil, buscamos, neste artigo, desvelar o papel que as relações entre essas duas áreas do conhecimento desempenharam historicamente para a construção do processo medicalizante no contexto educacional brasileiro.
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O pensamento de Carl Gustav Jung é marcado pela complexidade e por um diálogo contínuo entre ciência e filosofia. Seus posicionamentos teóricos, por vezes incompreendidos, levaram-no a constantes embates em defesa do empirismo e dos fundamentos do pensamento científico moderno, muitas vezes através da crítica a pressupostos que ele considerava indemonstráveis. Essa trajetória apresenta, todavia, uma série de dificuldades. Através da noção de naturalismo, este ensaio busca indicar uma via de análise dessa complexidade. Com efeito, podemos discernir duas noções distintas, mas complementares de naturalismo na obra de Jung: um naturalismo metodológico, que o mantém próximo do pensamento científico de sua época, e um naturalismo ontológico, que o alinha ao pensamento romântico e à Naturphilosophie, implicando considerações teóricas que o distanciavam de seus contemporâneos. Coordenar essas duas visões do naturalismo foi certamente um problema para Jung, e é um desafio para a compreensão de seu pensamento.
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