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A Psicologia Humanista norte-americana surgiu há cerca de cinqüenta anos, apresentando-se como uma terceira força capaz de fazer frente ao que julgava ser uma desumanização determinista da imagem de ser humano promovida pelo Behaviorismo e pela Psicanálise. Apresentando sua versão do objeto da Psicologia como dotado de um nível de liberdade, criatividade e pró-atividade, os principais representantes da Psicologia Humanista se recusaram a abandonar o método experimental, proclamando a sua abordagem como aderida à ciência moderna. Assim inauguraram um novo dilema, que tem acompanhado a história da Psicologia Humanista: deveria esta manter sua adesão ao método científico que não se adequa a seu objeto de pesquisa ou transformar a imagem de ciência que pratica para adequá-la à sua imagem de ser humano? Defende-se aqui tese de que a Psicologia Humanista, mesmo com as adesões proclamadas de Maslow e Rychlak, acabou por abandonar o método experimental para aderir a investigações finalistas.
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Em “The Structure of Scientific Revolutions”, Thomas Kuhn sustenta que foi com o auxílio de uma historiografia inovadora que ele chegou à sua nova imagem da Ciência, abalando as concepções tradicionalmente aceitas. Isto traz à luz a questão das relações entre esses dois campos de conhecimento: a História da Ciência, de um lado, a Epistemologia e a Filosofia da Ciência, de outro, além das articulações, diferenças e contribuições possíveis entre elas. O presente artigo aborda o trabalho de um importante autor do campo psicanalítico (Jean Laplanche), que alia a pesquisa do desenvolvimento histórico da teorização psicanalítica à investigação epistemológica e teórica das conexões entre os diferentes conceitos e entre eles e as proposições teóricas psicanalíticas. Pretende-se utilizar o trabalho deste autor, como exemplo para se refletir sobre as possibilidades de contribuição entre estudos em História da Psicanálise e em Filosofia e Epistemologia da Psicanálise.
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O artigo apresenta uma experiência de ensino de História de Psicologia em um curso de Mestrado em Psicologia. Inicia com um panorama histórico de como e por quais motivos a disciplina foi incluída no currículo do curso. Descreve sua programação, explicita seus objetivos, as ênfases de conteúdo, metodologia e bibliografia utilizada. Apresenta a avaliação que os alunos fizeram da disciplina ao final do semestre letivo, bem como o tipo de produção contida em seus trabalhos finais. Analisa todas essas informações a partir dos objetivos da disciplina e finaliza com uma breve reflexão sobre a concepção de história que fundamenta esta experiência didática.
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O artigo analisa a utilização e a importância da música como forma expressiva e simbólica para a elaboração da experiência psíquica, na visão de mundo barroca presente na cultura brasileira. Analisa comparativamente duas pesquisas conduzidas em dois diversos domínios – história cultural e fenomenologia da cultura – apreendendo o típico dinamismo psicológico de uma comunidade rural brasileira de tradições barrocas. A abordagem comparativa permite evidenciar a atualidade de elementos barrocos tomados para a elaboração da experiência na referida comunidade em termos de: vivência psicológica e espiritual suscitada pela música; estrutura retórica da composição musical; lugares comuns inerentes à visão de mundo de referência. A música é vivenciada como elemento fundamental da relação entre o universo de sentido pessoal e aquele proposto pela cultura, tendendo a estabelecer conexões precisas entre vivências sensoriais, cultura local e constituição do corpo social, inseridos num horizonte de totalidade mitológico-religioso.
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O artigo reflete a respeito da formação do sujeito na psicologia, tendo como principal referência teórica o interacionismo social de George Herbert Mead (1863-1931) e de L. S. Vigotsky (1896-1934), mas com destaque do primeiro dos autores. A localização dos autores no interior do processo histórico de nascimento da psicologia científica é realçada por apresentarem teorias que acentuam a dimensão social na formação humana ao localizarem, nas mediações lingüísticas, os nexos entre os processos de socialização e de individuação vividos pelos sujeitos, em que ocorre um processo intersubjetivo dialético de entrelaçamento entre a exteriorização e interiorização da realidade subjetiva. A teoria social de Mead (1967) é destacada nesta reflexão da subjetividade, visto a riqueza de sua noção de self para a psicologia.
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As reflexões aqui expressas têm como objetivo subsidiar discussões e encaminhamentos no setor de saúde em relação à Reforma Psiquiátrica. Têm como fundamento a experiência vivenciada (2004-2005) por uma psicóloga e sua iniciativa de implantar um Centro de Convivência como parte de uma rede substitutiva de atenção à saúde mental no município de Maringá. A partir desta experiência reafirma-se a pertinência deste tipo de atividade para a consolidação da Reforma Psiquiátrica no Brasil, bem como a impossibilidade de levar avante esta tarefa sem a parceria dos gestores, dos profissionais da saúde em geral e do usuário desse serviço.
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Dentro de uma história dos saberes psicológicos desenvolvida no Brasil, identificam-se várias origens e influências, dentre elas uma rica herança colonial. No século XVII, o tema da persuasão é produtivamente explorado pela oratória religiosa da época, mais especificamente a dos jesuítas - ordem religiosa de influência marcante no Brasil - a qual pertence o Pe. Antônio Vieira. Essa oratória proporciona um modelo explicativo do "psiquismo" humano, além de propor um mecanismo de intervenção neste, através da palavra, pelo uso da retórica aristotélica. Busca-se averiguar de que maneira Vieira articula em seus sermões os recursos retóricos para intervir no universo "psíquico" dos ouvintes e conseguir a persuasão, bem como evidenciar a psicologia filosófica dos jesuítas que o fundamenta. Pode-se também, compreender um pouco mais sobre a visão de homem estabelecida no período.
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Instigar o debate sobre a interpretação do homem e suas relações sociais a partir de pressupostos organobiológicos é o objetivo deste texto. A título de ilustração, recuperamos alguns pontos do ideário da higiene mental – destacado discurso científico nas primeiras décadas do século XX, no Brasil. Este ideário, construído e sustentado pela ciência de raiz natural, teve um significativo lugar no cenário político da época e viabilizou encaminhamentos em diferentes segmentos da sociedade como solução para os graves problemas de ordem social existentes nesse período. O tempo não validou tais idéias e ações e comprova que as análises das relações sociais advindas de mecanicismos de qualquer ordem obscurecem as contradições sociais e favorecem a geração de uma legião de desviantes da norma social estabelecida.
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Este artigo busca evidenciar, em alguns trabalhos de Michel Foucault, assim como em outras fontes historiográficas, o surgimento do que ele denominou disciplinas nas ordens monásticas e religiosas da Igreja Católica. Para tanto, analisam-se as características do que Foucault intitulou Poder Pastoral, comparando-o com o poder disciplinar, na modernidade. O poder pastoral tem por escopo conduzir um grupo de homens para a sua salvação, na medida em que se interioriza um certo modelo por meio de técnicas precisas. Estas são as disciplinas, das quais a principal será o exame, que se manifesta, no poder pastoral, como confissão e direção espiritual (hermenêutica de si). O poder pastoral seria, assim, criador de subjetividades, almas, identidades assujeitadas e disciplinadas, ancorado nas quais o poder disciplinar moderno, inclusive na atualidade, busca normalizar e gerenciar. Neste artigo também se apresentam as maneiras como as disciplinas monásticas se espalharam no todo social e se problematiza, por fim, o modelo de sujeito em que elas repousam.
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Procuro neste artigo oferecer uma historização do campo da psicanálise de adolescentes, estudando dois autores: Sigmund Freud e Anna Freud, que apresentam uma perspectiva no que faz ao fenômeno adolescente, tratando de indicar quais são os fatores que os mesmos tomam em conta nas suas investigações.
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O trabalho estuda a utilização da “acomodação” - recurso retórico que implica o conhecimento psicológico do outro como base para o estabelecimento de novas relações sociais – como descrita nos relatos acerca das pregações jesuíticas destinadas à população indígena no Brasil do século XVI. Os relatos - cartas e documentos informativos contendo narrativas de pregadores e visitadores - mostram a função e o uso desse recurso para uma comunicação eficaz diante de uma população culturalmente diferente. Mostra-se que a partir da concepção de uso da palavra com função doutrinária e persuasiva ensinada e praticada pelos jesuítas, a pregação era considerada como meio de transmissão de doutrinas, valores e práticas, mediada pela diversidade cultural dos destinatários. Tal mediação permitiria estabelecer uma comunicação persuasiva e o menos coercitiva possível, a coerção não condizendo com a afirmação da liberdade pessoal, doutrina básica da teologia católica reafirmada na Modernidade diante dos abusos em nome de ideologias religiosas praticados pelas políticas coloniais. Nessa perspectiva, a norma retórica da acomodação proposta por Cícero no De Oratore foi utilizada pelos jesuítas como propiciadora da mediação: exemplo histórico da busca de métodos mais humanos de interação em contextos conflituais, baseados na adaptação e atenção à psicologia do outro.
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O presente artigo tem como objeto de estudo parte da vasta biblioteca de Nise da Silveira, constituída por livros, de correntes teóricas variadas, sobre o estudo da expressão plástica, musical e literária. Esses livros versam, principalmente, sobre a produção de pessoas em tratamento psiquiátrico e vêm acompanhados por um fichário, denominado Benedito, que pode ser utilizado também como guia de estudos. O Benedito nos oferece informações sobre o método de trabalho desenvolvido por Nise da Silveira e a dificuldade encontrada para implementar tal método, cumprindo duas funções: delinear a escrita de Nise da Silveira e estabelecer um roteiro para futuros leitores.
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Em sua Segunda Consideração Intempestiva, Friedrich Nietzsche critica o sentido histórico que diversos autores deram à História. Fazendo da crítica à noção de processo histórico uma crítica da modernidade, demonstra como o excesso de conhecimento que originou diversas ciências, inclusive a História, pôde levar o ser humano àquilo que ele chama “febre histórica”. É neste contexto que Nietzsche formula suas críticas à modernidade e destaca que devemos ter um esquecimento produtivo como forma de escapar a esta doença histórica e vivermos com felicidade. Para tanto, propõe um rompimento com a história como única forma de almejarmos a felicidade. Neste artigo, pretende-se avaliar as considerações sobre o modo a-histórico de Nietzsche e entender como ele se articula com a história efetiva trazida com o texto de Michel Foucault Nietzsche, a genealogia e a história.
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Este artigo tem como objetivo analisar o papel exercido pelos saberes psicológicos nas práticas jurídicas e assistenciais dirigidas ao chamado “menor”, organizadas a partir das primeiras décadas do século XX no Brasil. A infância torna-se objeto privilegiado de estudo por parte de diversos saberes e de intervenção de instituições filantrópicas e oficiais. Instrumentos de avaliação médico-psicológica são desenvolvidos, inspirados na produção de autores nacionais e estrangeiros, e aplicados a crianças e adolescentes recolhidos pela justiça especializada, instalada no país em 1924, com a criação do Juízo de Menores do Rio de Janeiro. Os exames davam aos laudos, nos quais se atribuía ao individuo uma personalidade normal ou patológica, um caráter de cientificidade que justificava práticas discriminatórias e excludentes, como o recolhimento a instituições de reforma.
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O artigo aborda a construção da Psicologia no Rio Grande do Sul no período da repressão política vivido no Brasil, de 1964 a 1985. Examina-se um conjunto de conceitos muito pertinentes à Psicologia Social, ilustrados por narrativas que referem saberes, práticas e preocupações de fundo sócio-político. Ao refletir sobre os processos de instituição desses saberes e práticas e situá-los historicamente, pretende-se dar visibilidade a lutas recentes protagonizadas por minorias ativas que tiveram sua voz silenciada ou exilada mediante a força bruta imposta pelo regime militar. Se durante as décadas supracitadas o “psicologismo” serviu para fortalecer estruturas opressivas, desviando a atenção para aspectos individuais e descontextualizados, as práticas psicológicas também articularam espaços emancipatórios e críticos através da resistência e problematização de grupos organizados no interior do sistema hegemônico. Tais movimentos articularam uma práxis construída socialmente, tramada no cotidiano, imbricada na complexidade das redes de relações sociais que se estabeleceram no contexto vivido. Reforçar o vínculo da área à vertente social é considerar as relações da Psicologia com os problemas coletivos que afetam as maiorias populares.
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Tendo em vista o ‘apelo à responsabilidade’ de atores e instâncias sociais no cenário contemporâneo da Reforma Psiquiátrica Brasileira, este texto procura problematizar a noção de responsabilidade no campo da saúde mental. A ‘tomada de responsabilidade do serviço pelo território’, o ‘aumento da responsabilidade do profissional pelo processo de trabalho’ e ‘a possibilidade de o sujeito advir como responsável por sua própria condição’ são discursos veiculados por diferentes disciplinas e teorias – como a psicanálise, a saúde pública e a análise institucional – em campos de atuação afins, como o da saúde mental e da saúde coletiva. A família e a comunidade são convocadas a dividir responsabilidades pelo cuidado, mas do que se trata? Engajamento ou obrigação?
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