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A questão da causalidade permeia os fundamentos das ciências. Em particular, a questão da causalidade psíquica subjaz os fundamentos das diversas abordagens da psicologia atual, ainda que não seja explicitada ou mesmo reconhecida. Recorrer a essa temática pode ajudar a esclarecer questões de cunho epistemológico que delineiam a psicologia científica. Nesse sentido, o objetivo do trabalho é apresentar a concepção de causalidade psíquica presente na obra de Edith Stein (1891-1942), Causalidade Psíquica (2010). Foi utilizado o método de investigação histórica. A autora apresentara críticas à psicologia experimental emergente, que se submetia ao reducionismo psicologista e naturalista ao separar-se da filosofia. Edith Stein defendeu a possibilidade de uma psicologia científica sustentada pela definição (fenomenológica) de pessoa humana. Sua compreensão acerca da causalidade psíquica enquadra a distinção entre as vivências imanentes e as vivências intencionais do fluxo de consciência. Stein diferencia o âmbito dos acontecimentos causais determinísticos daqueles âmbitos das relações de motivação que não são submetidas a conexões deterministas. Conclui-se que somente uma elaboração filosófica rigorosa dos diversos tipos de legalidade às quais o fenômeno psíquico está submetido pode fornecer à Psicologia uma fundamentação válida e autonomia no diálogo com as demais ciências naturais ou culturais.
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O artigo apresenta um conjunto de discussões sobre as relações entre educação para a paz e psicologia elaboradas, ao final da década de 1920, por pesquisadores ligados ao Instituto Jean-Jacques Rousseau/Suíça. A partir do método descritivo-analítico, destacamos as teorias e técnicas levantadas ao longo da conferência A paz pela escola realizada em 1927 pelo Bureau Internacional de Educação, órgão ligado ao Instituto. Demonstramos como os conferencistas desse encontro conceberam a Psicologia como uma ciência central nas propostas de pedagogia pacificadora. Destacamos as concepções de Pierre Bovet sobre os instintos combativos e sociais, teoria psicológica que pretendia orientar o trabalho dos educadores que visavam a um ideal pacifista. Concebemos esse movimento como um projeto civilizatório, fundamentado, sobretudo, no conhecimento científico do ser humano. Para Pierre Bovet, a educação moral, social e religiosa deveria ser os três pilares da pedagogia pacificadora, contrapondo-se a outros cientistas da época, como Jean Piaget.
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William James é uma figura central na história da psicologia e da filosofia. Entretanto, a interpretação de sua obra ainda está repleta de lacunas e mal-entendidos. Por exemplo, a extensão e o sentido do seu projeto psicológico permanecem mal compreendidos. Para muitos autores, James teria abandonado a psicologia após The Principles of Psychology (1890), ao passo que outros entendem o The Varieties of Religious Experience (1902) como obra psicológica. O objetivo deste artigo é explorar a questão da evolução do projeto psicológico de James, acompanhando diversos momentos de sua manifestação ao longo de sua carreira. Ao final, vamos defender aquilo que chamamos de tese da pervasividade, segundo a qual a psicologia está presente em toda a obra de James.
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Este trabalho tem por objetivo apresentar as Clínicas de Orientação infanto-juvenis existentes na cidade do Rio de Janeiro no período situado entre as décadas de 1940 e 1960, a saber: a) COJ/DNCr; b) COI/SNDM; c) COI/IPUB. Por meio de pesquisa documental e entrevistas, constatamos a importância das clínicas de orientação no processo de constituição da Psicologia como um campo autônomo no Brasil, a partir de sua articulação com ideais preventivistas dirigidos à infância, influenciados pelo higienismo. Por fim, destacamos o protagonismo da atuação feminina neste período de gênese da profissão de psicólogo no Brasil.
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O Instituto Pestalozzi foi fundado em Belo Horizonte, MG, em 1935, como uma escola para crianças com deficiência intelectual. Esta pesquisa teve como objetivo investigar como era realizado o atendimento à criança excepcional nessa instituição durante a década de 1940. Utilizando como referencial a historiografia da psicologia, foram analisados 33 prontuários de crianças atendidas no Instituto no período em questão. Esses documentos revelaram que as crianças passavam por uma avaliação médica, psicológica e educacional. A avaliação psicológica incluía a aplicação de testes de inteligência e, geralmente, identificava um QI abaixo da média. Os prontuários indicam também as recomendações de tratamento que eram feitas aos pacientes, bem como sua evolução escolar. Observa-se que o Instituto Pestalozzi exerceu importante papel na educação da criança excepcional em um período histórico em que era comum seu alijamento do sistema público de ensino.
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A inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares tem sido constantemente tematizada em eventos internacionais e também na legislação brasileira desde a década de 1990. Para que essa inclusão se dê de forma satisfatória, é imprescindível a participação ativa e bem informada dos professores. Uma série de estudos desenvolvidos nos últimos anos coloca em evidência como os professores têm pensado e agido com relação à educação especial, na perspectiva da educação inclusiva. Este artigo apresenta o relato de uma experiência na capacitação de professoras para a educação inclusiva e para a educação especial, enfocando as estratégias adotadas por essas profissionais para ensinar, nas classes regulares, alunos com deficiências. Foram identificadas três grandes categorias nas quais essas estratégias podem ser localizadas: busca de informações em fontes diversas, como internet, livros e cursos; busca de apoio nos serviços de Atendimento Educacional Especializados, oferecidos pelas prefeituras municipais; e apresentação de um olhar diferenciado para o aluno com deficiência, na tentativa de entender suas potencialidades e limitações. Nesta última categoria, ressaltou-se como esse olhar está sujeito ao atravessamento dos laudos, que nomeiam a(s) causa(s) da(s) dificuldades apresentadas por esses alunos. Além dessas categorias, percebeu-se que as professoras estão constantemente avaliando sua própria atuação e enfatizam as dificuldades encontradas na educação dos alunos com deficiências, atribuindo-as, sobretudo, à falta de preparação para atuar na educação inclusiva e na educação especial.
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The mind-brain problem (MBP) is a persistent challenge in philosophy and science, having marked implications for psychiatry. In this paper, we claim that physicalism, a kind of theoretical monism, is usually taken by many psychiatrists as the only possible solution to the MBP, and argue that this may have negative consequences for the field. Not only does it restrict the psychiatric training, thereby preventing professionals from considering and reflecting upon different perspectives on the MBP, but it also leads clinical psychiatrists to ignore alternatives in their research agendas and clinical care. We suggest, therefore, that, as long as the MBP remains open and disputed by divergent views, theoretical monism should give place to theoretical pluralism in psychiatry.
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O presente artigo decorre de pesquisa cuja temática foi a história do curso de Psicologia de Lorena, no Estado de São Paulo. A narrativa histórica do curso foi construída por meio de fontes documentais e iconográficas, com destaque para as fotografias, recortes de revistas, jornais da época, documentos oficiais e não oficiais, além de entrevistas narrativas com pessoas que fizeram parte da constituição desse curso. O objeto deste artigo é o Laboratório de Psicologia Experimental, visando demonstrar sua importância, em um primeiro momento, para a formação de educadores salesianos e, na década seguinte, para a criação do curso de Psicologia na Faculdade Salesiana. Apresentamos, inicialmente, a história dos salesianos, detendo-nos mais em sua chegada a Lorena, com a fundação do Colégio São Joaquim, e, mais especialmente, do Laboratório de Psicologia Experimental. Conclui-se que os salesianos, em busca de uma formação mais qualificada para seus padres docentes, encontraram, na psicologia experimental e na psicometria, uma forma de garantir a base científica para sua prática pedagógica. Alguns desses padres se interessaram pela psicologia e dedicaram suas vidas a essa ciência, fazendo pesquisas, ensinando, debatendo, formando novos profissionais e prestando serviços à região.Palavras-chave: Psicologia científica. Sistema salesiano de educação. Formação dos profissionais da educação.
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O presente texto tem o objetivo apresentar as relações entre a personagem literária e o acontecimento. A partir de estudos inspirados em pensadores, como Nietzsche, Blanchot, Deleuze e Barthes, traçamos reflexões sobre três personagens distintas: a personagem conceitual, a personagem histórica e a personagem original ou literária. A personagem histórica foi associada à figura autoral em sua relação com a captura da experiência e a organização do discurso. A personagem conceitual está atrelada à trama dos conceitos na constituição da obra filosófica. Já a personagem original ou literária foi aproximada ao conceito de acontecimento para entendermos seu papel na experiência literária.
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O objetivo deste artigo é traçar uma linha através de alguns textos de Blanchot, recolhendo num todo coerente os variados temas relacionando literatura e revolução. Deparamo-nos em seus textos com passagens nas quais faz menção ao Terror, auge da Revolução Francesa, referindo-se a ela, em concordância com a interpretação hegeliana, como um obrar da morte, custo da liberdade absoluta. A relação entre literatura e revolução pode ser dividida em três momentos: em relação ao imaginário e a negatividade; em relação ao valor e a palavra inútil; em relação ao caráter fragmentário da literatura. O imaginário é a passagem, sem as mediações do tempo, do nada ao tudo, assim como a revolução inverte o regime político vigente. Para Blanchot, a literatura é um valor que não se avalia, o que exige uma forma de afirmação que supere a noção de valor, indo ao encontro do surrealismo como estética revolucionária.
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Há 60 anos, aos 60 anos, em 3 de novembro de 1957, parou de bater o coração de um homem que amei profundamente, embora eu tenha nascido 6 anos após a sua morte...
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O objetivo deste artigo é a análise da dinâmica retórica e dos conteúdos propostos num sermão proferido por Padre Antônio Vieira aos escravos de um engenho da região da Plataforma do Recôncavo Baiano pertencentes à Irmandade de Nossa Senhora do Rosário, em 1633, sendo o primeiro sermão pregado pelo jesuíta. Para isso, a História dos Saberes Psicológicos é utilizada como referencial teórico para interpretação após o processo de escolha das imagens a serem analisadas. O sermão discute a questão do bem-comum para os escravos, utilizando-se de elementos clássicos da retórica como a composição de imagens, visando a construção de argumentos persuasivos. A análise aprofunda o uso das imagens no que diz respeito ao seu efeito mobilizador do dinamismo psíquico dos ouvintes e a decorrente força persuasiva no que diz respeito aos argumentos propostos.
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Ao modo de ensaio científico-mito-poético, que deve ser lido literalmente, narra-se a emergência, em um tempo não cronológico, da visão de um filósofo, por meio de uma bio-bibliografia de seu próprio aprendizado, utilizando-se de fragmentos de uma memória intensiva, sub-representativa, ígnea. Para tanto, inspira-se no próprio estilo dos autores citados, que se tornam, por sua vez, personagens conceituais e figuras estéticas que escrevem uma constelação de ideias que prima por diferentes maneiras de se orientar no pensamento. Ao final, tais direções e linhas diferenciais convergem na própria intuição filosófica do vidente-narrador, ao modo de uma memória e profecia impessoal e singular.
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Como podemos pensar a relação entre noções do domínio da subjetividade, que se apresentam como irrefutavelmente constituídas cientificamente, e suas versões em um outro campo, de constituição diversa, que chamamos de “literário”? Tendo este questionamento como princípio norteador dos meus trabalhos nos últimos anos, este texto procura desenvolver a noção de “estranhamento emocional circunstancial”, criada por mim para matizar as limitadoras classificações nosológicas e cientificistas. Para tal, utilizo a correspondência entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa procurando evidenciar como estas narrativas expressam esta noção evidenciando a forma pela qual o campo literário se apresenta como cenário de lutas íntimas, travadas em torno das emoções, fundamentais para a Psicologia, e que ganham forma e estatuto diverso no campo da ciência, em particular no da Psiquiatria. A correspondência trocada entre Mario de Sá-Carneiro e Fernando Pessoa ganha sentido ao desvelar esta dupla relação, pois evidencia o paradoxo das emoções numa época em que expor-se, mesmo intimamente, não era parte das pretensões destes autores, mas que tornou-se uma tendência na atualidade. Este campo tem profundo interesse para a Psicologia, especialmente àquele vinculado ao Existencialismo de Jean-Paul Sartre, pensamento com o qual tenho grandes afinidades em minhas reflexões. O texto também coloca em cena as noções de saudade e melancolia, pois nelas encontramos também indícios que auxiliam a compor o que chamei de estranhamento emocional circunstancial.
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O artigo se propõe a analisar as interpretações da obra de Georges Bataille promovidas por Michel Foucault e Jacques Derrida, as quais proporcionam um entendimento da linguagem como experiência transgressiva. A partir delas torna-se possível a apreensão de um modelo de linguagem que, ao não se restringir às categorias de estrutura e representação, permite que se incluam nele experiências subjetivas que excedem e transgridem o modo de subjetivação dominante nas sociedades moderna e contemporânea.
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Procuraremos neste artigo desenvolver uma análise dos paradoxos lógicos formais que apareceram na construção da matemática e na lógica, no início do século XX e, através destes, analisarmos algumas das bases conceituais da psicanálise. A decisão que se impõe, como veremos, é aquela entre incompletude, por um lado, e inconsistência, por outro. Tal decisão implica na possibilidade de ler a psicanálise como uma teoria para a qual a elaboração do conceito de contradição seria fundamental, colocando-a em relação direta com a dialética hegeliana. Em nosso percurso, buscaremos também analisar algumas das proposições de Badiou acerca da totalidade ou do Um, de forma à relacioná-las à psicanálise.
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Tradução de Ruptures subjectives et investissements politiques: juin 2013 au Brésil et questions de continuité, de Maurizio Lazzarato e Tatiana Roque. Tradutora : Heliana de Barros Conde Rodrigues
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Não se constitui tarefa das mais simples a aproximação temática em questão entre duas dimensões de natureza tão díspares como a arte e a psicologia, em sua dimensão clínica. Enquanto a primeira consagra a eminência do fluir e de uma pertença dialogicamente miscível no aqui e agora, a segunda, pautada por uma pragmática do fazer técnico de proveniência da metafísica do controle e da previsão, tem como pathos fundamental o sucesso e a certeza, artífices do pensamento da tradição. Neste sentido, o texto procura elucidar a íntima relação entre a arte e o pensamento fenomenológico, filosofia esta explicitamente crítica a uma tradição metafísica que se hegemoniza no pensar moderno e contemporâneo, tendo no filósofo alemão Martin Heidegger seu principal interlocutor.
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O objetivo é apresentar a história e os elementos de uma experiência de formação em psicologia social do trabalho que tem sido desenvolvida em uma universidade pública com estudantes de graduação em psicologia que cursam disciplinas que incluem atividades práticas e estágios voltados às questões do mundo do trabalho e das organizações. Essas atividades são oferecidas pelo Centro de Psicologia Aplicada ao Trabalho em articulação com projetos de pesquisa e de extensão. Parte-se de reflexões da psicologia social e de outras áreas das ciências humanas para a compreensão e interpretação dos diversos temas abordados e das perspectivas teórico-metodológicas adotadas no campo. Desemprego, “mercado informal”, políticas públicas de trabalho, geração de renda, saúde do trabalhador, organização do trabalho, reestruturação produtiva, autogestão, economia solidária, cooperativismo, inserção de pessoas com deficiência no mundo do trabalho, histórias de trabalho, memória e trabalho, cotidiano e trabalho são alguns dos temas interrogados por alunos e supervisores.
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As substâncias psicoativas se tornaram elemento importante na sociabilidade contemporânea. Uma grande partilha social constituiu nos últimos 100 anos uma distinção entre as experiências de psicotropia legais e ilegais. Aos sujeitos no segundo polo são dados o tratamento policialesco e a violência. No presente artigo, debatem-se os efeitos dessa constituição histórica nas dimensões emocional, ética e técnica em torno do uso de drogas na contemporaneidade. Há uma aposta clara no desmonte das imagens cristalizadas que naturalizam as sustâncias psicoativas ilegais como um mal em si. Para tal intento, o texto se constitui por dois movimentos. Inicialmente, é uma produção alegorista, uma vez que esse método se apresenta como potente instrumento de entrada nas urdiduras afetivas formadas em torno da “questão das drogas”; na segunda parte, compõe com pesquisas de cunho genealógico sobre a temática, trazendo densidade ético-política para a discussão.
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Tipo de recurso
- Artigo de periódico (1.874)
- Conferência (1)
- Livro (471)
- Seção de livro (1.151)
- Tese (511)
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (405)
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Entre 2000 e 2024
(3.599)
- Entre 2000 e 2009 (1.082)
- Entre 2010 e 2019 (1.645)
- Entre 2020 e 2024 (872)
- Desconhecido (4)