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Neste artigo pretendemos abordar o surgimento da esquerda nas entidades profissionais dos psicólogos no início da década de 1980, com base em pesquisa realizada por meio de análise documental e de entrevistas com ex-participantes. Consideramos que o movimento atualizou o imaginário da transformação social que acompanhava o processo de abertura política e de redemocratização do país, cuja maior expressão foi a mobilização dos trabalhadores no movimento sindical liderado por Lula. O surgimento da esquerda nas entidades gerou um choque para a gestão da década de 1970, pois esta se preocupava mais com o desenvolvimento e a fiscalização do exercício profissional, enquanto a esquerda focalizou, além do exercício da profissão, as questões políticas e sociais.
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Atualmente, a morte não é mais motivo para sobressaltos. Espetáculo ao qual se arrisca assistir qualquer um que saia às ruas das grandes cidades, o contato com o corpo morto do outro foi se banalizando e deixando de abalar percepções e construir subjetividades. Resta uma dúvida: a morte não choca por ter se tornado banal e corriqueira, ou porque já não vemos esse ‘outro’ que cessa de existir como um semelhante? O que mudou, quando mudou, como mudou, para que o ‘sujeito hipermoderno’ tenha se tornado impermeável a essa descoberta? O que é essa ‘pós-humanidade’ que parece não reconhecer mais o outro como semelhante? Tentamos aqui estabelecer um panorama de como acontecem, nas cidades contemporâneas, as representações a respeito do sentido do humano, do valor conferido a esta humanidade e do impacto que acontece quando esta cessa de existir, seja através da morte, seja através da pura e simples indiferença.
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Nilce Azevedo Cardoso foi uma militante que viveu a clandestinidade, a prisão e a tortura durante a ditadura militar. Narra os horrores de sua experiência e afirma que “valeu a pena” lutar pra derrubar o regime de exceção vivido no país. Passados mais de trinta anos, diz que o que a manteve em combate, mesmo após a destruição de seu corpo-testemunha, foi a amizade. “O que faz com que nessas guerras absurdas, grotescas, nesses massacres infernais, que as pessoas, apesar de tudo, tenham se sustentado? Sem dúvida, um tecido afetivo” – afirma Michel Foucault referindo-se à amizade. Amizade que, para Hannah Arendt, está ligada à noção de “cuidado com o mundo”, entendido como compromisso com o mundo. Amizade e “cuidado com o mundo” que foram fundamentais na trajetória de Nilce Cardoso e Delsy Gonçalves de Paula. Delsy, também militante na época, foi uma das dirigentes da greve de Contagem em Minas Gerais, igualmente perseguida pela repressão e submetida aos horrores das salas de tortura.
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Fruto do projeto de qualificação de doutoramento no Departamento de Psicologia Social/UERJ, este artigo apresenta um percurso teórico que busca questionar a herança platônica na construção dos saberes, em particular no campo das psicologias. Partindo dos estudos desenvolvidos por Gregory Bateson, outros contrastes são apresentados em torno desta discussão epistemológica, na busca por uma articulação de autores que trazem críticas ao modelo platônico e, portanto, à Ciência. Nesse sentido, serão analisadas as contribuições de William James e de Vinciane Despret, bem como o pensamento libertário de Piotr Kropotkin e de Paul Feyerabend
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O artigo apresenta uma análise comparativa e crítica de duas abordagens comunicacionais do fenômeno self: a teoria dialógica e a teoria semiótica. Argumenta-se que as diferenças de ênfase na dimensão espaçotemporal do self em cada teoria implicam duas epistemologias e ontologias distintas. As duas perspectivas trabalham com o signo, que é a percepção de sentido conversacional (ou dialógica) e a funcionalidade (ou pragmática) da expressão. A perspectiva semiótica volta-se para a funcionalidade do fenômeno e recorta um contexto de pesquisa inserido na psicologia dos processos básicos, apoiando-se em uma ontologia evolucionária do self como gerador de signos. A perspectiva dialógica volta-se para a aplicabilidade do conceito e recorta um contexto de pesquisa aplicada direcionada para a psicologia clínica e para as relações interpessoais, apoiando-se em uma ontologia metafórica e romântica e mais preocupada com o diálogo entre as posições do self.
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Pesquisadores interessados no método genealógico são convidados a buscar pelas descontinuidades e rupturas na história. Logo, este artigo enfoca o método genealógico, usado por Michel Foucault, na análise do poder psiquiátrico no século XIX. Há alguns métodos de Foucault avaliados neste artigo: (a) Análise das práticas psiquiátricas e (b) Análise das formações discursivas – respectivamente os métodos genealógico (a) e arqueológico (b) descritos por Foucault. O saber psiquiátrico da época era baseado em tratamento moral da loucura, punição e outras táticas descritas por Foucault. No termo "genealogia", há a sugestão das origens complexas e mundanas das práticas psiquiátricas no século XIX. O asilo funcionava como um espaço médico demarcado pelo poder. As questões da direção administrativa, as técnicas de questionamento e punição os símbolos do conhecimento psiquiátrico tornaram-se temas principais no estudo de Foucault.
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As relações entre estudos em história da psicologia e estudos de representações sociais são analisadas, visando evidenciar as convergências entre objetivos e metodologias utilizados. Argumenta-se que, no caso dos estudos em história da psicologia de orientação externalista é importante demonstrar as conexões entre o contexto sócio-cultural e a elaboração das teorias em psicologia, seja no período pré-científico, seja no período de desenvolvimento da psicologia científica. Também os estudos das representações pretendem demonstrar as conexões entre o contexto sócio-cultural e a elaboração e difusão de redes de significados compartilhados que constituem o saber do senso comum, muitas vezes observando as relações entre conhecimento científico e senso comum. As metodologias de análise das representações sociais são semelhantes às metodologias de estudo da história de conceitos científicos.
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Este trabalho trata-se de um relato de experiência profissional e é fruto de uma visita do Prof. Dr. Irmão Henrique Justo a Fortaleza, integrando a mesa redonda intitulada Histórias da História da Psicologia Humanista no Brasil promovida pelo Laboratório RELUS do Mestrado em Psicologia da Universidade de Fortaleza. Da sua comunicação traçamos seu percurso como o pioneiro da Psicologia Humanista no Brasil: desde informações sobre sua formação profissional até um pouco de sua trajetória na Psicologia, principalmente no tocante ao seu encontro com Carl Rogers e com a Abordagem Centrada na Pessoa. Para tanto, valemo-nos de sua própria perspectiva, mantendo a fidedignidade de seus relatos e o seu tom experiencial. O contato com o Ir. Henrique Justo foi de muito aprendizado para os autores deste texto, o que nos motivou a continuar escrevendo as histórias da história da Psicologia Humanista no Brasil.
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As discussões na filosofia socrático-platônico e em Aristóteles sobre a ética geraram uma psicologia intelectualista. Tal psicologia resultou da procura pelo especificamente humano (areté), compreendido enquanto a racionalidade como princípio organizador da conduta. O objetivo de nosso artigo é expor esta psicologia intelectualista, considerando-a como um paradigma antropológico que demarcou grandes temas acerca da compreensão do humano. A presença da herança intelectualista sobre a psicologia científica do século XX é identificada na psicologia moral de Piaget e em Daniel Dennett. Epistemológica e historiograficamente nosso artigo mostra que a compreensão da psicologia construída no século XX é beneficiada quando consideramos sua relação com grandes paradigmas antropológicos que estabeleceram as principais bases acerca da discussão sobre o homem. O exame desta relação exige considerar um passado que vai além da construção da psicologia na modernidade.
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Este trabalho apresenta uma modalidade de abordagem do fenômeno da violência pela via do horizonte propiciado na dimensão da ética. O propósito deste artigo consiste em examinar as relações entre ética e violência no que diz respeito a suas possíveis conseqüências psíquicas. A partir do modo como violência é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) destaca sua articulação com vários temas como força, poder, política, terror e burocracia. Será apontada e discutida a dimensão ética a partir de uma situação paradigmática para a reflexão posterior sobre a situação de violência e vulnerabilidade. Apresentamos uma posição quanto às relações entre ética e violência: estas não deveriam ser pensadas apenas a partir da concepção imediata da vítima mas deve-se ressaltar uma espécie de transmissão intergeracional e intercultural da vulnerabilidade. Isso é compatível com a repetição que se verifica em numerosas formas de violência em vários contextos culturais.
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Este artigo tem como foco a área portuária do Rio de Janeiro, traduzida nos bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo, localizada na região central da cidade. A abordagem da pesquisa que originou o trabalho, interdisciplinar e interinstitucional, problematiza questões do espaço urbano e da memória nele construída e ressignificada por seus moradores. Analisa, ainda, a literatura produzida sobre o tema, pelos principais cronistas da história urbana, no sentido de indicar as transformações ocorridas na área portuária ao longo dos séculos, no duplo olhar dos historiadores e das pessoas comuns que sofrem os efeitos das mudanças urbanísticas nem sempre pautadas nos interesses das populações mais pobres da cidade.
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O objetivo de um pregador é mudar juízos e atitudes. O instrumento que possibilita o sucesso da pregação é a palavra eficaz. Os jesuítas compartilhavam a concepção da arte retórica clássica e moderna de que o poder da palavra decorre da capacidade de atingir e mobilizar o dinamismo psíquico dos destinatários. Nas psicologias filosóficas formuladas por Aristóteles e Tomás, o mundo anímico estrutura-se em potências sensoriais externas e internas, afetivas, cognitivas e volitivas. A palavra do pregador move tais potências, também conhecidas como sentidos internos, que fornecem os objetos imateriais intimamente relacionados com as coisas no mundo e através dos quais o entendimento pode identificar e separar a natureza das coisas. No Sermão da Oitava da Páscoa de 1656, pregado por Antônio Vieira em Belém, estes elementos convergem para possibilitar o ”˜desengano'. A tristeza pelas minas não encontradas deveria ser mudada em alegria pelo bem maior do Reino Português, as almas.
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Tomam-se, aqui, obras de Wilhelm Wundt e William James para mostrar que a psicologia nasce como projeto científico no final do século XIX. Esse projeto diferencia psicologia como ciência de psicologia como metafísica. Dessa perspectiva, a história da psicologia é concebida como história da psicologia científica e a pré-história da psicologia é concebida como história da psicologia metafísica. Mas as concepções de ciência de Wundt e James são diferentes. Da perspectiva da epistemologia unitária, a psicologia não se constitui como ciência. Nesse caso, a história da psicologia é concebida como pré-história dessa disciplina e sua história como ciência só começará se ela adquirir unidade. Da perspectiva da epistemologia pluralizada, a história da psicologia é história da cultura, o que significa dizer que é história das tradições de pensamento psicológico e filosófico e, também, história das ideias. Conclui-se que, da perspectiva da epistemologia pluralizada, epistemologia e história da psicologia adquirem uma perspectiva antropológica, o que equivale a dizer que a pré-história da psicologia não existe, e que a história dessa disciplina pode começar em qualquer época e lugar. E, finalmente, que o esclarecimento da psicologia como ciência depende da história da ciência e da cultura psicológica.
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Embora seja geralmente louvado nos manuais de história da psicologia como fundador da psicologia científica, grande parte da obra de Wilhelm Wundt permanece desconhecida por parte dos psicólogos contemporâneos, sobretudo no que diz respeito à relação entre filosofia e seu pensamento psicológico. O presente artigo pretende apresentar uma visão geral dos pressupostos filosóficos envolvidos na fundamentação do projeto wundtiano de uma psicologia científica. Após uma breve contextualização geral de sua obra e a exposição de alguns problemas de interpretação na literatura contemporânea, são enfatizadas as concepções de objeto e método da psicologia. Além disso, são apresentados dois princípios fundamentais de seu projeto psicológico, a saber, o princípio do paralelismo psicofísico e o princípio da síntese criadora. Ao final, alguns mal-entendidos são desfeitos, sugerindo a atualidade do pensamento de Wundt para os debates contemporâneos na psicologia.
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A fundação do Laboratório de Psicologia Experimental da Universidade de Leipzig, em 1879, é geralmente celebrada na literatura como o marco inicial da psicologia científica. No entanto, essa celebração raramente vem acompanhada de um maior esclarecimento acerca do significado daquela realização institucional para o desenvolvimento histórico da psicologia. O objetivo do presente trabalho é indicar alguns fatores histórico-culturais relacionados à fundação do referido Laboratório, enfatizando a influência de Wilhelm Wundt na formação e no treinamento de toda uma nova geração internacional de psicólogos. É possível compreender, assim, que a importância do Laboratório não reside exatamente no fato de ele ter sido o primeiro em seu gênero, mas sim no fato de ele ter se tornado o primeiro centro internacional de formação de psicólogos.
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Situado no campo da História dos saberes psicológicos no Brasil, o presente artigo apresenta dois compêndios produzidos em Minas Gerais nos anos de 1847 e 1849, cujo tema é a descrição da estrutura e do funcionamento das faculdades da alma humana e da origem das idéias. As obras trazem uma sistematização sobre os conceitos de alma, inteligência, consciência, sensibilidade e vontade. A partir da descrição de tais conceitos é possível evidenciar a filiação destas obras às matrizes teóricas, principalmente francesas, tais como a ideologia e o espiritualismo eclético. Ao final comenta-se a relação entre autores, e o modo de apropriação de conhecimento textual, como evidenciado na escrita dos autores mineiros pela forma de se referenciar aos originais europeus.
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- Entre 1900 e 1999 (118)
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Entre 2000 e 2025
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- Entre 2000 e 2009 (509)
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