A sua pesquisa
Resultados 1.670 recursos
-
O presente trabalho tem como objetivo problematizar a relação entre a Psicologia Social e a Educação. Discute-se a produção da exclusão nas instituições escolares e os processos de normatização que vêm gerando a medicalização exacerbada das crianças e a judicialização da vida cotidiana.
-
Este artigo pretende abordar alguns sentidos para a experiência da loucura que, em diferentes tempos históricos e em campo fértil e poroso, se embaralham e se confundem em um entrelaçamento com a vida e a cultura, produzindo subjetividades. A loucura como alteridade, diferença e estranhamento nos é tão longínqua e, ao mesmo tempo, tão próxima. Atravessada por ambigüidades, dicotomias e polissemias, ela nos perturba, marcando discursos e práticas que evidenciam a tensão entre lógicas que divergem e convergem entre si, e devem ser colocadas em análise. Para tal, busca-se aliança com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Pelbart, dentre outros que nos convocam a entendê-la enquanto instituição, como experiência complexa, disruptiva, múltipla, cuja processualidade, movimento incessante e potência instituinte podem ser capturados e estagnados, assumindo o caráter de “doença/sofrimento”. Tal captura não é um fim em si mesmo, engendrando outras possibilidades, inventividades e sentidos para a loucura diferir.
-
O artigo parte da situação da cidade de Porto Alegre e seu Hospital Psiquiátrico São Pedro na metade do século XX, constituídos a partir de uma geometria disciplinar centralizante,a qual buscava subjetivar corpos e gestos adequados para o trabalho industrial e aos padrões de convivência da civilidade urbana. Partindo desta configuração das forças, passamos a uma genealogia dos primeiros espasmos de dispersão que tomaram tais espaços, possibilitando sua transformação pelas práticas atuais: por um lado, no espaço urbano contemporâneo com suas segmentações privadas dispersivas; por outro, na atual reforma psiquiátrica, com a descentralização da assistência. Passando pelo momento de superlotação do Hospital e do Centro da cidade, para chegar às primeiras práticas de esvaziamento do centro urbano e da centralidade do espaço asilar, acompanhamos os movimentos que vão até o início dos anos 1980, criando as condições para a possibilidade da reforma no RS da década de 1990.
-
A maioria das discussões acerca das deficiências toma uma de duas direções. A primeira se refere às políticas de inclusão, enfatizando a igualdade entre deficientes e não deficientes. A segunda destaca a diferença – a deficiência é vista como um déficit, desconsiderando sua potência para recriar subjetividade, aprender, se relacionar e habitar na cidade. Uma terceira direção, mais interessante, vê o deficiente como portador de necessidades especiais.Concernindo à deficiência visual, estudos cognitivos apontam para as particularidades do cego atentando também para suas potencialidades. De acordo com Hatwell (2003), a diferença cognitiva entre cegos e videntes diz respeito à locomoção e percepção espacial. As dificuldades do deficiente visual não provêm de uma falta de competência cognitiva, mas decorrem da ausência de dados perceptivos do ambiente. Segundo Rieser et al (1990), o que permite aos videntes se locomover organizadamente é a relação entre movimentos realizados e as mudanças de distância e direção entre os objetos e si mesmos. Para os deficientes visuais não há um fluxo visual contínuo; assim, numa cidade feita para videntes, surgem diversas dificuldades para os cegos. O trabalho visa a investigar três situações: pegar ônibus, atravessar ruas e desviar de orelhões. Tenciona observar essas situações, que dificuldades podem surgir e quais os dispositivos e estratégias criadas. As observações ocorreram nos arredores do Instituto Benjamin Constant. Realizaram-se também entrevistas com vistas a obter depoimentos dos deficientes visuais. Conclui que para alcançar a igualdade é preciso criar condições que atendam às particularidades do deficiente.
-
Neste artigo pretendemos abordar o surgimento da esquerda nas entidades profissionais dos psicólogos no início da década de 1980, com base em pesquisa realizada por meio de análise documental e de entrevistas com ex-participantes. Consideramos que o movimento atualizou o imaginário da transformação social que acompanhava o processo de abertura política e de redemocratização do país, cuja maior expressão foi a mobilização dos trabalhadores no movimento sindical liderado por Lula. O surgimento da esquerda nas entidades gerou um choque para a gestão da década de 1970, pois esta se preocupava mais com o desenvolvimento e a fiscalização do exercício profissional, enquanto a esquerda focalizou, além do exercício da profissão, as questões políticas e sociais.
-
Atualmente, a morte não é mais motivo para sobressaltos. Espetáculo ao qual se arrisca assistir qualquer um que saia às ruas das grandes cidades, o contato com o corpo morto do outro foi se banalizando e deixando de abalar percepções e construir subjetividades. Resta uma dúvida: a morte não choca por ter se tornado banal e corriqueira, ou porque já não vemos esse ‘outro’ que cessa de existir como um semelhante? O que mudou, quando mudou, como mudou, para que o ‘sujeito hipermoderno’ tenha se tornado impermeável a essa descoberta? O que é essa ‘pós-humanidade’ que parece não reconhecer mais o outro como semelhante? Tentamos aqui estabelecer um panorama de como acontecem, nas cidades contemporâneas, as representações a respeito do sentido do humano, do valor conferido a esta humanidade e do impacto que acontece quando esta cessa de existir, seja através da morte, seja através da pura e simples indiferença.
-
Nilce Azevedo Cardoso foi uma militante que viveu a clandestinidade, a prisão e a tortura durante a ditadura militar. Narra os horrores de sua experiência e afirma que “valeu a pena” lutar pra derrubar o regime de exceção vivido no país. Passados mais de trinta anos, diz que o que a manteve em combate, mesmo após a destruição de seu corpo-testemunha, foi a amizade. “O que faz com que nessas guerras absurdas, grotescas, nesses massacres infernais, que as pessoas, apesar de tudo, tenham se sustentado? Sem dúvida, um tecido afetivo” – afirma Michel Foucault referindo-se à amizade. Amizade que, para Hannah Arendt, está ligada à noção de “cuidado com o mundo”, entendido como compromisso com o mundo. Amizade e “cuidado com o mundo” que foram fundamentais na trajetória de Nilce Cardoso e Delsy Gonçalves de Paula. Delsy, também militante na época, foi uma das dirigentes da greve de Contagem em Minas Gerais, igualmente perseguida pela repressão e submetida aos horrores das salas de tortura.
-
Fruto do projeto de qualificação de doutoramento no Departamento de Psicologia Social/UERJ, este artigo apresenta um percurso teórico que busca questionar a herança platônica na construção dos saberes, em particular no campo das psicologias. Partindo dos estudos desenvolvidos por Gregory Bateson, outros contrastes são apresentados em torno desta discussão epistemológica, na busca por uma articulação de autores que trazem críticas ao modelo platônico e, portanto, à Ciência. Nesse sentido, serão analisadas as contribuições de William James e de Vinciane Despret, bem como o pensamento libertário de Piotr Kropotkin e de Paul Feyerabend
-
Neste artigo propusemos a reflexão sobre a multiplicidade de significações que o processo de guardar lembranças e contar a História adquirem no devir do tempo. A partir da análise das repercussões que emanaram de uma exposição de fotos dos acervos pessoais de servidores de uma instituição do Poder Judiciário, em que a memória coletiva foi evocada a partir da individual, abordamos a passagem do tempo operando na constituição e no cuidado de si, baseados nos conceitos propostos por Michel Foucault. Procuramos ressaltar também, dentro do âmbito pessoal e institucional, o quanto o olhar para o passado influencia a construção do futuro, podendo tanto trazer a criação do novo quanto sucumbir à naturalização de verdades que fazem repetir o mesmo.
-
Neste trabalho, são revisitados dois artigos de Michel Pêcheux (1938-1983), um dos principais formuladores da análise do discurso (AD): Reflexões sobre a situação teórica das ciências sociais (1966); Conjuntura teórica da psicologia social (1970). Mostra-se que, na formulação da AD, o vínculo com a disciplina psicológica foi importante, embora negativo. Além disso, o artigo de 1970 pode ser visto como uma verdadeira análise do discurso da psicologia social em evidência na época. Diferentes teorias da psicologia social são apresentadas e, por meio de uma leitura/escuta social, são apontadas suas características biologistas, culturalistas ou sociologistas. Mostra-se que cada teoria, para dar conta do que lhe falta, lança mão de ideologias, ora políticas, morais e religiosas, ora provenientes das ciências biológicas. Argumenta-se, no final do artigo, que esse dispositivo de análise utilizado guarda estreita afinidade com a análise do discurso atual.
-
Os sete sermões de Antonio Vieira (1608-1697) sobre o tempo litúrgico do Advento explicitam a articulação, através da ars retorica, entre os aspectos da visão de mundo jesuítica inerentes ao período do Advento (período em que se abordam questões como a finalidade da vida terrena, a ação humana e seu valor histórico, a natureza humana e seu destino transcendente) e os movimentos que se esperava obter do universo anímico dos ouvintes através do uso da palavra. Vieira compõe a dinâmica dos afetos de modo a relacioná-los com o entendimento. O homem envolvido em uma dinâmica afetiva pode ter em seu interior a fonte de todos os enganos, mas também da salvação. São as relações travadas entre conhecimento e afetos que definem o modo pelo qual o ser humano perceberá o mundo e conceberá a si mesmo, e como tal atuará na realidade.
-
Este trabalho pretende aproximar o filme “La tregua”, baseado na obra de Primo Levi, e os efeitos do filme “Tropa de Elite” no cenário brasileiro, visando problematizar uma curiosa semelhança: a permissão para a violência. Para tanto, buscaremos dialogar com autores como Zygmunt Bauman, Hannah Arendt, Cecília Coimbra e Giorgio Agamben, dentre outros, sendo que, a partir deste último, nos serviremos do conceito de Estado de Exceção e apontaremos suas modulações. Uma delas se materializa na naturalização de assassinatos que não têm penalidade jurídica, fomentada, por sua vez, pela produção da imagem de “estado de guerra” que lhe serve de base. Se a estrutura da exceção é entendida como um mecanismo jurídico que se organiza na suspensão dos direitos em nome da necessidade da ordem e esta possibilitou o nascimento dos campos de concentração, observamos que ela ressurge, de maneira sutil, na relação entre pobreza = criminalidade = repressão da violência = naturalização de assassinatos.
-
O presente trabalho é parte de minha tese de doutoramento em Psicologia Social e procura analisar, por meio da contextualização histórica das diferentes perspectivas da Análise do Discurso, as configurações teórico-metodológicas desse procedimento no âmbito da Psicologia Social. Destacando o percurso dos diferentes teóricos e sua trajetória ao longo dos diversos campos de estudo que compõem o vasto universo da análise do discurso, o artigo discute as (im)pertinências da utilização das diferentes modalidades na Psicologia Social. Destaca as peculiaridades que, de modo geral, dizem respeito ao lugar que o sujeito ocupa na ordem dos discursos e ao valor que as noções de ideologia e de poder possuem nas práticas discursivas como os principais elementos de articulação teórica e metodológica a serem atentados pelos pesquisadores em Psicologia Social.
-
Nesse artigo discutimos a operacionalidade dos conceitos de normatização e normalização para pensar as práticas de saúde no contexto da Saúde Coletiva. A Saúde Coletiva pretende ser uma ruptura com a Saúde Pública, ao negar o monopólio do discurso científico e biológico, incluindo as dimensões simbólica, ética e política na discussão sobre as condições de saúde da população. Sendo assim, na primeira parte do artigo acompanhamos o nascimento da Saúde Pública, bem como a problematização desse modelo pela Saúde Coletiva. Em seguida, apresentamos duas importantes contribuições para essa desconstrução: as considerações em torno do normal e do patológico, realizadas por G. Canguilhem e os estudos de M. Foucault sobre a disciplinarização da sociedade moderna. Ao final, relacionamos diferentes concepções de saúde com o pensamento de Canguilhem, no intuito de refletirmos sobre como a Saúde Coletiva pode constituir práticas de ação coletivas que sejam também normativas e não apenas normalizadoras.
Explorar
Autor
Tipo de recurso
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (80)
-
Entre 2000 e 2025
(1.590)
- Entre 2000 e 2009 (453)
- Entre 2010 e 2019 (794)
- Entre 2020 e 2025 (343)