A sua pesquisa
Resultados 1.843 recursos
-
Este artigo examina a desmontagem da Hipótese Repressiva de Michel Foucault com o propósito de verificar as condições mediante as quais o discurso freudiano sobre o sexo é construído. Antes de questionar a propalada repressão com a qual o freudismo firmou o seu lugar entre os saberes ocidentais, a letra foucaultiana nos convida realizar um ‘passo atrás’ para escrutinar o que permite à psicanálise efetivar um esforço obsessivo para enunciar uma suposta repressão. A questão é outra, portanto, bem aquém do fato de sermos ou não reprimidos: o que a psicanálise ganha com esse discurso? Para tanto, se recorre ao primeiro volume de História da Sexualidade de Foucault num esforço de construção de ferramentas conceituais para manejar elementos da rede epistêmica freudiana.
-
Conceitos psicológicos presentes na psicologia contemporânea foram objeto de ampla discussão na teologia medieval, que produziu tradições que influenciam a psicologia moderna. Abordamos a psicologia de Tomás de Aquino. Nossa hipótese é que Tomás de Aquino é representante da psicologia intelectualista, mas incorporou a discussão sobre a vontade, introduzida pelo pensamento paulinoagostiniano e desconhecida pelo intelectualismo grego. No desenvolvimento de sua psicologia da relação entre intelecto e vontade Tomás de Aquino desenvolveu uma teoria da vontade teleologicamente orientada pelo intelecto, rompendo com a teoria agostiniana da vontade ambivalente. Argumentamos também que na psicologia moderna encontramos teorias nas quais há recorrência de problemas salientados na psicologia tomista.
-
Estudaram-se características predominantes das formas de representação de si-mesmo na infância/adolescência em autobiografias de 27 escritores brasileiros do século XX, de diversos períodos literários que relataram episódios de relacionamentos adulto-criança e criança-adulto, no âmbito familiar. Marcados pelo sofrimento físico e/ou psíquico. A pesquisa documental tomou como temática a infância/adolescência e como personagens o adulto responsável e a criança/adolescente. O relacionamento da criança/adolescente-adulto responsável evidenciou-se (54,5%) pelo medo, submissão, indiferença afetiva ou ambiguidade (admiraçã-oódio). Na representação de si-mesmo na infância/adolescência predominou (66,3%) a negatividade caracterizada por sentimentos de culpa, fragilidade, fracasso, submissão, manipulação e infelicidade. Os resultados marcam o caráter evolutivo da construção de significados sociais da infância, no Brasil, próprias de práticas cotidianas da primeira metade do século XX; mostram a importância da família na estruturação das temáticas que orientaram a representação de si-mesmo e de modo mais amplo da cultura, moldando a concepção de pessoalidade do indivíduo.
-
Da análise de algumas cartas Indipetae, chegamos a descrever um dinamismo de elaboração da experiência revelador de um modus vivendi construído sobre as bases da chamada psicologia filosófica aristotélicotomista. Com o presente artigo pretendemos apresentar um aspecto desse vivido e suas influências e implicações, tomando como referência os contextos histórico e institucional de produção do gênero de documentos com o qual trabalhamos – correspondência epistolar jesuítica –, bem como o horizonte retórico dessa produção. O aspecto a que nos dedicamos, presentemente, é à “obediência”: segundo passo de um dinâmica – a que demos o nome de “experiência de liberdade” – composta de três momentos: “conhecimento de si”, “obediência” e “consolação”. Como resultado da investigação, identificamos uma forma de compreensão da obediência somente possível na medida da consideração do Homem Total, na sua unidade biopsíquicosócioespiritual, típica da mentalidade da Antiga Companhia de Jesus.
-
Este trabalho é parte dos resultados de pesquisa mais ampla intitulada “As instituições universitárias e a construção da reforma psiquiátrica em Minas Gerais anos 60, 70 e 80”, Investiga-se a formação universitária oferecida no curso de Psicologia da Universidade Federal de Belo Horizonte. O objetivo principal é identificar e avaliar a participação das variáveis de cultura formal em processos de mudança social, investigando as relações das principais instituições de credenciamento profissional de nível superior em psicologia e psiquiatria com o processo de reforma psiquiátrica em Minas Gerais.
-
Este artigo trata das relações entre ética e memória popular, dialogando com narrativas orais de marisqueiras e pescadores artesanais de Ilhéus, Bahia. Diante da modernização e das políticas para a pesca na Bahia das diversas instituições que lidam com os pescadores artesanais, percebemos uma defesa das artes tradicionais da pesca nas memórias e narrativas das marisqueiras e pescadores. Estes modos de vida encontram-se no centro de um diálogo e debates sobre tradições, mercados de abastecimento, organização de associações e colônias de pescadores, instituições da pesca e universidade.
-
As sociedades contemporâneas, inscritas no modo de produção capitalista, estão envolvidas em um processo de subjetivação, ou seja, de produção continuada de modos de pensar, de sentir, de avaliar, que se revertem na manutenção desta mesma ordem social. Um dos processos mais evidentes no contexto da subjetivação é a valoração de diferentes aspectos da vida a partir da quantificação econômica, de forma que o próprio capital torna-se doador de valor e de sentido para diferentes domínios da vida. A existência torna-se unidimensional, perdendo a complexidade à medida que substitui os múltiplos sistemas de valor pela valoração capitalista. Também a sexualidade inscreve-se na subjetivação capitalística: por um lado, ela comparece associada às mercadorias numa infinidade de peças publicitárias; por outro, permanentemente associada ao universo das mercadorias, acaba por adquirir algumas das suas qualidades. É nesse contexto que se verifica o aumento das relações amorosas de curta duração, relações descartáveis.
-
Um dos campos possíveis para o estudo do surgimento dos saberes psicológicos é o das práticas de governo, ou governamentalidade, que se definem como as formas como se estrutura a condução da conduta alheia desde as formas pastorais do cristianismo primitivo até os modos atuais do Estado contemporâneo. Nas novas formas de governo presentes nas sociedades democráticas contemporâneas, o discurso psicanalítico, assim como as diversas práticas psi têm especial importância enquanto modo de gestão tecnocrática. Partimos da idéia de que a psicanálise é uma prática que se perpetua para além do consultório e de uma práxis individual, tendo um papel diretivo nas políticas sociais. O objetivo deste trabalho é estudar como o discurso psicanalítico produz formas de gestão de si e dos outros, pensando sua atuação dentro das instituições, no governo de coletivos, assim como de equipes no interior da reforma psiquiátrica.
-
Este trabalho consiste numa revisão que procura trazer à tona questões relativas às especificidades do contexto da produção neurofisiológica da Rússia de fins do século XIX e dos primórdios do século XX. Entende-se que ao revisitar aspectos da história política e ideológica dos períodos anteriores e posteriores ao ano de 1917, sejam trazidos à luz elementos relevantes que fomentem reflexões acerca dos impactos produzidos pelo advento da escola científica erigida naquele país, que ficaria conhecida como Reflexologia Soviética, sobre campos de conhecimento emergentes, como por exemplo, as neurociências.
-
Trata-se de um estudo sobre a história da disciplina “psicologia” lecionada na Escola Normal Antonino Freire, ao longo de mais de 80 anos, na cidade de Teresina – PI. Seu objetivo consiste em conhecer o percurso histórico dessa disciplina a partir de suas ementas, dos conteúdos trabalhados nas aulas e do material bibliográfico indicado pelos professores responsáveis. A estratégia metodológica partiu, em um primeiro momento, da análise documental do material pertencente ao arquivo da instituição: documentos, relatórios, diários de classe, provas e histórico dos alunos; e, em um segundo momento, de entrevistas narrativas com os professores que ministraram a disciplina, a partir dos anos de 1970. O estudo apontou para a importância que a psicologia teve nos currículos da Escola Normal do Piauí, bem como na formação de professores na cidade de Teresina.
-
A relação entre futebol e política é algo que assume contornos muito nítidos em nossa sociedade neste início de século XXI. Não se pode considerar como rara a aproximação entre figuras proeminentes do poder, nas suas diferentes esferas, e clubes de futebol ou a seleção nacional. Uma aproximação que, no contexto das décadas de 1930 e 1940 – com a ascensão de Getúlio Vargas ao poder –, apresentava um caráter mais efetivo ante a afirmação do futebol perante os diferentes setores sociais. Este artigo analisa a dinâmica conflitiva da relação futebol / política a partir do projeto varguista de utilização dos estádios do Pacaembu (SP) e São Januário (RJ) como plataformas de propaganda dos ideais do regime, ressaltando o contraponto deste processo quanto ao sentido destes monumentos para os torcedores comuns, cuja concepção, a despeito do valor destes palcos, não se enquadrava necessariamente nos moldes que lhes eram propostos naquele momento histórico.
-
O presente artigo faz uma revisão dos anos iniciais de trabalho de Nise da Silveira, entre 1944 e 1952. Neste período, anterior aos seus estudos vinculados à abordagem de C.G. Jung, Nise da Silveira fez sua passagem do campo da neurologia para a psiquiatria e combateu práticas como o eletrochoque, o coma insulínico e a lobotomia. Ao abandonar as práticas médicas convencionais, propôs a utilização de atividades expressivas como método não agressivo. A partir das produções dos ateliês da Seção de Terapêutica Ocupacional do Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro, coordenado por ela a partir de 1946, Nise da Silveira fundou, em 1952, o Museu de Imagens do Inconsciente.
-
O artigo problematiza o conceito de instituição a partir da proposição deleuziana de que os conceitos com alto grau de ‘porosidade’ viabilizam múltiplas formas de com eles operar. Persegue as variações compreensivas que este conceito vai assumindo nas diferentes correntes do movimento institucionalista francês. Percorre, para isso, brevemente, as condições históricas que resultaram nas elaborações teóricas de cada uma das principais correntes do movimento para delinear os efeitos metodológicos por elas produzidos. O artigo se encerra com a apresentação, em quadros comparativos, de conceitos-chave que sintetizam as nuances diferenciais entre cada uma das cinco correntes abordadas: a psicossociologia, a pedagogia institucional, a psicoterapia institucional, a análise institucional e a esquizoanálise.
-
O presente trabalho tem como objetivo problematizar a relação entre a Psicologia Social e a Educação. Discute-se a produção da exclusão nas instituições escolares e os processos de normatização que vêm gerando a medicalização exacerbada das crianças e a judicialização da vida cotidiana.
-
Este artigo pretende abordar alguns sentidos para a experiência da loucura que, em diferentes tempos históricos e em campo fértil e poroso, se embaralham e se confundem em um entrelaçamento com a vida e a cultura, produzindo subjetividades. A loucura como alteridade, diferença e estranhamento nos é tão longínqua e, ao mesmo tempo, tão próxima. Atravessada por ambigüidades, dicotomias e polissemias, ela nos perturba, marcando discursos e práticas que evidenciam a tensão entre lógicas que divergem e convergem entre si, e devem ser colocadas em análise. Para tal, busca-se aliança com autores como Foucault, Deleuze, Guattari, Pelbart, dentre outros que nos convocam a entendê-la enquanto instituição, como experiência complexa, disruptiva, múltipla, cuja processualidade, movimento incessante e potência instituinte podem ser capturados e estagnados, assumindo o caráter de “doença/sofrimento”. Tal captura não é um fim em si mesmo, engendrando outras possibilidades, inventividades e sentidos para a loucura diferir.
-
O artigo parte da situação da cidade de Porto Alegre e seu Hospital Psiquiátrico São Pedro na metade do século XX, constituídos a partir de uma geometria disciplinar centralizante,a qual buscava subjetivar corpos e gestos adequados para o trabalho industrial e aos padrões de convivência da civilidade urbana. Partindo desta configuração das forças, passamos a uma genealogia dos primeiros espasmos de dispersão que tomaram tais espaços, possibilitando sua transformação pelas práticas atuais: por um lado, no espaço urbano contemporâneo com suas segmentações privadas dispersivas; por outro, na atual reforma psiquiátrica, com a descentralização da assistência. Passando pelo momento de superlotação do Hospital e do Centro da cidade, para chegar às primeiras práticas de esvaziamento do centro urbano e da centralidade do espaço asilar, acompanhamos os movimentos que vão até o início dos anos 1980, criando as condições para a possibilidade da reforma no RS da década de 1990.
-
A maioria das discussões acerca das deficiências toma uma de duas direções. A primeira se refere às políticas de inclusão, enfatizando a igualdade entre deficientes e não deficientes. A segunda destaca a diferença – a deficiência é vista como um déficit, desconsiderando sua potência para recriar subjetividade, aprender, se relacionar e habitar na cidade. Uma terceira direção, mais interessante, vê o deficiente como portador de necessidades especiais.Concernindo à deficiência visual, estudos cognitivos apontam para as particularidades do cego atentando também para suas potencialidades. De acordo com Hatwell (2003), a diferença cognitiva entre cegos e videntes diz respeito à locomoção e percepção espacial. As dificuldades do deficiente visual não provêm de uma falta de competência cognitiva, mas decorrem da ausência de dados perceptivos do ambiente. Segundo Rieser et al (1990), o que permite aos videntes se locomover organizadamente é a relação entre movimentos realizados e as mudanças de distância e direção entre os objetos e si mesmos. Para os deficientes visuais não há um fluxo visual contínuo; assim, numa cidade feita para videntes, surgem diversas dificuldades para os cegos. O trabalho visa a investigar três situações: pegar ônibus, atravessar ruas e desviar de orelhões. Tenciona observar essas situações, que dificuldades podem surgir e quais os dispositivos e estratégias criadas. As observações ocorreram nos arredores do Instituto Benjamin Constant. Realizaram-se também entrevistas com vistas a obter depoimentos dos deficientes visuais. Conclui que para alcançar a igualdade é preciso criar condições que atendam às particularidades do deficiente.
Explorar
Tipo de recurso
Ano de publicação
- Entre 1900 e 1999 (118)
-
Entre 2000 e 2025
(1.725)
- Entre 2000 e 2009 (509)
- Entre 2010 e 2019 (830)
- Entre 2020 e 2025 (386)