A sua pesquisa
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O artigo “L’expérience russe – L’éducation sociale des enfants” (Antipoff, 1924), reproduzido a seguir, foi escrito pela psicóloga e educadora russo-brasileira Helena Antipoff (1892-1974) e publicado na revista La Semaine Littéraire , em Genebra, em 1924. Trata-se de documento expressivo, original, uma espécie de documento-monumento, no sentido proposto por Zumthor (1960), peça histórica única, testemunho de uma época e de ações humanas empreendidas em um determinado contexto com sentido propositivo, destinado a se tornar um clássico para a posteridade. A narrativa é constituída por um relato de primeira mão sobre o projeto de educação social formulado na Rússia pelos bolcheviques nos primeiros anos após a revolução comunista de 1917 e seus desdobramentos, observados na aplicação prática dos princípios idealizados. Resulta de observação da autora como participante direta de instituições encarregadas de colocar em operação propostas educativas decorrentes das políticas implantadas no território russo naquele período conturbado, de grande instabilidade social. Período marcado também pelas tentativas nem sempre bem sucedidas de realizar os ideais revolucionários inspirados na crítica ao capitalismo formulada por Karl Marx e interpretada pela primeira geração de líderes bolcheviques.
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Este artigo tem como objetivo primeiro chamar a atenção para a efemeridade do conceito de b iopolítica nos escritos de Foucault. Investigaremos inicialmente a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Segurança, território e população (1977-1978) e O nascimento da biopolítica (1978-1979), focando especialmente na passagem para o conceito de governamentalidade. A partir desse exame, nosso objetivo é utilizar as suas últimas formulações para entender os modos de gestão presentes nas práticas psi, entendendo-as, conforme autores como Foucault ou Rose, como liberais ou neoliberais. Dentre as práticas psi, destacaremos as presentes em dispositivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, como os Centros de atenção psicossocial, existentes desde os anos 1980. Para tal, apresentaremos para o leitor estrangeiro as linhas gerais da Reforma Psiquiátrica Brasileira e seus dispositivos, a fim de tentarmos uma análise das formas de gestão, presentes por meio dos conceitos de governamentalidade liberal e neoliberal. Essa análise será empreendida por meio da análise de prontuários que registram os modos cotidianos de condução dos casos que se passam no interior dos Centros de atenção psicossocial. Considerando a possível existência de distintos modos de governamentalidade, discutiremos, na conclusão, os sentidos deste governo pela liberdade, a própria pertinência do termo liberal para designar estes modos, além de uma possível taxonomia dos modos de governamentalidade psi.
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Desde hace décadas se desarrolla un campo de reflexiones crítico que toma como objeto de escrutinio las dimensiones éticas, políticas, sociales, también ontológicas de las relaciones entre animales humanos y no humanos. El artículo que presentamos es resultado del encuentro de tres investigaciones distintas que giran alrededor de animales para pensar la producción de lo humano, en este caso: vacas, simios y perros. Tienen en común, aparte de un enfoque genealógico para pensar la historia, una sensibilidad epistémica proveniente del campo de los estudios de ciencia y tecnología, de ahí que comportan, además de una perspectiva semiótico-material y relacional, una mirada simétrica para pensar el mundo y la realidad. En la primera parte trabajaremos cómo las vacas se convirtieron en infraestructuras vivas para la consolidación de un estado moderno, en este caso Uruguay. En este sentido, fueron parte constitutiva de esa máquina biotecnológica necesaria para producir un estado liberal conectado a una red internacional de estados signados por el libre mercado como nuevo ordenador de la racionalización mundial. A continuación abordaremos cómo la doble naturaleza de los grandes simios, como monstruos y fósiles vivientes, se ha ido produciendo a través de diferentes prácticas epistémicas que han consolidado una idea ahistórica, estática, de «lo simio», sirviendo para diferentes usos antropológicos, relativos a lo humano. Por último, presentaremos algunas reflexiones sobre el papel que han jugado los cánidos en las revueltas chilenas del 2019 y cómo un socialismo perruno puede ayudarnos a pensar los modos en que ensamblamos nuestras formas de ciudadanía.
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Pretende-se neste texto tratar da problemática do trabalho no âmbito do cuidado em saúde mental nas Colônias Agrícolas para Alienados no Rio de Janeiro, de modo a confrontar o cerne dessa que é uma das questões que lhe deram a sua razão de ser. Assim, brevemente passaremos pelo contexto de criação dessas Colônias e seus desdobramentos em direção aos territórios da Ilha do Governador e de Jacarepaguá. Veremos como havia um discurso predominante que defendia que o trabalho (físico, braçal) nesses espaços, praticado pelos seus internos, teria um papel fundamental no processo de cura, a chamada praxiterapia. Contudo, podemos observar ao menos dois momentos da concepção das relações entre labor e terapêutica: inicialmente, a atividade produtiva era compreendida quase como um bem em si, não havendo grandes progressos no tocante à qualidade de vida extramuros dos internos. Posteriormente, veremos a abertura para um leque maior de possibilidades simbólicas concernentes à formação subjetiva desses sujeitos que passam a não mais se dedicar exclusivamente a serviços manuais e subalternizados, mas se engajam em atividades criativas e que deixam marcas em seu percurso.
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This paper aims to discuss the importance of decolonial narratives in general and in the field of history of psychology in particular. For this, we take as the starting point the initial results of a recently published empirical study, which investigated different styles of management within the scope of labor in Rio de Janeiro between 1949 and 1965 through the analysis of publications of the journal Arquivos Brasileiros de Psicologia. Such results pointed to an inadequacy between the interpretations of the management styles that are used, on the one hand, in the English and North American context and, on the other, in Rio de Janeiro. The discussion of this article focuses on this inadequacy, underlining the differences between how colonial and decolonial narratives conceive the relationship between empirical data and intelligibility matrices and the historiographical and methodological consequences of this relationship.
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Este estudo busca compreender como são efetivadas as políticas de saúde mental e de assistência social para os usuários de álcool e drogas assistidos no município de Resende/RJ. Para tanto, foi realizada uma revisão conceitual, tanto da própria concepção de direitos como das políticas de saúde mental e de assistência social, correlacionando-as com a temática do uso de álcool e outras drogas e situando-as, singularmente, no território pesquisado. A pesquisa teve por objetivo geral analisar os efeitos das políticas públicas de saúde e de assistência social na garantia de direitos dos usuários de álcool e outras drogas e, por objetivos específicos: (1) estudar a percepção dos usuários quanto às atribuições das políticas de saúde e de assistência social; (2) identificar as relações existentes entre as políticas setoriais; (3) apreender a concepção dos profissionais acerca das políticas de garantia de direitos no município; (4) entender de que forma os usuários acessam as políticas de saúde e de assistência social e, por fim, (5) identificar as formas de cuidado ofertadas pelos executores das políticas. Metodologicamente, dadas às condições político-sanitárias do período de realização da pesquisa – uma epidemia de covid-19 tratada de forma necropolítica pelo governo federal –, empreendemos um percurso metodológico exploratório, tendo por referencial de base a análise institucional. Os principais instrumentos utilizados foram a observação participante realizada nos dispositivos/serviços da rede e as entrevistas, levadas a cabo tanto com os usuários como com os profissionais lotados nas políticas de saúde mental e de assistência social. Como resultado preliminar percebeu-se, entre outros destaques, que os usuários se sentem gratos e acolhidos pela política a que estão vinculados e que os profissionais percebem que suas ações produzem cuidado e garantem o acesso da população aos serviços. Porém, foi identificado um desconforto relacionado ao processo formativo e à atuação dos assistentes sociais como técnicos de saúde mental. Esses achados reforçam a importância do trabalho desenvolvido, mas apontam para a necessidade de dar prosseguimento a estudos sobre o tema proposto.
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Esta tese é produto de meu percurso no Doutorado no Programa de Políticas Públicas e Formação Humana da UERJ e apresenta as diferentes modulações dos trajetos desenvolvidos durante quase 6 anos. Descreve um processo que começou com a apresentação de um cenário de prática profissional, relatando cenas de uma experiência que resultaram problemáticas, a partir da metodologia do diário de campo. A pesquisa desenha um modo possível da analisar a prática da psicologia no encontro com crianças e adolescentes em situação de rua. A partir das ferramentas da Análise Institucional se propõe pensar a psicologia e a infância como analisadores. Desde essa perspectiva, colocam-se em análise as implicações da pesquisadora que permeiam a pesquisa toda. O primeiro trajeto da pesquisa me levou à construção da primeira pergunta orientadora: que práticas de governo existiam durante essa experiência e quais foram os movimentos de desobediência e as recusas possíveis frente a isso? A pesquisa bibliográfica me aproximou ao corpo de conhecimentos que oferece a Análise Institucional e a conceituação apresentada por Michel Foucault sobre as práticas de governo. O segundo trajeto levanta uma problematização sobre os modos de infantilização na atualidade: como se infantilizam as crianças, a própria psicologia e, também, uma cidade. Os intercessores para abordar esses problemas foram René Schérer e Guy Hocquenghem, com o livro “Coire, album systématique de l’enfance” (1976), traduzido pelo professor Eder Amaral, e parte da obra literária do escritor Fernand Deligny. Por fim, o terceiro trajeto propõe refletir sobre a psicologia e a pesquisa, a produção de determinada prática psicológica e científica, incluindo a questão do território na análise. Nesse trajeto as entrevistas e produções teóricas da filósofa belga Vinciane Despret foram fundamentais nas formulações realizadas. O percurso percorrido durante esse processo foi abrindo e continua provocando novos temas a estudar. O modo de produzir conhecimento e, consequentemente, o modo de afirmar uma prática e uma pesquisa talvez seja uma das problematizações mais importantes que essa experiência me trouxe e que ainda continua me impulsionando a iniciar novos trajetos.
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Os seres vivos nascem, crescem, reproduzem e morrem – diz- se comumente. Das cartilhas de ciências às normas da medicina e do direito, o ciclo da vida parece ser algo pacificado. Mas nem todo mundo nasce, não são todas as pessoas que conseguem chegar a crescer e a realidade da reprodução não é válida para todos os corpos. Talvez a única verdade a respeito desse ciclo seja mesmo a morte. Mas se tal ciclo é o ciclo da vida e todos os seres correspondem a ele, quem se desvia desse caminho é o que? E, mais do que isso, quem criou essas verdades? De que modo quem não se enquadra nessas verdades decerto vive, embora de certo modo alheio aos padrões estabelecidos pelos saberes científicos e pela cultura?Intrigada por esses questionamentos, busco no presente trabalho investigar, por meio de uma análise bibliográfica e documental, como a medicina e o direito têm regulado vidas não conformes, mais especificamente no que tange à sexualidade tida como anômala, ou melhor, às vidas intersexo. Para tal investigação, uso análises críticas de Michel Foucault, Judith Butler e Paul B. Preciado, entre outres autores, para questionar instituições como sexo/gênero, natureza/cultura e normal/patológico, assim como o próprio direito e a medicina. O intuito é o de problematizar a possibilidade de viver, ainda que nas frestas, ainda que em intervivências.
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