A sua pesquisa
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Neste artigo, busca-se resgatar percepções centrais das obras do psiquiatra e psicólogo holandês Jan Hendrik Van den Berg; a forma como compreende o inconsciente, a releitura que faz acerca das neuroses, propondo sua substituição terminológica para socioses e ampliando o sentido contido no termo, permitindo reflexões valiosas e interlocuções profundas com a psicologia da religião. Se na época freudiana a inconscientização da sexualidade e da agressividade provocavam quadros sindrômicos bem específicos, a sociose enfrentada pelo sujeito hodierno é o esquecimento da espiritualidade. O psiquiatra advoga que a espiritualidade como dimensão humana, enquanto for negligenciada pela sociedade, continuará a produzir pessoas esvaziadas, medíocres, que não reconhecem seu lugar no mundo e tampouco conseguem desenvolver boas relações sociais. Endossa-se muito da percepção de Van Den Berg ao apontar o atual momento histórico de resgate da espiritualidade já que, como dimensão humana, assim como a sexualidade, deveria ser reintegrada à existência.
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Ainda que seja possível observar um recente interesse pela obra principal de Tetens, Philosophische Versuche über die menschliche Natur und ihre Entwickelung (1777), e reedições de suas outras obras filosóficas, ainda restam muitas lacunas a serem preenchidas na compreensão da profundidade e originalidade do seu projeto intelectual. Esse é o caso, por exemplo, do estatuto da psicologia empírica no seu sistema metafísico. Não obstante alguns estudos tenham contribuído para uma melhor compreensão das principais características da investigação psicológica em seus Philosophische Versuche, é possível observar que questões fundamentais, como a existência de uma proposta coerente e unificada de psicologia empírica e sua relação com a ontologia e a psicologia racional, permanecem sem um claro entendimento. Partindo do pressuposto de que uma análise dos escritos filosóficos e psicológicos anteriores e posteriores à sua obra magna podem auxiliar na compreensão dessas questões, o presente trabalho inicia-se com alguns apontamentos acerca da psicologia e da metafísica no período de 1759 a 1775. Em seguida, priorizamos uma descrição das investigações psicológicas nos Philosophische Versuche, para só então discutirmos o estatuto de sua psicologia empírica, a partir da análise da Metaphysik (2015). Em nossa análise, verificamos que não há nenhuma mudança significativa na sua concepção de psicologia empírica ao longo de sua obra, incluindo aí sua definição como disciplina metafísica e o uso do método analítico, ainda que isso nem sempre esteja detalhado nas discussões iniciais. Além disso, apontamos algumas evidências textuais para sustentar a tese de que a filiação da psicologia empírica à metafísica é baseada em seu caráter propedêutico à ontologia e à psicologia racional, mas também em uma concepção geral de psicologia, que, como ciência da alma, necessita ser complementada por uma análise racional, inclusive por conceitos e princípios fundamentais da ontologia.
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Tanto a ideia de uma psicologia experimental quanto a realização de experimentos psicológicos já estão presentes no século 18. Contudo, é no século 19, primeiramente nas universidades alemãs, que a psicologia experimental adquire um novo estatuto, marcando fortemente a identidade da nova psicologia. O objetivo do presente artigo é apresentar uma reflexão de caráter histórico-filosófico sobre a natureza da psicologia experimental, com base nas contribuições de Fechner, Wundt e James. Depois de apresentar sua dimensão histórica, discutimos sua relação com a psicologia experimental contemporânea, no sentido de esclarecer se elas podem iluminar de alguma forma seu caminho futuro. Concluímos que um diálogo efetivo depende da modificação de certas condições estruturais do modelo atual de formação do psicólogo.
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O estudo objetiva investigar se o fracasso escolar continua sendo naturalizado. Para isso foi traçado o perfil social, educacional, emocional e neurológico de crianças atendidas no Projeto de Extensão “Avaliação e Intervenção em crianças com história de Fracasso Escolar”, desenvolvido em um Ambulatório de Neurodesenvolvimento. Foram analisados os prontuários de 13 crianças; utilizou-se o programa estatístico SPSSe análise temática. Verificou-se que as crianças apresentaram uma média de 10,3 anos, sendo a maior parte meninos (84,6%). A maioria (61,5%) com queixas relacionadas a problemas de aprendizagem e comportamento e fazendo uso de psicoestimulantes. As características são compatíveis com outros estudos realizados em instituições como clínicas-escola de diferentes regiões do Brasil. Constatou-se que os alunos ainda são responsabilizados pelo fracasso, atribuindo-se a este um caráter biológico, naturalizado, que, portanto, precisa ser medicalizado. Evidencia-se a necessidade da realização de estudos que investiguem como se produz a queixa do fracasso escolar.
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O artigo apresenta pesquisa sobre o conceito de criança anormal divulgado em um conjunto de artigos publicados na Revista do Ensino de Minas Gerais, na década de 1930. Foram levantados artigos que expressam como a criança anormal era compreendida pelos contemporâneos daquela época. Da análise dos textos, emergiram duas categorias: classificação das crianças anormais, suas características e explicações causais da anormalidade; o papel da escola na educação das crianças anormais. Utilizamos contribuições da história conceitual de Koselleck, segundo a qual conceitos expressam aspectos da experiência e da dimensão teórica de sujeitos em contextos e tempos históricos específicos. A pesquisa demonstrou que a articulação desse conceito incluía concepções fundamentadas nos debates sobre ambiente e hereditariedade, nos saberes elaborados pela psicologia e na discussão sobre o papel da escola e a educação das novas gerações.
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O estudo sobre o desenvolvimento humano, por parte da Psicologia, se revela a partir de um panorama complexo e, por vezes, anárquico que contempla amplo leque de perspectivas. O que marca a alteridade desse campo do saber? O objetivo do presente artigo é compreender de que maneira surge a Psicologia do Desenvolvimento, demarcando condições de seu advento por meio de uma revisão não sistemática de literatura. Não há distinções significativas, do ponto de vista histórico e até mesmo gerencial, em Programas de Pós-Graduação no Brasil, entre Psicologia e Psicologia do Desenvolvimento. Por outro lado, Psicologia do Desenvolvimento e Psicologia Educacional são historicamente entrelaçadas. Encontram-se, também mais recentemente, esforços de destacar a Psicologia do Desenvolvimento do campo da Psicologia através da delimitação de objetos e métodos próprios, inserindo-se numa perspectiva não disciplinar como Ciência do Desenvolvimento.
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Esta pesquisa em História Social da Psicologia produz uma narrativa histórica sobre o curso de graduação em Psicologia das Faculdades Unidas Católicas de Mato Grosso (FUCMT). Ela assume que as memórias pessoais e documentais são construtos socioculturais e, assim, utiliza fontes textuais e orais para produzir tal narrativa. Os resultados apontaram que o curso atendeu a uma demanda de “modernização” da cidade de Campo Grande por meio do desenvolvimento do ensino superior. Além disso, atendia a demandas sociais, políticas e econômicas da expansão do Oeste, capitaneadas pelo governo militar brasileiro à época. Isso ocorreu a partir de um currículo operacionalizado de forma particular se comparado aos indicativos legais, com uma tônica no campo da educação. Este artigo contribui para a preservação das memórias da Psicologia em um dos primeiros cursos de graduação do estado, ampliando saberes sobre a história da Psicologia no país.
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Este artigo tem por objetivo apresentar vivências e significados de tatuagens a partir de narrativas de sujeitos adultos e idosos, com base em uma abordagem interdisciplinar. Questionamos: do culto ao corpo jovem, da exigência do labor do corpo adulto e da hipervigilância do corpo envelhecido, qual a significação do corpo tatuado em idades tão díspares? Realizamos uma descrição das narrativas de adultos e idosos com corpos tatuados a partir de um desenho de pesquisa qualitativa. Participaram da pesquisa 15 adultos com idades entre 22 e 67 anos em duas capitais brasileiras, Salvador e São Paulo. Entre as ideias conclusivas estão, de um lado, a tatuagem como metamorfose, liberdade e afirmação de si e, de outro, significações que ressaltam a tatuagem como desejo de memória em completude, uma forma de fazer do corpo lugar de arquivo ou o próprio corpo como arquivo de memória completa.
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Este trabalho é um estudo teórico que objetiva abordar aspectos centrais da Antropologia Filosófica presentes em dois autores existencialistas: Søren Kierkegaard e Viktor Frankl. A partir do estudo do que é o homem, apresentamos algumas importantes questões existenciais que, embora desenvolvidas pelos autores supracitados nos séculos XIX e XX, respectivamente, permanecem atuais: o desespero e a busca pelo sentido, liberdade, responsabilidade, possibilidade e necessidade, angústia e vazio existencial. Partimos da pesquisa qualitativa, por meio de uma revisão de literatura, buscando atender ao objetivo proposto. Compreendemos que a dimensão do espírito diferencia o homem dos outros seres. Ambos os autores destacam a esfera espiritual e compreendem o humano em sua integralidade. Conclui-se que Kierkegaard e Frankl, em seus pressupostos, oferecem possibilidade de conhecimento do homem e de questões existenciais relevantes para nossa sociedade permeada pelo desespero e pelo vazio existencial. Assim, as proposições dos autores contribuem especialmente para as ciências humanas.
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El 11 de marzo del 2020 la Organización Mundial de la Salud declaró pandemia a la enfermedad ocasionada por el Covid-19, la cual provoca efectos tanto en la salud física como mental de las personas infectadas por el virus, así como en el personal sanitario que las asiste. Dada la escasa disponibilidad de guías y recomendaciones elaboradas por instituciones psicológicas a nivel continental para afrontar los efectos en la salud mental, investigadores de la Sociedad Interamericana de Psicología (SIP) se propusieron el objetivo de construir una guía de recomendaciones sobre diferentes temas y problemáticas psicológicas. Para esto, se realizó una revisión sistemática de la literatura científica referida a la afectación de la salud mental provocada por este tipo de pandemia. Con base en la información recuperada y analizada de diversas bases de datos científicos (PsycInfo, Scielo, Redalyc y Dialnet), fuentes documentales procedentes de organismos nacionales e internacionales de salud mental, consulta a expertos en salud mental y diversas investigaciones científicas, se redactó un documento orientador para afrontar las consecuencias emocionales y psicosociales del Covid-19. Se espera que este aporte sea de utilidad para orientar a la ciudadanía y las prácticas profesionales de los psicólogos y psicólogas, y se constituya en una herramienta que sustente la toma de decisiones en las organizaciones psicológicas y en los organismos gubernamentales en salud pública de los diferentes países de las Américas.
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Contemporaneamente, a História da Psicologia latino-americana tem se debruçado sobre os mecanismos de institucionalização da Psicologia e, nessa seara, a história dos cursos de graduação tem sido um objeto frequente. No caso brasileiro, entretanto, essa produção focaliza instituições e espaços específicos localizados, via de regra, nas regiões Sul e Sudeste do país. Assim, tornam-se prementes as investigações em História Regional, i.e., aquelas que consideram o desenvolvimento da Psicologia em outras localidades. Diante disso, esta investigação descreve e analisa demandas de criação do curso de graduação em Psicologia, instalado na Faculdade Dom Aquino de Filosofia, Ciências e Letras/Faculdades Unidades Católicas de Mato Grosso (FADAFI/FUCMT), em 1975. Além disso, são analisados aspectos de seu currículo de funcionamento. Este foi o segundo curso de Psicologia do estado de Mato Grosso e o único de Campo Grande, até 1999. Para atingir o objetivo proposto, esta pesquisa, circunscrita ao campo da História da Psicologia, possui como recorte temporal o período de formação da primeira turma (1974-1980) e utiliza fontes primárias textuais e orais. A interpretação das fontes, em face dos elementos contextuais de Mato Grosso à época, sugere a Missão Salesiana de Mato Grosso (MSMT) como vetor importante do desenvolvimento do Ensino Superior no estado. Além disso, nota-se uma estreita relação entre a conformação do curso de graduação investigado e o cenário de modernização alardeado no segundo e terceiro quartis do século XX, no país. Por fim, vê-se que o curso foi estabelecido de forma idiossincrática, atendendo a uma maioria de alunas, rememoradas como maduras e politizadas. Assim, apesar das limitações metodológicas do estudo, seus resultados auxiliam em uma compreensão ampliada da história da Psicologia no Brasil. Eles possibilitam, ainda, uma melhor compreensão das relações entre Igreja e Estado, no que tange ao estabelecimento dos cursos de Psicologia no país.
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A profissionalização da Psicologia, no Brasil, ocorreu em meio a embates entre diferentes profissionais envolvidos com suas aplicações, na primeira metade do século XX. Parte desses embates estava circunscrita às aplicações clínicas dos métodos e técnicas psicológicas, elementos que circulavam entre a Psicologia, a Psiquiatria e a Psicanálise. Nessa direção, esta pesquisa lança luz historiográfica a práticas e conhecimentos psicológicos que circularam nos Arquivos de Neuro-Psiquiatria, entre 1943 e 1962. Os resultados sugerem a presença de métodos e técnicas psicológicas para lidar com quadros clínicos variados, sendo prevalente a apropriação de teorias psicodinâmicas. Nota-se, portanto, apropriações clínicas da neuropsiquiatria que auxiliam em uma compreensão ampliada de embates científico-profissionais quando da regulamentação da formação e da profissão de psicólogo, no país.
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A contribuição dos médicos à educação infanto-juvenil pode ser observada ao longo dos tempos, principalmente quando eles se dedicaram à procura de respostas aos desafios que lhes eram impostos: crianças misturadas a diversas anomalias em locais que abrigavam todo tipo de doente; dificuldades apresentadas pelas crianças durante os períodos escolares; percepção da pouca importância dada à pedagogia em conjunto com a medicina para o desenvolvimento e a aprendizagem; necessidade de criação de métodos e/ou testes para compreensão do diagnóstico dado a cada criança, entre outros. Apesar de, muitas vezes, a prática médico-pedagógica ter sido concebida como uma forma de evitar a “germinação de criminosos e desajustados”, ou mesmo como uma vertente preocupada com questões eugênicas e higienizadoras, nota-se que alguns médicos se destacaram ao longo da história com propostas inovadoras à educação, desmistificando a relação citada e garantindo o desenvolvimento e a aprendizagem de muitas crianças em instituições ou nos espaços escolares.
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