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Este artigo procurará refletir sobre aspectos observados numa visita ao Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, situado em Campinas, São Paulo, considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS)uma referência importante na luta pela desospitalização. Para isso, efetuaremos uma descrição das diversas ações de apoio à reinserção social dos usuários, que conta também com grupos de discussão sobre saúde mental com representantes da comunidade. O presente artigo também buscará, por meio de um diálogo problematizador, apresentar aos leitores alguns conceitos da literatura sobre reforma psiquiátrica, tensionando-os com a experiência prática do Serviço de Saúde em questão.
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Este texto versa sobre algumas contribuições de Cornelius Castoriadis para a psicanálise, no que diz respeito a conceitos criados para melhor elucidar aporias na teoria freudiana, graças à criação de novos conceitos e categorias como a psique monádica, o imaginário radical, o imaginário social, a imaginação radical e o social-histórico. O método usado é o de destrinchar fontes bibliográficas para extrair dados para confeccionar a análise. Os resultados mostram que é pelos próprios processos de humanização e socialização que a mônada consegue sublimar seu estado de gozo primal como mônada psíquica, assim tecendo laços de amor e deslocando o amor/ódio de si para um objeto externo.
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As práticas psicológicas na assistência social, bem como as interfaces com as políticas públicas, tornam-se um eixo de problematização no campo da Psicologia Social. Objetivamos discutir neste texto as formas pelas quais se constituiu a categoria infância no Brasil. Neste sentido, fazemos um resgate histórico a partir da chegada dos jesuítas até a promulgação do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Concomitantemente convocamos os leitores a estabelecer paralelos com as atuais políticas públicas, problematizando algumas mudanças no que se refere ao atendimento às crianças e adolescentes pobres, bem como suas famílias. Por fim, visibilizamos alguns paradoxos do ECA, bem como interrogamos se, algumas vezes, os programas não fomentam a reprodução daquilo que se destinam a erradicar.
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O artigo celebra o aniversário da Lei 180 italiana que conferiu, em 1978, legitimidade às iniciativas de constituição de serviços substitutivos aos hospitais psiquiátricos. São discutidos inicialmente o conteúdo e o contexto de aprovação da lei para, em seguida, localizar sua importância para a reforma psiquiátrica brasileira. A Lei 180 tornou-se um símbolo e um instrumento da luta antimanicomial, tendo influenciado fortemente a constituição de normativas no Brasil, como a Lei Federal n. 10 216 de 2001. O texto oportuniza, assim, a reflexão sobre a história brasileira e o processo de institucionalização de direitos sociais e políticos através da consolidação de políticas públicas de saúde mental e de legislações em contextos democráticos.
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O artigo traz contribuições da História Oral para a entrevista psicológica, esta última como espaço privilegiado para o retorno da narrativa no contemporâneo. Iniciando com as histórias contadas em um ambulatório público de psicologia, propondo outra escuta e outro olhar para as falas, silêncios e gestos que se colocaram em cena, apresenta as contribuições de Walter Benjamin sobre a narrativa. Destaca, a seguir, as contribuições da História Oral, em especial, as de Alessandro Portelli, cujas proposições para o encontro entre entrevistador e entrevistado em uma procura histórica se aproximam do que acontece em uma entrevista psicológica. Elas permitem afastar, sem medo, as preocupações com uma impossível neutralidade, com análises e interpretações teóricas e deixam os ouvidos livres para aquilo que lhes é dito, as histórias narradas por pessoas de “carne e osso” e escutadas por psicólogos também “encarnados”, que compartilham do mesmo mundo enquanto contexto de significações sempre em jogo.
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O presente trabalho buscou analisar as concepções de corpo vigentes em nove sermões do pregador português Antônio Vieira, do século XVII. Foi utilizado o método histórico, que se fundamenta na leitura e análise de fontes secundárias (textos da tradição clássica, medieval e renascentista sobre o tema) e de fontes primárias (os próprios sermões). Foram encontradas quatro significações para o termo corpo, que se mostram intrinsecamente relacionadas: físico, animado, sacramentado, místico. Vieira possui uma visão de corpo onde são integradas as dimensões pessoais e sociais, sendo possível falar da pessoa por meio do corpo, sem excluir os demais aspectos da experiência humana.
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O objeto de investigação da tese de doutorado foi a revista Rádice, produzida por psicólogos, estudantes de psicologia, artistas e jornalistas durante a segunda metade da década de 1970, no Rio de Janeiro.O trabalho partiu da vontade de saber como a revista foi possível e como foi, para o grupo de colaboradores, produzi-la. A idéia que sustenta este trabalho é a de que existem movimentos instituintes[1] no campo da psicologia, e que a Rádice é um deles. Meu objetivo foi apresentar a trajetória desta revista-acontecimento irradiadora de idéias, pensamentos e discussões que marcaram determinado momento histórico da psicologia no Rio de Janeiro e, por que não dizer, no Brasil.Esta pesquisa foi fruto de vários e significativos encontros que tenho feito desde a graduação até os dias de hoje – encontros que promoveram incômodos em relação a um certo sentido para a psicologia ou, pelo menos, permitiram desencontrar o sentido dominante que lhe é atribuído. Durante o período de elaboração da tese estive vinculada ao Clio-Psyché, Programa de Estudos e Pesquisas em História da Psicologia, onde se encontram pesquisadores de graduação e de pós-graduação, orientados por “Dona Clio” e “Dona Psyché”[2], e preocupados com os “fazeres e dizeres” da psicologia no Brasil. No encontro da psicologia com a história, esta tornou-se ferramenta de análise sobre a constituição do “universo psi” no Brasil.
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Tomando como analisador a freqüente divulgação de estórias e “causos” sobre assombrações, passados oralmente, entre os funcionários das Termas do Barreiro de Araxá-MG, este artigo busca indagar quais acontecimentos produziram essa cultura dentro do ambiente de trabalho e procura descrever que efeitos exercem na dinâmica das relações de poder na empresa. Pretende-se pensar como uma tradição cultural – contar “causos” – pode emergir como um dispositivo para reversão do poder. Observa-se que o medo suscitado através dos “causos” contados enfraquece o poder dominante e incita a resistência – em relação à mudança de visão do negócio não aceita pelos trabalhadores. Por meio das considerações de Delumeau sobre o medo como emoção primordial e de Costa sobre seus efeitos no corpo físico, aventa-se ainda a hipótese de que o medo pode, igualmente, produzir o adoecer dos trabalhadores.
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Este artigo é resultado de um diálogo com a tese de doutorado de Alessandra Daflon dos Santos, intitulada "Rádice: muito prazer! Crônicas do passado e do futuro da psicologia no Brasil". Este tese foi orientada pela Prof. Drª Ana Maria Jacó-Vilela e defendida em maio de 2008, na UERJ. Faço um breve percurso de minha experiência com a revista Rádice, da qual participei como membro da sucursal de Porto Alegre. Desenvolvo algumas articulações históricas e políticas da Rádice na história da psicologia no Brasil, enfatizando sobretudo o tema das utopias.
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Este trabalho visa discutir o tema da escravidão negra tal como o padre Antônio Vieira o tratava. Jesuíta português, Vieira veio para o Brasil ainda na infância e deixou registradas várias obras, dentre elas os seus Sermões, conhecidos como parte mais importante de sua produção. Neles, Vieira tratou de temas os mais diversos, não deixando escapar o da escravidão negra na colônia. O que se procura demarcar no presente texto é a forma pela qual o missionário, diplomata, político, escritor, editor tenta delimitar o problema. Por vezes polêmico em relação ao tema, outras vezes utilizando-se de um discurso mais brando, certo é que o inaciano propunha, acima de tudo, uma igualdade entre os homens, proposição pouco comum à sua época, já que o regime escravista era hegemônico, principalmente na colônia. A partir dos referenciais teóricos de Gilbert Durand e Michel de Certeau, principalmente, e utilizando-nos de uma análise do discurso do que foi produzido por Vieira, o texto procura apresentar os vieses criados por este para tratar do assunto, articulando-o a uma noção de igualdade entre os homens da terra. Para consumar tal ideal de igualdade, o religioso mantém suas teorias sobre as coisas do céu, mas sem perder de vista o que ocorre na terra.
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Neste texto, o autor modifica o tradicional esquema de avaliação da reforma psiquiátrica: o foco da atenção não é tanto o mérito da desinstitucionalização, mas o demérito da institucionalização. A desinstitucionalização é colocada como advinda da indignação suscitada a partir do reconhecimento da injusta opressão do paciente psiquiátrico e da mistificação do conceito de cura. Na experiência basagliana, este sentimento ético advém do empenho, da prática coerente, e se traduz em um concreto processo de mudança. Em outros contextos, muitas vezes a indignação é superficial, manipulada pela mídia, como estéril sentimento de falsa consciência. Examina-se a atualidade das práticas psiquiátricas à luz destes diferentes modos de entendimento da indignação.
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Na história da psicologia escolar, a compreensão dos processos de produção e acompanhamento da queixa escolar é essencial, pois revelam a forma como a educação é percebida e construída pelos diversos atores do cenário educacional. Nesta perspectiva, procura-se conhecer a queixa escolar na cidade de Porto Velho (RO), por meio dos prontuários do Serviço de Psicologia Aplicada (SPA) da Universidade Federal de Rondônia (UNIR). Foram analisados 634 prontuários, entre os anos de 1993 e 2006. Os prontuários foram analisados pela categorização de Souza (1997), acrescentando uma categoria (causa apontada pelos familiares). Os resultados corroboram pesquisas nacionais de mesmo cunho, onde a queixa escolar sofre um processo de patologização, psicologização e medicalização, bem como recebe atendimento na clínica-escola onde não se consideram os diversos atores da produção do fracasso escolar, nomeando o aluno e seus familiares pelos problemas constitucionais e emocionais.
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Este artigo procura fornecer subsídios para uma alternativa de compreensão histórica sobre o magnetismo animal, de modo a realçar sua importância na construção da psicologia. Nesse sentido, busca-se enfatizar o papel das instituições e práticas sociais que influenciaram de forma decisiva a condenação desta proposta. Na mesma linha de reflexão, visa-se também destacar algumas das incompatibilidades epistemológicas com o projeto moderno de ciência, que também contribuíram significativamente para a rejeição do magnetismo animal. Por fim, o artigo é concluído com uma reflexão sobre a necessidade de revisão da noção de ciência presente nas referências dominantes da história da psicologia, que, geralmente, restringem-se a questões lineares e metodológicas e desprezam os processos intersubjetivos e sociais que atuam na construção desta área de conhecimento.
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A psicologia ocupou um papel importante na sociedade durante o século XX, ajudando a construir o mundo e as pessoas em que nos transformamos. Nesse sentido, constituiu-se como uma "ciência social", promovendo uma "psicologização" das vidas individual e coletiva, inventando e transformando diversas idéias em termos psicológicos. Este texto busca compreender esta caminhada da psicologia, que encontrou seu espaço como uma técnica de regulamentação, um pretenso conhecimento sobre as pessoas com o objetivo institucional de administrá-las, moldá-las, reformá-las. Passa pela psicologia social do pós primeira e segunda guerras, com suas pesquisas de atitudes e trabalhos sobre grupos, culminando na noção de empreendimento, construindo e regulando as ações humanas. Termina problematizando a primazia do corpo biológico no século XXI, onde as novas tecnologias de imagem, a psiquiatria biológica, a neuroquímica e a neurobiologia emergem, na mesma medida em que uma "subjetividade cerebral" se fortalece.
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Este trabalho tem como objetivo principal apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no período compreendido entre as décadas de 60 e 90. Iniciamos este trabalho discutindo a crise no campo da Psicologia Social que ocorreu na Europa e nos Estados Unidos a partir de meados dos anos 60. No Brasil, a crise começou a ter desdobramentos apenas na década de 70. Iniciava-se a crítica a Psicologia Social cognitiva norte-americana e a busca de novas teorias, metodologias e interlocutores no campo da Psicologia Social. No Rio de Janeiro, o principal representante desta perspectiva foi Aroldo Rodrigues. Sua principal opositora foi Silvia Lane. Em Minas Gerais, O Setor de Psicologia Social foi outro importante eixo de oposição. Ao longo da tese, buscamos compreender como alguns enunciados presentes nos anos 60 e 70, entre os movimentos de resistência como o CPC da UNE, o Tropicalismo e a Teologia da Libertação, como crítica e alternativa aos ditames positivistas. Era necessária uma Psicologia Social que permitisse pensar a realidade social brasileira. As categorias universalizantes da Psicologia Social norte-americana, que pensavam o homem fora da história e da cultura, passaram a ser objeto de crítica. Como afirmamos, buscamos apresentar uma história da Psicologia Social no Rio de Janeiro no período histórico já definido anteriormente. Para isso, além do levantamento de referências sobre o tema fizemos entrevistas com vários dos personagens que participaram desta mesma história, como professores, pesquisadores e alunos.
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