A sua pesquisa
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A renovação da historiografia intelectual sobre a antiga Companhia de Jesus (1540-1773) tem enfocado suas subestimadas, porém complexas, relações com os saberes renascentistas. Objetiva-se, com este estudo, analisar o uso da analogia da medicina da alma em algumas obras de influentes jesuítas dos séculos XVI e XVII, atuantes no contexto europeu e nas missões portuguesas. O exame do uso desta antiga analogia permite repensar os fundamentos, as relações com outros saberes do período e a operacionalidade de um sistema de convenções que nomeava atividades em concordância com a longa tradição médica do humoralismo e com a concepção de alma aristotélico-tomista. Foi realizado um levantamento de obras em que ocorre a analogia da medicina da alma em acervos brasileiros, franceses, italianos e portugueses que incluem fontes de medicina, teologia, pedagogia e manuais de retórica dos séculos XVI e XVII. Esta pesquisa resultou na localização de regras, diretórios, manuais e tratados práticos, além de cartas e sermões de jesuítas que se utilizam do termo medicina da alma. São textos fundamentais como os do fundador da Companhia, Inácio de Loyola; de seu grande colaborador, Juan Polanco; do cardeal Roberto Bellarmino; do retórico francês, Louis Richeome; do teólogo de Louvain, Léonard Lessius; do superior da ordem, Claudio Acquaviva; do procurador geral das Índias, Estevão Castro, e de missionários no Brasil, como José de Anchieta, Manuel da Nóbrega e o célebre sermonistaAntônio Vieira. Em síntese, os diferentes empregos que estes autores fizeram da analogia da medicina da alma apresentam significações distintas que se superpõem e se complementam. O uso desta analogia evidencia, por um lado, a posição jesuítica nos debates do período acerca da natureza da alma que, sem contradizer a premissa de imaterialidade e de imortalidade de sua substância, fundamenta uma explicação coerente dos complexos processos da .. vida humana. Por outro lado, o múltiplo e complementar uso da analogia produz significações que permitem defender e legitimar práticas modificadoras de funções e movimentos atribuídos à alma. A analogia da medicina da alma confere a autoridade e a atualidade convenientes às diversificadas ações jesuíticas do período, que incluíam uma incipiente atenção à natureza e ao desejo individuais, cuidados com a alimentação, a observância da ordem nos corpos ou o eventual tratamento de enfermidades, indisposições e atribulações; abrangiam a administração de imagens persuasivas, consolatórias, pedagógicas, e, sobretudo, asseveravam o uso da palavra e de seus efeitos transformadores.
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Este livro é resultado das reflexões de pesquisadores e professores de História da Educação associados ao Grupo de Estudos e Pesquisas em História da Educação (GEPHE) e ao Centro de Alfabetização e Leitura (CEALE), ambos da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Minas Gerais. Tendo como campo de investigação comum a historiografia de educação, essas discussões estão organizadas em três partes: abordagens teórico-metodológicas da historiografia na produção da educação como objeto (história cultural e história política) e abordagens conceituais possíveis para a investigação da história da educação (cultural escolar e escolarização); interfaces entre história da educação e outros campos do conhecimento (ciência e psicologia); e perspectivas teórico-conceituais na pesquisa de diferentes temas da educação (manuais escolares, Infância, alfabetização e educação física). Os autores mostram, a partir dessas investigações, o quanto é importante o processo da educação para que se possa ampliar a compreensão das formas como - em tempos e espaços distintos - diversas sociedades se organizaram social, cultural e politicamente; suas contribuições para se fazer, contar e estudar a história e a compreensão de suas espeficidades e diferenças no tempo. Portanto, segundo os autores, é possível probelmatizar a educação em diferentes tempos históricos, em espaços escolares ou não, baseando-se em diferentes temas (o corpo, o aluno, a leitura, as disciplinas escolares, a cidade, intituições, métodos de ensino, estatística, ofícios, materiais escolares, saberes...), em diferentes sujeitos (a criança, a mulher, o negro, o aluno, o professor, os dirigentes escolares...), de difrentes fontes documentais (imprensa, periódicos, relatórios oficiais, correspondências, manuais escolares, inventários, livros de leituras, imagens...) e em diferentes abordagens teórico-culturais. Tendo como característica a centralidade nas discussões teóricas e análises conceituais, este livro é dirigido a historiadores e investigadores da educação e aos historiadores de uma maneira geral.
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