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O presente artigo traz o relato de uma intervenção clínico-institucional em uma fábrica, cuja encomenda é disparada por um acidente de trabalho com consequência letal para um dos trabalhadores. O acidente, acontecimento-analisador, problematiza os modos de organização do trabalho e os processos de gestão em suas relações com o cotidiano laboral. Partilham-se ainda processos experimentados pelas psicólogas na tensão entre o trabalho de constituição coletiva de um plano de análise e cuidado, e solicitações à assunção de um mandato social que tenderia a reduzir o acontecimento ao aspecto da perda do colega e da elaboração do luto consequente. Evidencia-se a potencialidade dos analisadores, naturais e construídos. Ferramentas do campo da Análise Institucional francesa, bem como da Clínica da Atividade contribuem na produção de um campo de análise antes, durante e após a intervenção. Pelo dispositivo-grupal, envolve-se cento e sessenta e oito trabalhadores em uma aliança aos processos de análise que perspectivam novos modos de trabalhar e reconfiguram corpos, afetos em uma realidade de insegurança e risco.
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Trata-se de um relato de experiência referente a um ano e meio de trabalho em um CAPS II localizado próximo à cidade de São Paulo, SP. O autor participou do lento e atravancado processo de implementação e inauguração do serviço e assistiu aos diversos entraves em meio aos quais a empolgação e energia da equipe vertia em frustração e ressentimento. O texto representa um esforço de compreensão, problematização e repercussão da experiência vivenciada, em busca de meios através dos quais a saúde pública possa ver-se melhor implementada e representada.
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O artigo coloca em debate as práticas do UNICEF a respeito da educação infantil, no Brasil, interrogando como estas recomendam uma política compensatória, realizada pela própria comunidade, pelos jovens e pelas famílias que moram em bairros não centrais das cidades, com objetivos de coesão e assistência social. Geralmente, o UNICEF prescreve que sejam usados espaços vazios, como galpões de igrejas e de associações comunitárias, com mão de obra voluntária, pertencente ao local de funcionamento, recebendo algum subsídio privado por meio de fundações e institutos do terceiro setor. A noção de família carente, de privação cultural e afetiva, de carência alimentar e nutricional, de ausência de lazer e espaços de brincadeira, nesses bairros, bem como a baixa escolaridade dos pais e responsáveis são os motivos elencados pelo UNICEF para justificar uma política de educação infantil compensatória, no Brasil, ainda na atualidade.
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O trabalho enfoca a concepção de criança e adolescente por meio de três noções historicamente determinadas, a saber: o infans, o menor e a criança e o adolescente como sujeitos de direitos. Tendo por fundamento que as concepções de infância e juventude são representações construídas historicamente no âmbito das relações entre adulto e criança na cultura social, depreende-se que tais noções são reveladoras do lugar em que crianças e adolescentes estiveram, estão ou deveriam estar. Assim, o trabalho parte do início da história do Brasil, abordando o infans por meio da criança vinda das embarcações portuguesas e das nativas, das crianças escravas e das quilombolas. Posteriormente, adentra o campo do “menor” através da criança abandonada, da trabalhadora no processo de urbanização e industrialização do país e da criança criminosa alvo de repressão. Por fim, versa sobre a modificação do paradigma pretendido pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, por meio da noção de sujeitos de direitos.
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Tomando como ponto de partida formulações de Moscovici acerca da representação social, o presente artigo se propõe a analisar: as condições de emergência desse conceito; sua “mobilidade” em relação ao conceito de representação coletiva de Durkheim; os instrumentos metodológicos fornecidos pelo autor para a pesquisa em psicologia social; a repercussão no Brasil dos anos 1970 e1980, bem como as implicações ético-políticas do conceito de representação social no campo da psicologia social na atualidade. O convite que se faz ao leitor é o de percorrer a genealogia de nossas práticas para problematizar a “função social” desse método de pesquisa.
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O artigo propõe uma reflexão acerca dos processos de reforma psiquiátrica em curso tanto na Itália quanto no Brasil, a partir de fragmentos cotidianos observados junto a usuários da saúde mental nos dois países. As cenas são postas em análise na perspectiva de criticarem o que apontam do enrijecimento institucional e repetição daquilo que ambos os processos de extinção dos manicômios tinham por propósito desconstruir. De outro lado, também permitem analisar o que se mantém do caráter de movimento, de forma disruptora e criativa, dentro desses processos reformistas. No trajeto das intensidades experimentadas nos diferentes territórios, pequenos fascismos que marcam os saberes e as práticas de saúde mental apontam para a necessidade de atualização da potência instituinte do movimento anti-manicomial, entendido como um espaço de criação permanente que requer, antes de tudo, especial atenção às palavras e aos pequenos gestos que povoam nosso cotidiano.
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O artigo analisa os sentidos do termo experiência assim como empregado por jesuítas em missão no Brasil, nas primeiras décadas do século XVI, em cartas por eles redigidas. Tais sentidos são apreendidos à luz do arcabouço conceitual da Companhia de Jesus. São evidenciadas três significações da experiência: a experiência como prova e verificação; a experiência como prática e hábito; a experiência como discernimento da presença do mistério nos fatos. O conjunto destas significações remete à experiência modelo do fundador da Companhia, Inácio de Loyola, onde o conhecimento da realidade sensível e imanente remete sempre ao conhecimento da realidade espiritual transcendente.
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A Psicologia Contemporânea procura superar, de várias formas, reduções induzidas pela matriz positivista desde o século XIX, quando da sistematização de seu caráter de cientificidade.Para possa tornar-se ciência - no sentido pleno do termo - é necessário que chegue a delimitar um percurso próprio, ainda que mantendo conexões e diálogos com as demais áreas da ciência e com a filosofia.No Brasil - o quarto país do mundo a reconhecer a profissão de Psicólogo (nos anos sessenta do séc. XX), um dos mais quantitativamente fecundos em cursos universitários na área e um dos mais produtivos quanto a pesquisas e aplicações dos conhecimentos psicológicos nos diversos contextos da sociedade - a busca de referenciais inovadores e de alicerces adequados para o enfrentamento de impasses conceituais e metodológicos da psicologia é vivida com interesse e abertura cada vez maiores.Compreende-se, assim, o interesse que a psicologia fenomenológica, vem despertando no contexto da psicologia brasileira; especialmente a difusão das contribuições de Edith Stein para a fundamentação teórica e epistemológica da psicologia através da antropologia filosófica.Em que sentido a abordagem fenomenológica clássica e particularmente a proposta de Edith Stein, parece responder a vários problemas - teóricos e de intervenção - não solucionados da psicologia científica?O presente livro documenta atividades produtivas de diferentes grupos de pesquisa brasileiros, reunindo contribuições de alguns pesquisadores dentre os tantos que participam da história aqui relatada.Na primeira parte, o presente livro aborda a contribuição da fenomenologia steiniana à fundamentação da psicologia.A segunda parte é composta de textos resultantes de pesquisas sobre o conceito de pessoa a partir das contribuições de Stein.A terceira apresenta pesquisas em vários campos da psicologia, desenvolvidas com referencial da fenomenologia de Edith Stein.Os Organizadores e Colaboradores apresentam a toda a comunidade acadêmica uma contribuição a que a fenomenologia de Edith Stein possa continuar a fertilizar o campo da psicologia nos desafios próprios que encontra em solo brasileiro.
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A partir do trabalho genealógico de Foucault sobre as práticas de governo, entendidas como formas de condução da conduta alheia, abre-se um campo possível para o estudo do surgimento e das transformações dos saberes psicológicos e psiquiátricos. Aqui teríamos dois marcos: 1) no século XVI, surgem técnicas de governo baseadas no disciplinamento, o “Estado de polícia”; e 2) no século XVIII novas tecnologias de governo em referências liberais. Neste último marco, a psicologia passa a ter especial importância no século XX, atuando especificamente em sociedades democráticas. Não somente através da disciplinarização dos indivíduos, mas principalmente através da liberdade e da atividade destes. Nosso objetivo é avaliar as práticas e conceitos de cidadania e liberdade no contexto de alguns processos de Reforma Psiquiátrica, especialmente a italiana e a brasileira. Para tal, sustentamos a hipótese de que co-existem neste campo não apenas os antigos dispositivos disciplinares e a resistência a estes, mas modos liberais de gestão.
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As mutações da sociedade atual e a aceleração do tempo histórico levam a um impulso de coesão com e no passado, de arraigo às origens, buscando pistas de identidade contidas nesse passado coletivo. Os fenômenos da globalização parecem conduzir a uma necessidade de enraizamento e de continuidade; necessidades preenchidas pela memória. Esta, na perspectiva de Maurice Halbwachs, possui ao mesmo tempo um caráter individual e um coletivo, sendo, em parte, modelada pela família e pelos grupos sociais. Revela tanto aspectos da identidade pessoal como social e aponta qual lugar os indivíduos e os grupos ocupam na sociedade. A tradição judaica é a tradição da memória por excelência e a história do povo judeu ilustra os mecanismos da memória e da lembrança. Nesta tradição os rituais e os relatos são canais que transmitem a memória através dos tempos. O objetivo desta pesquisa foi estudar como membros e familiares de uma comunidade judaica vivem a memória coletiva e o que isso significa em suas vidas cotidianas, visando apreender o processo de construção da identidade individual. Entrevistamos 13 pessoas, de cinco famílias diferentes, descendentes de judeus que imigraram para o Brasil. O contato foi proporcionado pela Sociedade Israelita de Ribeirão Preto. Para entrevistar, utilizamos o método da história oral, uma narrativa linear e individual do que os participantes consideram significativo. Neste método, a memória é uma forma de evidência histórica e deve ser analisada como tal. Considerando que na memória as pessoas constroem um sentido do passado, a reflexão ocupa um lugar fundamental para a ressignificação deste passado recordado. As entrevistas, gravadas e transcritas, são apresentadas na íntegra. Os participantes são categorizados em grupos, por família e grau de parentesco. Família 1: Maria (filha), Fernando (neto) e Calebe (neto); Família 2: Patrícia (filha) e Iracy (neta); Família 3 : Antônio (filho), Josy (neta) e Alex (neto); Família 4: Vânia (filha) e Talita (neta); Família 5: Zélia (filha), Daniel (neto) e Raquel (neta). Os nomes são fictícios visando preservar sua identidade. Nas entrevistas notamos uma riqueza pela diversidade e semelhança: são pessoas da mesma família ou de famílias diferentes, que percebem e elaboram a experiência de suas famílias de modos distintos, particulares, complementares e às vezes parecidos, que enriquece a análise e favorece a reflexão, servindo de modelo para alguns aspectos da vida. Também percebemos um processo de construção da identidade: necessidade de contar ou silenciar; como enfrentam eventos traumáticos; como preservam ou não a religião e as tradições; as mudanças ao longo das gerações; a relação com o trabalho e o meio em que vivem; os valores herdados e transmitidos para as próximas gerações, entre outros aspectos que surgiram nas narrativas. O conceito de memória coletiva iluminou a maneira de olharmos para os participantes e seus relatos. Possibilitou que notássemos o que ficou do passado no grupo estudado e o que o grupo fez com o passado. Mais do que conclusões ou pressupostos, alertamos que as entrevistas possuem infindáveis conteúdos para serem explorados e apenas alguns destes aspectos foram abordados neste estudo.
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Tecer reflexões sobre a indisciplina escolar é o propósito deste texto. Partimos do princípio de que as regras de convívio social são uma prerrogativa humana e, nesse sentido, são produções coletivas cujas formas são configuradas pelo seu tempo histórico. Portanto, ainda que a indisciplina escolar seja uma expressão particular, via de regra, traduz o que ocorre no âmbito coletivo. Nessa perspectiva, entendemos que a disciplina é um exercício diário configurado pelas exigências do momento histórico e do ambiente em que ocorre. Na escola ela é, sem dúvida, o resultado do trabalho cotidiano em sala de aula. Também seu oposto, a indisciplina, é resultado de uma construção coletiva e nessa perspectiva é que deve ser analisada.
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