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O autocuidado em matéria de saúde faz parte de uma conduta racional da gestão de si, legitimada por um ideal de bem-viver, que pressupõe a autodisciplina corporal e emocional para maximização da vitalidade ou do capital humano. Se partimos do que foi possível observar em todas as aulas do curso de capacitação em Lian Gong entre servidores públicos municipais será possível nos restringir a uma avaliação da dimensão subjetiva do cuidado do tipo reducionista-biomédica-mecânica. Como se todas as “peças” da engrenagem do corpo pudessem ser modificadas, retificadas, substituídas em caso de defeito, trocadas por outras com melhor desempenho. Cartografias do esgotamento no trabalho em saúde mostraram uma metafísica da carne que nos convida a desenvolver novas perspectivas neste campo. O plano experiencial tensiona os canais operacionais que não transmutam as formas e, por conseguinte, nos faz enfraquecer o niilismo gestual a fim de afirmar o presente e sua finitude.
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Este trabalho retoma experiências dos autores em um núcleo de apoio a empreendimentos de economia solidária, para então pensar os processos autogestionários no interior deste e nos empreendimentos assessorados por ele. Também passamos pela temática das relações estabelecidas da extensão com o ensino e a pesquisa. Realizamos a discussão a partir da teoria da enação, especialmente do conceito de produção de sentido participativa, que faz parte dos desdobramentos recentes da abordagem enativa que se debruçam sobre a cognição social. Discutimos tanto memórias relacionadas aos processos de incubação quanto a tentativa de autogestionar o TECSOL, de modo que propomos, nesta intersecção, a autogestão como modo de fazer extensão e de produzir sentidos participativamente na universidade e junto à comunidade.
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O presente trabalho busca apresentar algumas linhas constitutivas da atuação do psicólogo no hospital geral e seu compromisso ético-político no acompanhamento de pacientes terminais. Partindo do entendimento de Michel Foucault acerca do hospital como dispositivo disciplinar e de seu processo de transformação em instituição médica, busca-se problematizar as práticas de cuidado possíveis em experiências-limite. Tais experiências são entendidas a partir da noção do “fora”, introduzida por Maurice Blanchot e retomada posteriormente por Foucault e Gilles Deleuze. Neste registro da experiência, a linguagem falada já não é mais soberana no cenário clínico, exigindo um reposicionamento daquele que acompanha. Através da noção deleuziana de impessoal, busca-se apresentar ferramentas teóricas para a problematização da clínica da terminalidade.
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O presente artigo propõe uma clínica política enquanto abordagem ética que articula o cuidado através da arte, da clínica e da política, com o reposicionamento psicossocial e a criação de vida. Partindo da noção de política de Rancière enquanto partilha do sensível, tece uma crítica da neutralidade disciplinar e normalizadora da psicologia, que aparta o sujeito do campo coletivo de forças políticas, para articular a clínica política à atenção psicossocial enquanto atitude experimental voltada para os verbos que produzem vida ao invés dos predicados que a naturalizam em estados de coisas. Com isso, atrela os processos de subjetivação à ação política de modificação da partilha do sensível, na medida em que redistribui as partes que definem as posições na sociedade e o próprio jogo político-social.
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Atravessando a história da regulamentação da Psicologia no Brasil e da abertura dos seus primeiros cursos, acompanhamos a busca dos psicólogos por formação complementar nas décadas de 70 e 80. Encontramos a intensa difusão da psicanálise nos centros urbanos do Rio de Janeiro na década de 70, apontando que os psicólogos recém-formados, que demandavam uma formação clínica complementar, se deparavam com barreiras de controle por parte do campo psiquiátrico, que repelia os não-médicos dessa formação. Abordamos a nova abertura aos psicólogos, proporcionada pela chegada dos argentinos no país, que traziam na bagagem a militância da inseparabilidade entre clínica e política. Articulamos que as interferências esquizo, de forma geral, se referem às interferências que quebram ou cindem as linhas hegemônicas de continuidade de um psicólogo que não pensa sua realidade e, especificamente, se referem às interferências grupalistas, socioanalíticas e esquizoanalíticas na formação clínica desses psicólogos nas décadas de 70 e 80.
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Este artigo apresenta uma discussão sobre saúde e cuidado junto a pessoas em situação de rua no município de Parnaíba - PI. A discussão foi construída em torno das estratégias de cuidado e do desenvolvimento de práticas que efetivamente dialoguem com as questões concretas de tal segmento populacional, levando em consideração a multiplicidade de fatores que atravessa o viver em situação de rua e sobrepondo uma “ética da vida” a valores e perspectivas de cunho moral. Como ponto de partida, nos encontramos com as pessoas em situação de rua para além da teoria, com territórios existenciais como espaços possíveis para dialogar sobre a vida em situação de rua e construir estratégias de promoção de vida, saúde e cuidado capazes de efetivamente atender tais pessoas. Além da habitação não-convencional, estar em situação de rua posiciona as pessoas em experiências outras como pobreza, invisibilidade e exclusão social, desrespeito aos direitos humanos, estigmas e relações de tutela. Para compreender a rua como território de vida e de cuidado, buscamos: situar a vida em situação de rua como um outro que se apresenta aos padrões de vida moderna territorializada, previsível e controlável; encontrar com as políticas e teorias, a fim de conhecer quem fala e o que se fala sobre a situação de rua; e produzir deslocamentos nos lugares e nos discursos estabelecidos acerca dessa realidade, a fim de afirmá-la como alteridade e, a partir disso, inventar estratégias de cuidado que potencializem as existências em situação de rua.
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O artigo discute a formação de professores como produção de subjetividade, uma vez que esse conceito abarca a possibilidade de desvios e reapropriações, superando uma visão fatalista da escola. Apresenta conversas e experimentações da pesquisadora/psicóloga com os professores do Instituto Federal do Espírito Santo, Campus São Mateus, nas quais expõe as pistas dos modos de trabalho docente que emergem nessa escola e também de como fortalecer os processos formativos que valorizem as problematizações e superem os modos hegemônicos de ser professor. Defende uma política cognitiva de invenção como uma possibilidade na qual a formação como transmissão de informação e desenvolvimento de habilidades não é suficiente para pensar os modos de trabalho docente que escapam às tradições da escola. Assinala como pista a atenção aos detalhes, as problematizações e experimentações. Valoriza os modos de trabalho docente que superem a recognição em prol de outros modos de pensar, criar, sentir, agir e viver.
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Este artigo apresenta conceitualmente ferramentas metodológicas erigidas e operadas em uma dissertação agenciando ficção e Psicologia Social na pesquisa da autoajuda como estratégia de governamentalidade. Delimita operações do método da narrativa ficcional para explorar um campo próprio da Psicologia Social: visibilizar e problematizar as tecnologias de subjetivação que dão corpo aos sujeitos contemporâneos. Para investigar as operações da autoajuda como constituintes das dobras de nosso tempo, necessitamos de uma escrita sensível e inteligível que nos permita visibilizar as tecnologias de si em ação na experiência cotidiana de governo e constituição do sujeito. Para tanto, foram criados um “personagem conceitual” e uma “figura estética” a fim de problematizar as Tecnologias de Si da autoajuda. Este ensaio pretende discutir modos experimentais de se pesquisar a partir da invenção de outros regimes de visibilidade, performatibilidade e dizibilidade, onde o texto se transforma em um espaço de respiro heterotópico de Escrita de Si.
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Mais do que uma singela mostra da vida e obra de Giordano Bruno - tomada de empréstimo a autores que se debruçaram sobre o pensamento deste grande filósofo da Renascença -, este texto visa apresentar Bruno como parresiasta, ou seja, aquele que, em consequência de sua palavra livre e corajosa foi expulso das Igrejas Católica, Calvinista e Luterana e, finalmente, queimado vivo em uma fogueira no Campo De’ Fiori, no dia 17 de fevereiro de 1600, após ter sido julgado “herético impenitente pertinaz e obstinado” pelo Tribunal da Santa Inquisição Romana. Não há, assim, de nossa parte, pretensão alguma em adentrarmos por uma análise de tipo epistemológica visando decidir se as contribuições de Bruno podem ou não serem consideradas científicas. Nosso caminho é outro: o das formas “aletúrgicas”, seguindo os apontamentos de Michel Foucault nos dois últimos cursos no Collège de France: O governo de si e dos outros (1983) e A coragem da verdade (1984). Foi neste marco das “formas aletúgicas” que Foucault estudou a noção e a prática do falar-a-verdade da parresia, distinguindo-a de outras modalidades como a retórica, a profecia, a sabedoria.
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Este artigo parte de escutas e vivências de uma psicóloga junto à rede da assistência social de um munícipio do interior do Rio Grande do Sul – RS. Parte-se do desejo de tecer histórias com mulheres que vivenciam os serviços desta rede, pensando suas escritas com contornos éticos-estéticos-políticos que uma vida pede. Fazendo uso de Michel Foucault, toma-se a vida destas mulheres a partir do conceito de infame. Trata-se de vidas silenciosas ou gritantes, de mulheres que ocupam o território da invisibilidade, tornando-se por vezes aquelas de quem se fala mal, criando-se uma espécie de fama chamuscada ou di/famação, por pequenas faltas desenhadas no cotidiano dos serviços e da rua. A noção de biografema é aqui sustentada como superfície possível para que tais vidas e afetos possam se fazer presentes, no encontro entre a trabalhadora psi e as vozes/corpos destas mulheres.
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Entrevista com Cecília Maria Bouças Coimbra
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Gilles Deleuze e Félix Guattari apresentam as multiplicidades intensivas e o corpo sem órgãos como conceitos relevantes da esquizoanálise. Esse conjunto abstrato, constantemente afetado por forças em contínua variação, gera uma zona de indeterminação capaz de favorecer a invenção de sentidos e a expansão da vida. Tal entendimento aproxima produção desejante e criação – noções preciosas quando se trata de pensar a intervenção clínica em psicologia.
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O presente texto tem como objetivo expor os caminhos metodológicos abertos a partir de questões éticas que surgem das operações de escrita amparada com imagens. Desenvolve um entendimento da imagem como sendo algo que se insere em um texto de forma anômala e em desvio com a linearidade do seu caráter discursivo. Tal problematização contou com um diálogo com os trabalhos desenvolvidos por Aby Warburg e André Malraux. sendo que a compreensão espacial que esses autores dão tanto à escrita quanto à produção de imagens serviu como inspiração para o delineamento de uma proposta metodológica. Foi pensado como proceder para realizar uma exibição ou uma apresentação através da textualidade, tentando produzir um museu em escrita, uma maneira que possibilitasse a exploração formal da tensão entre dois meios.
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Este artigo objetiva apresentar o percurso metodológico de uma pesquisa em clínica do trabalho que destaca a interlocução da pesquisadora com sua própria atividade de trabalho, ou seja, a trabalhadora é a pesquisadora de sua atividade de trabalho. A partir de seu repertório profissional, coloca-se como questão de pesquisa o manejo metodológico para uma análise do trabalho no viés do transformar para conhecer, tomando a trabalhadora como protagonista no processo de análise da atividade e a pesquisa como ferramenta para este processo. Neste percurso, destacam-se inflexões nos métodos propostos pela clínica da atividade, tendo como eixo o dialogismo e a cartografia como um intercessor no processo investigativo.
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Este texto, traduzido do espanhol por Leonardo Pinto de Almeida, foi originalmente publicado no livro Esbozos III – Barthes, Lo neutro (2019) de Juan Carlos Gorlier, sob o título Hacía lo neutro.
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Pensar a formação no âmbito da universidade pressupõe enfrentar caminhos controversos e ampliar a disponibilidade para a invenção, de modo a criar desvios para a força acachapante das formatações institucionais acadêmicas vigentes. Apresentam-se aqui experiências engendradas na graduação em terapia ocupacional que se dão na tangência com as artes e reivindicam a processualidade como via principal para encontrar formas em estabilidade temporária, que articulem palavras, corpos e imagens e que sejam suficientes para potencializar os estudantes para seguirem em formatividade, na graduação, na clínica, na vida. Tais dispositivos de formação agenciam encontros entre estudantes, terapeutas ocupacionais, artistas e outros profissionais, pessoas com experiências diversas de sofrimento e/ou em situação de vulnerabilidade, projetos, instituições, textos, ideias, trajetos, danças, cantos, gestos, silêncios... engajando a experiência na fabricação de uma subjetividade mais porosa e sensível aos contatos com o mundo, e ao mesmo tempo inscrevendo-a num plano comum, na dimensão política da vida.
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A escrita diarista é feita diariamente, ou quase, para registrar algo de importância para quem escreve e também para possíveis leitores. No evento “O devir escrita da vida nos serviços de saúde”, em setembro de 2017 na Faculdade de Saúde Pública/USP, foi discutida a escrita do diário institucional que traz dimensões relativas ao funcionamento das instituições. Trata-se de um meio do pesquisador/a-analista institucional analisar suas implicações. A implicação, nesta oficina, foi analisada a partir das relações estabelecida pelos profissionais com suas práticas cotidianas, tendo em vista o atual contexto político do país, de fortes ataques às políticas sociais, especialmente ao SUS. A proposta deste texto é evidenciar a relevância do diário institucional nas práticas dos profissionais no SUS, a partir dos diários de seis participantes que se dispuseram compartilhar fragmentos de seus diários que serão apresentados, acompanhados das ressonâncias produzidas em sua leitura com aportes teórico-metodológicos da Análise Institucional.
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Processos de ensino-aprendizagem trazem inúmeros desafios, exigindo dos educadores reflexão constante sobre os modelos que os orientam. Além dos desafios técnicos, encontramos na formação em saúde a necessidade de desenvolver reflexão sobre conceitos e contextos, trabalho em equipe, escuta, sensibilidade, entre outros. Neste artigo, apresentamos os Cadernos Colaborativos enquanto dispositivo de produção e acompanhamento do processo formativo-criativo de alunos de graduação de Terapia Ocupacional na Universidade Federal de São Paulo. Tal experiência consistiu na produção dos Cadernos e na realização de narrativas pelos estudantes, no diário e ensaio fotográfico da pesquisadora. Possibilitou uma interferência neste grupo envolvendo diferentes linguagens: escrita, desenho, colagem, pintura etc., e nos levou a diferentes problematizações, entre elas: a potência deste dispositivo enquanto registro, elaboração e produção de pensamento, além dos embates provocados pela proposta colaborativa e em co-criação e questões que emergiram em relação à formação do profissional de saúde com seus desafios, potências e contradições.
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Este artigo tem como objetivo analisar o uso da escrita de cartas como intercessor em experiências de formação profissional. O trabalho desenvolvido no âmbito do Plantão Institucional – atendimento oferecido pelo Serviço de Psicologia Escolar do Instituto de Psicologia da USP a profissionais que atuam em diferentes instituições do campo da saúde, da educação e da assistência social –, que visa a agir no enfraquecimento e na estagnação dos quais os integrantes dos grupos se queixam com frequência, e a reflexão acerca da função da escrita como constitutiva de realidade junto a graduandos e pós-graduandos em Psicologia inspiraram o desenvolvimento de uma estratégia que faz uso da escrita endereçada. Entendemos que a escrita de cartas pode ser considerada uma forma de enfrentamento dos efeitos de assujeitamento e da sensação de impotência relatada pelos grupos. Com o intuito de discorrermos sobre a estratégia e seus efeitos, traremos excertos de cartas produzidas em uma oficina da qual participaram profissionais que atuam no campo da saúde pública e que estavam dispostos a se debruçar sobre impasses vividos no cotidiano institucional.
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- Entre 1900 e 1999 (80)
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Entre 2000 e 2025
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- Entre 2000 e 2009 (453)
- Entre 2010 e 2019 (794)
- Entre 2020 e 2025 (343)