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Este artigo tem como objetivo primeiro chamar a atenção para a efemeridade do conceito de b iopolítica nos escritos de Foucault. Investigaremos inicialmente a ascensão, as transformações, o declínio e o desaparecimento deste conceito, principalmente nos cursos Segurança, território e população (1977-1978) e O nascimento da biopolítica (1978-1979), focando especialmente na passagem para o conceito de governamentalidade. A partir desse exame, nosso objetivo é utilizar as suas últimas formulações para entender os modos de gestão presentes nas práticas psi, entendendo-as, conforme autores como Foucault ou Rose, como liberais ou neoliberais. Dentre as práticas psi, destacaremos as presentes em dispositivos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, como os Centros de atenção psicossocial, existentes desde os anos 1980. Para tal, apresentaremos para o leitor estrangeiro as linhas gerais da Reforma Psiquiátrica Brasileira e seus dispositivos, a fim de tentarmos uma análise das formas de gestão, presentes por meio dos conceitos de governamentalidade liberal e neoliberal. Essa análise será empreendida por meio da análise de prontuários que registram os modos cotidianos de condução dos casos que se passam no interior dos Centros de atenção psicossocial. Considerando a possível existência de distintos modos de governamentalidade, discutiremos, na conclusão, os sentidos deste governo pela liberdade, a própria pertinência do termo liberal para designar estes modos, além de uma possível taxonomia dos modos de governamentalidade psi.
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Pretende-se neste texto tratar da problemática do trabalho no âmbito do cuidado em saúde mental nas Colônias Agrícolas para Alienados no Rio de Janeiro, de modo a confrontar o cerne dessa que é uma das questões que lhe deram a sua razão de ser. Assim, brevemente passaremos pelo contexto de criação dessas Colônias e seus desdobramentos em direção aos territórios da Ilha do Governador e de Jacarepaguá. Veremos como havia um discurso predominante que defendia que o trabalho (físico, braçal) nesses espaços, praticado pelos seus internos, teria um papel fundamental no processo de cura, a chamada praxiterapia. Contudo, podemos observar ao menos dois momentos da concepção das relações entre labor e terapêutica: inicialmente, a atividade produtiva era compreendida quase como um bem em si, não havendo grandes progressos no tocante à qualidade de vida extramuros dos internos. Posteriormente, veremos a abertura para um leque maior de possibilidades simbólicas concernentes à formação subjetiva desses sujeitos que passam a não mais se dedicar exclusivamente a serviços manuais e subalternizados, mas se engajam em atividades criativas e que deixam marcas em seu percurso.
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This paper aims to discuss the importance of decolonial narratives in general and in the field of history of psychology in particular. For this, we take as the starting point the initial results of a recently published empirical study, which investigated different styles of management within the scope of labor in Rio de Janeiro between 1949 and 1965 through the analysis of publications of the journal Arquivos Brasileiros de Psicologia. Such results pointed to an inadequacy between the interpretations of the management styles that are used, on the one hand, in the English and North American context and, on the other, in Rio de Janeiro. The discussion of this article focuses on this inadequacy, underlining the differences between how colonial and decolonial narratives conceive the relationship between empirical data and intelligibility matrices and the historiographical and methodological consequences of this relationship.
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William James, Carl Stumpf - Correspondence (1882-1910), edited by Riccardo Martinelli. Berlin: de Gruyter, 2020
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A ausência de reflexão acerca das condições que envolvem o ato de conhecer e narrar a história da psicologia acaba gerando uma profusão de histórias mal contadas, distorcidas, enviesadas e simplificadas, que reforçam um certo tipo de automatismo na produção historiográfica. Partindo das noções de pluralismo e intertextualidade, tal como apresentadas em dois textos do Prof. Abib, o objetivo do presente artigo é discutir algumas dessas condições do trabalho historiográfico em psicologia. Às duas noções já aludidas, acrescentamos o caráter inexorável da seletividade do historiador e suas implicações. Argumentamos que tal reflexão pode despertar a autoconsciência do historiador da psicologia e, portanto, contribuir para a diminuição daquele automatismo. Assim, estaremos em condições de defender uma perspectiva mais crítica para a historiografia da psicologia.
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O objetivo deste artigo é propor uma relação teórica entre o conceito da exotopia bakhtinana e a posições de Eu. A Teoria do self dialógico concebe a mente como uma multiplicidade dinâmica de posições de Eu relativamente autônomas fundamentada, especialmente, na filosofia dialógica de Michael Bakhtin e na teoria do self de William James. Cada posição de Eu, na minissociedade da mente, tem a capacidade de “ver além” do que qualquer outra poderia, pois, no tempo-espaço, cada posição de Eu pode ocupar um lugar que é único. A exotopia pressupõe a extralocalização dessas posições de Eu, umas diante das outras, o que estabelece a viabilidade das interações dialógicas. É essa exotopia que conduz à nossa possibilidade de responder a uma outra voz interna ou externa. Essa condição espacial caracteriza toda relação intra ou heterodialógica, assim como a possibilidade de aparecimento de novidade de significados no self. Um caso empírico de um adolescente é apresentado para ilustrar o nascimento de nova posição de Eu no processo de escolarização a partir do aumento da exotopia no self.
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O artigo aborda, na perspectiva da história dos saberes psicológicos, as narrativas acerca do emprego dos recursos imagéticos junto as populações nativas elaboradas por autores jesuítas protagonistas da epopeia missionária nas Reduções dos territórios guaraníticos, entres o século XVII e XVIII. Os autores são: Diego de Torres Bollo; Pedro de Oñate; Antônio de Ruiz Montoya; Antônio Sepp. Os documentos são: cartas, uma crônica histórica e um diário. A interpretação é fornecida na perspectiva dos saberes psicológicos disponíveis no universo cultural dos autores. A imagem é tomada como elemento capaz de estimular o dinamismo psíquico em sua complexidade, envolvendo sensibilidade, memória, imaginação, atenção, cognição e vontade. O efeito logrado, segundo os autores, seria a construção de uma relação imediata dos índios com as imagens evocadoras de presenças sagradas símbolos do universo cristão e persuasivas quanto aos conteúdos doutrinários e a mudança de comportamentos e hábitos.
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A psiquiatria democrática, como ficou conhecida, trabalho expresso na vida e na obra de Franco Basaglia e Franca Ongaro Basaglia, será revisitada neste artigo em seu caráter epistêmico. Defende-se, portanto, neste trabalho, que o moto A Liberdade é Terapêutica tem, além de um sentido terapêutico, também um sentido epistêmico. A fim de se defender essa tese, serão analisadas as críticas de Franco e Franca Basaglia à psiquiatria institucional, sob o contexto revisitado da literatura mais atualizada em Estudos de Ciências. O conceito de duplo, em geral, e o conceito de gênero, em particular, serão as ferramentas conceituais dessa análise. As perspectivas dos Estudos de Ciências, da Epistemologia Feminista e da historiografia mais recente e atualizada das ciências e da psicologia serão utilizadas para analisarmos os trabalhos de Franco e Franca Basaglia sob este novo ponto de vista.
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Este artigo apresenta uma análise das primeiras experiências de escolarização de crianças com deficiência nos séculos XVIII, XIX e início do século XX, por meio dos trabalhos de Jacob Rodrigues Pereira (1715-1780), Jean Marc Gaspard Itard (1774-1838), Edouard Séguin (1812-1880) e Maria Montessori (1870-1952), identificando pressupostos metodológicos que contribuíram para a constituição da área da Educação Especial e da Psicologia. Trata-se de uma pesquisa histórica que considera a produção teórica na área da educação especial e da psicologia, contemplando a leitura e a análise de livros, artigos, teses, dissertações e, principalmente, textos e obras completas de autoria dos educadores pesquisados. As análises apontaram que, ao proporcionarem condições de aprendizagem e desenvolvimento para crianças com deficiência, os trabalhos desses educadores contribuíram para a constituição histórica da educação especial, bem como apresentam as raízes do processo hoje denominado de inclusão social.
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